IDADE CONTEMPORÂNEA: REVOLUÇÃO FRANCESA CONTEÚDOS Antecedentes A tomada da Bastilha Fase burguesa Fase popular O Diretório AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS No final da Idade Moderna, entre os séculos 17 e 18, enquanto a Inglaterra modernizou-se com o advento da Primeira Revolução Industrial, a França permaneceu como um país agrícola de bases medievais. Os privilégios do clero e da nobreza, e os elevados gastos para sustentar a glamorosa corte real francesa, formava um abismo social entre esses grupos que viviam no luxo e o restante da população que vivia na miséria. Desse modo, todos os trabalhadores, sejam servos ou burgueses, eram explorados pela monarquia, por meio de obrigações e pesados impostos, que sustentavam essa minoria privilegiada. Além disso, a nação enfrentava uma gigantesca crise econômica, uma inflação elevada e uma grande dívida externa, que só piorava a situação de miséria do país. Figura 1 – Camponês carregando um clérigo e um nobre sobre suas costas Fonte: Wikimedia Commons Antecedentes Na medida em que os pensadores do Iluminismo passaram a defender princípios de liberdade e igualdade perante a lei, muitos grupos burgueses começam a questionar os privilégios do clero e da nobreza, que por exemplo não pagavam impostos, a população francesa começou a questionar as injustiças que existiam no seu país. O governo monárquico absolutista, também passou a gerar insatisfações entre o povo francês, que observou em outras regiões, diferentes experiências de governos democráticos, como o Parlamentarismo Monárquico Inglês e a República Federativa dos Estados Unidos. Em meio a todo esse cenário de fome e miséria que assolava a França do final século 18, às vésperas da revolução, houve uma geada fora de época que devastou boa parte das plantações francesas. Assim, essas péssimas colheitas foram responsáveis por uma crise de falta de alimentos que foi sentida com mais força, entre aqueles agricultores que trabalhavam nas plantações e acabaram subtraídos de sua produção. A revolta de ver a corte real desperdiçar alimentos em grandes festas e banquetes enquanto os camponeses morriam de fome no campo, gerou grande insatisfação, protestos e levantes populares. Figura 2 – Rei Luís XVI da França Fonte: Wikimedia Commons Para controlar a pressão popular contra o governo e tentar acalmar os ânimos dos revolucionários que se mobilizavam contra o governo, o Rei Luís XVI decidiu convocar a Assembleia dos Estados Gerais. Esse colegiado, era composto por três grupos que representariam as classes sociais da França, cada um deles teria direito a um voto e as decisões seriam democráticas, na medida que o rei, respeitaria a votação representativa para decidir sobre reformas político-administrativas que a nação carecia. Na assembleia os membros do clero seriam o 1º Estado, os membros da nobreza seriam o 2º Estado e todo o restante da população do país (camponeses, artesãos, burgueses, etc.) seria o 3º Estado. Dessa forma, o clero e a nobreza se uniam nas votações garantindo dois votos a favor do rei contra o único voto popular que era contrário ao rei. Figura 3 - Assembleia dos Estados Gerais Fonte: Wikimedia commons Na medida que os membros do 3º Estado perceberam que nunca venceriam uma votação na Assembleia dos Estados Gerais, eles decidem partir para a revolução armada. Para tanto, organizam a guarda nacional, que era o exército revolucionário popular, composto por camponeses e artesão que estavam dispostos a lutar contra a monarquia e que levou à rua centenas de revoltos que lutavam com paus, pedras e instrumentos de trabalho (foices, enxadas, marretas, etc.). A Criação de uma Assembleia Constituinte, se deu praticamente nesse mesmo momento, reunindo pensadores iluministas para elaborar a primeira carta magna que regeria os direitos e deveres do cidadão francês, e limitaria os poderes do rei. A proposta era baseá-la na tríade: liberdade, igualdade e fraternidade. A tomada da Bastilha Antes de enfrentar as tropas do exército real que se concentraram em Versalhes, os revolucionários decidiram invadir e tomar o palácio da Bastilha, que era uma fortaleza militar símbolo do poder do rei. Nesse prédio funcionava os setores administrativos do exército, uma prisão e um depósito de armas, ou seja, ao conquistar a Bastilha, os revolucionários poderiam armar a guarda nacional e libertar os presos políticos, que engrossariam as fileiras dessa revolução. A tomada da Bastilha em 1789, tornou-se o marco oficial do início da Revolução Francesa (1789-1799). A partir dessa conquista, a revolução continua expandindo-se e conquistando uma série de vitórias. Muitos membros do alto clero e da nobreza morrem em combate, ou fogem para outros países abandonando as suas propriedades, enquanto que o monarca perde o controle da cidade de Paris. Figura 4 - Tomada do Palácio da Bastilha, em 1789 Fonte: Wikimedia Commons Depois disso, o exército real sofre novas derrotas e o rei acaba cercado no Palácio de Versalhes. Como praticamente não existia chance de vitória, a monarquia aceita renderse aos revolucionários. Saiba mais: Apesar da Revolução Francesa ter sido idealizada e comandada predominantemente pela burguesia, a maior parte dos rebeldes eram de origem camponesa, uma vez que mais da metade da população da França, vivia na zona rural nessa época. Esse grande grupo vindo do campo, inicialmente serviu de massa de manobra para atender os interesses da burguesia, porém, com o avanço da revolução, eles tomam o controle do processo dando a essa revolução um caráter popular. Figura 5 - Tomada do Palácio de Tuileries, em 1792 Fonte: Wikimedia Commons Politicamente, os burgueses da classe alta foram chamados de Girondinos, enquanto que os populares da classe média ficaram conhecidos por Jacobinos e da classe baixa de Sans-culottes. Fase burguesa ou Girondina Nesse primeiro momento da revolução, o monarca francês foi mantido no trono, porém, para que esse rei ficasse sob o rígido controle dos revolucionários, a sede do governo foi transferida de Versalhes para Paris. O governo organizou-se em uma monarquia constitucional, e a classe burguesa buscou a impor uma agenda de renovação política para o país, pautando-se na Declaração Universal dos Direitos dos Homens que foi aprovada em 1789 e pela Primeira Constituição francesa promulgada em 1791. Figura 6 - Declaração Universal dos Direitos dos Homens. Fonte: Wikimedia Commons Os setores mais conservadores que compunham parte desse governo, passaram a se opor as reformas de cunho iluminista, apoiando as medidas que favoreciam os setores monarquistas. Os embates entre esse grupo e os reformadores, foram desgastando a relação desse governo com as camadas populares que esperavam mudanças mais profundas. Nas eleições gerais, por exemplo, apenas os mais ricos puderam participar, já que o sistema eleitoral previa o Voto Censitário, ou seja, exigia-se uma renda mínima para participar desse processo que, portanto, não era democrático. Outro ponto de discórdia, se deu quando o governo decide leiloar os bens do alto clero e dos nobres, que morreram ou fugiram da França durante a revolução. O povo pretendia que essas terras fossem distribuídas entre os camponeses e não leiloadas, já que, desse modo, elas passariam a pertencer aos burgueses que teriam condições de dar os maiores lances no leilão. Curiosidade: O rei da França, Luís XVI, que mesmo sem poder, ainda ocupava o trono na monarquia constitucional, decide fugir do país, para reafirmar uma aliança com os monarcas que eram seus vizinhos. O seu objetivo era sufocar a rebelião popular e restaurar o absolutismo francês, com o apoio militar externo. Essa tentativa de fuga foi frustrada, uma vez que o rei (dizem que ele usou um disfarce de mulher para não ser visto), foi reconhecido e preso pelos revolucionários antes mesmo de conseguir sair da cidade de Paris. A partir desse momento, o monarca é preso e julgado como um traidor da pátria. Na medida em que, a França passa a ter suas fronteiras atacadas por outros países que eram contrários a revolução e a população mais pobre percebe que o governo burguês não atendeu as suas reinvindicações, a revolução é retomada. Figura 7 - A Liberdade guiando o povo. Fonte: Wikimedia Commons A luta recomeça nas ruas de Paris, quando Danton (um líder popular da ala radical do parlamento) convoca o povo para combater o exército prussiano que atacava o país, enquanto que paralelamente, derrubava-se o governo burguês que seria substituído por uma república de comando popular. Fase popular ou Jacobina Foi marcada pela implantação de um governo republicano na França, que promoveu profundas mudanças no país, dentre elas: A anulação do leilão das terras do alto clero e dos nobres realizado pelos burgueses. A distribuição de terras na forma de minifúndios para os camponeses (reforma agrária). Criação de um sistema educacional público e laico que atendesse toda a população. Padronização de um sistema métrico decimal válido para todo o país. Estabelecimento do Sufrágio Universal, ou seja, o voto universal masculino. Implementação da Lei do Preço Máximo, que estabelecia um tabelamento de preços para tentar conter a inflação e garantir alimentos a um preço baixo, principalmente o pão. Criação do Comitê de Salvação Pública, que comandado por Danton, passou a perseguir todos aqueles que se opunham à revolução. Fim da escravidão em todas as colônias francesas. Nesse momento, em 1793, o Rei Luís XVI e sua esposa Maria Antonieta, foram condenados a morte como traidores da pátria e da revolução e foram decapitados. Muitos membros do clero e nobreza tiveram esse mesmo destino. As guilhotinas foram montadas nas praças de Paris e as execuções tornaram-se grandes eventos públicos. Figura 8 - Cabeça de Luís XVI, exibida ao povo após ser guilhotinada. Fonte: Wikimedia Commons O governo popular, em busca de uma política mais severa contra aqueles que se opunham a suas decisões, substituiu Danton por Robespierre, “o incorruptível”, que também era um líder popular da ala radical do parlamento. As medidas tomadas por Robespierre eram bastante austeras, por exemplo, os comerciantes que cobravam ágio e furavam o tabelamento de preços estipulado pela Lei do Preço Máximo, passaram a ser condenados à guilhotina em julgamentos sumários feitos pelos Tribunais Revolucionários. Com isso, além do clero e dos nobres, os burgueses também passaram a ser guilhotinados, inaugurando o Terror Jacobino. Curiosidade: Em 1789, o médico francês, Joseph-Ignace Guillotin, sugeriu que as execuções por enforcamento fossem substituídas pela decapitação, por meio de um aparelho que passou a ser chamado de Guilhotina, em sua homenagem. Ele justificava sua proposta afirmando que a morte na guilhotina era menos dolorosa e angustiante do que na forca e, por isso, seria menos degradante para o condenado à morte. Figura 9 - Réplica de uma Guilhotina na Alemanha. Fonte: Wikimedia Commons Ao longo da história, a Guilhotina tornou-se um símbolo da Revolução Francesa, porém, mesmo que ela tenha sido proposta pelo Dr. Guillotin, não foi ele que a inventou. Existem alguns registros históricos de máquinas de decapitação similares à Guilhotina, desde o antigo Império Romano e do Feudalismo que ocorreu na região da atual Alemanha e Inglaterra. A radicalização do Terror, foi responsável pela execução pública de cerca de 40 mil pessoas, em média, ocorria 30 mortes por dia na guilhotina. A sensação que se tinha era de insegurança, uma vez que, as pessoas temiam ser denunciadas, sem um motivo relevante, como traidoras da revolução. A extrema violência do governo de Robespierre e a sua falta de habilidade política, fez com que ele tomasse uma série de medidas impopulares. Dessa forma, ele começa a perder apoio político, ficando isolado. Para agravar a situação de seu governo, Robespierre, ainda passa a condenar a guilhotina tanto os políticos mais radicais, quanto os políticos burgueses. Nesse momento, ele julga Danton, seu antigo parceiro de parlamento, e o sentencia à morte na Guilhotina. Figura 10 - Georges-Jacques Danton Figura 11 - Maximilien de Robespierre Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons A instabilidade desse governo, o desejo burguês de paz e liberdade para seus negócios, associado a uma parte da população que estava insatisfeita com as medidas do Terror e os excessos cometidos em nome da revolução, gerou um desgaste que motivou a reação Termidoriana (golpe de estado que derruba Robespierrre e põe fim ao Terror). Desse modo, em 1794, assume o comando da França a Convenção Termidoriana que retomou o projeto político da burguesia, anulando a Lei do Preço Máximo (tabelamento de preços), a supremacia política do Comitê de Salvação Pública, as prisões e condenações por julgamentos sumários e o voto universal masculino, que foi substituído pelo voto censitário. Esse novo governo, aprovou uma nova constituição que suprimia uma série de direitos conquistados pelas camadas mais pobres durante a revolução e estipula uma nova forma de governo denominada de Diretório. O Diretório Era composto por 5 diretores que desempenhavam o papel do executivo dentro do governo. Composto apenas por membros da alta burguesia, ele representou a retomada do poder pelos girondinos e, por isso, não tinha grande força ou apoio popular. Dessa forma, enfrentou uma série de levantes ora dos setores aristocráticos que buscavam restaurar a monarquia, ora pelos setores populares que pretendiam retomar o poder. Nesse contexto, nas guerras externas, um jovem general do exército francês, Napoleão Bonaparte, começa a se destacar com algumas vitórias. O grupo militar que ele comandava se mostrava muito unido e fiel ao seu comando e, isso chamou a atenção da burguesia, que viu nele a chance de criar um governo forte capaz de pacificar a França interna e externamente. Figura 12 - O jovem Napoleão Bonaparte. Fonte: Wikimedia Commons Desse modo, os burgueses que perceberam a fragilidade do Diretório, passaram a apoiar um governo forte, centralizado e com grande força militar para impor-se definitivamente como um governo estável para a França. Nasce, assim, o Golpe do 18 do Brumário, que levaria Napoleão Bonaparte ao poder em 1799, encerrando oficialmente a Revolução Francesa e dando início a um novo período que ficou conhecido como a Era Napoleônica. ATIVIDADES 1. Quais eram as condições político-econômicas da França nos momentos que antecederam a Revolução Francesa (1789-1799)? 2. (FUVEST-2013) Oh! Aquela alegria me deu náuseas. Sentia-me ao mesmo tempo satisfeito e descontente. E eu disse: tanto melhor e tanto pior. Eu entendia que o povo comum estava tomando a justiça em suas mãos. Aprovo essa justiça, mas poderia não ser cruel? Castigos de todos os tipos, arrastamentos e esquartejamentos, tortura, a roda, o cavalete, a fogueira, verdugos proliferando por toda parte trouxeram tanto prejuízo aos nossos costumes! Nossos senhores colherão o que semearam. Graco Babeuf, citado por R. Darnton. O beijo de Lamourette. Mídia, cultura e revolução. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 31. Adaptado. O texto é parte de uma carta enviada por Graco Babeuf à sua mulher, no início da Revolução Francesa de 1789. O autor a) discorda dos propósitos revolucionários e defende a continuidade do Antigo Regime, seus métodos e costumes políticos. b) apoia incondicionalmente as ações dos revolucionários por acreditar que não havia outra maneira de transformar o país. c) defende a criação de um poder judiciário, que atue junto ao rei. d) caracteriza a violência revolucionária como uma reação aos castigos e à repressão antes existentes na França. e) aceita os meios de tortura empregados pelos revolucionários e os considera uma novidade na história francesa. 3. Sobre os eventos que ocorreram na fase popular ou Jacobina, assinale as afirmativas verdadeiras com “V” e as falsas com “F”. (__) O rei Luís XVI foi considerado um traidor da pátria e morreu na Guilhotina. (__) Robespierre foi um líder burguês derrubado durante a tomada da Bastilha. (__) Para conter a inflação, o governo estabelece a Lei do Preço Máximo. (__) Foi um governo em que o poder executivo estava nas mãos de cinco diretores. (__) Nas eleições, os homens tiveram o direito ao voto, independentemente de sua renda. (__) O direito à terra, foi concedido aos camponeses, por meio de uma reforma agrária. 4. (ENEM-2010) Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem. HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.) História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado). O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se à qual dos grupos político-sociais envolvidos na Revolução Francesa? a) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força política dominante. b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta burguesia. c) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências rivais e queriam reorganizar a França internamente. d) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato com os intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo francês. e) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas populares, que desejavam justiça social e direitos políticos. LEITURA COMPLEMENTAR Revolução Francesa foi a primeira manifestação política feminina "Os homens tomaram a Bastilha, as mulheres tomaram o Rei": assim o historiador francês Jules Michelet (1798-1874) resumiu o alcance da primeira grande manifestação política feminina ocorrida na Revolução Francesa – que mudou a dinâmica do processo revolucionário, imprimindo-lhe a marca de uma crescente radicalização. O ato ocorreu no dia 5 de outubro de 1789, quando, encabeçadas pelas vendedoras de peixe de Paris, cerca de 7 mil mulheres, armadas de facões de cozinha, lanças rústicas (piques), machados e dois canhões, marcharam a Versalhes, sede da Corte Real e da Assembleia Nacional, para protestar contra a escassez e o preço do pão, arrastando atrás de si soldados da Guarda Nacional e outros homens. No dia seguinte, exasperadas com a crise de abastecimento e a atitude de Luís XVI, que vetava sistematicamente todos os decretos revolucionários da assembleia, as manifestantes pressionaram o Rei a abandonar o Palácio de Versalhes e o escoltaram à capital. "Foi uma iniciativa política sofisticada, porque, com a concentração do poder em Versalhes, o rei ficava longe da pressão popular e mais exposto às influências da rainha e da corte, e se utilizava do direito de veto, que ainda possuía no início da Revolução, para impedir que as reformas fossem realizadas. Ao trazerem Luís XVI para Paris, as mulheres mudaram o centro de gravidade do processo revolucionário e propiciaram à população da capital um novo protagonismo", disse Tania Machado Morin, autora do livro "Virtuosas e perigosas: as mulheres na Revolução Francesa", que será lançado no fim de janeiro. As "mães republicanas" e as "fúrias do inferno" Constituiu-se, assim, no imaginário da época, a dicotomia "virtuosas versus perigosas". Como Morin explica em seu livro, "virtuosas" eram as mulheres idealizadas pelos líderes da Revolução: as "mães republicanas" que, por meio do parto, do aleitamento e da educação dos filhos, preparavam a futura geração de patriotas. "Perigosas" eram "as militantes, às vezes armadas, que denunciavam a incompetência e a corrupção dos governantes e exigiam a punição dos 'traidores do povo' ". No entanto, as militantes, cuja principal organização política foi a Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias, não tinham uma agenda propriamente feminista. "Elas tinham, sim, uma agenda 'terrorista'. Isto é, apoiavam o 'terror revolucionário' como forma de governo: queriam a destituição dos aristocratas de todos os cargos públicos e das chefias do exército; a adoção do 'máximo', ou seja, do tabelamento dos preços dos gêneros de primeira necessidade; a estrita vigilância em relação aos contrarrevolucionários e açambarcadores de mercadorias, com a prisão, julgamento e eventual execução dos traidores; e outras medidas radicais", afirmou Morin. Peixeiras versus militantes politizadas Um grave conflito entre as vendedoras de peixes e as militantes – que mobilizou um grande grupo de mulheres e acabou em agressões físicas - foi a gota d'água que possibilitou ao Comitê de Segurança Geral extinguir, não apenas a Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias, mas todos os outros clubes femininos do país. "As mulheres foram silenciadas e confinadas ao lar. As francesas só acederam aos direitos cívicos após a Segunda Guerra Mundial. Por isso, algumas historiadoras acham que nada restou da participação feminina revolucionária. E que entre as precursoras do feminismo e as feministas modernas não há nenhum elo", afirmou Morin. A historiadora, no entanto, discorda dessa posição. "A Sociedade das Cidadãs Republicanas Revolucionárias foi o protótipo dos clubes políticos de mulheres que surgiram na revolução de 1848. Aqueles seis primeiros anos da Revolução ficaram na história das lutas pela cidadania e serviram de inspiração para as gerações futuras", afirmou. ARANTES, José Tadeu. Revolução Francesa foi a primeira manifestação política feminina. UOL Educação. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/12/14/historia-revolucaofrancesa-foi-a-primeira-manifestacao-politica-feminina.htm>. Acesso em: 3 mai. 2016. 16h. REFERÊNCIAS ARANTES, José Tadeu. Revolução Francesa foi a primeira manifestação política feminina. UOL Educação. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/12/14/ historia-revolucao-francesa-foi-a-primeira-manifestacao-politica-feminina.htm>. Acesso em: 3 mai. 2016. 16h. FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas. São Paulo: Ática, 1983. FUVEST. Prova de Primeira Fase do Vestibular da USP de 2013. Disponível em: <http://www.fuvest.br/vest2013/provas/prova_fuv2013_1fase.pdf>. Acesso em 3 mai. 2016. 14h. GRESPAN, Jorge. Revolução Francesa e Iluminismo. Coleção - Repensando a História, São Paulo: Contexto, 2003. HOBSBAWM, Eric. A Revolução Francesa. Coleção - Leitura, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. HOBSBAWN, Eric. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. INEP. Prova Amarela do primeiro dia do Enem de 2010. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2010/AMARELO_Sabado_G AB.pdf>. Acesso em 3 mai. 2016. 15h. LEFVRE, Georges. A Revolução francesa. São Paulo: Ibrasa, 1966. PERROT, Michelle. 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Desse modo, todos os trabalhadores, sejam servos ou burgueses, eram explorados pela monarquia, por meio de obrigações e pesados impostos, sustentavam essa minoria privilegiada. Além disso, a nação enfrentava uma gigantesca crise econômica, uma inflação elevada e uma grande dívida externa, que só piorava a situação de miséria do país. 2. Alternativa D. Comentário: Na carta, Graco Babeuf expõe as suas primeiras impressões sobre os eventos do início da Revolução Francesa, em 1789. Ele se mostra meio confuso com todos esses acontecimentos e seus sentimentos parecem contraditórios em um primeiro momento. Porém, ao final, Babeuf deixa claro que a ação violenta dos revolucionários era uma consequência dos abusos cometidos pelo rei e sua corte. Desse modo, quando ele diz: "Nossos senhores colherão o que semearam", fica clara sua posição de apoio ao movimento popular que marcou essa revolução. 3. V F - Robespierre foi um líder popular da ala radical que quando esteve no poder comandou o Terror Jacobino, momento histórico em que membros do clero, da nobreza e até mesmo da burguesia eram executados na Guilhotina por serem considerados uma ameaça a continuidade da Revolução. Desse modo, vale destacar que ele só caiu com o golpe dado pela Reação Termidoriana. V F - Durante o governo popular jacobino o poder concentrava-se no Comitê de Salvação Pública. O governo de 5 diretores, foi adotado apenas na fase do Diretório que é posterior a fase popular jacobina. V V 4. Alternativa E. Comentário: A Revolução francesa, apesar de ter sido uma revolução burguesa, era uma revolução dos representantes do terceiro estado que eram formados também pela pequena burguesia, pelos camponeses e pelo baixo clero. Dessa maneira, a Revolução francesa passou por diferentes fases que representavam os interesses dos diferentes grupos do terceiro estado. Assim, o texto cita uma fala de Robespierre, jacobino que liderou a fase da revolução conhecida como terror, que representava a pequena burguesia e as camadas populares que buscavam por mudanças sociais efetivas