Exemplo de Monografia

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A PREVENÇÃO E O CONTROLE DO CÂNCER ATRAVÉS
DA EDUCAÇÃO
Por: Fatima Mendes Carvalho
Orientador
Prof. Celso Sanches Pereira
Rio de Janeiro
2006
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A PREVENÇÃO E O CONTROLE DO CÂNCER ATRAVÉS
DA EDUCAÇÃO
Apresentação de monografia à Universidade Cândido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Docência do Ensino Superior
Por Fatima Mendes Carvalho
3
AGRADECIMENTOS
Registro
aqui
meus
agradecimentos
ao
meu
professor-orientador Celso Sanches Pereira e ao meu
chefe imediato no INCA, Eduardo Barros Franco, pelos
toques importantes que foram dados por ele e pela
paciência e colaboração na realização desse trabalho.
Agradeço também aos meus pais, Sebastião e Lair, ao
meu filho, Eduardo, a minha irmã Mônica e a “minha fiel
escudeira” Vera, que me deram força e incentivo e que
agüentaram a minha “TPM” (Tensão Pré-Monografia).
Estendo meus agradecimentos ao professores e
colegas da UCAM/INSTITUTO A VEZ DO MESTRE do
curso de Docência do Ensino Superior, aos amigos que
sempre estiveram dispostos a ajudar e a todos que de
alguma forma contribuíram para a construção deste
trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao amor da minha vida – meu
filho Eduardo.
5
RESUMO
O presente trabalho sobre Prevenção, Controle e Educação do Câncer
consiste em levar o leitor a entender o que vem sendo feito no Brasil, mais
especificamente, pelo Ministério da Saúde, através do seu Instituto Nacional do
Câncer, para evitar esta doença que se configura como um grande problema
de saúde pública tanto nos países desenvolvidos como nos países em
desenvolvimento.
Resultados de numerosas pesquisas demonstraram que existem
medidas efetivas de prevenção primária e secundária que podem reduzir
substancialmente o número de casos novos de câncer e prevenir muitas
mortes atribuídas à doença.
A palavra câncer, para a maioria das pessoas, é sinônimo de sofrimento
e morte. A desinformação constitui uma das principais barreiras para enfrentar
este mito e prevenir a atual situação do câncer no Brasil e no mundo.
No Brasil, o Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional do
Câncer (INCA), tem como missão o controle deste grave problema de saúde
pública. Sua estratégia básica para este objetivo é a educação da população
para desmistificar esta doença, bem como esclarecer sobre as possibilidades
de preveni-la.
Um dos canais comunitários escolhidos para este trabalho é a
“escola”, que tem sua eficiência demonstrada em programas desta natureza.
Este trabalho foi elaborado com o objetivo de sintetizar alguns conceitos
sobre câncer, desde seus aspectos biológicos, até seus fatores de risco.
Introduzir o leitor nos programas de prevenção ao Câncer e nas ações
educativas que o INCA vem desenvolvendo e que, acredito estar contribuindo
para a redução dos efeitos da doença como também dos prejuízos econômicos
e sociais que acarreta.
6
METODOLOGIA
Como abordar uma questão tão delicada como a prevenção do câncer
nas “escolas”?
Como enfrentar ou neutralizar campanhas publicitárias tão
sedutoras e competentes, envolvendo recursos milionários, sofisticadas
tecnologias direcionadas, em sua maior parte, aos adolescentes e jovens?
Sabemos que a “escola” não pode tudo, mas pode informar, instigar,
provocar e não se omitir.
A prevenção primária dos fatores de risco de câncer é um dos
desdobramentos possíveis do tema saúde, hoje já inseridos no currículo
escolar. Seu estudo implica no conhecimento de informações de base
científica, oriundas das diferentes disciplinas, numa abordagem que é, por
excelência, interdisciplinar.
Com o objetivo de oferecer uma efetiva ajuda ao leitor, que enfrenta
tantos desafios no cotidiano profissional como educador, o presente trabalho
apresenta informações científicas e históricas onde o tema fatores de risco de
câncer é abordado buscando a valorização da saúde.
O trabalho é baseado numa pesquisa institucional, através de relatórios
e publicações do Ministério da Saúde, do Instituto Nacional do Câncer e seus
pares, assim como no trabalho pessoal junto ao INCA no apoio a estruturação,
aprimoramento e desenvolvimento permanente aos programas de prevenção e
controle do câncer e seus fatores de risco, estimulando a expansão da
cobertura e qualidade do sistema de educação sobre essa importante causa
de morbidade e mortalidade, para que os resultados obtidos sejam de utilidade
não só aos pesquisadores ou estudiosos, mas principalmente aos gestores de
saúde, no planejamento das ações e na tomada de decisões, e às
organizações da sociedade civil, no estímulo ao conhecimento sobre o
problema e subsidiando ações de fortalecimento da cidadania.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................
CAPÍTULO I
A EDUCAÇÃO PORTA DE ENTRADA DA
PREVENÇÃO ..........................................................
CAPÍTULO II
Pág. 14
O PROGRAMA SABER SAÚDE DO INSTITUTO
NACIONAL DO CÂNCER ........................................
CAPÍTULO III
Pág. 8
Pág. 17
CONHECENDO UM POUCO O CURSO DE
CAPACITAÇÃO DE MULTIPLICADORES DO
“PROGRAMA SABER SAÚDE” ...............................
CAPÍTULO IV
Pág. 24
ENTENDENDO O CÂNCER E SEUS FATORES
DE RISCO - Doenças que a Educação pode evitar
O CÂNCER ...................................................
FATORES DE RISCO ...................................
O TABACO ....................................................
O ÁLCOOL ....................................................
O SOL ...........................................................
OS HÁBITOS ALIMENTARES ......................
OUTRAS RADIAÇÕES .................................
OUTROS FATORES DE RISCO
Pág.
Pág.
Pág.
Pág.
Pág.
Pág.
Pág.
Pág.
29
29
34
36
42
44
46
48
AMBIENTAIS E OCUPACIONAIS .................
SEXO ............................................................
Pág. 66
Pág. 67
O CONTROLE DE CÂNCER NO BRASIL ...............
Pág. 69
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................
Pág. 81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................
Pág. 86
ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................
Pág. 88
CAPÍTULO V
EVENTOS, ATIVIDADES CULTURAIS E/OU ATIVIDADES
EXTRACLASSE .................................................................................
Pág. 90
O AUTOR ...........................................................................................
Pág. 97
8
INTRODUÇÃO
Os seres vivos são feitos de unidades microscópicas chamadas
células1. Grupos de células similares com mesma função formam um tecido.
Por sua vez, grupos de tecidos constituem os órgãos. Um conjunto de órgãos
com funções relacionadas chama-se sistema. Em anatomia, um sistema é um
conjunto de órgãos que trabalhando juntos executam determinada função.
Doença é a perda da homeostasia2 corporal, total ou parcial, estado
este
que
pode
cursar
devido
a
infecções,
inflamações,
isquemias,
modificações genéticas, seqüelas de trauma, hemorragias, neoplasias3 ou
disfunções orgânicas.
Câncer ou cancro é o nome popular do conceito médico de uma
neoplasia maligna, que se refere genericamente às doenças em que
determinado grupo de células do corpo se divide de forma descontrolada,
invadindo os tecidos adjacentes e/ou distantes, comprometendo tecidos,
órgãos e sistemas.
O Câncer não é uma doença única e sim um conjunto de várias
doenças diferentes. A vários diferentes tipos de câncer correspondem vários
diferentes tipos de células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de
câncer de pele porque a pele é formada de mais de um tipo de célula. De uma
maneira geral, se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou
mucosas, ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos
como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma.
1
AS células são as unidades estruturais e funcionais dos organismos vivos e representa a
menor porção de matéria viva dotada da capacidade de auto-duplicação independente.
2
Homeostasia é a propriedade de um sistema aberto, seres vivos especialmente, de regular o
seu ambiente interno de modo a manter uma condição estável, mediante múltiplos ajustes de
equilíbrio dinâmico controlados pôr mecanismos de regulação interrelacionados. A capacidade
de sustentar a vida dos fluidos do corpo humano é afectada pôr todo um leque de factores,
como a temperatura, a salinidade, o ph, ou as concentrações de nutrientes, como a glicose,
vários iões, oxigénio, e resíduos, como o dióxido de carbono e a ureia. Dado que estes factores
afectam as reacções químicas que mantêm o corpo vivo, este inclui mecanismos fisiológicos
para os manter dentro dos limites desejáveis.
3
Neoplasia é o termo que designa alterações celulares que acarretam um crescimento
exagerado destas células.
9
FIGURA 1
Exemplo de progressão do câncer/cancro
FIGURA 2
Exemplo de CARCINOMA
FIGURA 3
Exemplo de SARCOMA
10
Analisando pela teoria da evolução humana, o câncer sempre esteve aí,
já que o câncer, pelo que se sabe hoje, é resultado de mutação genética.
Como, desde o início da vida houve mutação, é razoável imaginar que a
doença sempre existiu.
A mais antiga evidência de câncer, no entanto,
remonta a 8.000 a.C. O tipo mais comum de neoplasia encontrada em fósseis,
e ainda assim raramente, é o osteossarcoma, um câncer ósseo. As primeiras
descrições de tumores foram encontradas em papiros4 do Egito, e datam de
1.600 a.C. Existem também documentos na Índia, de 600 a.C., que descrevem
lesões na cavidade bucal parecidas com câncer.
Foi Hipócrates, na Grécia, que cunhou a palavra "câncer". O "pai da
medicina” , como é conhecido, viveu entre 460 e 370 a.C. e usou os termos
"carcinos" e "carcinoma" para descrever certos tipos de tumores. Em grego,
querem dizer "caranguejo", pelo aspecto do tumor - as projeções e vasos
sanguíneos ao seu redor fazem lembrar as patas do crustáceo.
Alguns
séculos depois, entre 130 e 200 d.C., viveu Galeno, um médico romano.
Considerado a maior autoridade na área por, ao menos, mil anos, ele foi
referência no tratamento do câncer. Foi Galeno quem determinou que a
doença era incurável e que, uma vez diagnosticada, havia pouco a fazer. A
medicina só começou a ter avanços significativos na Renascença, no século
XV, quando floresceram por todos os lados cientistas e artistas, especialmente
na Itália. Michelangelo, um desses artistas, teria retratado em sua famosa
escultura "A Noite" (La Notte), uma mulher com câncer de mama. A teoria
baseia-se no aspecto disforme de seu seio, que, a considerar a habilidade do
escultor, não foi casual.
FIGURA 4
“La Notte” – detalhe do túmulo de Giuliano de Médici, 1526-33”
Cyperus papyrus, ou simplesmente papiro é uma planta famosa desde 40 séculos antes da
era cristã. Encontrada às margens do Nilo, sua fama é mais do que merecida, pois foi ele que
forneceu à humanidade um dos principais instrumentos do progresso: o papel.
4
11
Somente no século XVIII o tabu da doença começou a mudar, com John
Hunter, cirurgião escocês que sugeriu que alguns cânceres poderiam ser
curados por cirurgia. Nesse mesmo século, um médico italiano atentou para o
fato de que os hormônios5 poderiam ter influência sob a doença. Na Inglaterra,
um médico escreveu um artigo alertando para os perigos do tabaco6, que
acabara de virar moda no país. E outro, percebeu que era grande a incidência
de câncer na bolsa escrotal entre limpadores de chaminé. Mas a moderna
oncologia despontou somente no século XIX. A descoberta da célula ganhara
importância e, em 1867, o médico alemão Matthias Schleiden sugeriu que o
câncer seria fruto da divisão de células doentes. Com o surgimento da
anestesia e o desenvolvimento da cirurgia novas técnicas surgem, como por
exemplo, a mastectomia7 radical, por exemplo, foi criada no final do século.
Pesquisas lançaram os fundamentos da hormonioterapia8 e, em 1896, Wilhelm
Röentgen descobriu o raio-X9, que lhe valeria o primeiro Nobel de Física.
O sistema endócrino é formado pelo conjunto de glândulas endócrinas, as quais são
responsáveis pela secreção de substância denominadas hormônios. As glândulas endócrinas
(do grego endos, dentro, e krynos, secreção) são assim chamados pôr que lançam sua
secreção (hormônios) diretamente no sangue, pôr onde eles atingem todas as células do corpo.
Cada hormônio atua apenas sobre alguns tipos de células, denominadas células-alvo.
5
O tabaco é nome comum dado às plantas do género Nicotina (Solanaceae), em particular a N.
tabacum, originárias da América do Sul da qual é extraída a substância chamada nicotina. Foi
trazida para a Europa pêlos espanhóis, no final do século XV. Era mascado ou, então, aspirado
sob a forma de rapé (depois de secar as suas folhas). Um médico francês, de nome Jean Nicot
(de onde deriva o nome da nicotina) usava-o como medicamento, para curar as enxaquecas da
rainha Catarina de Médicis.
6
Mastectomia é o nome da cirurgia de remoção completa de toda a mama. É um dos tipos de
tratamento cirúrgico para o câncer de mama. Quando só se remove um quarto da mama, a
operação chama-se quadrantectomia.
7
Hormonioterapia - Muitos tecidos de nosso corpo tem seu crescimento normal regulado pôr
hormônios. Alguns desses tecidos podem dar origem a tumores, que muitas vezes mantém
sensibilidade aos hormônios, que podem estimular seu crescimento ou inibi-lo. Mama,
endométrio e próstata são os exemplos mais freqüentes de tumores onde a hormonioterapia é
empregada. Ao bloquearmos o estímulo que o tumor necessita para crescer ele pode diminuir
de tamanho. Os hormônios atuam nas células através de receptores. Os receptores são
moléculas que, ao se ligarem aos hormônios, causam uma determinada ação na célula.
8
9
Os raios X são emissões eletromagnéticas de natureza semelhante à luz vizível. (...)a energia
atravessava facilmente os objetos, e se comportava como a luz visível. Após exaustivas
experiências com objetos inanimados, Röntgen resolveu pedir para sua esposa pôr a mão entre
o dispositivo e o papel fotográfico. A foto revelou a estrutura óssea interna da mão humana,
com todas as suas formações ósseas; foi a primeira chapa de raios X, nome dado pelo cientista
à sua descoberta 8 de novembro de 1895.
12
Mas é somente no século XX que a pesquisa na área de câncer ganha
vigor e as descobertas se intensificam. Em 1903, foram feitas as primeiras
aplicações de radioterapia10 contra tumores. No entanto só a partir da II Guerra
Mundial, com o desenvolvimento da medicina nuclear, é que a radioterapia
surgiu como tratamento rotineiro contra câncer.
Em pleno século XXI, o Brasil enfrenta fenômenos, como o
envelhecimento da população, desemprego, informatização do trabalho e
globalização, que modificam a realidade nacional de forma significativa. Nesse
novo Brasil, as mudanças demográficas – maior número de idosos – aliadas a
um mercado de trabalho caracterizado por uma circulação de pessoas maior e
mais rápida, com grandes concentrações populacionais nos centros urbanos,
aumenta a probabilidade de maior contato com agentes microbianos, o que
aumenta a propagação de agentes infecciosos e o risco de epidemia.
Para
agravar estes problemas, ainda há o fato de que os órgãos responsáveis por
implementar ações de Saúde Pública não conseguirem se adaptar às
condições sócio-econômicas e culturais do país na intensidade e amplitude
necessárias. Daí, a pressão sobre as autoridades para que uma parcela cada
vez maior da sociedade tenha acesso à EDUCAÇÃO, SAÚDE, ALIMENTAÇÃO
e MORADIA.
O Câncer é a segunda causa de morte por doença no Brasil.
Se
medidas urgentes não forem tomadas, passará a ser a primeira até 2020
(WHO11, 2004), sobrecarregando ainda mais o sistema da saúde, cortando,
precocemente, vidas produtivas e provocando dor e sofrimento aos portadores
da doença e seus familiares.
Uma das principais razões para o aumento da
incidência do câncer na população é a exposição prolongada a fatores de risco
cada vez mais comuns na vida moderna.
A chamada cultura do mundo
moderno impõe às pessoas, desde a infância e a adolescência, costumes
10
Radioterapia é uma especialidade médica que se ocupa do tratamento oncológico baseado
em radiação. As duas maneiras de utilizar radiação contra o câncer são a teleterapia que utiliza
fonte externa de radiação com isótopos radioativos ou aceleradores lineares e a braquiterapia
que é o tratamento através de isótopos radioativos inseridos dentro do corpo do paciente.
11
WHO - World Health Organization OU OMS - Organização Mundial de Saúde, OMS.
13
inadequados. O fumo, a alimentação incorreta, a exposição às irradiações
solares, o álcool, são alguns exemplos, entre muitos outros, de fatores de risco
que deterioram a qualidade de vida, fragilizam o organismo, provocam o
câncer.
Reavaliar essa cultura, através da prevenção e da educação,
especialmente da população jovem, está entre as prioridades do Ministério da
Saúde. O estímulo a uma mudança de comportamentos certamente ajudará a
controlar a incidência do câncer no Brasil.
O Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional do Câncer (INCA),
tem como missão o controle deste grave problema de saúde pública. Sua
estratégica básica para este objetivo é a educação da população para
desmistificar esta doença, bem como esclarecer sobre as possibilidades de
preveni-la.
Este trabalho tem por objetivo oferecer aos profissionais de diversas
áreas uma pequena análise sobre a situação do câncer no Brasil, enfocando
algumas análises de seus determinantes, a distribuição de ocorrências bem
como de algumas ações de controle adotadas. Ao final o autor espera oferecer
elementos que possam ajudar na reflexão sobre as questões necessárias para
embasamento da participação do setor de educação e de saúde e de outros
setores no planejamento de ações estratégicas que se colocam como
fundamentais para entender e enfrentar o grande desafio da construção de um
política que visa minimizar o aparecimento, os efeitos do adoecimento e evitar
as mortes por este grupo de doenças.
14
CAPITULO I
A EDUCAÇÃO
PORTA DE ENTRADA DA PREVENÇÃO
Educar para a Saúde nas escolas
implica, também, que a Saúde seja abordada
de forma holística12, trabalhando-se todos os
aspectos que concorrem para sua obtenção e
manutenção.
O adoecimento e a morte por câncer e outras doenças crônicodegenerativas, têm ocorrido em faixas etárias cada vez mais jovens,
independente de classe social, devido à exposição precoce aos fatores de
risco, entre eles o tabaco, alimentação inadequada, álcool, radiações solares,
stress e vida sedentária.
Apesar do desenvolvimento de novas tecnologias e dos avanços no
tratamento do câncer, o maior impacto observado sobre sua incidência e
mortalidade tem se devido às ações de prevenção, mas para que isso seja
possível, uma ampla difusão de conhecimento aliada à reflexão crítica se faz
necessário, contribuindo para formar cidadãos capazes de optar por
comportamentos responsáveis em relação à sua saúde e à saúde coletiva.
A escola, espaço educativo por excelência, é um dos locais privilegiados
para este tipo de ação, tendo nos professores e educadores seus agentes
fundamentais.
O Ministério da Saúde, através do INCA, já vem desenvolvendo
programas neste sentido, mas frente à dimensão do território nacional, do
12
Holística é um termo usado com o significado de totalidade, para dizer que os fenômenos do
universo acontecem de modo simultâneo e interdependente. Usa-se holística como sinônimo de
holismo para dizer, por exemplo, que no universo as unidades se organizam na totalidade,
conservando a sua interdependência.
15
universo de escolas a serem envolvidas e o número de profissionais de
educação a serem capacitados, impõem-se à necessidade de uma melhor
estratégia para atingir todo o País.
Tornar a Prevenção uma disciplina curricular de todos os seguimentos
da educação é uma “idéia” que pretende contribuir para o desenvolvimento das
ações de prevenção de câncer e outras doenças não comunicáveis junto à
população do Brasil.
A escola é um importante espaço para o desenvolvimento de um
programa de educação para a saúde entre crianças, adolescentes, jovens e
adultos.
Distingui-se das demais instituições por ser aquela que oferece a
possibilidade de educar através da construção de conhecimentos resultantes
do confronto dos diferentes saberes: aqueles trazidos pelos alunos e seus
familiares, e que expressam crenças e valores culturais próprios; aqueles
contidos nos conhecimentos científicos veiculados pelas diferentes disciplinas;
os divulgados pelos meios de comunicação, muitas vezes fragmentados e
desconexos, mas que devem ser levados em conta por exercerem forte
influência sócio-cultural e aqueles trazidos pelos professores, constituídos ao
longo de sua experiência resultante de vivências pessoais e profissionais,
envolvendo crenças e se expressando em atitudes e comportamentos. Esse
encontro de saberes gera o que convencionou chamar “cultura escolar”, que
assume expressão própria e particular em cada estabelecimento, embora
apresente características comuns a tudo aquilo que é típico do mundo escolar.
Portanto, a cultura escolar configura e é instituinte de práticas sócioculturais, inclusive comportamentos, mais amplas, que ultrapassam as
fronteiras da escola. É dentro deste enfoque que se entende e se justifica uma
disciplina de educação para a saúde, inserida e integrada no cotidiano e na
cultura escolar, irradiando-se, dessa forma, para além dos limites acadêmicos.
É nesse contexto, que os profissionais de educação têm um papel
fundamental que não se restringe apenas a de um mero repassador de
informações. Sua atuação é, sobretudo, a de educar a partir da construção de
conhecimentos dentro do contexto da cultura escolar, como referida
anteriormente.
Nesta concepção, é importante que se reconheçam como
modelos nos quais não só os alunos, mas toda a comunidade se inspira para
16
adotar ou mudar comportamentos que podem contribuir para uma melhor
qualidade de vida.
Destacam-se a adoção de comportamentos saudáveis que envolvam
hábitos alimentares, práticas de exercícios físicos regulares, o não fumar, a
redução ou abandono do consumo de bebidas alcoólicas, a proteção à
exposição solar excessiva e aos fatores ocupacionais, além de hábitos sexuais
responsáveis e protegidos, dentre outros que previnem o câncer, as doenças
sexualmente transmissíveis e outras doenças, como as cardiovasculares.
É sabido que uma ação desta natureza deve levar em conta várias
barreiras existentes que dificultam a adoção de ações educativas de promoção
à saúde, na rotina da educação e de seus profissionais. Entre elas, está a
dificuldade que o sistema de ensino vem atravessando, redimensionando suas
funções e práticas, com uma sobrecarga de expectativas por parte da
sociedade carente de atenção e de informação. Em decorrência disso, os
educadores vêm acumulando responsabilidades, de forma crescente, sem
remuneração
adequada,
o
que
os
faz
sentirem-se,
muitas
vezes,
despreparados e relutantes para lidarem com questões que, aparentemente,
estariam fora de sua alçada.
Essa atitude se explica, em parte, pela falta de uma tradição no
desenvolvimento de ações voltadas para mudanças de estilos de vida no
Brasil, e que também se reflete na formação dos professores, inicial e
continuada, constituindo-se em mais uma dificuldade para a implementação de
ações de promoção da saúde em escolas. A introdução do tema no currículo
de formação de professores contribuiria para a formação de profissionais mais
conscientes de seu papel em relação à sua própria saúde e, portanto, mais
capacitados para ensinar de forma coerente e com naturalidade a seus alunos,
influenciando-os a ter um comportamento saudável.
Torna-se cada vez mais urgente e necessário que a relação entre
saúde, estilo de vida, questões psicossociais, econômicas, políticas e culturais
sejam discutidas nas escolas de formação de professores.
Além do
conhecimento, as crenças, atitudes, habilidades e comportamentos dos
profissionais de educação, são elementos fundamentais para a efetividade das
relações educativas junto aos estudantes.
17
CAPÍTULO II
O PROGRAMA SABER SAÚDE
DO INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER
O Ministério da Saúde, por meio do Instituto Nacional de Câncer –
INCA, e sob a orientação técnica da Coordenação de Prevenção e Vigilância –
CONPREV, desenvolveu e vem implementando o “PROGRAMA SABER
SAÚDE” de controle do tabagismo e outros fatores de risco de câncer nas
escolas. Trata-se de uma proposta de educação para a saúde que tem como
objetivo formar cidadãos responsáveis e críticos, capazes de decidir sobre a
adoção de estilos de vida saudáveis, com responsabilidade social e sobre o
meio ambiente, dentro de um concepção mais ampla de saúde, ou seja,
completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de
doença.
Tal programa requer uma abordagem multi e interdisciplinar em suas
diferentes instâncias, tanto na concepção como na execução, capaz de dar
conta dos desafios decorrentes dos seus objetivos, e cuja efetivação torna
necessário o estudo dos diferentes aspectos relacionados à saúde para
possibilitar a adoção consciente de comportamentos e estilos de vida.
Como um programa de educação para a saúde a ser desenvolvido nas
escolas implica, também, em ações concebidas, implementadas e avaliadas
com a parceria de profissionais de educação. O programa tem no professor o
profissional melhor qualificado para a ação direta com os alunos. Além disso,
é necessário o estabelecimento de interfaces com os diversos setores da
sociedade envolvidos no processo de educação dirigidos às diferentes
populações.
Até
o
momento
o
“PROGRAMA
SABER
SAÚDE”
destina-se,
particularmente a atender os níveis fundamental e médio de ensino, ou seja, à
população infanto-juvenil, mas quanto ao seu aspecto capacitador, está
alcançando cada vez mais um maior número de profissionais de nível superior
da área de educação.
18
O Brasil é um país de dimensões continentais que possui 49 milhões de
crianças e adolescentes em idade escolar, dos quais, cerca de 57 milhões
estavam inseridos na rede de ensino conforme dados do MEC (2004).
Para atingir essa população nos diferentes pontos do país é preciso
descentralizar as ações de promoção da saúde, visando reduzir a exposição
aos principais fatores de risco, estabelecendo parcerias entre o nível federal,
as Secretarias Estaduais de Saúde (SES), Municipais de Saúde (SMS), dentro
da política do Sistema Único de Saúde (SUS) preconizada pelo Ministério da
Saúde e com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação (SEE e
SME) nas ações junto às escolas.
Os parâmetros curriculares nacionais (PCNs) propõem o tema Saúde
como um dos temas transversais dentro do currículo de todas as escolas do
país, incorporando e somando esforços com a área da Saúde nas ações de
promoção da saúde. Os demais temas transversais, tais como ética, meio
ambiente, cidadania, orientação sexual e pluralidade cultural, propostos pelos
PCNs, são também trabalhados o SABER SAÚDE, reafirmando o caráter da
abordagem multi e interdisciplinar deste programa.
Assim concebido...
O PROGRAMA SABER SAÚDE tem por objetivo geral reduzir, entre
jovens, a prevalência de consumidores de tabaco e álcool, a exposição
inadequada às radiações solares, o consumo de alimentos inadequados e o
sedentarismo, estimulando, assim, a alimentação saudável e as atividades
físicas, entre professores, demais profissionais da área de educação e
escolares, atingindo também as famílias e a comunidade em geral.
Como objetivos específicos o programa preconiza:
1. ampliar o conhecimento da comunidade escolar sobre os principais
fatores de risco de câncer e outras doenças;
2. eliminar a poluição tabagística nas escolas;
3. estimular a alimentação saudável nas escolas;
4. prevenir a exposição excessiva ao sol;
5. e estimular a prática de atividades físicas.
19
Este projeto desenvolveu e vem testando e atualizando metodologia de
capacitação de professores, metodologias de inserção do tema no currículo
escolar, material didático de apoio e metodologia de avaliação da estrutura, do
processo e do desfecho das ações educativas.
No aspecto de capacitação dos educadores o projeto tem as seguintes
ações:
 Informar, sensibilizar e capacitar os professores com relação à importância
da prevenção da exposição a fatores de risco, sobretudo o tabagismo, e
sugerir como introduzir o tema durante as ações de rotina da escola.
 Incentivar os educadores a rever seus próprios estilos de vida em relação
aos fatores de risco em questão, para que tenham uma melhor qualidade
de vida, sendo modelos de comportamento coerentes para sua família,
seus alunos e para a comunidade em gera.
 Incentivar os educadores a abordar o tema tabagismo e outros fatores de
risco e de outras doenças no seu dia-a-dia, nos diferentes locais de debate
e junto aos pais e à comunidade que se refere à escola.
 Incentivar os educadores a abordarem o tema, sobretudo tabagismo, dentro
do currículo escolar com seus alunos.
 Capacitar os educadores, quais sejam, orientadores pedagógicos ou
professores diretamente, com informação técnica, argumentações e
materiais de apoio específicos, que possibilitem a inserção do tema no
currículo formal e informal, através de um curso de capacitação específico.
 Apresentar e fornecer o material de apoio par professores, alunos e
biblioteca da escola.
Para que a implementação do Programa Saber Saúde se realize
integrada ao Projeto
Pedagógico e ao currículo da escola, é importante que seu
desenvolvimento seja proposto e discutido nos diferentes momentos de
planejamento da ação educativa.
É importante lembrar que a concepção e elaboração do Projeto
Pedagógico da escola deve ocorrer no interior de um processo permanente de
20
discussão e formulação de propostas que considerem, por um lado, os valores
culturais relativos ao trabalho, lazer, saúde, organização e necessidades de
vida cotidiana e, por outro, o conhecimento sistematizado historicamente pelo
homem.
Observações diretas e informações sobre a qualidade de vida nos
grandes centros urbanos e na zona rural, a poluição, os desmatamentos, o
avanço tecnológico, a incidência de doenças, etc., são dados de realidade que
devem ser enfocados possibilitando a caracterização do contexto abrangente,
cuja problematização propicia a definição de propostas diferenciadas de
organização e implementação do currículo escolar.
O
levantamento
de
dados
sócio-econômicos
e
culturais
das
comunidades atendidas pela instituição de ensino pode ser realizado a partir
de diferentes materiais e instrumentos de coleta de dados, compondo um
manancial inesgotável de contexto próprios para o desenvolvimento do
trabalho educacional.
O PROGRAMA SABER SAÚDE oferece alguns instrumentos que
poderão contribuir para o levantamento desses dados.
O primeiro momento do planejamento prevê o conhecimento de
aspectos sócio-econômicos e culturais da comunidade atendida pela escola,
com base em dados coletados através de questionários, entrevistas, conversas
informais, fichas de matrícula, consulta a instituições, compondo um
diagnóstico acerca da realidade local.
A atualização e inclusão de novos
dados é uma importante providência no sentido de manter sempre atual e, com
isso, detectará mudanças que permitirão revisões no próprio planejamento.
De posse desses dados, o corpo docente reúne-se para organizá-lo,
agrupando-os de acordo com a sua natureza: social, econômica, cultural e
educacional; índices de evasão, repetência, gráficos que indiquem a
produtividade alcançada pelas turmas, bem como dificuldades mais comuns.
Essa sistematização facilita a análise dos dados, visando interpretar e interrelacionar as situações levantadas.
A realização de um diagnóstico no inicio do ano letivo é uma fonte
segura para a elaboração de objetivos gerais e específicos que nortearão a
ação pedagógica, durante o ano todo, e a definição de metas que apontem a
produtividade esperada.
21
Esses referenciais possibilitam, também, definir
parâmetros para a avaliação de resultados alcançados. Para o monitoramento
das ações é fundamental que sejam organizados cronogramas de atividades
formais e informais.
É no segundo momento de elaboração do projeto pedagógico que se
define o planejamento bimestral, a partir do diagnóstico obtido no primeiro
momento. Essa etapa ocorre quando docentes se reúnem no início de cada
bimestre para definir propostas de ação pedagógica.
A articulação de
propostas no coletivo da escola deve estar em consonância com os objetivos e
metas já definidos.
Além disso, os professores deverão considerar a proposta dos PCNs
para as séries em que atuam, as principais dificuldades dos alunos e a
importância da abordagem de temas transversais para encaminhamento de
questões comuns.
O terceiro momento diz respeito à formulação de atividades. Prevê a
indicação de objetivos específicos, conteúdos, definição de procedimentos
didáticos, identificação e registro de dados acerca do desempenho dos alunos.
Esse momento está diretamente ligado ao cotidiano da sala de aula e define a
possibilidade de atendimentos diferenciados.
Nos dois primeiros momentos a escola precisa se voltar par a realização
de encontros de professores.
constantes de informação.
É importante que sejam realizadas trocas
Todos precisam estar informados acerca dos
muitos aspectos que interferem no processo de construção do conhecimento, e
contribuam com sugestões e material informativo.
Cabe a cada professor implementar ações que articulem as proposições
definidas nos dois momentos iniciais de planejamento, com as características e
necessidades dos alunos e dos conhecimentos a serem ensinados.
É no
terceiro momento de composição, portanto, que os objetivos específicos,
conteúdos e procedimentos didáticos são definidos para o trabalho com as
turmas. É fundamental que sejam organizadas e realizadas atividades que
atendam aos questionamentos que motivaram a ação pedagógica.
As questões ligadas ao tema transversal saúde, identificadas como
prioritárias, poderão ser veiculadas de diferentes maneiras. Algumas poderão
22
ser abordadas mediante uma ação que inclua a participação de parte, ou de
todos os professores da escola, durante um período restrito. Outros, por suas
especificidades e grau de aprofundamento, poderão ser tratados durante
períodos mais extensos.
Os três momentos de organização do projeto pedagógico mantém entre
si a função de retroalimentação do processo do ensino e da aprendizagem. O
segundo e o terceiro momentos se repetem a cada bimestre, mantendo entre
si uma profunda articulação.
Ambos têm a função de responder às
expectativas criadas no primeiro momento do projeto pedagógico, expectativas
essas que se reformulam a cada ano, em função dos resultados alcançados e
também da atualização das informações sobre a população que a escola
atende.
O projeto pedagógico visto a partir desse enfoque, está em constante
reformulação. As informações obtidas, em cada um dos momentos, vão pouco
a pouco configurando a ação pedagógica, numa permanente troca de saberes.
A inserção dos temas transversais, em sala de aula, deverá ocorrer a
partir de atividades de caráter bastante diversificado e em consonância com
todo o processo de composição do projeto pedagógico.
Portanto, não é mais uma tarefa que vem se somar às muitas outras
que a escola já desenvolve. É um trabalho inserido no currículo e que propõe
mudanças de mentalidade e da maneira como alunos e professores atuam e
se situam na escola e no mundo.
Por outro lado, o conhecimento dos professores sobre os fatores de
risco trabalhados não é suficiente para produzir a ação, embora seja um
requisito necessário. É preciso, sobretudo, que eles estejam, além de bem
informados, conscientes de seu papel de modelos de comportamento, e que
adotem um estilo de vida que privilegie os comportamentos saudáveis.
Embora o “PROGRAMA SABER SAÚDE” exista para capacitar, cada
vez mais professores, para atuarem nesta frente, o desejável é que este
conteúdo já estivesse inserido no contexto curricular da graduação em
pedagogia.
Na forma de programa, o curso de capacitação é apresentado para ser
desenvolvido em dois dias.
Para seu desenvolvimento efetivo é necessário
23
contar com profissionais motivados e comprometidos, ou seja, é preciso que
eles sejam informados e capacitados sobre o significado do programa e sua
metodologia de trabalho.
Sua proposta intercala palestras informativas com dinâmicas que
buscam promover o envolvimento e a reflexão crítica a partir da dramatização
de situações do cotidiano da escola.
A CONPREV, responsável técnica do “PROGRAMA SABER SAÚDE”
criou, para a apresentação das palestras, alguns recursos audiovisuais, que
são distribuído às coordenações estaduais, com o objetivo de facilitar a sua
multiplicação que poderá se dar através da reprodução em cartazes ou álbuns
seriados e uso de transparências.
A realização desse curso é fundamental para que o “PROGRAMA
SABER SAÚDE” alcance seus objetivos e contribua para a melhoria da
qualidade de vida de nossa população.
24
CAPÍTULO III
CONHECENDO UM POUCO O CURSO DE CAPACITAÇÃO DE
MULTIPLICADORES DO “PROGRAMA SABER SAÚDE”
O Curso de capacitação de multiplicadores do Programa Saber Saúde
tem dois públicos alvo relevantes:
os representantes das Secretarias
Municipais de Saúde e de Educação e os professores e profissionais da área
de Educação.
Os objetivos do curso são:

Informar e sensibilizar os participantes sobre a importância da
prevenção do câncer e seus fatores de risco, sobretudo o
tabagismo.

Levar os participantes a rever seus próprios hábitos, atitudes e
comportamentos acerca dos fatores trabalhados.

Orientar os participantes a incentivar os professores a abordarem
o tema fatores de risco de câncer, sobretudo tabagismo com
seus alunos.

Orientar os participantes a incentivar os professores a abordar o
tema tabagismo e outros fatores de risco de câncer no seu dia-adia, nos locais de debate e junto aos pais e à comunidade que se
refere à escola.

Capacitar os participantes com informações, argumentação e
materiais de apoio específicos que possibilitem a orientação de
professores par à inserção do tema no currículo formal e informal.

Capacitar os participantes para elaborar o projeto de implantação
do programa em seus municípios através do estabelecimento de
parcerias com área de educação.
O Curso se utiliza de material próprio, criado pelo Instituto Nacional do
Câncer, através de sua equipe técnica do Coordenação de Prevenção
(CONPREV).
Dentre este material destacamos o livro “O Câncer e seus
fatores de risco, doenças que a educação pode evitar” e o livro “Saber Saúde Prevenção do tabagismo e outros fatores de risco de câncer entre escolares do
25
ensino fundamental”. Além destes dois livros o curso conta com diversificado
acervo de material didático e de divulgação do Programa Saber Saúde, como
cartazes, folhetos e adesivos, além de três vídeos educativos: “O Câncer e
seus fatores de Risco”, “O Homem de Giz” e “O Programa Saber Saúde nas
Escolas – Orientações Metodológicas”.
O curso
acontece
basicamente
com
a
seguinte
programação:
apresentação dos temas, dinâmicas e debates orientados.
Em seu planejamento é escolhido um espaço que possibilite a reunião
total do grupo com distribuição dos participantes de forma a facilitar a
comunicação, a observação das suas reações e a atmosfera do grupo e que
permita a coexistência de grupos de trabalho.
Utilizam-se como recursos didáticos retroprojetor; data show, quadro de
giz ou quadro branco ou flip chart, folhas de papel, lápis, caneta, hidrocor,
papel pardo, cronômetro, transparências e canetas para retroprojetor,
dispositivo para projeção de vídeo com tela (televisão) que permita que todos
acompanhem a projeção.
Das palestras apresentadas destacamos:
“O INCA E A PREVENÇÃO DO CÂNCER”
Cujo objetivo é:

Apresentar os objetivos das ações desenvolvidas pelo INCA bem como
seu organograma institucional.

Informar aos profissionais participantes do curso os motivos para a
adoção de políticas de prevenção dos fatores de risco.

Informar aos participantes sobre as ações de desenvolvidas pelo
Ministério da Saúde, através do INCA para a prevenção do tabagismo e
outros fatores de risco.

Apresentar os diferentes programas desenvolvidos pela CONPREV.

Ao “apresentador” cabe deixar claro a importância da adoção de ações
preventivas em face de gravidade do aumento dos casos de
adoecimento e morte por câncer no Brasil, mas a ênfase na abordagem
deverá ser colocada sempre na perspectiva da valorização da vida e
promoção da saúde.
26
A palestra “O Programa Nacional de Controle do Tabagismo e outros
Fatores de Risco de Câncer nas Escolas” cujo objetivo é:

Informar aos participantes os motivos que levaram o MS/INCA a propor
e desenvolver o Programa Saber Saúde de Prevenção ao Tabagismo e
outros fatores de risco nas Escolas em parceria com Secretarias e
Profissionais da educação.

Informar sobre os objetivos e ações do Programa Saber Saúde.

Explicar estratégias de implantação descentralizada.

Apresentar o material de apoio produzido e disponível para o
desenvolvimento do programa.
Nela é importante que a exposição se faça de forma a deixar clara a
importância e urgência da adoção de um programa de prevenção do
tabagismo e outros fatores de risco nas escolas, explicando com riqueza de
detalhes a estratégia de implantação descentralizada assim como o processo
de avaliação contínua de sua implantação e implementação.
Já a apresentação das “ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS” tem
como objetivos:

Apresentar e discutir com os participantes a metodologia proposta para
o desenvolvimento do programa saber saúde nas escolas.

Orientar os participantes a motivar e capacitar os participantes para
desenvolver o programa saber saúde com suas turmas de forma
interdisciplinar e transversal ao currículo.

Orientar os participantes a motivar e capacitar os participantes para
desenvolver o programa saber saúde inserido no projeto pedagógico da
escola.
É importante que esta atividade seja realizada por um profissional da
área de educação cuja apresentação se fará com transparências ou slides que
tenham como base o material de apoio – “Livro Saber Saúde” - e deverá ser
ilustrada com exemplos do cotidiano do trabalho nas escolas.
Essa exposição é muito importante para que os professores possam
compreender a metodologia e esclarecer dúvidas que possam surgir.
É
fundamental que o apresentador deixe o grupo à vontade e que acredite no
programa para motivar os participantes.
27
Após a apresentação, deverá ser exibido o vídeo 4 “Programa saber
Saúde nas escolas” que mostra situações em diferentes turmas, disciplinas e
séries, de forma que os participantes possam melhor compreender como a
metodologia proposta pode ser desenvolvida. Após a exibição do vídeo, o
apresentador terá oportunidade para esclarecer dúvidas que venham a surgir.
A adoção de dinâmicas de grupo durante o curso irão propiciar a
integração do grupo, partindo de algo fundamental como se conhecer
mutuamente; romper o “gelo” desde o princípio, a fim de desfazer tensões;
demonstrar que nenhum membro do grupo pode passar desapercebido e dar
uma idéia dos valores pessoais dos membros participantes. Isto permite que
todos saibam QUEM É QUEM. Não se chegará a um conhecimento do grupo,
a não ser conhecendo os indivíduos.
Dinâmicas de leitura e apresentação de temas deverão informar aos
participantes sobre o tema Prevenção de Câncer e seus fatores de risco;
capacitar os participantes com informações técnicas da área de saúde sobre o
que é Câncer, o que é um fator de risco e quais são os principais fatores de
risco de câncer; capacitar os participantes para abordar o tema tabagismo e os
outros fatores de risco, álcool, irradiação solar e dieta alimentar; capacitar os
participantes par que possam abordar todos os fatores de risco de câncer tanto
no currículo formal quanto no informal e fornecer subsídios técnicos para a
apresentação e discussão em grupo sobre o câncer e seus fatores de risco.
Para que essas dinâmicas alcancem os objetivos propostos, é
importante que haja uma leitura atenta do livro “Câncer e seus fatores de risco:
doenças que a educação pode evitar”.
Dinâmica de baseada na troca de experiências comuns e pessoais
sobre os principais fatores de risco de câncer: tabagismo, álcool, radiação
solar excessiva e alimentação inadequada irão estimular a noção de que
devemos ser coerentes com o que acreditamos e adotamos para nossa vida
pessoal e aquilo que ensinamos na escola. Além disso, espera-se com ela:

Envolver os membros do grupo com o tema prevenção de câncer.

Exercitar os membros do grupo com situações do cotidiano.

Estimular a reflexão, a argumentação e a apropriação de conceitos préexistentes ou adquiridos durante a capacitação.

28
Exercitar a capacitação de improvisação e de utilização oportuna das
situações e ganchos que a sala de aula oferece, tendo em vista os
conhecimentos adquiridos.
Esta atividade ainda cria a oportunidade para que aspectos importantes
relacionados com objetivos do projeto sejam objeto de reflexão.
A partir desta atividade retrospectiva os participantes poderão constatar
a influência fundamental da escola no desenvolvimento dos indivíduos e a
importância do professor neste contexto.
Essa atividade também propicia ao participante, seja ele professor ou
não, colocar-se temporariamente (através das lembranças) na condição de
aluno e lembrar da importância que alguns professores tiveram em suas vidas.
Essa dinâmica pretende que os participantes entendam sua importância na
vida de seus alunos. E pode, ainda, contribuir para aumentar sua tolerância e
compreensão frente a determinados comportamentos. Sua realização permite
que o participante avalie, ao longo de sua história, as possibilidades que lhe
foram oferecidas ou tolhidas pelas atitudes de seus professores (informações,
castigos, educação).
É possível ainda, explorar como os participantes vivenciaram e
conseguiram superar situações mais problemáticas, e que serviram de modelo
para momentos futuros.
29
CAPÍTULO IV
ENTENDENDO O CÂNCER E SEUS FATORES DE RISCO
Doenças que a Educação pode evitar
O CÂNCER
“O Câncer e seus fatores de risco – doenças que a Educação pode
evitar” não é apenas mais um capítulo desta monografia. Trata-se do título de
um, dos muitos, materiais de divulgação e educação elaborados pela
Coordenação de Prevenção e Vigilância – CONPREV, do Instituto Nacional do
Câncer/Ministério da Saúde.
Material educativo elaborado no ano de 1997 pelas Dras. Luisa da
Costa e Silva Goldfarb, Tânia Maria Cavalcante e Vera Luiza da Costa e Silva,
com assessoria pedagógica de Letícia Casado Marques e Ana Maria Monteiro,
adaptação de Ziraldo Alves Pinto e Miguel Mendes Reis. Artes de Ziraldo, Mig,
Marco Antonio de J. Ferreira, Mauro Ernesto de Oliveira e Ferreth com
computação gráfica de Ricardo Machado e revisão de Teresa da Rocha é
material utilizado até hoje, por educadores em todos os municípios do Brasil.
Este material, associado ao manual com sugestões para educadores, “Saber
Saúde – Prevenção do Tabagismo e outros Fatores de Risco de Câncer”,
elaborado no ano de 1998, com texto de Luisa da Costa e Silva Goldfarb e Ana
Maria Monteiro e revisão do Prof. Antonio Rufino Neto, ainda com ilustração do
Ziraldo e Miguel Reis, assim como Artes de Ziraldo, Mig, Marco Antonio e
Mauro Ferreth com computação gráfica do Ricardo machado, fazem parte de
um kit super atual, destinado as escolas brasileiras.
Com linguagem apropriada aos meios “não médicos”, os livretos
fazem parte de um conjunto de materiais elaborados, especialmente, para
informar e subsidiar os educadores dentro dos programas de prevenção ao
câncer e seus fatores de risco nas escolas.
30
Entender o que é o câncer é essencial para entender esta
monografia... e a melhor explicação está nas primeiras páginas do livreto da
CONPREV, abaixo reproduzidas, e já bem explanado, no que tange a sua
história, na introdução desta.
“As células não pensam. Elas só conseguem cumprir suas tarefas
porque foram programadas para tal. Todas as informações que formam esse
programa estão escritas num complexo e maravilhoso composto químico
chamado ADN132. O ADN forma os cromossomos que estão guardados no
núcleo da célula. Agora, imagine que este programa é destruído ou fica sem
sentido. As células, então, enlouquecem. A única coisa que passam a fazer é
se multiplicar e invadir o terreno das células saudáveis”.
Esta é a explanação mais simples que há sobre esta doença e com o
apoio visual dos slides aqui reproduzidos fica fácil ao educador assimilar estes
conceitos básicos para retransmiti-los a seus “aluno”.
FIGURA 5
“O QUE É O CÂNCER?”
Slide de aula do Curso de Capacitação
Gerencial Profissional do Programa Saber
Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer
1312
FIGURA 6
“COMO SURGE O CÂNCER?”
Slide de aula do Curso de Capacitação
Gerencial Profissional do Programa Saber
Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer
ADN ou ácido desoxirribonucléico é a molécula orgânica que quando transcrita em RNA,
tem a capacidade de codificar proteínas. Tem a forma parecida com uma escada espiral cuja
disposição dos degraus se dá em quatro partes moleculares diferentes. Esta disposição
constitui as chamadas quatro letras do código genético.
31
FIGURA 7
“ESTÁGIOS DO CÂNCER”
Slide
de aula do Curso de Capacitação Gerencial
Profissional do Programa Saber Saúde –
Módulo Falando Sobre Câncer
FIGURA 8
“ESTÁGIOS 1 E 2 DO CÂNCER”
Slide de aula do Curso de Capacitação
Gerencial Profissional do Programa Saber
Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer
FIGURA 9
“ESTÁGIO 3 DO CÂNCER”
Slide de aula do Curso de Capacitação
Gerencial Profissional do Programa Saber
Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer
Traduzindo os slides, teremos:
Que vários elementos que podem causar ou contribuir diretamente
para a ocorrência de uma seqüência de eventos que levem ao surgimento do
câncer. O caminho final comum dos cânceres é alguma alteração genética,
que converte uma célula bem constituída, participante do corpo como um todo,
numa outra, "renegada", destrutiva, que não responde mais a comandos de
uma comunidade de células.
Promotores (oncogenes) e supressores têm um papel central e
decisivo em muitos casos. Substâncias químicas (como o benzeno e
nitrosaminas), agentes físicos (como radiação gama e ultravioleta), e agentes
biológicos (como alguns tipos de vírus), contribuem para a carcinogênese em
algumas circunstâncias.
32
O agente carcinogênico mais importante para a população em geral é
o tabaco, pois ele causa ou contribui para o desenvolvimento de
aproximadamente um terço de todos os cânceres, principalmente em pulmão,
esôfago, bexiga e cabeça e pescoço.
São vários os estágios em que o câncer se desenvolve:
O estágio 1 é localizado. Geralmente confinado ao órgão de origem.
Geralmente curável com medidas locais, como cirurgia ou irradiação.
O estágio 2 é localizado, mas extenso. Pode se estende para fora do
órgão de origem, mas mantém a proximidade. É às vezes curável com
medidas locais (cirurgia e irradiação), às vezes em conjunto com a
quimioterapia.
O estágio 3 é disseminado regionalmente. Estende-se para fora do
órgão de origem, atravessando vários tecidos. Pode atingir linfonodos
(gânglios) na região do tumor. Tem ainda o potencial de ser curado, embora as
recidivas sejam mais freqüentes. O tratamento local ou sistêmico depende das
características do tumor.
O estágio 4 é disseminado difusamente. Geralmente envolve múltiplos
órgãos distantes e é raramente curável.
O sucesso da terapia contra o câncer depende da escolha das
modalidades de tratamento que mais se adequar ao paciente e à sua doença,
necessitando muito a cooperação entre especialidades. Suporte geral também
é muito importante, incluindo controle de distúrbios metabólicos, infecciosos,
cardiopulmonares, freqüentes nos pacientes submetidos a tratamentos
agressivos.
Quando a prevenção do câncer através da mudança de hábitos não é
possível, a detecção precoce é a melhor estratégia para reduzir a mortalidade.
Campanhas de esclarecimento da população, e também de profissionais de
saúde são feitas nesse sentido. Infelizmente, no Brasil ainda são bastante
falhas e descontínuas.
Muitas pessoas não fazem exames de rotina porque elas têm medo de
descobrir que têm câncer. Apesar de obviamente os exames de screening
serem realizados para detectar a doença, a grande maioria das pessoas
33
examinadas está livre de doença. Exames normais são um alívio para as
pessoas, principalmente aquelas de alto risco para o desenvolvimento de
câncer.
Detectar doenças que põem em risco a vida das pessoas tão cedo
quanto possível oferece a maior oportunidade de cura e sobrevida, com a
melhor qualidade de vida. O câncer não para de crescer só porque a pessoa
não está pronta para lidar com ele. O que você não sabe pode machucar você.
A maioria dos exames preventivos não diz se você tem câncer ou não.
O que eles fazem é indicar condições anormais, que podem ser causadas pelo
câncer - ou que podem ser precursoras do câncer. Um exame preventivo
positivo requer uma investigação mais completa. Alguns exames adicionais
podem ser realizados para encontrar a causa do resultado positivo, e
determinar se o câncer está ou não presente.
34
FATORES DE RISCO
O câncer é uma doença diferente.
Não tem uma causa única e
facilmente identificável, portanto há muitas coisas no nosso dia-a-dia que
podem, ou não, causar câncer.
A essas “coisas” chamamos de “FATORES DE RISCO”. Quando mais
expostos a esses fatores, maior o risco.
FIGURA 10
“FATORES DE RISCO DO CÂNCER”
Slide de aula do Curso de Capacitação
Gerencial Profissional do Programa Saber
Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer
Nosso sistema imunológico13 elimina muitos dos fatores que provocam o
câncer, mas só até certo ponto. O contato contínuo com esses fatores pode
13
O Sistema imunológico compreende todos os mecanismos pelos quais um organismo
multicelular se defende de invasores internos, como bactérias, vírus ou parasitas. Mas não é
só isso; ele também é responsável pela “limpeza” do organismo, ou seja, a retirada de células
mortas, a renovação de determinadas estruturas, rejeição de enxertos, e memória imunológica.
Também é ativo contra células alteradas, que diariamente surgem no nosso corpo, como
resultado de mitoses anormais. Essas células, se não forem destruídas, podem dar origem a
tumores.
35
vencer as defesas do organismo. Por outro lado, quanto mais abatido estiver o
sistema imunológico, menos exposição a fatores de risco é necessária para
começar a doença.
Porém, como o corpo se defende, precisamos pensar também nos
fatores de risco internos.
Se o organismo, por algum motivo, e o
envelhecimento é um deles, está numa condição propícia à mutação celular,
ele facilita a ação dos fatores de risco externos. E o câncer nasce desse
desequilíbrio.
Eles podem ser encontrados no meio ambiente ou podem ser herdados.
A maioria dos casos de câncer está relacionada ao meio geral (água, terra e
ar), ao ambiente de consumo (alimentos, medicamentos, tabaco, álcool e
produtos de uso doméstico), ao ambiente ocupacional (indústrias químicas e
afins) e ao ambiente cultural (comportamento e estilos de vida).
Por outro lado, alguns fatores reduzem as probabilidades do indivíduo
desenvolver câncer. São chamados de fatores de proteção. Eles podem ser
genéticos e externos, tais como atividades físicas, lazer visando redução do
stress e alimentação rica em fibras, como verduras e frutas em abundância.
Os fatores de risco mais conhecidos e combatidos são:
 O Tabaco;
 Maus Hábitos Alimentares;
 O Álcool;
 A Radiação;
 O Excesso de Sol;
 A Poluição Química;
 Vírus, etc...
36
O TABACO
“NADA ESTÁ TÃO ASSOCIADO AO CÂNCER QUANTO O FUMO
NADA FAZ TÃO BEM QUANTO EVITÁ-LO”
O consumo de tabaco é considerado pela Organização Mundial de
Saúde (WHO) a maior causa isolada de adoecimento no mundo. Atualmente,
estima-se que o uso do tabaco esteja relacionado a 90% dos casos de câncer
de pulmão e a 30% de todos os outros cânceres. Cerca de 90% dos fumantes
adultos tornam-se dependentes da nicotina até os 19 anos de idade.
A
suscetibilidade do grupo jovem mostra a necessidade de uma intervenção
através de ações educativas nesta população (WHO, 2004).
As pessoas só conseguem se preocupar com prejuízos imediatos. É
mais fácil alguém deixar de fumar porque o cigarro amarela os dentes do que
pensando na saúde e a envolvente publicidade dos cigarros tenta cada vez
mais conquistar jovens consumidores, despreocupados com o futuro que lhes
parece distante. Nas propagandas, fumar é exercer a “liberdade”. Dizem que
é ruim, mas você que fazer assim mesmo...
Porém, como já falamos antes, os números estão aí mesmo para
mostrar que fumar é um perigo real e imediato: oito brasileiros morrem por
hora vitimados por câncer, infarto do miocárdio, derrame cerebral e doenças
respiratórias, entre outras doenças associadas ao fumo.
Cada vez mais o
câncer se manifesta em pessoas mais jovens, principalmente as que
começaram a fumar na tenra idade da adolescência(WHO, 2004).
A utilização do tabaco é considerada por muitos como sendo a droga
porta de entrada para o abuso de drogas ilícitas.
Freqüentemente, a
experiência com o uso de cigarros é acompanhada do uso de álcool e seguida
pelo uso de drogas ilícitas.
Um dos grandes obstáculos para o controle do tabagismo é o fato de
seu consumo ser aceito pela sociedade como parte de um “estilo de vida”. As
37
crianças crescem num ambiente onde os cigarros são anunciados e vendidos
em todo lugar, onde o fumar é inserido como comportamento desejável pelos
meios de comunicação, onde pessoas respeitadas e admiradas fumam.
É
fundamental, portanto, tentar mudar o comportamento da sociedade, através
deste grupo, mostrando que fumar deixou de ser considerado apenas um
hábito para ser uma dependência, cujos malefícios não se limitam só aos
fumantes, atingindo de forma ampla e danosa a todos e ao meio ambiente.
A fumaça do tabaco é a maior mistura de substâncias tóxicas que o ser
humano pode absorver voluntariamente. Contém cerca de 5 mil substâncias
químicas diferentes, entre as que compõem o próprio tabaco, como a nicotina,
monóxido de carbono e alcatrão, e as que a ele se juntam, desde o plantio até
a manufatura final do cigarro, como a amônia, corantes, aromatizantes,
edulcorantes, metais, resíduos de produto agrícolas e até substâncias
radioativas, como é o caso do Polônio 210 e do Carbono 14. Isso sem falar
nos produtos que entram na confecção do papel e do filtro do cigarro.
A fumaça do cigarro contribui para a poluição do ar, sobretudo nos
ambientes fechados, e os filtros que levam 100 anos para se degradarem, se
acumulam poluindo o solo e as águas.
O cigarro ainda é uma das grandes causas de incêndios urbanos e
rurais, causando irreparáveis perdas e destruindo reservas florestais.
O plantio do tabaco retira nutrientes do solo, deixando-o imprestável
para novas culturas.
Desta forma, ele exige grandes quantidades de
fertilizantes no seu cultivo. Exige também grande quantidade de pesticidas
que contaminam o solo, as fontes de água próximas às plantações e os
animais da região. Além disso, para obter bom preço de mercado, as folhas do
tabaco devem ser grandes e para isso requer o uso de desbrotantes, produtos
que matam os brotos e forçam a planta a só crescer através das folhas já
existentes.
Antes de serem exportadas ou enviadas à indústria, as folhas do tabaco
sofrem uma secagem. No Brasil, a secagem de quase toda a produção tem
sido feita em fornos de lenha. Essa lenha tem vindo do desmatamento de
38
florestas nativas, principalmente da região sul, que estão sendo extintas e
substituídas por eucaliptos.
TABACO E POBREZA formam um “CÍRCULO VICIOSO”.
Este foi o tema que a OMS – Organização Mundial de Saúde elegeu
para ser abordado durante as comemorações do “Dia Mundial sem Tabaco”,
em 2004, com o objetivo de atrair a atenção de formadores de opinião sobre
essa realidade, promover debates e propostas de encaminhamentos e
abordagens dessa problemática.
“Hoje nenhum país pode mais deixar de reconhecer que ações para
controlar o tabagismo devem ser centrais aos seus programas de
desenvolvimento”.
Neste sentido, o Governo Brasileiro tem investido esforços para articular
nacionalmente um Programa de Controle do Tabagismo intersetorial e
abrangente. Apesar de todas as dificuldades que o Brasil enfrenta por ser um
país produtor de tabaco, ser um país em desenvolvimento, por ter que lidar
com as constantes e sofisticadas estratégias de grandes transnacionais de
tabaco para minar as ações de controle do tabagismo, muitos são os
indicadores de que estamos avançando.
A queda de 32% no consumo anual per capita de cigarros entre 1989 e
2002, os resultados de um recente estudo no município do Rio de Janeiro que
mostrou uma queda na prevalência de fumantes de 30% em 1989 para 21%
em 2001(Brasil/Ministério da Saúde/INCA, 2003), a evidência de que o
fumante brasileiro é um dos mais motivados do mundo a deixar de fumar no
mundo (Gicliotti, 2002) e de que há um grau elevado de consciência na
população
sobre
os
riscos
do
tabagismo
e
do
tabagismo
passivo
(Brasil/Ministério da Saúde/INCA, 2003) são dados animadores que mostram
que a política de controle do tabagismo no Brasil encontra-se no caminho
certo.”14
Brasil, Ministério da Saúde, Organização PAM-AMERICANA da Saúde. “TABACO E
POBREZA, um círculo vicioso – a Convenção-Quadro de Controle do Tabaco: uma resposta /
Brasil. Ministério da Saúde; Organização Pan-Americana da Saúde” – Brasília: Ministério da
Saúde, 2004 – Pág.167/168
14
39
As imagens dominam nosso cotidiano e a comunicação contemporânea
está totalmente calçada na grande produção de imagens. A visão se tornou o
principal sentido do mundo moderno contemporâneo, e vivemos hoje, sob o
total domínio do olhar, seja ele natural ou artificial. O olho mágico, as câmaras
fotográficas, os circuitos internos de TV, compartilham nosso cotidiano com
tanta intimidade que sequer percebemos o quanto nossa vida esta
condicionada ao ver e ser visto. Através do olhar, comunicamos, julgamos,
classificamos, nos vemos refletidos na paisagem urbana, nas imagens que se
apresentam, que nos representam, comemos com os olhos, acreditamos só no
que vemos e nosso desempenho social depende de sermos “homens de
visão”. Olhamos “de viés” para o que nos é estranho e com “ bons olhos” para
o que nos é familiar, inspirados pelo olhar elucidamos as questões, clareamos
as idéias, nos iludimos e desiludimos, o que quer dizer a mesma coisa.
Portanto nada mais contundente do que a imagem do “CÂNCER”.
“Na cama, de olhos semicerrados, a boca aberta no esforço
desesperado por ar, a cabeça sem cabelos, os ossos salientes pela magreza
do doente termina. No colo dele, uma fotografia tirada apenas dois meses
antes daquele momento final. Na imagem, um homem robusto, musculoso e
de farta cabeleira loira aparece com o filho pequeno nos braços.
A divulgação das fotos chocantes foi o último desejo do moribundo,
Bryan Lee Curtis, um americano de 34 anos devastado pelo câncer nos
pulmões. O motivo para tornar pública a própria agonia foi à esperança de
servir de alerta sobre os malefícios do cigarro.
Enquanto agonizava, em 3 de junho, sua mãe ligou para o St.
Petersburg Times, jornal da cidade de St. Petersburg, na Flórida, pedindo a
presença de um fotógrafo. As 11h56, Bryan morreu em casa, ao lado da mãe,
da mulher, Bobbie, e do filho Bryan Jr. de 2 anos. Em poucos dias, o retrato de
sua morte espalhou-se pelo mundo.
O que choca na imagem é a certeza de que não se trata de modelos
maquiados num estúdio. Bryan estava morrendo e o cigarro - ele começou a
fumar aos 13 anos, consumia dois maços por dia e só parou às vésperas da
40
morte, quando lhe faltou força para aspirar a fumaça - foi realmente o principal
responsável pela doença.
Ele só soube do câncer em abril, ao procurar ajuda médica com fortes
dores abdominais. Não havia o que fazer. Tratava-se de uma das formas mais
agressivas da doença e o fígado já havia sido tomado pelo tumor. "Esse tipo
de câncer costuma ser devastador e acomete 15% dos doentes", diz a médica
Nise Yama-guchi. vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia
(1999).
Quando soube que estava condenado a perder a batalha contra o
câncer, Bryan formalizou seu casamento, chamou o filho e uma sobrinha de 9
anos para uma conversa sobre os motivos da morte que se aproximava e
decidiu transformar as imagens de sua aflição em bandeira contra o
tabagismo.”( Revista Veja 30/06/99)
FIGURA 11
Esposa, filho e Bryan nos últimos minutos de sua vida
FIGURA 12
Bryan (como era antes)
com o seu filho no colo
Seguindo a linha de que “as imagens dominam nosso cotidiano”, desde
2001, uma resolução da Agência Nacional de Saúde Nº104/31 de maio 2001
41
determina, dentre diversas diretrizes, a inserção de advertências contra o
tabagismo, acompanhadas de imagens, e do número de telefone do Disque
Pare de Fumar, nas embalagens dos produtos fumígenos derivados do tabaco.
Proíbe ainda a utilização de qualquer tipo de invólucro ou dispositivo que
impeça ou dificulte a visualização das advertências. As fotos impressas
abrangem desde pessoas hospitalizadas, a cenas de incômodo social,
passando por doenças em órgãos específicos, tendo em comum os males
causados pelo uso de cigarro. Estas medidas partiram da consciência das
estatísticas assustadoras relacionadas à perda de saúde pelos fumantes,
fazendo com que os governos de diversos países investissem cada vez mais
em campanhas contra o consumo de cigarros. No Brasil, a estratégia adotada
pelo Ministério da Saúde se baseou em uma abordagem que já vinha sendo
desenvolvida primeiramente no Canadá. Esta estratégia se refere à impressão
de fotos e inscrições de advertência ao consumo de tabaco nos maços de
cigarro.
FIGURA 13
Imagens dos maços de cigarro
No momento, a CONPREV, através da sua Divisão de Controle do
Tabagismo, junto com a equipe do Laboratório de Neurobiologia II, do Instituto
de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro –
UERJ e da equipe do Departamento de Artes & Design - PUC-RIO vem
desenvolvendo o “PROJETO DE DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO
DAS NOVAS IMAGENS E ADVERTÊNCIAS IMPRESSAS NOS MAÇOS DE
CIGARRO”, projeto este, que operacionaliza o plano de trabalho das Ações
Nacionais
instituídas
pela
Política
Nacional
de
Atenção
Oncológica,
operacionalizado através do Centro de Estudos em Saúde Coletiva da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – CEPESC/UERJ.
É a PREVENÇÃO e a EDUCAÇÃO andando juntas dentro das
UNIVERSIDADES.
42
O ÁLCOOL
“PODE SER A GOTA D”ÁGUA”
Acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, homicídios, suicídios,
abandono
do
lar,
espancamentos
em
família...
Fatos
tristes
que
freqüentemente têm álcool entre seus ingredientes. Mesmo assim, a maioria
das pessoas não percebe que o álcool também é uma “droga”.
Como outras drogas, o álcool causa dependência nas pessoas. A
mudança de comportamento que ele proporciona é socialmente incentivada.
Para muitos é um apoio em momentos de insegurança e tristeza. Como
qualquer outra droga, o álcool provoca alterações no sistema nervoso,
modificando o comportamento da pessoa, produzindo momentâneo prazer e
tornando-o um usuário e dependente.
O alcoolismo é uma doença e pode atingir qualquer pessoa.
O
alcoolista ou como é mais comumente conhecido, o alcoólatra, é o dependente
físico e psicológico da bebida e precisa de esforço e tratamento adequado para
largar esta dependência.
O álcool está relacionado com 50 a 70% de todas as mortes devido a
câncer de língua, cavidade oral, faringe, laringe e esôfago, de fígado, de mama
e de intestino. É na infância e adolescência que se dá a utilização do álcool
pela primeira vez. As causas são similares àquelas que levam a fumar e a
maior parte das vezes o consumo de ambos está associado, sendo importante
enfatizar que o álcool potencializa o efeito carcinogênico do tabaco. O prejuízo
que o álcool normalmente causa ao fígado reduz a capacidade que esse órgão
tem de neutralizar as substâncias cancerígenas.
Dados colhidos em dez capitais, na última década, confirmam que 60%
dos estudantes de 1º e 2º graus fizeram uso pelo menos uma vez na vida e
que 23,9% da população até 18 anos de idade, no Brasil, são consumidores
regulares de bebidas alcoólicas. (Ministério da Saúde/INCA, 2002).
43
O alcoolismo é considerado uma doença de difícil tratamento e que leva
a uma deterioração psicológica, orgânica e social dos indivíduos dela
acometidos.
FIGURA 14
OS EFEITOS DA BEBIDA NO CORPO
44
O SOL
“SOL É BOM... MAS NÃO EXAGERE!”
Outro fator de risco de câncer é a exposição excessiva às
radiações solares. Não é apenas o excesso momentâneo. O efeito nocivo dos
raios solares se acumula durante a vida. Não adianta nada se esbaldar na
praia e na piscina durante a juventude e parar na maturidade para não
“envelhecer a pele” ou evitar o câncer... o mal já foi feito.
O câncer de pele, que está relacionado à exposição ao sol, é o
mais freqüente no país, em ambos os sexos, tornando-se um problema de
saúde pública, pois embora, em geral, não leve à morte, é responsável por
extensos danos estéticos. As pessoas de pele clara que se expõem ao sol de
forma prolongada e freqüente, por atividades profissionais ou de lazer,
constituem o grupo de maior risco.
No Brasil o clima tropical, a grande
quantidade de praias, a idéia de beleza associada ao bronzeamento,
principalmente entre os jovens, além do grande número de crianças e
adolescentes trabalhando na agricultura e outras atividades ao ar livre,
favorecem enormemente esta exposição excessiva. A infância é uma fase
particularmente suscetível aos efeitos maléficos das radiações ultravioleta
porque os danos que causam à pele se acumulam no decorrer da vida. São os
raios ultravioleta tipo B do sol que atingem as camadas mais profundas da pele
e podem alterar suas células, provocando câncer. Parte destes raios invisíveis
é absorvido pela camada de ozônio existente na alta atmosfera, mas a redução
progressiva da camada de ozônio vem diminuindo a filtragem de raios
ultravioleta, aumentando assim os efeitos cancerígenos da exposição
excessiva ao sol.
FIGURA 15
FIGURA 16
CARCINOMA15
MELANOMA16
45
No entanto, o sol é necessário à saúde em uma dose mínima diária,
antes das 10hs e depois das 16 hs. Protegendo a pele com chapéus, guardasóis, óculos escuros e filtros solares durante qualquer atividade ao ar livre
estamos nos prevenindo quanto aos efeitos nocivos do sol. Durante o período
em que os raios solares incidem mais intensamente sobre a terra, ou seja,
entre as 10 da manhã e 4 da tarde, é melhor reduzir ao mínimo sua exposição
ao sol. Quem vive em cidades localizadas a grande altitude precisa ter mais
cuidado ainda, pois a proteção atmosférica é menor, já que os filtros solares
apenas reduzem parcialmente os efeitos ultravioleta.
5 Tumor maligno da pele, dos tecidos glandulares ou das membranas mucosas, com origem
em células derivadas da ectoderme, desenvolve-se a partir de células epiteliais, e espalha-se
para os tecidos adjacentes, nomeadamente os gânglios vizinhos. O carcinoma do pulmão e da
mama são exemplos desta patologia.
1
6 Tumor maligno das células produtoras de melanina (melanócitos) da pele. Na maioria dos
casos desenvolve-se a partir de um nevo pré-existente, mas também pode surgir no olho ou
nas membranas mucosas.
1
46
OS HÁBITOS ALIMENTARES
“CUIDADO PRA NÃO MORRER PELA BOCA!”
Com relação aos hábitos alimentares pode-se dizer que eles estão
relacionados em conjunto a 35% de todos os tipos de câncer.
Uma
alimentação com altos teores de gordura e altos níveis calóricos está
relacionada a um maior risco de desenvolver câncer de cólon, reto e mama,
bem como a má conservação alimentar e o hábito de consumir alimentos
salgados.
Por outro lado uma alimentação rica em fibras, vitamina C,
betacaroteno, vitamina "E" e outros compostos orgânicos vegetais pode
proteger, parar ou até reverter os processos de carcinogênese.
Entre os jovens é comum a preferência por alimentos tipo “fast food” que
incluem a maioria dos fatores de risco alimentares acima relacionados. Esta
tendência se observa não só nas classes sociais mais abastadas, mas também
nas menos favorecidas, principalmente nas regiões urbanas embora nas
regiões rurais, esse tipo de alimentação venha se estabelecendo também, em
decorrência da vontade de copiar o modelo urbano de vida, muitas vezes
acessado através da publicidade.
Nos hábitos alimentares contemporâneos, o consumo de alimentos ricos
em fatores de proteção tais como frutas, verduras, legumes e cereais costuma
ser baixo.
Alguns alimentos aumentam a capacidade de defesa do organismo,
evitando, freando e até revertendo o processo de câncer.
Ele contém
elementos como vitamina C, vitamina E, carotenóides, selênio, zinco, cobre,
ferro e manganês, que são protetores. Devem ser consumidos com freqüência
e quantidade. Entre eles destacamos a cebola, o alho, os brócolis, a couveflor, o repolho, a couve, o espinafre, todos os legumes vermelhos e amarelos,
como a cenoura, a abóbora, a batata baroa, bem como todas as frutas,
principalmente as cítricas, a laranja, o caju, o mamão, etc. As fibras que são as
47
partes não digeríveis dos vegetais, como as cascas, auxiliam a prevenção do
câncer porque limpam o intestino grosso, diminuindo a formação de agentes
cancerígenos, e reduzem a absorção de gordura pelos intestinos. Elas são
encontradas no milho, feijão e cereais integrais. Atividades físicas e relaxantes
também são protetoras, pois previnem a obesidade e o stress que também
contribuem para doenças cardiovasculares e o câncer.
48
OUTRAS RADIAÇÕES
“RADIAÇÃO, MUITO MAIS PERTO DO QUE VOCÊ PENSA”.
Os médicos estudaram as conseqüências das bombas atômicas17
lançadas sobre o Japão há mais de 50 anos atrás e ficou comprovado que,
mais cedo ou mais tarde a radiação ionizante provoca câncer. A ionização, ou
seja, o deslocamento de elétrons das moléculas, é um fenômeno que causa
danos às células e pode provocar câncer. Trata-se de um processo lento,
podendo demorar 30 anos para se manifestar. No caso do Japão, o índice de
leucemia e tumores de estômago, de pulmão e do trato urinário, entre outros,
aumentou.
FIGURA 17
FIGURA 18
A BOMBA DE HIROSHINA
VÍTIMAS DE HIROSHINA
Bomba atômica é uma arma explosiva cuja energia deriva de uma reação nuclear e tem um
poder destrutivo imenso - uma única bomba é capaz de destruir uma cidade grande inteira.
Bombas atômicas só foram usadas duas vezes em guerra, pelos Estados Unidos contra o
Japão nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto,
elas já foram usadas centenas de vezes em testes nucleares pôr vários países.
17
49
Uma bomba atômica utiliza a energia liberada durante o processo de
fusão dos núcleos atômicos. Como elemento de fissão18, a bomba atômica
utiliza o urânio19 enriquecido no isótopo 235 ou no plutônio 239, obtido pela
transformação artificial do urânio 238.
Para que a explosão aconteça, é
necessário que a quantidade de urânio ou plutônio empregada constitua a
chamada massa crítica, a qual nada mais é que a quantidade exata em que os
nêutrons desprendidos espontaneamente não se perdem no exterior, sem ter
atingido outros átomos de urânio. Ou seja, o acionamento da bomba ocorre no
instante exato em que se forma a massa crítica. Para tanto, dois fragmentos
de urânio ou plutônio, que juntos constituem a dita massa crítica, são
montados no corpo da bomba, separados por certa distância. A união destas
duas partes realiza-se rapidamente pela ação de um explosivo que, por sua
vez, é detonado por uma espoleta de tempo ou percussão.
Liberada parte da energia, surgem os isótopos radiativos criptônio 90 e
bário 143, que emitem partículas “b” e se transformam em novos isótopos
radiativos que, em conjunto, passam por cerca de duzentos estados
intermediários antes de converter-se em núcleos atômicos estáveis. A eles se
deve a radiatividade residual que persiste após os efeitos mecânicos, térmicos
e radiativos no instante da explosão.
Quando esta ocorre, a energia
desencadeada se transmite aos produtos resultantes da fissão, em forma de
energia cinética. A enorme velocidade a que tais produtos se deslocam é
freada pelo choque com as moléculas da atmosfera e a energia cinética se
transforma em calórica, alcançando-se no ponto da explosão temperaturas da
ordem de 100 milhões de graus centígrados. Tudo isso produz enormes ondas
de choque e calor, de efeitos devastadores.
A primeira bomba atômica, de caráter experimental, explodiu em
Alamogordo.
Foi utilizada como arma dissuasiva pelos Estados Unidos na
guerra contra o Japão. A que caiu sobre Hiroshima, em 06 de agosto de 1945,
tinha uma potência de 20.000 toneladas de trinitrotolueno (TNT). Outra foi
depois lançada sobre Nagasaki.
Posteriormente, a capacidade explosiva
desse tipo de bomba aumentou muito, a ponto de, hoje, as bombas de 1945
18
19
Cisão, ruptura.
Urânio – metal radioativo, de grande densidade, branco como a prata e fusível a alta temperatura.
50
serem consideradas meros protótipos, principalmente desde 1981, quando os
Estados Unidos anunciou sua intenção de fabricar a bomba de nêutrons.
A bomba de nêutrons é uma arma nuclear de radiação controlada par
que a energia liberada pela explosão atômica se distribua em radiação
instantânea, sendo secundários o calor e a onda explosiva. Isso se obtém
graças a uma bomba de fissão-fusão miniaturizada e de pequena potência,
que emite um grande fluxo de nêutrons de alta energia, produzido por fusão
dos núcleos leves de deutério e trítio. A explosão de 1 KT mata imediatamente
as pessoas que estiverem a 800 m e, mais tarde, as que estiverem a 1.000 m.
Os efeitos expansivos e calóricos não ultrapassam os 1.300 m, mas o raio de
danos contra os seres vivos é dez vezes maior que o de uma explosão normal.
Embora ninguém espere sofrer um bombardeio atômico, todos estamos
sujeitos a esse tipo de radiação, que provoca danos celulares e detona o
processo de câncer.
Quando se tira uma radiografia, recebe-se radiação
ionizante por isso é importante evitar o excesso de exames desse tipo e
proteger com escudos de chumbo os órgãos reprodutores.
Acidentes em usinas nucleares, como o de Chernobyl, na Rússia, não
contaminam apenas o local, já que resíduos radioativos podem viajar pelo
vento ou através de alimentos exportados e chegar ao nosso país e causar o
mesmo tipo de aumento de casos de câncer encontrados como no caso do
Japão.
Chernobyl (Чернобыль), em russo ou Chernobyl (Чорнобиль), em
ucraniano, é uma palavra emblemática pois significa absinto, uma substância
extremamente amarga. Não fosse este o nome da cidade, não seria visto como
coincidência com o que está no livro de Apocalipse 8:11 ao dizer que uma
estrela chamada Absinto "... cai sobre um terço dos rios e sobre as fontes de
água... e muitos dos homens morreram por causa das águas, porque foram
feitas amargas".
O acidente de Chernobyl foi percebido as 09:30hs. do dia 27 de abril de
1986 pelos monitores de radiação da Central Nuclear de Forsmark, perto de
Uppsala, Suécia. Os monitores detectaram níveis anormais de iodo e cobalto,
51
motivando a evacuação dos funcionários da área devido a vazamento nuclear.
Mas os especialistas não constataram nenhum problema na Central. O
problema estava no ar. Foram verificados níveis anormais no norte e centro da
Finlândia. Em Oslo, na Noruega, dobraram. Na Dinamarca, os níveis subiram 5
vezes.
Os suecos através da embaixada em Moscou interpelaram o Comitê
Estatal para o Uso da Energia Atômica e a Organização Internacional de
Energia Atômica devido a suspeita de que os ventos que traziam radioatividade
à Escandinávia vinham do interior da União Soviética, mas Moscou negou por
2
dias
qualquer
anormalidade.
Enquanto
isso
a
vida
continuava
normalmente...os operários trabalhando, as donas de casa em seus afazeres
domésticos, as crianças indo a escola, enfim, a rotina continuava a mesma
para todas as pessoas.
Mas a presença de rutênio nas amostras analisadas na Suécia era
emblemática, visto que o rutênio se funde a 2.255 °C, sugerindo uma explosão
grave. Foi só em 28 de abril que se assumiu o acidente nuclear na República
da Ucrânia e foi dada uma breve declaração de quatro sentenças, que "uma
explosão, incêndio e fusão do reator tinha ocorrido na Central Nuclear Vladimir
Ilitch Lênin" em Pripyat.
Um satélite americano varreu a região da Ucrânia, encontrando uma
usina com o teto destroçado e um reator ainda em chamas com fumaça
vertendo do interior. Apenas, em 30 de abril, o Pravda - jornal do Partido
Comunista, tocou no assunto do acidente.
Para se ter uma idéia de normalidade, as comemorações do 1° de maio
tiveram seus desfiles normalmente realizados em Kiev, a capital ucraniana, e
em Minsk, na Bielorússia. No dia 3 de maio a nuvem estava sobre o Japão e
no dia 5 de maio chegou aos EUA e Canadá. Mikhail Gorbáchov demorou 18
dias para falar sobre o acidente, só o fazendo em 14 de maio de 1986.
52
FIGURA 19
O Acidente Nuclear em Chernobyl, na Rússia (Infográfico: como aconteceu a tragédia).
No acidente de Chernobyl foram liberados 3 milhões de terabecqueréis
para a atmosfera. Sendo que 46.000 terabecqueréis composto de materiais
com meia-vida longa (plutônio, césio, estrôncio). Chernobyl foi igual a 500
vezes a explosão sobre Hiroshima.
Toda a população de Pripyat começou a ser evacuada após 36 horas deveriam "sair em 2 horas e ficar três dias fora". Os 45.000 habitantes não
puderam levar nada. Tudo, inclusive eles mesmos, estava contaminado por
radiação. Foi feito um cerco que existe até hoje, num raio de 30 km em volta
de Chernobyl, conhecido como Zona de Exclusão, o que elevou os evacuados
para 90.000.
Em 1997 esta área foi aumentada para 2.500 km2. Nesta zona a
radiação atinge a mais de 21 milhões de Curies. As chuvas e inundações da
primavera, quando a neve derrete, tem feito com que a radiação se espalhe e
o perigo aumente. Estas águas em 50 anos contaminarão o rio Pripyat e a
bacia do Dnieper, o que afetará a vida de 10 milhões de pessoas.
O total de evacuados na Ucrânia, Bielorússia (Belarus) e Rússia foi de
326.000 pessoas.
53
Continuaram operando 2 reatores, produzindo metade da energia
consumida em Kiev e os funcionários da Central Nuclear foram transferidos
para a cidade de Slavutich, a 40 km de distância. Todos os dias um trem com
proteção contra exposição fazia a viagem até a Central Nuclear (Chernobyl foi
operacionalmente desativada em 15/12/2000).
Os "liquidators" foram recrutados à força para limpeza, muitos eram
soldados jovens sem roupa e treinamento apropriados. Mais de 650.000
ajudaram na limpeza no primeiro ano. Muitos destes adoeceram e entre 8.000
a 10.000 faleceram devido às doses recebidas no local da usina. Durante o
trabalho, para não enlouquecerem, ouviam música na área cercada por arame
farpado. Foram adotadas diversas medidas para cobrir o centro do reator com
material que absorve o calor e filtra o aerossol liberado.
Com helicópteros, em 27 de abril, começou-se a jogar em cima do
reator 1.800 toneladas de uma mistura de areia e argila, 800 t de dolomita
(bicarbonato de cálcio e magnésio), 40 t de boro e 2.400 t de chumbo. Para
reduzir a temperatura do material e a concentração de oxigênio, bombeou-se
nitrogênio líquido para baixo do vaso do reator. Construiu-se embaixo do reator
um sistema especial para remoção de calor, de modo a evitar a penetração do
núcleo do reator no solo.
Os pilotos envolvidos morreram devido à exposição; uma dúzia de
helicópteros de carga, caminhões e outros veículos se tornaram radioativos e
tiveram que ser abandonados.
Para evitar a contaminação das águas subterrâneas e superficiais da
região, foram tomadas as seguintes medidas: construção de uma barreira
subterrânea impermeável ao longo do perímetro urbano da usina, perfuração
de poços profundos para baixar o nível das águas do subsolo, construção de
barreira de drenagem para o reservatório de água de resfriamento e instalação
de sistema de purificação para drenagem da água.
As unidades 1 e 2 voltaram a operar em outubro/novembro de 1986, e a
unidade 3 em dezembro de 1987, depois da execução de trabalhos de
descontaminação, manutenção e melhoramentos na segurança dos reatores.
Segundo o jornal soviético Pravda, a cidade ucraniana de Chernobyl, com mais
54
de 800 anos, foi programada para ser totalmente nivelada, dois anos e meio
depois do acidente. Isto não foi feito.
Três
anos
e
meio
depois,
os
moradores
daquela
localidade,
"especialmente as crianças, sofrem de inflamação da tireóide, de falta de
energia, de cataratas e dum aumento das taxas de câncer", segundo o
Manchester Guardian Weekly. Em certa área, médicos especialistas predizem
que dezenas de milhares de pessoas ainda irão morrer de câncer, causado
pela radiação e haverá um aumento de doenças genéticas, de malformações
congênitas, de abortos involuntários, e de bebês prematuros, nas gerações
vindouras. Os diretores de fazendas informaram haver um índice crescente de
defeitos congênitos entre os animais criados nas fazendas: "Bezerros sem
cabeça, membros, costelas ou olhos; porcos com crânios anormais". Informouse que as medições das taxas de radiação apresentam-se 30 vezes maiores
do que as normais na área. Segundo o jornal soviético Leninskoye Znamya
crescem pinheiros incomumente grandes na área, bem como choupos com
folhas de 18 cm de largura, cerca de 3 vezes seu tamanho normal.
FIGURA 20
“OS FILHOS DE CHERNOBYL”
Como proteção de longo prazo, optou-se por "sepultar" o reator, com a
construção de paredes internas e externas e de um teto, sob a forma de
tampa. A estrutura levou sete meses para ficar pronta e tem a altura de um
prédio de 20 andares, a fundação não é sólida e há risco de colapso das
paredes.
55
Selaram o reator com 300.000 t de aço e concreto. Recentemente,
apareceram rachaduras nas paredes. O trabalho ainda não está concluído. A
construção da unidade 5 e 6 foram paralisadas. Um novo sarcófago foi licitado
para ser construído sobre o atual que não é a prova de vazamento. Deverá
ficar pronto em 2008 e terá 245 X 144 X 86 m. Chernobyl ainda vive, igual a
um vulcão adormecido, pode novamente entrar em "erupção" e dispersar mais
radioatividade na atmosfera. Isto seria causado pelas falhas estruturais do
atual sarcófago e do material que ainda se encontra incandescente.
Em dezembro de 1986 uma massa intensamente radioativa foi
detectada na base da unidade 4, formada por areia, vidro e combustível
nuclear, batizada de "pé de elefante", por ter mais de 2 m de circunferência e
centenas de toneladas. A análise do material mostrou aos cientistas que
grande parte do combustível vazou sob a forma de areia. Debaixo do reator,
encontrou-se concreto quente fumegante, lava e formas cristalinas (chamada
de chernobilita). As paredes do sarcófago começaram a ruir, porque foram
construídas sobre as paredes instáveis do reator.
Os trabalhos sofreram redução não apenas pela falta de dinheiro, mas
também pelas mortes e stress entre os cientistas envolvidos. Um consórcio de
empresas européias traçou planos para cobrir o reator com uma nova estrutura
de concreto para durar tanto quanto as pirâmides e conter o material
radioativo. Em maio de 1997, foi avaliado que para isto seria necessário aplicar
US$ 760 milhões durante oito anos. Em junho daquele ano, a Ucrânia e os
países do G-7 aprovaram o plano de melhorias do sarcófago.
Uma das propostas é construir uma estrutura côncava e através de
trilhos fazê-la deslizar sobre o local onde está o reator quatro. Desta forma, a
construção não implicaria em exposição direta com a radiação emanada. Até
agora, o dinheiro não apareceu e o túmulo de Chernobyl causará problemas
pelos próximos 100.000 anos. Encobriu 2.300 aldeias e cidades e inutilizou
130.000 km2. Chernobyl tornou-se referência para o grau máximo de acidente
nuclear; a escala vai de zero (erro sem nenhuma importância do ponto de vista
segurança) até sete (grau Chernobyl - acidente grave).
56
No final de agosto de 1986, o governo soviético divulgou relatório de 382
páginas sobre o acidente identificando a causa como tendo sido o fato dos
operadores, durante um teste de segurança, terem desligado três sistemas de
segurança. Em 30.07.1987, seis russos (Viktor Petrovich Bryukhanov - chefe
da usina, Nikolai Maksimovich Fomin - engenheiro chefe, Anatoly Stepanovich
Dyatlov - Adjunto do Engenheiro Chefe, Kovalenko, Rogozhkin, Laushkin)
foram levados a julgamento por violação das normas de segurança que
levaram à explosão do reator. Três foram declarados culpados e sentenciados
a 10 anos em campo de trabalhos forçados.
Uma das principais conclusões da Conferência Internacional uma
década após Chernobyl, organizada em Viena pela União Européia, AIEA e
Organização Mundial da Saúde, foi à estatística das vítimas do acidente de
abril de 1986.
Um total de 237 pessoas, trabalhadores envolvidos com o acidente
foram hospitalizados, destes, 134 foram diagnosticados com síndrome aguda
de radiação. O total oficial de mortos em virtude da radiação emitida pelo
acidente no reator foi de 31 pessoas, vitimadas pela participação direta no
combate aos incêndios da unidade. Duas pessoas faleceram atingidas
diretamente pela explosão do reator, e uma terceira, de infarto. No entanto,
milhares de pessoas sofreram e sofrem as conseqüências da exposição à
radiação até hoje.
Em janeiro de 1993, a AIEA refez sua análise do acidente e atribuiu
como sendo a causa principal o projeto do reator e não mais a erro operacional
(excesso de confiança, falha na comunicação entre os operadores e a equipe
que conduzia o teste, desligamento dos sistemas de segurança) conforme
relatório de 1986.
O RBMK tem defeitos de nascença. O reator se torna instável, elevando
temperatura e aumentando a reatividade em baixa potência.O reator é
suscetível à formação de bolhas de vapor nos seu interior e a refrigeração
promovida pelo vapor é menos eficiente que a água. Por sua vez, a formação
de vapor aumenta a potência da reação, porque diminui a absorção de
57
nêutrons. Algo como se alguém pisasse no freio de um veículo e a velocidade
aumentasse.
Gravações de vídeo, fotografias tiradas após o acidente apresentam
"ruídos" (flashes) provocados pela ação da radiação. O número de crianças
acometidas de problemas na tiróide e casos de leucemia aumentou desde
então. Observou-se que um grande número de crianças passou a ter perda de
todos os pelos do corpo. Crianças que nunca serão como as outras que
puderam brincar, subir em árvores, alimentar-se com frutas e leite saudáveis.
Em 1991 as repúblicas soviéticas se separaram e a Ucrânia voltou a
existir como país independente. Nomes, como Chernobyl e Kiev - a capital,
passaram para a forma ucraniana - Chornobil e Kiif.
A unidade 1 foi desligada em março de 1992 e depois funcionou até
1996. A unidade 2 sofreu um incêndio no salão da turbina em outubro de 1991,
com isto apressou a decisão do Parlamento ucraniano que imporia moratória
nuclear em 1995 e a trouxe para 1993. A unidade 3 teve problema com
válvulas e foi desligada em abril de 1992.
Na ocasião, em 1993, o sistema de geração elétrica estava preste a
desligar e suspenderam a moratória. Em 1995, o sistema elétrico ucraniano foi
conectado ao sistema elétrico russo, mas por falta de pagamento, permaneceu
depois algum tempo desinterligado. Com isto o reator três voltou a funcionar.
A independência da Ucrânia da URSS e a crise econômica e política
que vigora na região fez com que muitos vizinhos europeus tivessem que
investir em proteção em Chernobyl. A Noruega calcula ter recebido 6% do
material da explosão com o deslocamento da pluma radioativa sobre seu
território. Belarus, 25%, Ucrânia, 5% e Rússia, 0,5%. Muitos operadores de
nacionalidade russa em busca de melhor salário retornaram à Rússia.
Doze anos depois a região alpina na Europa continua muito
contaminada pela precipitação nuclear. Uma análise revelou níveis bastante
altos do isótopo radioativo césio 137, noticiou o jornal francês Le Monde. Em
alguns lugares a radioatividade era 50 vezes maior do que os padrões
europeus para lixo nuclear. As amostras mais contaminadas vieram do Parque
58
Nacional Mercantour, no sudeste da França; do monte Cervino, na fronteira
ítalo-suíça; da região de Cortina, na Itália; e do Parque Hohe Tauern, na
Áustria. As autoridades pediram aos países afetados que monitorem os níveis
de radiação da água e de alimentos sensíveis à contaminação, como
cogumelos e leite.
Em 29/03/2000, a Ucrânia decidiu fechar a central até o fim do ano,
condicionado à ajuda financeira internacional. Após assegurar o fechamento
para o dia 15/12/2000 ao presidente dos EUA, o Parlamento ucraniano tentou
um dia antes adiar o evento para depois do inverno em 2001. No entanto, a
unidade 3 de Chernobyl foi desligada na data marcada, com direito a
transmissão ao vivo pela televisão.
O chefe de turno Alexander Yelchishchev acionou o botão BAZ,
ativando o sistema automático de segurança às 13:16 (11:16 GMT). Em
segundos a potência do reator começou a baixar até zero.
A posição russa foi contra o fechamento da unidade remanescente,
afirmando ser segura a operação daquele reator até 2011 e que sua saída foi
provocada por pressão política sobre a Ucrânia que espera investimentos
ocidentais que só virão com o fechamento total da Central Nuclear. O
fechamento deixa 9.000 desempregados, que também foram contra o
descomissionamento da unidade.
Em conseqüência, o Governo ucraniano solicitou um crédito de US$
1,48 bilhão ao Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento para
dois novos reatores nucleares, destinados a substituir a produção elétrica de
Chernobyl, nas centrais de Rivne e Khmelnytsky, no oeste da Ucrânia. Da
mesma forma, a Lituânia, com a Central de Ignalina de dois reatores RBMK de
1.500 MW, é condicionada a entrar na Comunidade Européia quando desativar
seus reatores.
Apesar das especificações superiores nos reatores ocidentais, a
influência do acidente foi devastadora para a indústria nuclear de todo o
mundo (Relatório do Greenpeace), embora não assumida pelos defensores
59
intransigentes da opção nuclear. Após o acidente, foram iniciadas as
construções de 48 unidades, entre 1987 e 1999.
Chernobyl ainda se fará sentir por pelo menos mais 50 anos, conforme
artigo na revista inglesa "Nature", para o Greenpeace em seu relatório após os
14 anos - a catástrofe só começou.
Mais um relatório foi emitido em 2002 a respeito das conseqüências
humanas do acidente.
O que aconteceu em Chernobyl demonstra que energia nuclear não é
assunto isolado de uma nação, um evento nuclear atravessa fronteiras e não
tem cidadania, avançando sobre todos nós e tudo a nossa volta.
O acidente de 1986 levou o presidente da república José Sarney (19851990) a recomendar ao ministro Aureliano Chaves que constituísse uma
comissão especial, que se reuniu em maio de 1986, para avaliar seu impacto
no programa nuclear brasileiro, bem como promover uma cuidadosa revisão
nas condições de segurança e radioproteção na central nuclear brasileira.
Mas no dia 13 de setembro de 1987, aconteceu no Brasil o acidente
radioativo de Goiânia, Goiás. No ocorrido foram contaminados milhares de
pessoas acidentalmente pelas radiações emitidas por uma cápsula de césio137. Foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior radiológico do mundo.
A cápsula de césio-137 fazia parte de um equipamento hospitalar
utilizado para radioterapia que utiliza o césio para irradiação de tumores, ou
materiais sanguíneos (sangue e plasma sanguíneo). O irradiador havia sido
desativado há dois anos (1985) e se encontrava abandonado numa edificação
pertencente ao Instituto Goiano de Radioterapia. Dois catadores de sucata
chamados Roberto e Wagner invadiram o prédio abandonado e observaram
um volume muito pesado, constatando ser um bloco de chumbo, venderam
para um depósito de materiais em desuso, chamado no Brasil de ferro-velho.
Ao desmontar o equipamento para o reaproveitamento do chumbo, o
dono do ferro-velho expôs ao ambiente 19,26 g de cloreto de Césio-137
(CsCl), um sal muito parecido com o sal de cozinha (NaCl), mas que emite um
brilho azulado quando em local desprovido de luz. Vendo a bela emissão do
60
sal, o proprietário do ferro-velho o distribuiu para seus parentes, vizinhos e
amigos. Pelo fato de esse sal ser higroscópico, ou seja, absorver a umidade do
ar, ele facilmente adere à roupa, pele e utensílios, podendo contaminar os
alimentos e o organismo internamente.
Tão logo expostas à presença do material radioativo, as pessoas em
algumas horas começaram a desenvolver sintomas: náuseas, seguidas de
tonturas, com vômitos e diarréias. Alarmados, os familiares dos contaminados
foram inicialmente à drogarias procurar auxílio, alguns procuraram postos de
saúde e foram encaminhados para hospitais.
Os profissionais de saúde, vendo os sintomas, pensaram tratar-se de
algum tipo de doença contagiosa desconhecida medicando os doentes
sintomaticamente. Como não se descobriam às causas da estranha doença,
durante entrevista com médicos, dezesseis dias depois de ocorrido o acidente,
a esposa do dono do ferro velho relatou para a junta médica que os vômitos e
diarréia se iniciaram depois que seu marido desmontou um aparelho estranho.
Imediatamente foi pedido que ela levasse um fragmento deste para a
Vigilância Sanitária. Somente após este momento, no dia 29 de setembro de
1987, foi constatada a contaminação radioativa de milhares de pessoas. O
governo da época tentou minimizar o acidente escondendo dados da
população.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mandou examinar
toda a população da região. Desta 112 800 pessoas foram expostas aos
efeitos do césio, muitas com contaminação corporal externa revertida a tempo.
129 apresentaram contaminação corporal interna e externa concreta vindo a
desenvolver sintomas e medicadas. Porém, 49 foram internadas, sendo que 21
precisaram sofrer tratamento intensivo; destas, quatro não resistiram e
acabaram morrendo.
Até a atualidade (2006) todos os contaminados ainda desenvolvem
enfermidades relativas à contaminação radioativa, fato este muitas vezes não
noticiado pela mídia brasileira.
Quatorze anos depois do maior desastre atômico brasileiro, o governo
de Goiás prepara a inclusão de mais 600 pessoas na lista de vítimas. O
Ministério
Público
estadual
descobriu
pelo
menos
oito
mortes
61
não
contabilizadas na estatística oficial da tragédia.
O césio 137 ainda faz vítimas em Goiânia. Investigação feita pelo
Ministério Público de Goiás desde março aponta pelo menos oito novas vítimas
fatais do maior acidente nuclear da história do Brasil, ocorrido em 1987.
Nenhuma delas está incluída na relação de dez mortos reconhecida
oficialmente. ‘‘Essas pessoas estão morrendo à míngua’’, afirma o promotor
Marcus Antônio Ferreira Alves, responsável pelo levantamento.
Os casos descobertos agora são de funcionários civis e militares
convocados para remoção do lixo atômico e segurança das áreas de risco.
Fazem parte de um universo de 616 pessoas envolvidas nesse trabalho. O
Ministério Público quer incluir todos na lista de vítimas do césio. Foram
ignorados num cadastro feito logo após o acidente, que registra outros 600
nomes de servidores públicos e moradores das áreas atingidas.
O governo estadual prepara uma revisão da lista de atingidos pelo césio
com base nas informações do Ministério Público. ‘‘Ainda não sabemos o
tamanho real do problema, mas até o final do ano assinaremos um documento
que vai acrescentar outras vítimas do acidente nuclear’’, diz o chefe do
Gabinete Civil do governo de Goiás, Jonathas Silva. A nova relação será
decidida pela Superintendência Leide das Neves, órgão estadual criado no
início de 1988 para acompanhar os acidentados. ‘‘Devemos incluir todos os
policiais e funcionários civis que trabalharam no isolamento da área e no
depósito de lixo atômico, mesmo sem sintomas de doenças’’, afirma a médica
oncologista Maria Paula Curado, superintendente da Leide das Neves.
O levantamento do Ministério Público aponta 379 PMs, 220 servidores
do Consórcio Rodoviário Intermunicipal (Crisa), 15 bombeiros e duas garis da
Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurb). Ferreira Alves propõe o
pagamento de pensões vitalícias de R$ 360,00 para os civis e uma promoção
de três patentes para os militares. O benefício depende de aprovação da
Assembléia Legislativa de Goiás e seria concedido também aos filhos dessas
pessoas nascidos depois do acidente.
62
Na última semana, o Correio Braziliense visitou três pessoas doentes
que fazem parte da lista do Ministério Público. Uma delas, Zilda Maria de
Jesus, 49 anos, tem câncer no cérebro e no pescoço. Fez quatro cirurgias esse
ano e não tem mais esperança de vencer a doença. Nilton Pereira, 56 anos,
também tem câncer no pescoço. O soldado Marques de Souza Rodrigues, 37
anos, tem câncer no cérebro. Júnior, filho dele, nasceu com má-formação em
uma das válvulas do coração. Além das oito novas mortes documentas pelo
Ministério Público, levantamento feito pelo Crisa contabiliza mais três vítimas
fatais.
AS VÍTIMAS
“Zilda Maria câncer no pescoço e cérebro” ·
FIGURA 21
Zilda Maria – Vítima do césio 137 - câncer no pescoço e cérebro
A ordem vinha de um homem vestido como astronauta. Macacão
branco, sapatilha amarela, luvas amarelas e máscara branca. Ele se movia
com um aparelho na mão, voltado para o chão. Quando soava um apito e
acendia a luz vermelha, o homem indicava o local para que Zilda limpasse o
chão contaminado com poeira de césio. Com as mãos nuas e vestindo a
mesma roupa que saíra de casa, ela cumpria as ordens. Zilda Maria de Jesus,
49 anos, funcionária pública da Companhia de Urbanização de Goiânia
cumpriu a mesma tarefa todos os dias úteis, das 7h às 16h, entre quatro de
novembro de 1987 e 18 de julho de 1988, na Fundação do Bem Estar do
Menor (Febem) para onde foram levadas cerca de 30 pessoas que sofreram
63
irradiação. Em 1999, ela descobriu um caroço no pescoço. Em 2001 fez quatro
cirurgias para extração de nódulos no pescoço e no cérebro.
‘‘Aquela gente (os isolados na Febem) parecia que estava doida. Muito
deprimidos. Era só eu chegar, vinham me abraçar. Eu tinha medo, mas tava lá
mesmo, então aceitava’’, conta à mulher, que voltava para casa com a mesma
roupa usada no trabalho. ‘‘Meu filho tem um caroço no pescoço. Eu tenho
muito medo de ser alguma coisa porque eu lavava minha roupa misturada com
as outras da casa’’, conta. ‘‘Quando o médico me falou o que era, me deu
vontade de subir na janela e pular lá embaixo. Chorei, chorei, até me
conformar. Chorar, pra quê? Tiro um caroço aqui, aparece outro ali. Sei que
pra mim não tem solução. Só espero a morte.’’
A gari da Comlurb parou de trabalhar neste semestre, mas não está
aposentada. Recebe R$ 329 líquidos mensais de salário. ‘‘Eu fazia o meu
serviço, ia para o banheiro e deitava, até ficar melhor. A mão enrolava, o canto
da boca tremia e a boca vinha parar aqui, quase na orelha. Vomitava tudo o
que tinha dentro de mim.’’
“Nilton de Souza - Câncer no pescoço”
FIGURA 22
Nilton de Souza - Vítima do césio 137 - Câncer no pescoço
Aos 56 anos, Nilton Pereira de Souza (foto menor) parece um negro
forte. Mas está corroído por dentro. Teve um câncer no pescoço. A mão
esquerda está sempre dormente e com a pele escamada. Os dentes caíram
todos. Nilton de Souza era mecânico do Consórcio Rodoviário Intermunicipal
S.A. Em 1996 e 1997, dez anos depois do acidente nuclear, ele trabalhou no
64
depósito provisório de rejeitos radioativos, em Abadia de Goiás, a 30
quilômetros de Goiânia. A tarefa era ajudar na construção do depósito
definitivo, que ficou pronto em julho de 1997.
Tudo o que não pôde ser descontaminado na área do acidente foi
transportado para Abadia de Goiás. As casas derrubadas, calçadas, árvores,
muros, terra, móveis, cachorros, porcos, uniformes de soldados e até carro de
polícia. Foram seis toneladas de rejeitos radioativos depositados em
contêineres provisórios. O definitivo é todo forrado de chumbo e enterrado.
Nilton, embora mecânico, fazia de tudo um pouco. Ajudava na topografia,
operava máquinas e até cozinhava no depósito. No mínimo oito horas diárias.
Muitas vezes chegou a caminhar em torno das caixas metálicas para fazer
piquetes de medição. Na saída do trabalho, a mesma rotina: uma pessoa
vestida com roupa de astronauta passava um aparelho próximo ao seu corpo.
Sempre soava um apito na região das canelas, pés e peito. Ele não sabia que
estavam medindo a irradiação que o atingira durante o dia.
Cerca de dois
anos depois que deixou de trabalhar no depósito, descobriu o câncer. No final
de 1998, estava fazendo quimioterapia.
“Marques Rodrigues - Câncer no cérebro”
FIGURA 23
Marques Rodrigues - Vítima do césio 137 - Câncer no cérebro
Os policias que fizeram a guarda da área acidentada e do lixo atômico
foram tratados com descaso. Desde os primeiros dias do acidente, o médico
Vasco Martins Cardoso, coronel da Polícia Militar, denunciou as condições em
que a que os militares estavam expostos.
65
Um dos exemplos das conseqüências do descaso é o soldado Marques
de Souza Rodrigues, 37 anos. Em 1996, submeteu-se a uma cirurgia para
extração de um tumor no cérebro. Em 1989, seu filho, Júnior, nasceu com máformação de uma das válvulas do coração. Essa é uma das reações típicas
provocadas pela radiação. A superintendente da Fundação Leide das Neves, a
médica Maria Paula Curado, diz que é um erro imaginar que a exposição à
radiação provoca apenas câncer. É comum a ocorrência de várias doenças,
entre elas hipertensão, gastrite, síndrome do pânico, problemas de pele e a
má-formação congênita em filhos.
‘‘Quando sinto insônia, levanto à noite e vou para a beira da cama do
meu filho. Eu o beijo para ver se o rosto está frio. Tenho cisma de um dia
encontrá-lo morto’’, lamenta Marques Rodrigues.
Além de todo o sofrimento causado pela doença, o soldado não tem
direito a tratamento na Fundação Leide das Neves, que foi criada para assistir
às vítimas do acidente nuclear. É que Marques não é considerado
radioacidentado. Embora até a sua ficha individual de Marques na Polícia
Militar tenha registros de índices de radiação, tenha trabalhado por três anos
entre o local do acidente no centro da cidade e o depósito provisório de lixo
atômico.
Os policiais militares, os funcionários do Crisa e da Comurg foram
irradiados e muitos desenvolveram câncer, sem, no entanto, terem sido
considerados radioacidentados.
Hiroshima e Nagasaki, Chernobyl e Goiânia ainda provocam câncer.
66
OUTROS FATORES DE RISCO AMBIENTAIS E
OCUPACIONAIS
“Já imaginou respirar provocadores de câncer todo dia?”.
E não estamos falando só da fumaça de cigarro que respiramos na rua,
nos escritórios e ambientes fechados.
O fato é que muitas pessoas são
obrigadas a respirar ou mexer com produtos tóxicos por causa de suas
profissões.
Operários, principalmente da indústria química, agricultores e
pintores, entre muitos outros, precisam tomar cuidado e usar equipamento de
proteção para não se intoxicarem com essas substâncias.
Mesmo sem o
profissional perceber, pequenas doses diárias se acumulam no corpo durante
anos de trabalho e podem iniciar o processo do câncer.
A poluição do ar no ambiente industrial é o fator mais nocivo. Entre as
substâncias que alguns grupos de trabalhadores inalam, durante 8 horas por
dia estão o asbesto, encontrado em materiais como fibra de amianto ou o
cimento; os hidrocarbonetos aromáticos, encontrados na fuligem; as aminas
aromáticas, usadas na produção de tintas e pesticidas, e o benzeno,
encontrado nas usinas siderúrgicas e nos solventes de tintas e cola.
O risco se torna bem maior quando o trabalhador também é fumante ou
o ambiente está poluído com a fumaça dos cigarros, cachimbos ou charutos.
67
SEXO
“
SEXO SEGURO NÃO TEM FURO”
A camisinha é boa para evitar gravidez indesejada, é boa para prevenir
AIDS e também pode evitar que as pessoas se contaminem com certos vírus
capazes de alterar as células e provocar um câncer.
Esses vírus são:
O Herpesvírus tipo II e o Papilomavírus ou mais conhecido como HPV,
relacionado ao câncer do colo uterino.
FIGURA 24
LESÕES POR HPV
O vírus HIV associado ao Citomegalovírus pode desencadear o
aparecimento do sarcoma de Kaposi, e associado ao Herpesvírus I e II, pode
levar ao câncer de língua e de reto em pacientes portadores de AIDS.
FIGURA 25
SARCOMA DE KAPOSI EM SIDA
68
O vírus HTLI associa-se a um tipo de leucemia e linfoma de linfócitos T.
O vírus da hepatite B está relacionado ao câncer de fígado.
O aumento do número de parceiros, a falta de higiene e a precocidade
do início da vida sexual estão relacionados a um maior risco de câncer de colo
uterino, além de várias doenças sexualmente transmissíveis, mostrando que
hábitos sexuais seguros são vantajosos sob todos os ângulos.
Muitas das causas do câncer estão relacionadas ao nosso estilo de
vida. Portanto, ao tipo de atitude que adotamos no nosso dia-a-dia, desde que
nascemos.
A formação de hábitos saudáveis começa cedo e tem influencia do
ambiente em que vivemos: em casa, na escola, na comunidade...
Daí, a importância do papel que o educador pode exercer em sala de
aula, ao interagir com seus alunos, ajudando a multiplicar e disseminar
orientações que estimulem bons hábitos, fundamentais para a prevenção do
câncer, como por exemplo: fumar e beber são fatores de risco importantes
para o câncer e diversas doenças, mas são controláveis.
O ideal é nem
começar o vício, pois é difícil parar. A mudança de hábito é um desafio maior.
Por isso, a comunicação do conhecimento sobre a importância de
prevenir o câncer, por meio da adoção de hábitos saudáveis dever ser feita por
um educador, de maneira didática e atraente, e de forma contínua e
permanente.
69
CAPÍTULO V
O CONTROLE DE CÂNCER NO BRASIL
Nas duas primeiras décadas do século passado, enquanto as endemias
ocupavam a atenção das políticas de saúde no Brasil, o câncer começava a
despontar nos países desenvolvidos entre as doenças com maior taxa de
mortalidade. (Kroeff, 1951). Os números ascendentes na Europa e EUA
determinariam a inclusão de propostas para uma política anticâncer na
legislação sanitária brasileira, em 1920, durante o governo Epitácio Pessoa. Na
prática, o decreto proposto por Carlos Chagas incluía uma rubrica específica
para o câncer nos impressos de óbito, que seriam disponibilizados nas
inspetorias, delegacias de saúde e farmácias, assim como sua notificação
compulsória, no intuito da produção de medidas sanitárias eficientes (Decreto
nº 14.354).
Os dados referentes à população do Distrito Federal subsidiariam o
primeiro plano anticâncer apresentado pelo obstetra Fernando Magalhães,
durante
o
Primeiro
Congresso
Nacional
dos
Práticos,
dentro
das
comemorações pelo Centenário da Independência, em setembro de 1922.
Magalhães além dos primeiros números, ainda que precários, colhidos no
passado no âmbito das Casas de Misericórdia, apontaria de maneira pioneira,
a relação entre substâncias como alcatrão, resinas, parafinas, anilinas e
câncer, a partir de sua constatação em operários (Magalhães, 1923).
Do evento sairia à definição de câncer como “mal universal” inserindo-o
como um dos desafios a ser enfrentado pela agenda republicana, onde os
dilemas que atingiam a nação só poderiam ser respondidos com um saber
próprio sobre o país. (Motta, 1992). O câncer começaria a migrar de um
encargo exclusivo da área médica para ser projetado como um problema de
saúde pública.
Paralelamente, novas tecnologias eram destinadas no combate às
neoplasias, como a eletrocirurgia, o Raios-X e o Radium, impulsionando as
políticas de profilaxia do câncer no Brasil, o que modificaria, ainda que
lentamente, o paradigma do incurável pelo recuperável. Caberia, no entanto, a
70
iniciativa privada a fundação do Instituto de Radium, em Belo Horizonte, em
1922, primeiro centro destinado à luta contra o câncer no Brasil, viabilizado
devido à persistência de Borges da Costa e orçamento do governo Arthur
Bernardes. (Fenelon, Almeida, 2001).
A partir dos anos 20, novos atores influenciados por políticas anticâncer
positivas nos países desenvolvidos, principalmente França e Alemanha,
começariam a pensar o câncer como um processo sanitário gerenciado pelo
Estado, como Eduardo Rabello, Mário Kroeff e Sérgio Barros de Azevedo.
Somente no início da década de 30, durante o governo provisório, se
investiria na construção de um aparato hospitalar para o tratamento e estudo
do câncer. Construído o primeiro e cedido para outros fins, seria erguido um
segundo Centro de Cancerologia, de alcance distrital, embrião do Instituto
Nacional de Câncer, inaugurado em maio de 1938, no período estado-novista,
por Getúlio Vargas e Mário Kroeff.
O caráter nacional do projeto anticâncer só seria viabilizado em 23 de
setembro de 1941, com a criação do Serviço Nacional de Câncer, destinado a
organizar, orientar e controlar a campanha de câncer em todo o país (DecretoLei nº 3.643). Ao SNC caberia a coordenação das ações nos estados e
municípios, além do incentivo a criação de organizações privadas que se
estenderiam, com o passar dos anos, por todo o território, constituindo uma
rede, ainda que não se adotasse este conceito.
Instituída a política anticâncer nacional, o SNC seria despejado de sua sede
pela Polícia Militar, em 1943, como parte do esforço de guerra, e depositado
em espaço inadequado, na Lapa, danificando o processo de continuidade. Em
1946, o SNC ocuparia parte das dependências do Hospital Graffré e Guinle,
enquanto negociava a construção de uma sede central, no Distrito Federal
(Kroeff, 1946).
Tendo como contexto uma nova definição para saúde como sendo o
completo bem estar físico, social e mental, deixando de consistir apenas em
ausência de doença, proposta pela recém fundada Organização Mundial de
Saúde, com a participação do Brasil, em 1946, o SNC passaria a utilizar a
informação como estratégia na prevenção para obtenção do diagnóstico
precoce da doença.
71
A mudança de foco faria com que as políticas de câncer, a partir de
1951, ganhassem visibilidade entre a população, e por conseqüência, entre os
legisladores, o que garantiria o suporte orçamentário adequado para a
expansão da campanha de câncer no Brasil, e a conclusão do hospital-instituto
central (INCA), sede do SNC, no Rio de Janeiro, inaugurado em agosto de
1957, por Juscelino Kubitschek e Ugo Pinheiro Guimarães.
A ação ousada ultrapassaria as fronteiras, influenciando na decisão da
União Internacional de Controle do Câncer (UICC) de promover no Brasil, em
1954, o 6º Congresso Internacional de Câncer, organizado em São Paulo por
um dos membros de sua diretoria executiva, e diretor do SNC, Antonio
Prudente. Como resoluções seriam adotados os conceitos de controle,
consistindo nos meios práticos aplicados às coletividades capazes de
influenciar a mortalidade por câncer (Prudente, 1960) e uma nomenclatura de
neoplasmas para uso internacional, mais tarde aprimorada para Classificação
Internacional de Doenças para Oncologia (CID-O), pela Organização Mundial
de Saúde.
O fortalecimento do papel do SNC e a aprimoramento dos conceitos
fariam com que os mentores da política anticâncer começassem a pensar a
epidemiologia do câncer levando em consideração as condições ambientais, a
extensão territorial e os contrastes do país. (Marsillac, 1959). Ao mesmo
tempo, gerava-se a certeza entre especialistas de que os sintomas eram a fase
tardia do câncer, o que fundamentaria a discussão para a difusão de clínicas
de prevenção e diagnóstico de câncer. (Marsillac, 1960).
Assim, o período desenvolvimentista traria como contribuição às
políticas de controle do câncer, a produção de soluções alternativas perante o
reconhecimento de programas sanitários onerosos em desacordo com a
realidade do país, e o esforço simultâneo de uma relação mais harmoniosa
entre investimentos em saúde e desenvolvimento econômico. (Fadul, 1964).
O progresso das iniciativas do SNC, e por tabela, do INCA, levaria, a
partir de 1965, ao planejamento de reuniões anuais entre os representantes
das organizações vinculadas à campanha contra o câncer visando tecer uma
política unificada, com bases sólidas em todo o Brasil, o que culminaria na
72
institucionalização da Campanha Nacional de Combate ao Câncer, em
dezembro de 1967. (Decreto nº 61.968).
Apesar dos avanços, o fim dos anos 60 veria renascer os atributos da
medicina liberal que entendia o câncer como um problema individual de cada
doente. A nova dinâmica, resultante do Plano Nacional de Saúde, formulado
pelo Ministro da Saúde, Leonel Miranda, removeria o INCA, braço executivo da
SNC, para o Ministério da Educação, deixando à iniciativa privada um rentável
campo de incursão médico-cirúrgica. (Bodstein, 1987). O período também
representaria o esvaziamento gradual do vocábulo câncer por estar associado
à morbidez, por terminologia menos comprometida, como doenças crônicodegenerativas. (Carvalho, 2006).
A interrupção autoritária das políticas anticâncer que haviam colhido
consenso entre o público e o privado, fortalecendo o privado em detrimento do
público, traria como conseqüência a decadência do INCA e a extinção do SNC,
transformando-o em Divisão Nacional de Câncer, em 1970, de caráter técniconormativo, administrada em Brasília (Decreto nº 66.623), vinculada a
Secretaria de Assistência Médica.
Uma ação administrativa inédita, em 1980, denominada co-gestão, iria
aprimorar com agilidade e flexibilidade, o controle do câncer no Brasil. Tratavase da combinação administrativo-financeira entre os Ministérios da Saúde e
Previdência Social para fins de implementação de programas, através da
Campanha Nacional de Combate ao Câncer. (Mota, 1983). Um desses
programas, originado da necessidade do sistema de saúde unificar a produção
de
informações
em
câncer,
denominado
PRO-ONCO
(Programa
de
Oncologia), iria estruturar e ampliar as bases técnicas em âmbito nacional nas
áreas de educação, informação e controle do câncer (Lopes, Abreu, Rezende,
Lavor, 1994) que hoje atuam através da CONPREV.
Os primeiros anos da década de 80 marcariam o início de um período de
crescimento e recuperação do INCA, como órgão fundamental para a política
de controle do câncer no Brasil. Em 1980, o INCA passa a receber recursos
financeiros através da CNCC, como resultado do processo de co-gestão
acordado entre o Ministério da Saúde e o da Previdência e Assistência Social,
o que permitiu, em apenas dois anos, duplicar a prestação de serviços
73
médicos pelo INCA. Passaram a ser inúmeras as reformas e programas
executados, bem como os convênios técnico-científicos firmados, que
projetariam
ainda
mais
o
INCA
como
um
centro
médico-hospitalar
especializado, de ensino e de pesquisa.
A partir de 1982, o INCA e a CNCC buscam reorientar as ações de
controle do câncer, por meio de um Sistema Integrado de Controle do Câncer SICC, cuja estrutura técnico-administrativa passaria a ser o Pro-Onco. Em
1983, esta proposta é consolidada, transferindo-se para o INCA/CNCC as
atividades até então exercidas pela Divisão Nacional de Doenças CrônicoDegenerativas - DNDCD (a que também se incorporara a Divisão Nacional de
Câncer), da Secretaria Especial de Programas de Saúde - SNEPS, do
Ministério da Saúde.
Desde então, dá-se uma ação contínua, de âmbito nacional, abrangendo,
em forma de programas, múltiplos aspectos do controle do câncer: informação
(registros de câncer), combate ao tabagismo, prevenção de cânceres
prevalentes, educação em cancerologia nos cursos de graduação em Ciências
da Saúde e divulgação técnico-científica, que se estende por toda a década de
80 e que se mantém até os dias de hoje.
Com o objetivo de propor ações mais abrangentes no controle do câncer
no Estado do Rio de Janeiro, foi criado, em 1986, no Ministério da Saúde, o
Programa Sistema Integrado e Regionalizado de Controle do Câncer. O
trabalho foi iniciado em agosto de 1986 e, inicialmente apenas dois
profissionais médicos e um administrativo faziam parte do grupo. A expansão
das atividades a outros estados levou sua transformação, em 1987, no
Programa de Oncologia - PRO-ONCO, firmado por protocolo de cooperação
mútua entre a Campanha Nacional de Combate ao Câncer - CNCC e o
INAMPS/MPAS. Com a extinção da CNCC o Programa passou a fazer parte do
Instituto Nacional de Câncer, constituindo a Coordenação de Programas de
Controle do Câncer - PRO-ONCO. Manteve-se o nome pelo papel que já
representava no contexto nacional e internacional. O objetivo sempre foi,
desde o início, estruturar um serviço de abrangência nacional voltado para as
ações de prevenção e controle do câncer.
74
Desde a sua criação, o PRO-ONCO desenvolve e lidera ações de âmbito
nacional em três grandes áreas: educação, informação, controle e avaliação.
Sua contribuição, através da edição de livros, manuais, revistas e folhetos,
bem como da elaboração de vídeos, audiovisuais e campanhas de
conscientização, foi decisiva para o avanço do combate ao câncer no Brasil.
Em 1991, foi criada a Fundação Ary Frauzino para Pesquisa e Controle
do Câncer (FAF) com o objetivo de viabilizar recursos humanos e tecnológicos
para o desenvolvimento das atividades do Instituto Nacional de Câncer (INCA),
órgão oficial do Ministério da Saúde cuja missão é o controle do câncer no
Brasil.
A partir de 1992, o Sistema Integrado Tecnológico em Citopatologia SITEC passou a integrar o PRO-ONCO. O laboratório processa exames
citológicos de mama e cervicovaginal e anatomopatológicos (materiais de
biópsia) para cerca de 400 postos de coleta no Estado do Rio de Janeiro. Seu
objetivo é servir de modelo à implantação de programas de controle do câncer
cervicouterino, além de atuar na formação de citotécnicos, necessários a estes
programas. No mesmo ano o PRO-ONCO assumiu a Radiofarmácia, a qual
produz insumos para os serviços de Medicina Nuclear e de Ultrasonografia do
Instituto e de outras instituições.
O controle do tabagismo sempre mereceu um destaque entre os
trabalhos desenvolvidos pelo serviço, principalmente após sua incorporação
pelo Instituto Nacional de Câncer; inúmeras campanhas foram desenvolvidas,
e diversos eventos foram realizados, entre eles o Congresso Brasileiro de
Tabagismo. O trabalho se desenvolveu e cresceu de tal forma que, em 1996, a
direção do INCA optou pela criação de coordenadoria voltada especialmente
para cuidar do assunto, a Coordenação Nacional de Controle do Tabagismo e
da Prevenção Primária do Câncer - Contapp.
Atuar na prevenção dos fatores de risco do câncer e na informação ao
público em geral e a grupos específicos - profissionais de saúde, entidades
públicas e privadas – sempre foi uma das mais importantes missões do INCA.
Consciente desta importância, em 1996, a Fundação Ary Frauzino aplicou
nesta área recursos significativos.
75
Os investimentos da FAF permitiram ao INCA importantes ações no
campo da educação, informação, controle e avaliação, que foram decisivas
para o avanço do combate ao câncer e o Fornecimento de infra-estrutura para
o bom funcionamento das atividades destas áreas, incluindo a compra de
Estação
utilizada
como
servidor
pelo
PRO-ONCO
assim
como
microcomputadores, impressoras, monitores de vídeo e acessórios de
microinformática.
Locação do Grupo 201, da Rua dos Inválidos, n° 212 e
adequação das salas para a Contapp, com pintura, revisão da rede elétrica e
instalação de sistema de segurança, compra de mobiliário e linha telefônica
dedicada à Internet para a Contapp. Contratação de serviços de editoração de
livros-textos, vídeos, estudos, cursos e seminários para a formação de
multiplicadores em ações de prevenção e diagnóstico precoce do câncer.
Em 1998, a fusão do PRO-ONCO e da CONTAPP, em uma única
unidade, a Coordenadoria Nacional de Controle do Tabagismo e de Prevenção
e Vigilância do Câncer - CONPREV, constituiu-se em uma etapa importante
para a dinamização da atuação do INCA nessa área.
A implantação das ações de prevenção do tabagismo e outros fatores de
risco de câncer utiliza o modelo do SUS, para torná-la ágil e efetiva. Desta
forma, o INCA capacita e dá suporte às Secretarias Estaduais de Saúde (e
Distrito Federal) para que possam treinar e apoiar seus municípios no
desenvolvimento das campanhas de prevenção e na implantação do programa
em escolas, unidades de saúde e ambientes de trabalho. Os modelos de
trabalho conjunto com esses órgãos e o material necessário à implantação e
às campanhas foram desenvolvidos pelo INCA.
Em 1998, os convênios firmados entre o Ministério da Saúde e as 27
Secretarias de Saúde (Estaduais e do DF) liberaram recursos da ordem de R$
6 milhões (INCA, 1998), que permitiram às Secretarias implantar uma estrutura
técnico-administrativa para o desenvolvimento daquelas ações, realizar
campanhas de prevenção nas datas comemorativas e treinar pessoal de 1.869
municípios brasileiros, superando largamente a meta de 1.000 municípios.
As ações diversificadas e relevantes para a prevenção e a detecção
precoce do câncer contaram com a alocação de recursos orçados e
disponíveis na FAF.
76
Em 1998, as realizações do Instituto, entre outras, o desenvolvimento do
Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero - Viva Mulher, o
desenvolvimento dos Centros Regionais de Controle do Câncer, a ampliação
do sistema de informações sobre o câncer e a realização de eventos técnicocientíficos abordando a prevenção e detecção precoce, foram alvo do apoio
financeiro e administrativo da Fundação, através de Contratos e convênios
firmados pela FAF, adequação física e atualização tecnológica, disseminação
de Informações com a editoração, composição, fotolitos e acabamento da
Revista Brasileira de Cancerologia, elaboração de material promocional,
destacando-se:
- o documentário em vídeo para professores com roteiro da cartilha
Prevenção do Câncer e para o evento Crescendo Livre do Tabaco;
- o primeiro ano de funcionamento do Viva Mulher e o encontro de
validação do Programa;
- o Dia Nacional de Combate ao Fumo e a campanha INCA Livre do
Cigarro.
- Participação de representantes do INCA em eventos relacionados aos
trabalhos voltados à prevenção e informação.
Em 1999, foi criado o Programa de Vigilância do Câncer e seus Fatores
de Risco, visando ao conhecimento mais detalhado do atual quadro do câncer
no Brasil e de seus fatores de risco, a partir do desenvolvimento de um sistema
de informações capaz de integrar dados oriundos de várias fontes. Com a sua
implantação, será possível manter Registros de Câncer de Base Populacional
em cada Estado da União, atingindo 100% de cobertura da população
brasileira residente nas 27 capitais, incluindo o Distrito Federal. Com isto
estarão também garantidas as condições para o desenvolvimento de ações
locais de vigilância e avaliação da prevenção e controle do câncer de acordo
com as especificidades de cada região brasileira.
Em 2000, com o foco no desenvolvimento de ações coordenadas para o
Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco, para o Controle do Câncer
do Colo do Útero e de Mama, bem como para a Avaliação e Vigilância do
Câncer e seus Fatores de Risco, o INCA avançou significativamente neste
âmbito, planejando reuniões, encontros e oficinas de trabalho, de forma
77
integrada, com os diversos representantes das secretarias estaduais de
Saúde, com vistas a adequar as medidas estratégicas à realidade de cada
estado brasileiro.
Outra conquista expressiva em 2000, com grandes benefícios para a
saúde do cidadão brasileiro, foi à aprovação da Lei 10.167, que restringe a
publicidade do cigarro na mídia e proíbe o patrocínio de eventos esportivos e
culturais pela indústria do tabaco, como resultado do persistente trabalho
empreendido pelo INCA no controle do tabagismo nos últimos anos e de sua
intensificação em parceria com o Ministério da Saúde.
O controle do câncer consiste em uma abordagem multidisciplinar, em
que a prevenção nos níveis primário (promoção da saúde) e secundário
(detecção do câncer em fase inicial), vinculada à vigilância epidemiológica
(análise e produção de dados técnicos e científicos sobre o câncer), tem papel
preponderante na redução dos índices de incidência e mortalidade pela
doença. Com este foco, o INCA desenvolve de forma integrada o Programa de
Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco, o Programa de Controle do
Câncer do Colo do Útero e de Mama e o Programa de Avaliação e Vigilância
do Câncer e seus Fatores de Risco.
Em 2001, o INCA avançou significativamente neste âmbito, planejando
reuniões, encontros e oficinas de trabalho, de forma integrada, com os
diversos representantes das secretarias estaduais de saúde, com vistas a
adequar as medidas estratégicas à realidade de cada estado brasileiro.
O Programa de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de
Câncer é consubstanciado em ações contínuas e pontuais, desenvolvidas
através de um sistema descentralizado de gerência, valendo-se das três
esferas governamentais – federal, estadual e municipal. Desta forma, o INCA
capacita e dá suporte as 26 Secretarias Estaduais (e Distrito Federal), para
que possam treinar e apoiar os 5.527 municípios brasileiros no gerenciamento
do Programa em nível local e na promoção das campanhas de prevenção,
bem como na implantação de ações contínuas.
As ações contínuas têm como finalidade estabelecer as medidas de
controle em unidades de saúde, ambientes de trabalho e escolas, os principais
canais comunitários. Já as ações pontuais estimulam o desenvolvimento de
78
campanhas de prevenção e enfatizam a comemoração em âmbito nacional
das datas alusivas ao câncer e ao tabaco: 31 de maio – Dia Mundial sem
Tabaco; 29 de agosto – Dia Nacional de Combate ao Fumo; e 27 de novembro
– Dia Nacional de Combate ao Câncer (veja em DATAS INSTITUCIONAIS).
O processo de descentralização funciona através da capacitação de
recursos humanos, em que o INCA capacita as equipes coordenadoras dos
estados (secretarias estaduais de saúde e educação), que, por sua vez,
capacitam as equipes coordenadoras dos municípios (secretarias municipais
de saúde e educação), para desenvolverem atividades de coordenada
operacional e técnica do Programa. Essas últimas capacitam os profissionais
que atuam diretamente nas respectivas unidades de saúde, ambientes de
trabalho e escolas. Os modelos de trabalho conjunto com os órgãos
governamentais e o material necessário são desenvolvidos pelo INCA através
de experiências-piloto.
Em 2001, o Programa de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de
Risco alcançou a marca dos 3.588 municípios treinados (543 a mais que no
exercício de 2000), ou seja, com cobertura de 65% do total de municípios do
país, com equipes treinadas para desenvolver ações gerenciais e educativas,
incluindo as Secretarias Municipais de Saúde e de Educação (RELATÓRIO
INCA 2001).
Em 2002, o Programa evoluiu satisfatoriamente, tendo alcançado a
marca dos 3.600 municípios treinados, com 65% do total de municípios
brasileiros cobertos. Em reconhecimento à efetividade do Programa de
Controle do Tabagismo, o INCA recebeu em 2002 uma medalha da
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) durante a realização do
Congresso Internacional de Prevenção ao Tabagismo, promovido pela
Associação Brasileira Comunitária para a Prevenção do Abuso de Drogas em
Belo Horizonte-MG.
As “Ações educativas” compreendem atividades pontuais, traduzidas em
campanhas e eventos, e as atividades de natureza contínua: intervenções
sistematizadas em escolas, unidades de saúde e ambientes de trabalho e são
disseminadas através de uma rede de gerenciamento regional do Programa,
formada pelas Secretarias Estaduais (SES) e Municipais de Saúde (SMS) e do
79
DF, seguindo a lógica de atendimento descentralizado do SUS. Hoje, nos 26
estados da Federação e no Distrito Federal, as SES possuem uma
Coordenação do Programa de Controle do Tabagismo, que por sua vez vem
descentralizando as ações para seus municípios.
Em 2003, foram capacitados 372 novos municípios, totalizando 3.932
municípios dotados de recursos humanos treinados para gerenciamento do
Programa, o que equivale a uma cobertura de 71,3% em relação ao total de
municípios brasileiros existentes, 5.527. Ainda no âmbito deste Programa,
foram capacitadas 12.249 escolas e 3.966 ambientes de trabalho e unidades
de saúde (RELATÓRIO INCA 2003).
Em 2004, as ações educativas continuaram a ser coordenadas em
escolas, ambientes de trabalho e unidades de saúde. Elas atingiram, no
período, 83 municípios brasileiros e 203 participantes. Foram capacitados pelo
“Programa Saber Saúde” 6.705, professores em 556 escolas. Para a
implantação do Tratamento da Cessação do Tabagismo na Rede Pública de
Saúde foram capacitados 1.019 profissionais de 512 unidades de saúde
(RELATÓRIO INCA 2004).
A Promoção da Saúde nas Escolas – Saber Saúde desenvolveu em
2005:
• pesquisa com a UFPEL no município de Pelotas (RS), para avaliação de
resultados com vistas ao aprimoramento da estratégia de promoção da saúde
na escola e sua adoção pelo MEC;
• Em cooperação como o MEC, aprimoramento da estratégia com objetivo de
unificá-la a outras estratégias de promoção da saúde nas escolas;
• Cadastramento no novo sistema de mala direta de 741 novas escolas
sensibilizadas e capacitadas, além da entrada de dados de 3.320 escolas no
novo sistema de remessa de material do INCA, totalizando um acumulado de
13.379 escolas. Houve aumento de 88% no número de escolas, com 70%
de seus professores capacitados (13.988 professores), em relação a 2004;
• Finalização do CD-ROM Saber Saúde para reprodução e distribuição.
80
FIGURA 26
DADOS DO PROGRAMA SABER SAÚDE (INCA, 2005)
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentro de uma comunidade, a escola assume papel tão importante e
abrangente no cotidiano das pessoas que é capaz de modificar a sua
qualidade de vida. Na escola a sociedade deposita toda a esperança de uma
boa educação abrangendo a formação intelectual, moral, cívica e espiritual das
crianças.
De encontro a este anseio caminham os conceitos de promoção de
saúde e educação em saúde que são bem articulados entre si.
Educação em saúde é conceituada como sendo o modo pelo qual uma
população é informada e conscientizada sobre os problemas da sociedade da
qual faz parte e assim através dessa compreensão providenciar a busca de
suas soluções para elevar sua qualidade de vida e chegar à saúde. Dessa
forma enquadrando-se na definição da Organização Mundial de Saúde - OMS
que entende saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e
social, e não só a ausência de doenças como também condições de vida que
levam a qualidade de vida.
Promoção de saúde é uma ação global que objetiva a melhoria da
qualidade de vida das pessoas sendo necessário para isso ter acesso à
informação. Tendo em vista que educação em saúde é um dos braços
transformadores da consciência cidadã de uma sociedade, para utilizá-la
adequadamente e fazer com que gere os seus melhores resultados há
necessidade de avaliar o “modus operante” usado pelo corpo docente e como
está sendo a percepção dos pais dos alunos ou de seus responsáveis sobre os
efeitos desse trabalho no dia a dia dos seus filhos.
Após a Constituição Federal de 1988, com a nova proposta de saúde
para todos, o paradigma mudou de um foco de atenção excludente para um
totalitário beneficiando todos os brasileiros (até estrangeiros no território
nacional). Saúde passou a ser direito de todos e obrigação do estado (CF/88,
art. 196).
Hoje, saúde está associada à qualidade de vida e à promoção de saúde.
Em seu conceito, a saúde se promovia proporcionando condições de vida
decentes, boas condições de trabalho, educação, cultura física, formas de
82
lazer e descanso, sendo necessário o esforço coordenado de políticos, setores
sindicais e empresariais, educadores e médicos. A idéia de promoção de
saúde caracterizava um nível de atenção da medicina preventiva. O significado
do termo foi mudando passando a ser uma estratégia promissora: a promoção
da saúde, como vem sendo entendida nos últimos 20-25 anos, representa uma
estratégia promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que
afetam as populações humanas e seus entornos neste final de século.
Partindo de uma concepção ampla do processo saúde–doença e de seus
determinantes, propõe a articulação de saberes técnicos e populares, e a
mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados, para
seu enfrentamento e resolução.
Em 1986, quando da divulgação da carta de Ottawa, a promoção de
saúde foi associada a um conjunto de valores dentre eles a qualidade de vida
e uma combinação de estratégias (ações do Estado, da comunidade, dos
indivíduos, do sistema de saúde e de parcerias intersetoriais) que representam
a responsabilização múltipla.
A carta de Ottawa estabelece o seguinte conceito para promoção de
saúde:
“A promoção da saúde é o processo que visa aumentar a capacidade
dos indivíduos e das comunidades para controlarem a sua saúde no sentido de
a melhorar. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e
social, o indivíduo ou o grupo devem estar aptos a identificar e realizar as suas
aspirações, a satisfazer as suas necessidades e a modificar ou adaptar-se ao
meio. Assim, a saúde é entendida como um recurso para a vida e não como
uma finalidade de vida.”
Ao mencionar um estado de completo bem-estar físico, mental e social
vê-se nitidamente o conceito de saúde da O.M.S. Esses conceitos podem ser
divididos em dois seguimentos: no primeiro a promoção da saúde centrava
suas atividades na transformação dos comportamentos dos indivíduos e no
segundo (onde está o conceito moderno de promoção de saúde) relaciona-o à
qualidade de vida, suas atividades voltadas para o coletivo e ao ambiente num
sentido amplo. É nesse grupo que se enquadra o conceito de promoção de
saúde divulgado na carta de Ottawa que o define assim: “Promoção de saúde
83
é o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua
qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste
processo”. Promoção de saúde ainda pode ser conceituada como sendo o
conjunto de atividades, processos e recursos, de ordem institucional,
governamental ou da cidadania, orientados a propiciar melhoria das condições
de bem-estar e acesso a bens e serviços sociais, que favoreçam o
desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e comportamentos favoráveis ao
cuidado da saúde e o desenvolvimento de estratégias que permitam a
população maior controle sobre sua saúde e suas condições de vida, a níveis
individual e coletivo.
Da Constituição Brasileira no seu artigo 6º têm-se estabelecidos os
direitos sociais, dentre eles a educação e a saúde. Ainda no texto
constitucional, no seu artigo 196º outra referência é feita sobre a saúde como
direito de todos e dever do Estado, devendo ser garantidas mediante políticas
sociais e econômicas. Falar em saúde implica conseqüentemente falar em
educação. Elas estão lado a lado até mesmo na constituição federal, donde
tiramos o termo educação em saúde que não pode deixar de ser associado ao
conceito de promoção da saúde se quisermos obter um sentido completo do
mesmo.
Promoção de Saúde é uma ação global que objetiva a melhoria da
qualidade de vida das pessoas sendo necessário para isso ter acesso à
informação.
A educação em saúde, com vistas à promoção de saúde, pretende
colaborar na capacitação do cidadão para que este haja como agente de
transformação e participe dos movimentos que lutam pela preservação do
ambiente e melhoria das condições de vida. A promoção da saúde é o
processo que vai possibilitar a cada população avaliar a qualidade de vida que
lhe é oferecida, atuar sobre ela para conseguir cada vez mais saúde.
A escola apresenta como uma de suas funções a de despertar a
consciência de existência do indivíduo e estabelecer as relações entre ele e as
outras pessoas e também seu ambiente. Nos primeiros anos de vida escolar
ocorre a socialização do ser proporcionado pelo encontro com um grupo
diferente da família e que apresenta realidades sociais e comportamentais
84
diversas das que o aluno trouxe de casa. O professor é nesse momento sua
referência (assim como os pais em casa), o exemplo oferecido é de suma
importância, pois tal como um espelho suas funções refletem sobre os alunos.
O espaço para o desenvolvimento de um trabalho de conscientização e
educação em saúde está aberto, o desafio consiste em saber fazer um bom
uso dele.
Educar nos obriga ao entendimento do processo ensino-aprendizagem.
Define-se ensinar, de maneira ampla, como fazer com que as pessoas
aprendam e aprendizagem como o processo pelo qual a conduta se modifica
em resultado da experiência. As características da forma de ensinar definirão o
tipo de aprendizagem e seus efeitos na educação. A motivação é requisito
indispensável para aprender. Para utilizar as forças motivadoras é preciso
conhecê-las e saber como se realizam. A motivação é um processo pessoal,
interno, que determina a direção e a intensidade do comportamento humano. A
aprendizagem só se realiza a partir do desencadeamento de forças
motivadoras.
A educação em saúde é uma estratégia essencial da promoção de
saúde, pois é um componente de mudança social. A educação em saúde é
direcionada para as ações voluntárias, individuais ou de grupos; ou como
tomada de decisões zelando pela saúde de terceiros e pelo bem da
comunidade.
A promoção de saúde se faz por meio da educação, da adoção de
estilos de vida saudáveis, do desenvolvimento de aptidões e capacidades
individuais, da produção de um ambiente saudável. Está estreitamente
vinculada, portanto, à eficácia da sociedade em garantir a implantação de
políticas públicas voltadas para a qualidade de vida, ao desenvolvimento da
capacidade de analisar criticamente a realidade e promover a transformação
positiva dos fatores determinantes da condição de saúde.
O ensino de saúde tem sido um desafio para a educação, no que se
refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora
de atitudes e hábitos de vida. Os estudos mostram que transmitir informações
a respeito do funcionamento do corpo e descrição das doenças, bem como um
elenco de hábitos de higiene, não é suficiente para que os alunos desenvolvam
85
atitudes de vida saudável. É preciso educar para a saúde levando em conta
todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes que
acontecem no dia-a-dia da escola.
As pessoas necessitam além de tempo, de informações a respeito da
origem e cursos das doenças de forma que sejam capazes de compreender e
fazer aplicação dos recursos disponíveis para a sua prevenção.
O profissional que trabalha com educação em saúde atua como um
mediador do processo ensino aprendizagem ampliando a visão de seus
aprendizes. As sábias palavras de Paulo Freire (1996) se encaixam
perfeitamente na explicação dessa tarefa de mediador do professor quando
diz: “Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos,
apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto,
um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
aprender” .
Não há ninguém que não consiga passar algo de novo a outrem (ou
seja, não há ninguém desprovido da capacidade de ensinar), pois à medida
que se vive conceitos são formulados, opiniões são adquiridas, preferências
criadas, experiências compartilhadas, do mesmo modo que não há quem não
tenha algo a aprender. “Saber que ensinar não é transferir conhecimentos,
mas criar as possibilidades para a sua produção.” Paulo Freire (1996).
São necessárias à formação docente qualidades múltiplas dentre elas:
gostar de aprender, critica, ética, aceitação do novo, não discriminação, querer
bem aos alunos, disponibilidade para o diálogo, saber escutar, respeito aos
saberes e autonomia do educando, tudo isso podendo se traduzir em
humildade.
Professores, alunos, familiares, sociedade devem e podem chegar
juntos aos objetivos do processo ensino aprendizagem em promoção de saúde
e educação em saúde que é o desenvolvimento do saber de modo
compartilhado e interativo.
86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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comparison of four countries. Rev Med Chil 1997; 125: 719-127.
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Koifman S, Koifman R. Environment and cancer in Brazil: an overview from a
public health perspective. Mutation Research 2003; 544: 305-11.
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Janeiro: ABRASCO; 1990. p. 143-65.
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Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional
do Câncer Câncer no Brasil:
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Volume 3. Rio de Janeiro: INCA, 2003.
Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional
do Câncer, Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) Saber Saúde –
87
prevenção do tabagismo e outros Fatores de Risco. Rio de Janeiro: INCA,
1998.
Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional
do Câncer, Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) O Câncer e
seus Fatores de Risco. Rio de Janeiro: INCA, 7.
Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional
do Câncer Implantando e avaliando o Programa de Controle do Tabagismo e
outros fatores de risco de câncer nas escolas. 2ª Edição.
Rio de Janeiro:
INCA, 2004.
Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional
do Câncer Módulo “Escola Livre de Tabaco”. 2ª Edição. Rio de Janeiro: INCA,
2004.
Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional
do Câncer Estimativa 2006 – Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro:
INCA, 2005.
Brasil, Ministério da Saúde, Departamento Nacional de Câncer Publicação
Comemorativa de 30 anos de atividades do Instituto Nacional de Câncer. Rio
de Janeiro: INCA, 1968.
Brasil, Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer Publicação
Comemorativa : “Meio Século de Combate ao Câncer no Brasil – Um breve
histórico da origem e desenvolvimento do Instituto Nacional do Câncer (INCA)”.
Rio de Janeiro: INCA, 1989.
http://www.inca.gov.br/home » INCA » Relatórios » Relatório Anual/ Relatórios
Anuais.
88
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1
Exemplo de progressão do câncer/cancro ....................
Pág.
FIGURA 2
Exemplo de Carcinoma ................................................
Pág. 9
FIGURA 3
Exemplo de Sarcoma ..................................................
Pág. 9
FIGURA 4
“La Notte” – detalhe do túmulo de Giuliano de Médici,
1526-33” .......................................................................
Pág. 10
FIGURAS 5
“O QUE É O CÂNCER?” - Slide de aula do Curso de
Capacitação Gerencial Profissional do Programa Saber
Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer .......................
Pág. 30
“COMO SURGE O CÂNCER?” - Slide de aula do
Curso de Capacitação Gerencial Profissional do
Programa Saber Saúde – Módulo Falando Sobre
Câncer ..........................................................................
Pág. 30
“ESTÁGIOS DO CÂNCER” - Slide de aula do Curso de
Capacitação Gerencial Profissional do Programa Saber
Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer
Falando Sobre Câncer ..................................................
Pág. 31
“ESTÁGIOS 1 E 2 DO CÂNCER” - Slide de aula do
Curso de Capacitação Gerencial Profissional do
Programa Saber Saúde – Módulo Falando Sobre
Câncer ..........................................................................
Pág. 31
“ESTÁGIO 3 DO CÂNCER” - Slide de aula do Curso
de Capacitação Gerencial Profissional do Programa
Saber Saúde – Módulo Falando Sobre Câncer ..........
Pág. 31
“FATORES DE RISCO DO CÂNCER” - Slide de aula
do Curso de Capacitação Gerencial Profissional do
Programa Saber Saúde – Módulo Falando Sobre
Câncer .........................................................................
Pág. 34
FIGURAS 11
Esposa, filho e Bryan nos últimos minutos de sua vida
Pág. 40
FIGURAS 12
Bryan (como era antes) com o seu filho no colo ...........
Pág. 40
FIGURAS 13
Imagens dos maços de cigarro .....................................
Pág. 41
FIGURAS 14
OS EFEITOS DA BEBIDA NO CORPO ........................
Pág. 43
FIGURAS 15
CARCINOMA ...............................................................
Pág. 44
FIGURAS 16
MELANOMA .................................................................
Pág. 44
FIGURAS 17
A BOMBA DE HIROSHINA ..........................................
Pág. 48
FIGURAS 18
VÍTIMAS DE HIROSHINA ............................................
Pág. 48
FIGURAS 19
O Acidente Nuclear em Chernobyl, na Rússia
(Infográfico: como aconteceu a tragédia). .....................
Pág. 52
FIGURAS 20
“OS FILHOS DE CHERNOBYL” ...................................
Pág. 54
FIGURAS 06
FIGURAS 07
FIGURAS 08
FIGURA 09
FIGURAS 10
9
89
FIGURAS 21
Zilda Maria – Vítima do césio 137 câncer no pescoço e
cérebro ........................................................................
Pág. 62
FIGURAS 22
Nilton de Souza - Vítima do césio 137 - Câncer no
pescoço ........................................................................
Pág. 63
FIGURAS 23
Marques Rodrigues - Vítima do césio 137 - Câncer no
cérebro .........................................................................
Pág. 64
FIGURAS 24
LESÕES POR HPV .....................................................
Pág. 67
FIGURAS 25
SARCOMA DE KAPOSI EM SIDA ................................
Pág. 67
FIGURAS 26
DADOS DO PROGRAMA SABER SAÚDE (INCA,
2005) ............................................................................
Pág. 80
90
EVENTOS, ATIVIDADES CULTURAIS E/OU ATIVIDADES
EXTRACLASSE
Conforme exigência especificada no item IV e VII do Manual do Aluno
da Universidade Cândido Mendes/Instituto A vez do Mestre, onde “...cada
aluno deverá visitar museus, bibliotecas e/ou assistir eventos culturais como
teatro, shows ou eventos do gênero... apresentando os comprovantes, originais
(no mínimo de 4), como “tickets”, em anexo a Monografia”, apresento os
“tickets” de ingresso dos seguintes espetáculos assistidos em 2006:
NO TEMPO DO GUARANÁ COM ROLHA
Produção teatral de Benvindo Sequeira e da Família Oficina.
Trata-se de uma comédia no Brasil do século XIX ao início do século
XX, expostos pela obra de cinco comediógrafos: “O Juiz de Paz da Roça” de
Martins Pena, “A torre em Concurso” de Joaquim Manoel de Macedo, “Como
se fazia um deputado” de França Jr., “A revista Musical – O Rio de Janeiro de
1877” de Arthur Azevedo e “Que pena ser só ladrão” de João do Rio.
Comédia musical de aproximadamente 90 minutos, tendo em cena 40
atores e músicos, pertencentes da “Família Oficina”, com muitas canções do
séculos XIX e XX, faz um passeio pelos costumes da época, mostrando com já
em 1830 havia a corrupção, as bandalhas eleitoreiras, o crime, a sexualidade,
etc... fazendo uma ligação direta entre o Brasil de 1830 e o Brasil de agora.
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O DOENTE IMAGINÁRIO
Uma das mais famosas comédias escrita por Molière, em 1673 que trata
da estória de “Argan, um doente imaginário, rico e avarento burguês, que sofre
de hipocondria e faz de tudo para que sua filha se case com um médico, com o
intuito de assegurar para si, consultas médicas gratuitas. Mas a moça tem
outros planos e deseja casar-se com outro pretendente. A estória envolve
amor, intriga e poder e é uma montagem da “Limite 151 Cia. Artística” com
direção de Jacqueline Laurence com Tonico Pereira como protagonista.
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OS PÂNDEGOS
Comédia carioca com histórias em que as personagens estão em uma
situação limite, o espetáculo apresenta situações absurdamente humanas e
absurdamente insanas. E nada mais humano do que a insanidade. Tecido por
esquetes, a narrativa vai em um crescente, mostrando seus personagens e
suas diferentes facetas – claro, com muito bom humor.
No palco, Dig Dutra e Wagner Trindade se revezam nos esquetes. O
texto também foi escrito por eles. Cada personagem é construído sob medida
e a total segurança dos atores permite que brinquem com o texto.
O espetáculo conta ainda com a participação de: Andy Gercker e
Cláudio Andrade. A iluminação, por sua vez, é criada por Ricardo França. A
trilha sonora é assinada pelo também diretor, Daniel Dias da Silva.
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A PRIMEIRA VEZ QUE EU DISSE EU TE AMO
Com muito bom humor e alto astral, a peça A Primeira Vez Que Eu
Disse Eu Te Amo transita por diversos pontos de vista sobre o amor, o sexo, o
casamento, a separação, a traição e a paixão com situações inusitadas e
engraçadas. As canções de Vinícius de Moraes, Tom Jobin, Roberto Carlos,
Cazuza e Dolores Duran são executadas ao vivo. O espetáculo surgiu quando
quatro amigos se juntaram com o desejo de apresentar uma peça onde
pudessem se divertir e divertir a platéia com pensamentos, poesias e canções.
A dramaturgia desenvolvida por Pitty Webo foi feita através de fatos “quase”
reais da vida dos atores.
Texto e direção: Pitty Webo, Elenco: Nildo Parente, Helena Werneck,
Daniel Del Sarto e Pitty Webo, Músicos: Bruno Scatena (baixo), Daniel
Valentini (piano e teclado) e Gil Tandeta (bateria), todos em cena.
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PAGANDO MICO
Espetáculo musical que tem 32 crianças no elenco, conta a relação das
crianças com a verdade e a mentira sem ficar "PAGANDO MICO". A trama
envolve três personagens principais: TINA, GUGA E IVONETE (Prima
cearense de Guga que sofre preconceito por parte do primo).
Eles se
envolvem num jogo de verdade, mentira e chantagem, em meia confusão
acabam jurados de um concurso de novos talentos promovido pela escola. Os
três agora estão de frente, numa situação que não há como escapar.
O elenco de 32 Crianças da OFICINA DE INTERPRETAÇÃO INFANTIL
da ONG PALCO SOCIAL criada por Ernesto Piccolo (Diretor) E Rogério Blat
(Autor) em 1993.
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COMO O DIABO GOSTA
Comédia escrita por Rogério Blat, com direção de Cláudio Handrey, tem
em cena 14 atores, dentre eles Thiago Fragoso, atualmente protagonista da
telenovela “O Profeta” da Rede Globo.
Através de elementos do Teatro de Revista e do Teatro Besteirol dos
anos 80, a peça mostra o cotidiano brasileiro atual, numa linguagem de humor,
simples e acessível, despretensioso, irreverente e que utiliza o riso como
cartase, provocando o reconhecimento e a reflexão do público. “Tulipa” é um
funcionário do INSS, que mora na mesma casa com sua esposa, animadora
de festa infantil, Jandira, e com o cunhado, Piragiba, que em nada colabora
com as despesas de casa. Homem simples e comum, Tulipa leva uma vida
afogada em burocracias e dívidas, quando é atingido por uma bala perdida que
o deixa entre a vida e a morte. A partir daí, surpresas rondam o destino deste
homem criando situações embaraçosas. Somente pela intervenção divina, é
que os diversos nós começam a ser desatados.
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O AUTOR
Fatima Mendes Carvalho, natural do Rio de Janeiro, nascida em 05 de
novembro de 1961, filha de Sebastião Carvalho e Lair Mendes Carvalho, é
formada
em
Administração
Hospitalar,
pelo
INSTITUTO
METODISTA
BENNETT FACULDADES INTEGRADAS (Setembro/1987) e pós-graduada em
ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR pela UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO (Novembro/1988).
Servidora Pública Federal do MINISTÉRIO DA SAÚDE, trabalha no
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCa) na COORDENAÇÃO DE
PREVENÇÃO E VIGILÂNCIA/SERVIÇO DE APOIO LOGÍSTICO como
ANALISTA EM CIÊNCIA & TECNOLOGIA SÊNIOR III (MS)/ANALISTA EM
ADMINISTRAÇÃO PLENO (INCA).
Admitida em Janeiro de 1982 pela CAMPANHA NACIONAL DE
COMBATE AO CÂNCER, campanha “criada pelo Decreto nº 61.968 de
22/12/1967, pelo Sr. Presidente da República, que instituiu no Ministério da
Saúde a CAMPANHA NACIONAL DE COMBATE AO CÂNCER – CNCC.,
destinada a intensificar e coordenar em todo o território nacional as atividades
públicas e privadas de prevenção, de diagnóstico precoce, de assistência
médica, de formação de técnicos especializados, de pesquisa, de educação,
de ação social e de recuperação, relacionadas com as neoplasias malignas em
todas as suas formas clínicas, com a finalidade de reduzir-lhe a incidência”,
trabalhou de Junho de 1981 à Março de 1982 no assessoramento à
Coordenação do Programa Integrado de Medicina Nuclear – PIMN, na
elaboração do Programa Anual de trabalho para o exercício de 1982 (fase de
implantação do PIMN) , incluindo estudos e pesquisas, contendo o plano de
aplicação de recursos necessários, assim como a tabela de pessoal à ser
contratado, promovendo e propondo as medidas que visavam a obtenção de
recursos financeiros, humanos e materiais para a operacionalização do
programa em âmbito nacional.
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De Abril de 1982 à Novembro de 1982 foi designada Assistente do Sr.
vice-diretor e Chefe da Divisão Médica do Hospital dos Servidores do Estado –
HSE/INAMPS, desempenhando , principalmente, função de controle e análise
dos processos administrativos nas áreas de material e recursos orçamentáriofinanceiros do HSE.
De Novembro de 1982 à Agosto de 1983 atuou como Assistente do Sr.
vice-presidente e Chefe da Secretaria de Medicina Social da Direção Geral do
INAMPS, desenvolvendo, principalmente, função de análise dos processos de
solicitação de tratamento fora de domicílio, tanto em âmbito nacional como
para tratamentos no exterior custeados pelo MS/INAMPS.
De Agosto de 1983 à Maio de 1985 foi nomeada como Integrante do
“PROJETO PILOTO” da Comissão Interinstitucional Municipal de Saúde –
CIMS, em co-gestão com o MINISTÉRIO DA SAÚDE, INAMPS, SECRETARIA
ESTADUAL DE SAÚDE e SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, conforme
designação do ofício nº 517-0/288 de 22 de novembro de 1983, do Sr.
Superintendente Regional do INAMPS/RJ., como membro da SECRETARIA
EXECUTIVA DA CIMS, desenvolvendo ações junto aos projetos que geraram a
estruturação do antigo SUDS (SISTEMA UNIFICADO E DESCENTRALIZADO
DE SAÚDE), hoje conhecido como SUS (SISTEMA UNIFICADO DE SAÚDE).
De Maio de 1985 à Maio de 1990 fez o Assessoramento à Coordenação do
Programa Integrado de Medicina Nuclear e Atividades Afins – PIMAG.
Principalmente nas áreas de projetos especiais, educacionais e de pesquisa
junto à seus pares, tais como FIOCRUZ, CNPQ, UERJ, UFRJ, UFF, INCA e
outros.
Destaca-se
neste
período
sua
participação
no
PROJETO
DE
IMPLANTAÇÃO DO 1º SERVIÇO INTEGRADO DE IMAGENS DO PIMAG, em
ação conjunta com o então “SUDS”, hoje SUS, em toda a rede hospitalar
federal, estadual e municipal do Rio de Janeiro e seus municípios.
Destaque ainda, para a participação na implantação e desenvolvimento
do PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA EM IMAGEM, que visava a
formação de profissionais de saúde, em âmbito nacional, nas áreas de
medicina nuclear, ultra-sonografia e afins, com intercâmbio de profissionais,
inclusive no exterior.
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De setembro de 1989 à maio de 1990, designada para a função de
Administradora do Serviço de Imagens da unidade Venezuela/PIMAG/RJ.
De Maio de 1990 à Janeiro de 1994 assumiu a administração do
LABORATÓRIO
DE
IMUNOGENÉTICA
DO
PROGRAMA
DE
IMUNOGENÉTICA E TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS – PITO, desenvolvendo o
estudo de “vida e sobrevida” relativo à todos os transplantes de órgãos
realizados no RIO DE JANEIRO, em órgãos públicos federais, estaduais e
municipais, trabalho base para propostas e diretrizes de novas ações para o
programa de transplante de órgãos no Brasil.
De março de 1991 à outubro de 1994, designada para a função de
Administradora do PROGRAMA DE IMUNOGENÉTICA E TRANSPLANTE DE
ÓRGÃOS – CITRO do INCA.
Foi no exercício de 1991 que a CAMPANHA NACIONAL DE COMBATE
AO CÂNCER – CNCC foi extinta pelo
Decreto Lei nº 109 de 02 de Maio de
1991, sendo seus funcionários absorvidos pelo Ministério da Saúde, com
lotação no quadro de pessoal do INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER – INCA
De Outubro de1994 à Agosto de 2000 foi designada para a
COORDENAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO GERAL (COAGE) do INSTITUTO
NACIONAL
DO
CÂNCER
(INCA)
e
lotada
na
DIVISÃO
DE
MATERIAL/SERVIÇO DE COMPRAS onde ficou como responsável pela
aquisição
de
todo
MATERIAL
PERMANENTE
do
INCA/MERCADO
NACIONAL.
De Agosto de 2000 à Março de 2001 integrou o GRUPO DO PROJETO
EXPANDE – EXPANSÃO DE CENTROS DE ALTA COMPLEXIDADE EM
ONCOLOGIA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE/INCA em todo o território nacional.
Grupo multi profissional responsável pela análise de necessidades de
implantação de “CACON’s” – CENTROS DE ALTA COMPLEXIDADE EM
ONCOLOGIA) junto as diversas SECRETARIAS ESTADUAIS e ao SUS e a
partir de Abril de 2001 ficou lotada no SERVIÇO DE APOIO LOGÍSTICO DA
COORDENAÇÃO DE PREVENÇÃO E VIGILÂNCIA DO INCA/CONPREV,
onde é a responsável pelo processo de planejamento e orçamentação anual à
nível estratégico e operacional dos projetos institucionais na área de prevenção
100
do INCA, acumulando a responsabilidade de supervisão dos treinandos na
área de administração, planejamento e logística.
A conclusão do curso de Docência do Ensino Superior abre uma nova
fase profissional na área de educação.
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