Transferência embrionária em equinos

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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO
TRANSFERÊNCIA EMBRIONÁRIA EM EQÜINOS:
Uma Técnica ao Alcance da Coudelaria de Rincão
Por
PAULO TEIXEIRA JUNIOR - 1º Ten Cav
RIO DE JANEIRO
2003
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO
TRANSFERÊNCIA EMBRIONÁRIA EM EQÜINOS:
Uma Técnica ao Alcance da Coudelaria de Rincão
Por
PAULO TEIXEIRA JUNIOR- 1º Ten Cav
Monografia apresentada
como requisito parcial à
obtenção do diploma de
especialização do Curso
de Instrutor de Equitação
do Exército Brasileiro.
Orientador: Cap Cav
o
Eduardo Xavier Ferreira
Migon
RIO DE JANEIRO
2003
2003
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO
Avenida Duque de Caxias- Vila Militar- Rio de Janeiro- RJ
Este trabalho, nos termos da legislação que resguarda os direitos autorais, é
considerado a propriedade da Escola de Equitação do Exército (EsEqEx).
É permitida a transcrição parcial dos textos do trabalho, ou menção ao mesmo,
para comentários ou citações, desde que sem finalidade comercial e que seja feita a
referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não
definem uma orientação institucional da EsEqEx. Não constitui norma da EsEqEx
proceder qualquer revisão no trabalho monográfico arquivado, seja quanto a forma e
correção na apresentação, seja quanto ao conteúdo.
JUNIOR, Paulo Teixeira.
Transferência Embrionária em Eqüinos: Uma Técnica ao alcance da
Coudelaria de Rincão. Rio de Janeiro: Escola de Equitação do
Exército (EsEqEx), 2003.
41p.
Monografia (Curso de Instrutor de Equitação), EsEqEx.
1.Ensino. 2.Ações subsidiárias.3.Coudelaria de Rincão.
I. Autor. II. Título
(Ficha catalográfica elaborada pelo autor)
“Não dêem dinheiro a seus filhos, se
puderem dêem-lhes cavalos. A
equitação nunca arrastou ninguém a
desonra .nenhuma hora de vida
passada numa sela é perdida.”
WINSTON’S CHURCHILL
RESUMO
A pesquisa objetivou identificar em primeira estância o método de controle
genético conhecido como transferência embrionária, técnica esta que oferece opções
que aumentam a qualidade genética da espécie, visando assim esclarecer a viabilidade
de implantação de uma estrutura de manipulação de embriões na Coudelaria de Rincão.
Foi realizado um esclarecimento geral sobre reprodução, que facilitará a compreensão
de um dos objetivos que é a transferência embrionária propriamente dita. Conectado ao
assunto transferência embrionária, temos uma apreciação dos fatores que influenciam os
resultados, versando assim elucidar da melhor forma possível os fatores preponderantes
para o emprego da técnica em questão. Com um estudo comparativo detalhamos as
diversas vantagens do processo e os aspectos limitadores da biotecnia. Verificamos se a
Coudelaria de Rincão, objetivo principal desta monografia, atende às condições
mínimas para a implantação da técnica e quais seriam as expectativas desta organização
militar frente a nova biotecnia de reprodução que vem sendo utilizada com êxito dentro
de um cenário mundial. Durante a leitura dessa investigação o leitor poderá observar
conclusões positivas que sairão da teoria para ser firmar na prática sistemática e
eficiente, atendendo assim algumas necessidades do Exército Brasileiro nos aspectos
que tangem sobre a qualidade dos equídeos militares. A certeza maior é que no final
desta pesquisa aumentamos o conhecimento através da seriedade da divulgação para o
leitor, com aspectos concretos e positivos em relação a transferência embrionária no
âmbito do Exército Brasileiro.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Classificação dos embriões, p. 22
TABELA 2 – Relação de reprodutores da Coudelaria de Rincão, p.34
SUMÁRIO
1 – Introdução
4
2 – Conhecimentos gerais
7
2.1 – Anatomia do Aparelho genital do Garanhão
7
• Constituintes do Ejaculado
8
• Sexualidade dos Garanhões
9
2.2 – Anatomia do Aparelho Genital da Égua
9
2.3 – Endocrinologia do Ciclo Estral
11
• Ciclos Estrais
11
• Papel do Estrógenos
12
2.4 – Comportamento da Égua nas Fases do Ciclo Estral
13
• Comportamento da Égua no Cio ou Estro
13
• Comportamento da Égua no Diestro
13
2.5 – Formação do Corpo Lúteo
13
• A Persistência do Corpo Lúteo
14
• Controle do Funcionamento Ovárico
14
• Anomalias do Funcionamento Ovárico
2.6 – Fotoperíodo e Melatonina
• Um Tratamento Simples
15
16
17
3 – Transferência Embrionária
18
3.1 – Sincronização do Cio
18
3.2 – Transferência Enbrionária Propriamente Dita
18
• Preparo e Fecundação da Égua Doadora
19
• Coleta Não Cirúrgica de Embriões
20
• Metodologia da Coleta
21
• Detecção do Embrião e Tratamento
21
• Morfologia Embrionária
22
• Escolha e Preparo da Égua Receptora
23
• Técnica da Transferência
24
3.3 – Fatores que influenciam os Resultados
25
3.4 – As vantagens da Biotecnia
26
3.5 – Os Fatores Limitantes da Transferência Enbrionária
27
4 – A Coudelaria de Rincão
28
4.1 - Histórico
28
4.2 – A Reprodução dos Eqüinos na Coudelaria de Rincão
29
4.3 – O Controle Genético da Coudelaria de Rincão
29
5 – A Coudelaria de Rincão e a Transferência Embrionária
32
5.1 – A Atual Estrutura da Coudelaria de Rincão
32
5.2 – Análise da Coudelaria de Rincão
6 – Conclusão
7 –Referências
33
37
40
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
Há 50 ou 60 milhões de anos atrás, tínhamos um animal muito diferente deste que
estamos acostumados atualmente. É difícil acreditar que o cavalo arcaico possuía
aproximadamente 25 cm de altura. Os membros destes antiquíssimos equídeos tinham
cinco dedos bem distintos. Sucessivamente estes minúsculos predecessores do nosso
Cavalo, modificaram bastante sua estrutura. O HIRACOTÉRIO e o MESO-HIPO são
equídeos, que viveram na terra ainda antes do homem. De cinco dedos no primeiro,
encontramos quatro no segundo, pelo processo natural de atrofiamento. O meso-hipo foi
o primeiro equídeo que, abandonando as zonas de bosque, foi viver nas planícies. O
HIPARIÃO possuía três dedos e já mostrava uma estrutura mais semelhante ao cavalo
atual. Do precedente equídeo, através de uma natural seleção, houve várias espécies e
subespécies dotados de dois dedos e, afinal, no cavalo de PRZEWALSKI, de um só. Ao
pensar na razão, pela qual estes animais evoluíram tanto, podemos concluir que sem
sombra de dúvida, a necessidade de sobrevivência foi o principal motivo. Este
impressionante avanço genético foi obra de uma cientista conhecida por todos nós como
“Mãe Natureza”.
A humanidade testemunha nos dias atuais os avanços da ciência, uma realidade
que nos permite, incentiva e financia pesquisadores e cientistas, para que eles ampliem
cada vez mais as descobertas e conhecimentos sobre a manipulação e controle das
características genéticas dos animais, isto é, o homem está substituindo a “Mãe
Natureza”, não para atender a uma adaptabilidade do animal ao meio ambiente, mas sim
para cumprir as exigências das necessidades humanas. A ciência, sempre que procura
alterar a natureza, tem como um dos objetivos aprimorar as técnicas, visando otimizar a
produção e os custos envolvidos, sendo assim, sob a ótica da reprodução, a
biotecnologia parece não ter obstáculos, pois oferecem métodos na eqüinocultura que
são eficientes no preenchimento das determinações do mundo moderno. Dentro desses
avanços tecnológicos, a transferência embrionária vem se firmando cada vez mais com
o método reprodutivo capaz de atender tanto criadores com uma sólida infra-estrutura,
como também criadores menos equipados. A transferência de embriões tem como
finalidade gerar mais de um potro por estação reprodutiva de cada égua pré-selecionada.
Material genético desejado, boas condições morfológicas, histórico e produção
comprovada surgem como quesitos mais importantes para a seleção das doadoras. Essas
matrizes podem, com a transferência embrionária, dar origem de três a quatro crias em
uma única estação, isto de acordo com grandes especialistas da área. O triplo da
produção normal, sem que a matriz tenha que parar de desempenhar sua função
cotidiana, como por exemplo, um papel desportivo de alta performance a que esteja
submetido, deixando o sacrifício da gestação para as éguas receptoras (barrigas de
aluguel). A técnica de transferência de embriões baseia-se na fertilização da égua
doadora com o garanhão pré-selecionado (monta ou sêmen). Sete a nove dias após a
fecundação faz-se um lavado uterino na doadora, objetivando coletar o embrião que será
transferido para uma égua receptora que já teve seu ciclo estral sincronizado com a da
doadora, usando métodos farmacológicos. Esta biotecnia abre caminhos para o
aprimoramento zootécnico das raças, levando-se em conta que os cruzamentos dirigidos
entre excelentes biotípos possam ser triplicados a cada ano.
O objetivo do projeto de pós-graduação do curso de Instrutor de Equitação é
elucidar da melhor forma possível o método reprodutivo conhecido como transferência
embrionária, colocando-a no contexto da Coudelaria de Rincão. A pesquisa mostrará
também os fatores que influenciam os resultados abordando os aspectos positivos e
negativos. Serão avaliados equipamentos, e os recursos humanos envolvidos na
manipulação embrionária. O estudo irá esclarecer, se a Coudelaria de Rincão possui
estrutura e maturidade para a implantação de um laboratório de manipulação
embrionária, com a finalidade de realizar a técnica nas melhores condições possíveis, e
se tal investimento tecnológico atenderia às particularidades desde os cerimonias
hipomóveis até os cavalos de alta performance, da tradição ao operacional aprimorando
desta forma a reprodução eqüina e suprindo os anseios da força terrestre em aspectos
específicos da distribuição de eqüinos.
Para um maior esclarecimento, este trabalho de pesquisa foi dividido em seis
capítulos. O primeiro capítulo é basicamente o que foi compreendido até o presente
momento. O segundo capítulo aborda as noções gerais de reprodução eqüina, para um
melhor entendimento do assunto proposto. O terceiro capítulo descreve a biotecnia
conhecida como transferência embrionária, que é um dos objetos do estudo. O quarto
capítulo traz um relato sobre a história e a principal missão da Coudelaria de Rincão. O
quinto capítulo versa sobre a visão atual da Coudelaria frente aos avanços tecnológicos
e uma breve análise do rumo que está tomando. Concluiremos a pesquisa no sexto
capítulo.
CAPÍTULO II
CONCEITOS GERAIS
2.1 - ANATOMIA DO APARELHO GENITAL DO GARANHÃO
Nas espécies bissexuadas, o aparelho reprodutor masculino, além da elaboração e
secreção dos hormônios testiculares, cumpre também função citogênica, ou seja, a
produção de espermatozóides, cabendo-lhe também depositá-lo na via genital feminina.
Ele é constituído por dois testículos (contidos na bolsa escrotal), órgãos acessórios,
glândulas e pênis.
A Bolsa Escrotal, além de alojar os testículos e protegê-los, ela é importante na
termorregulação juntamente com o músculo cremáster e com o plexo pampiniforme. Os
testículos são dois e estão localizados na bolsa escrotal, tendo formato oval medindo de
8 a 12 cm de comprimento e 5 cm de largura. Apresentam à palpação uma consistência
firme semelhante ao do muque. O epidídimo está ligados aos testículos pelo ligamento
testicular. Suas funções são de maturação, transporte, armazenamento dos
espermatozóides,
absorção
dos
espermas
defeituosos
e
da
secreção
de
glicerifosforicolina e antiaglutininas, entre outras substâncias. Os condutos deferentes
penetram na cavidade abdominal e terminam em forma de ampolas (ampolas de
Vater).É um tubo muscular que propele os espermatozóides para o ducto ejaculatório na
uretra prostática, no momento da ejaculação. As ampolas de Vater são ricas em
glândulas que secretam um muco de coloração branca que envolve os espermatozóides
assegurando-lhes proteção mecânica e bioquímica, além de ser uma reserva que secreta
principalmente ergotioneina. É volumosa, contrátil e participa da ejaculação. Elas se
unem a uretra pélvica em uma outra dilatação chamada colliculus seminalis, onde
dorsalmente, se encontra a próstata e, lateralmente as duas vesículas seminais. A
próstata é uma glândula ímpar que circunda a uretra pélvica. É, no cavalo uma estrutura
discreta em forma de noz. Os ductos se abrem em duas fileiras paralelas uma de cada
lado da uretra. Emite uma secreção opaca, odorífera e alcalina por ocasião da ereção.As
vesículas seminais são glândulas pares que desembocam na uretra pélvica (colliculus
seminalis) através de diversos ductos ejaculatórios. O líquido é gelatinoso, incolor e
inodoro, formando a maior parte do líquido espermático.As Glândulas de Cowper
(bulbos uretrais) são glândulas pares que emitem por ocasião da ereção,
aproximadamente, 10 ml de uma secreção viscosa com a função de “limpar” a uretra e
neutralizar o pH. O Pênis fica alojado na bainha prepucial, que é comprida e muito
erétil.
2.1.1 - CONSTITUINTES DO EJACULADO
2.1.1.1 - FRAÇÃO PRÉ-ESPERMÁTICA
É a secreção proveniente das glândulas de Cowper, contém muito poucos
espermatozóides e pode ser vista quando o garanhão em ereção tenta montar na égua no
cio ou no manequim.
2.1.1.2 - FRAÇÃO ESPERMÁTICA PROPRIAMENTE DITA
Consiste de secreções dos epidídimos e das ampolas de Vater, possuindo alta
concentração de espermatozóides. São de coloração leitosa, não-viscosa, de volume
aproximado de 30 ml, envolvem e protegem os espermatozóides.
2.1.1.3 - FRAÇÃO PÓS-ESPERMÁTICA
São secreções das glândulas seminais muito pobres em espermatozóides. São
gelatinosas e formam a maior parte do plasma seminal.
2.1.2 - SEXUALIDADE DOS GARANHÕES
O instinto sexual começa a se manifestar a partir dos 18 meses de idade. Portanto,
já a partir dos 12 meses é aconselhável separar os sexos. A partir dos 24 meses os
machos podem entrar na reprodução, porém de forma moderada. Para evitar prejuízos,
recomenda-se a coleta de sêmen para avaliação da fertilidade, em termos de volume do
ejaculado, concentração de espermatozóides, motilidade e morfologia das células. As
células espermáticas permanecem viáveis no trato genital feminino até 48 horas.
2.2 - ANATOMIA DO APARELHO GENITAL DA ÉGUA
Apesar do primeiro cio ocorrer em torno dos 18 meses de idade, o aparelho
reprodutor feminino somente estará preparado para reprodução a partir dos 30 meses de
idade. A maior parte desse aparelho é constituído de dois ovários , duas tubas, ovidutos
ou trompas uterinas, útero, vagina e vestíbulo, vulva e clitóris, está suspenso na
cavidade abdominal por uma faixa de tecido fibroso chamado de ligamento largo,
através do qual passam nervos e vasos que irrigam os órgãos componentes. A parte
superior desse ligamento é chamada de Mesovarium e é ela que prende os ovários e a
tuba uterina na arcada lombar. A parte lateral do ligamento largo do útero porta o
mesosalpinx, onde se alojam as tubas. Os dois mesos delimitam uma cavidade chamada
bolsa ovárica, que se abre para a cavidade peritoneal. Sua conformação varia
individualmente e pode mesmo ser fechada (atresia) em 3% das éguas.
Os ovários estão situados atrás dos rins, e apresentam a forma de um feijão em
função da presença de uma fossa de ovulação que os deprime ventralmente no seu meio.
O tamanho varia segundo a raça, a idade e a estação do ano. A tuba uterina mede, em
média, de 20 a 30 cm de comprimento por 4 a 8 mm de diâmetro cranialmente, e de 2 a
3 mm caudalmente. Ela está dividida em três partes, a saber: pavilhão, ampola, istmo.
São cobertas internamente por uma fina camada de células ciliadas que impulsionam o
óvulo na direção do útero. Elas são auxiliadas por uma corrente de secreção líquida
contra a qual nada os espermatozóides em direção ao óvulo. A fecundação ocorre no
terço superior das tubas.
O útero é um órgão cavitário que leva a forma de um “y”e consiste em dois
cornos, um corpo e um colo ( cérvix ). Está recoberto internamente por uma mucosa
especializada, chamada endométrio. É a enorme versatilidade dessa mucosa que permite
a implantação do embrião no início da gestação e facilita a transferência de nutrientes da
mãe para o feto. A porção que entra em contato com a vagina é chamada de colo uterino
ou cérvix. Na maioria das vezes, e especialmente durante a gestação, esta passagem
muscular que liga o útero à vagina, como dito acima, está contraída (fechada), isolando
o útero de influências externas. Durante o cio ele está relaxado e aberto, permitindo a
ejaculação diretamente no útero durante a cópula. A vagina e vestíbulo da vagina
formam um conduto de 25 a 35 cm de comprimento, sendo que 15 a 20 correspondem à
vagina; há ainda, 6 a 8 cm de diâmetro transversal e 3 a 5 cm de diâmetro vertical. A
vulva limita, por dois lábios verticais o, orifício vulvar. Esses lábios são recobertos de
um revestimento cutâneo fino e pigmentado, desprovido de pêlos e, sobretudo untuoso;
em virtude das glândulas subjacentes.O clitóris está constituído de dois corpos
cavernosos curtos e delgados e glande e um músculo ísquio-cavernoso.
2.3 - ENDOCRINOLOGIA DO CICLO ESTRAL
2.3.1 - CICLOS ESTRAIS
Nos mamíferos, com exceção dos primatas, a fêmea só aceita o acasalamento no
período do cio ou estro. Essa fase do ciclo dura, em média sete dias, variando o período
durante o decorrer da estação de monta.
O primeiro dia de ciclo é quando são detectados os primeiros sinais de cio.
Chamamos de ciclo estral o intervalo de dias que separa dois cios sucessivos, ou seja, é
o período que vai do início do cio até o início do outro cio consecutivo.
Este intervalo é particularmente longo nas éguas e dura geralmente de 21 a 23
dias. Já o período que vai do final do cio até o início do outro cio é chamado de diestro,
e corresponde ao período entre dois cios, no qual a égua não aceita o garanhão (ver
figura 1).
DIESTRO
(± 14 dias)
CIO ou estro
1 dia
7 dias
CIO ou estro
1 dia
7 dias
CICLO ESTRAL
(± 21 dias)
Figura 1: Representação
do Ciclo Estral
Fonte: arquivo do autor
A maioria das éguas pára de ciclar durante as estações de outono e inverno,
quando a luminosidade diária reduz. Esse período é chamado de Anestro estacional. Os
ovários se tornam inativos, uma vez que lhes faltam os estímulos oriundos da hipófise.
Durante a gestação, a égua também apresenta um quadro de anestro gestacional com
ausência de cios.
Os animais domésticos que apresentam apenas um ciclo estral por ano são
denominados monoéstricos, enquanto os que apresentam vários ciclos são denominados
poliéstricos. Estes últimos são ainda denominados poliéstricos estacionais, quando os
ciclos ocorrem em um período determinado do ano como em determinadas estações do
ano (primavera – verão), como é o caso da égua. Este período próprio para a reprodução
é também conhecido como “Estação de Monta”.
A égua para efeito reprodutivo é considerada uma fêmea poliéstrica estacional, ou
seja: fêmea que apresenta muitos (poli) ciclos estrais (cios) num determinado período do
ano (durante as estações da primavera e verão). A fertilidade da égua atinge seu máximo
durante os meses de dezembro-janeiro, no hemisfério Sul. Isso decorre do fato de ser o
sistema nervoso estimulado com o aumento progressivo da duração da luz do dia; o
conseqüente
aumento da quantidade e qualidade dos alimentos disponíveis nas
pastagens e o aumento da temperatura média diária. Esses estímulos hipofisários
reiniciam a liberação de hormônios na corrente sangüínea, com o conseqüente
desenvolvimento dos primeiros folículos. Estes crescem rapidamente até o momento da
ovulação quando atingem de 5 a 6 cm. No final da maturação, a parede folicular vai
afinando, o que facilita a ruptura do folículo liberando o líquido folicular que contém o
óvulo.
2.3.2 - PAPEL DOS ESTRÓGENOS
Nos dias que precedem a ovulação ocorre o crescimento folicular e a secreção de
estrógenos aumentada penetra na corrente sangüínea da égua.
O aumento do nível de estrógenos no sangue atua sobre o sistema nervoso central
– SNC – fazendo com que a égua demonstre os sinais externos de cio e com isto aceite a
cobertura.
Atua, também, em todo o aparelho genital, preparando a vagina para a cópula,
lubrificando-a e servindo de meio favorável à sobrevida dos espermatozóides, em todo
o caminho que os separam do óvulo. No cérvix, ou colo uterino, age este hormônio
relaxando a musculatura, fazendo com que ele se repouse mais ou menos aberto no
assoalho da vagina.
2.4 - COMPORTAMENTO DA ÉGUA NAS FASES DO CICLO ESTRAL
Durante o cio ou estro, a égua normalmente fica receptiva ao garanhão. Na
presença dele ela afasta lateralmente os posteriores, elevando a cauda e urina uma boa
quantidade com odor característico. Em seguida ela contrai a parte inferior da vulva o
que expõe o clitóris. O cio tem duração média de uma semana, sendo que ovulação
ocorre dentro das últimas 48 horas. Caso a fecundação do óvulo não ocorra, a fêmea
retornará ao cio dentro de 15 a 16 dias. Assim um ciclo sexual completo tem duração
média de 21 dias.
No diestro a égua rejeita o garanhão abaixando as orelhas podendo morder e dar
coices.
2.5 - FORMAÇÃO DO CORPO LÚTEO
Depois da ovulação a cavidade folicular é completada com um coágulo que
progressivamente é substituído pelo corpo amarelo ou corpo lúteo produtor de
progesterona. Além do corpo lúteo podem também secretar progesterona, a placenta e a
supra renal. Ela constitui um fator indispensável no início e durante a gestação. O papel
da progesterona é atuar no aparelho genital, propiciando a sobrevida do ovo; e no
cérebro (hipófise) para impedir a produção de gonadotrofinas, inibindo com isto o
comportamento de cio. Desse modo, ela atua no miométrio inibindo as contrações
musculares, comportando-se como um antagônico da ocitocina e no endométrio
estimulando o crescimento das glândulas endometriais e a secreção do fluido “leite
uterino”, necessário à manutenção do blastocisto antes de sua implantação. No cérvix,
ela provoca a redução da quantidade do muco, aumentando a viscosidade e a aderência,
e com isso obstruindo o canal cercical.
No caso de não-fecundação, o corpo lúteo será destruído gradativamente do
décimo até o décimo quarto dia, aproximadamente, e a égua voltará a ciclar.
2.5.1 - A PERSISTÊNCIA DO CORPO LÚTEO
A ausência de cios não indica necessariamente que a égua esteja gestante. Pode
ocorrer que não seja destruído o corpo amarelo por deficiência de secreção de
prostaglandina e sua presença pode persistir por dois a três meses. A persistência do
corpo lúteo (ausência de cios) pode confundir os criadores, levando-os a pensarem em
gestação e, com isso, perderem a oportunidade de inseminação. Freqüentemente, essa
persistência do corpo lúteo sem gestação ocorre no verão e a aplicação de
prostaglandinas injetável intramuscularmente resolve o problema.
Por outro lado, no começo da estação de monta, algumas éguas podem apresentar
cios mais ou menos regulares e em certos casos de maneira contínua. Nesses casos a
égua não ovula e logicamente os cios são inférteis. Isso explica o fato de muitas éguas
serem cobertas e poucas apresentarem gestação. A ultra-sonografia, ou mesma a
palpação retal, revelam ovários de pequeno tamanho com pouco desenvolvimento
folicular. Esse fenômeno é muito comum em potrancas de dois para três anos, no início
da vida reprodutiva e é conhecido como inatividade ovárica (cio psicológico).
2.5.2 - CONTROLE DO FUNCIONAMENTO OVÁRICO
A sucessão de acontecimentos e de transformações que ocorrem no ovário são
controladas pela hipófise, uma pequena glândula localizada na parte inferior do cérebro.
Para efetuar esses propósitos nos ovários a hipófise secreta as gonadotrofinas ( FSH E
LH ). O primeiro estimula o crescimento dos folículos e o segundo é responsável pela
sua evolução, ovulação e formação do corpo lúteo.
Para comandar esse mecanismo, a hipófise recebe informações das secreções dos
ovários e do cérebro (GnRH).
A secreção de LH na égua é bastante diferente das outras espécies. Na vaca, na
ovelha e na rata e inclusive na mulher, a secreção de LH é muito forte durante um
período de algumas horas e constitui o que pode ser considerado um sinal que
desencadeia a ovulação. Na égua, não se constata este sinal e o aumento de LH é
progressivo, permanecendo esses índices elevados após a ovulação período no qual são
muito baixo nas fêmeas de outras espécies.
2.5.3 - ANOMALIAS DO FUNCIONAMENTO OVÁRICO
Além das anomalias da persistência do corpo lúteo e da inatividade ovárica sem
ovulação, mas com sintomas de cio, existem outras que são raras:
Poliovulação: Devido ao tipo de placenta, a égua não suporta uma
gestação gemelar. Na maioria das vezes, morrem os dois, e quando a égua
consegue levar a termo a gestação, os potros nascem muito fracos e
acabam morrendo. Portanto, as ovulações múltiplas são maléficas, pois
podem colocar em perigo até a vida da égua. Por outro lado, é considerada
uma boa doadora, pois vários embriões poderão ser coletados.
Cios anovulatórios: São aqueles em que a égua apresenta desenvolvimento
folicular com sinais externos de cio, mas sem ovulação. O crescimento
folicular pode chegar até a fase pré ovulatória e depois regride, não
havendo ovulação. Como não se forma corpo amarelo, o desenvolvimento
folicular retoma seu crescimento num intervalo mais curto (menor que 15
dias). Esses casos são raros e regularizam-se sem nenhuma medicação.
Cio interrompido: O cio pode ser interrompido por um ou mais dias e
voltar em seguida. Acredita-se que seja por um problema comportamental
(éguas cujos sinais de cio são difíceis de detectar). Pode ser, também,
conseqüência dos cios anovulatórios acima descritos.
Cios silenciosos: São analisados especialmente em éguas gordas em
lactação, nas quais ocorrem os sintomas internos de cio tais como:
desenvolvimento folicular, sinais de hiperemia de mucosa vaginal e
ovulação sem demonstrar sinais externos de cio.
2.6 - FOTOPERÍODO E MELATONINA
O controle da atividade ovariana é regulado pelo fotoperíodo (duração do período
de luz) em função das estações do ano.
Assim, modificando a duração do fotoperíodo diário ou realizando noites
farmacológicas graças à administração de melatonina (mensageiro hormonal da noite), é
possível modificar o controle estacional dos ciclos estrais. A melatonina já é utilizada
comercialmente sob a forma de implante em pequenos ruminantes. Nos eqüinos, as
primeiras experiências no que concerne ao modo de ação desse hormônio e a sua
eventual atualização estão atualmente em curso com o objetivo de obter éguas ciclando
o ano inteiro.
Embora este conceito do aparecimento da atividade ciclíca estacional, com o
aumento da duração do dia, seja conhecido há muito tempo, é muito recente a sua
utilização artificial para antecipar o ciclo estral.
Uma transição progressiva de dias curtos para dias longos é inútil, mas uma
passagem brutal de oito para dezesseis horas por dia é eficiente. As primeiras ovulações
ocorrerão 70 dias após o início do tratamento, mas se faz necessário continuar o
tratamento até o começo da primavera para não interromper o ciclo iniciado aos 70 dias.
CAPÍTULO III
TRANSFERÊNCIA EMBRIONÁRIA
3.1 - SINCRONIZAÇÃO DO CIO
A sincronização do cio é importante para transferência embrionária com o
objetivo de colocar as receptoras e as doadoras no mesmo ciclo estral. Existem quatro
tipos possíveis de tratamento:
Administração de progesterona: explorando seu retro-controle negativo
bloqueando a ovulação durante um tempo suficiente para que o corpo amarelo
ciclíco eventual tenha desaparecido. O tratamento consiste em administrar
progesterona por um período de 15 dias, por via oral, a razão de 40 mg/dia. O
cio aparece depois de 3 a 5 dias.
Administração de prostaglandina PFG2º-: em duas injeções com
intervalos de 14 dias.
Tratamento misto de progesterona e prostaglandina: consiste em
ministrar progesterona por sete dias para inibir a ovulação e assim a égua não
apresentará corpo lúteo eventual com menos de cinco dias e será, então,
sensível à ação da prostaglandina.
Tratamento com HCG (gonadotrofinas – coriônicas – humanas): com a
administração desta substância a égua ovula no prazo de 24 horas.
O controle do ciclo estral depende da manipulação farmacológica de eventos
hormonais que ocorrem durante o ciclo normal. O principal evento que controla o
desenvolvimento do folículo ovariano ao ponto de ovulação é o processo de luteólise
ou redução na secreção de progesterona.
3.2 - TRANSFERÊNCIA EMBRIONÁRIA PROPRIAMENTE DITA
A técnica de transferência embrionária pode ser decomposta em cinco atos
sucessivos:
Preparo e fecundação da égua doadora
Coleta do embrião
Detecção do embrião
Tratamento e envasamento
Escolha e preparo da égua receptora
3.2.1 - PREPARO E FECUNDAÇÃO DA ÉGUA DOADORA
A fertilidade da égua doadora pode afetar a taxa de recuperação embrionária.
Essas éguas devem estar ciclando regularmente, e apresentar uma boa condição
ginecológica, comprovada por cultura e biópsia uterina.
Para se obter vários embriões de uma mesma égua durante uma estação de
monta, faz-se necessária a aplicação de prostaglandina F2, após cada coleta de embrião,
para promover a destruição do corpo lúteo, encurtando, assim o diestro.
O fotoperíodo ou o estímulo do aumento diário da luminosidade artificial
(lâmpadas de 200W= 40 lux. Lux é a unidade que indica o nível de iluminação.), por
boxe de 20 m2 é um outro recurso que se pode utilizar para aumentar o número dos
ciclos estrais por estação de monta e consequentemente possibilitar uma maior
quantidade de embriões coletados.
A sincronização dos ciclos entre a doadora e as receptoras é de fundamental
importância, devendo a receptora ter ovulado no intervalo de um dia antes, até quatro
dias após a doadora.
O acompanhamento do crescimento folicular das éguas doadoras e receptoras
deve ser diário, a partir da detecção do cio.
As éguas doadoras devem ser inseminadas ou cobertas em dias alternados, a
partir do início do cio ou quando apresentarem folículos ≥ 30 mm de diâmetro até a
constatação da ovulação ou a saída do cio.
A utilização de sêmen congelado requer maior rigor com a utilização da ultrasonografia na detecção da hora de ovulação, para poder realizar a inseminação bem
próxima da ovulação, ou mesmo até 12 horas após a mesma (média de 6 a 12 horas).
3.2.2 - COLETA NÃO – CIRÚRGICA DE EMBRIÕES
Antes de proceder a coleta, a fêmea doadora é colocada num tronco de coleta,
tendo o reto esvaziado e a cauda ligada e tracionada por uma corda ou pela mão de um
auxiliar.
As regiões perineal e vulvar são lavadas cuidadosamente e duchadas por três
vezes com sabão líquido iodado e depois secadas.
A escolha do dia da coleta varia segundo dois tipos de critérios, são eles:
Fisiologia do desenvolvimento embrionário;
Tipo de transferência embrionária.
A coleta não-cirúrgica só poderá ser efetuada depois que o embrião tiver
alcançado a cavidade uterina, o que acontece a partir do quinto dia após a fecundação.
Normalmente esses embriões chegam ao útero na forma de mórula ou de blastocisto
inicial. Desde a entrada no útero até a fixação, a vesícula embrionária é móvel e não
pára de se deslocar de um corno para o outro. Esse movimento exige uma irrigação de
toda a cavidade uterina para se conseguir sucesso na coleta. A coleta é mais fácil
quando o embrião tem de oito a nove dias do que seis a sete dias. Porém, quanto mais
velho for o embrião maior será a inviabilidade do procedimento pois ele será mais frágil
à manipulação. A recuperação embrionária nos dias sete, oito e nove não difere
significativamente, mas a recuperação no dia seis foi significativamente inferior.
Portanto, para se obter uma taxa máxima de
recuperação, as coletas deverão ser
realizadas nos dias sete a nove dias após ovulação. No caso de ovulações múltiplas,
contam-se sete a nove dias a partir da última ovulação
pelo mesmo motivo
anteriormente descrito.
Deve-se levar em conta também a técnica de coleta (cirúrgica ou não-cirúrgica) .
Se for cirúrgica a coleta pode ser realizada entre sete e nove dias. Mas se a transferência
for não-cirúrgica, que é a freqüentemente utilizada, recomenda-se coletá-los menores,
ou seja, no sétimo dia.
3.2.3 - METODOLOGIA DA COLETA
Após as regiões perineal e vulvar terem sido lavadas cuidadosamente, por três
vezes, uma sonda flexível com um diâmetro interno de 8 mm munida de um balão a sua
extremidade é introduzida na cavidade uterina por via vagino cervical. Essa operação é
efetuada de uma maneira bastante asséptica, devendo o operador estar munido de uma
luva de apalpação de cinco dedos esterilizada, e proteger na palma da mão a
extremidade da sonda no curso do trajeto vaginal.
Uma vez dentro da cavidade uterina, o balão deve ser inflado com 50 a 60 ml de
ar, para assegurar a fixação da sonda na porção distal do corpo uterino, impedindo o
extravasamento do líquido de coleta pela vagina.
O líquido de coleta (ringer lactato) é aquecido a 37
0
C e é introduzido por
gravidade, através da sonda. Após a introdução de cada frasco (dois ou três) faz-se uma
leve massagem no útero, para facilitar a recuperação do embrião. Outra alternativa é
introduzir o líquido de coleta e esperar 3 minutos para recolhê-lo e depois filtrá-lo, sem
necessidade de massagem. O líquido restante no filtro é recolhido numa placa de Petri.
O filtro deve ser lavado com 20 ml do meio utilizado, para assegurar-se de que o
embrião não tenha ficado retido.
3.2.4 - DETECÇÃO DO EMBRIÃO E TRATAMENTO
Após a detecção do embrião no meio de coleta dentro da placa de Petri, com a
utilização de uma lupa binocular, ele deverá ser lavado dez vezes num meio de cultura
específico, enriquecido com soro fetal bovino e a seguir será avaliado ao seu estágio de
desenvolvimento e a sua qualidade.
3.2.5 - MORFOLOGIA EMBRIONÁRIA
Os embriões são classificados quanto ao estágio de desenvolvimento e avaliados
quanto a sua morfologia.
Tabela 1- Classificação dos embriões
Estágio de desenvolvimento
Mórula
Mórula compacta
Blastocisto jovem
Blastocisto em expansão
Blastocisto expandido
Idade em dias
5
5
6
7
8
Mensuração em milimicras
125 a 630
125 a 650
132 a 756
136 a 1460
120 a 3930
Blastocisto em eclosão
9
730 a 4520
A quase totalidade dos embriões eqüinos coletados é classificada como viável.
Apenas 3 a 5% podem apresentar anomalias morfológicas. Existe uma particularidade,
no estágio tubário, na espécie eqüina com relação aos ovócitos não fecundados, zigotos
e embriões com degeneração precoce. Essas células ficam retidas nos ovidutos e não
chegam à cavidade uterina. Entretanto, quando existe fecundação, existe trânsito tubário
e isso permite a passagem dessas células retidas. Assim é possível encontrar dentro do
mesmo meio de coleta um embrião e muitos ovócitos degenerados, apesar da égua ter
apresentado somente uma ovulação.
Os ovócitos degenerados são facilmente diferenciados dos embriões. Eles são
geralmente muito elipsóides, achatados, apresentando uma zona pelúcida intacta,
enquanto o citoplasma e a membrana plasmática tomam a forma de flocos de uma
coloração opaca heterogênea. O tamanho varia de 80 a 180 mm (milimicras) e são mais
leves do que os embriões.
O primeiro estágio de desenvolvimento embrionário que chega ao útero é o de
mórula que se define por possuir uma zona pelúcida espessa com um espaço perivitular
– EPV – quase totalmente preenchido pelos blastômeros nitidamente separados.
A fase seguinte é a de mórula compacta, onde os blastômeros se aglutinam
formando uma massa compacta e ocupam 60 a 70% do espaço perivitular.
Uma nova fase, o blastocisto jovem ou inicial, apresenta uma particularidade
com relação a outras espécies que se caracteriza pela formação da blastocele no centro
do embrião e não em um dos pólos. A blastocele é constituída no começo por pequenas
cavidades irregulares, que se juntam, propiciando o início da diferenciação entre o
trofoblasto e o botão embrionário. O espaço perivitular está reduzido.
O blastocisto em expansão pode ser evidenciado nessas duas estruturas. À
medida que o embrião se desenvolve, a zona pelúcida vai diminuindo e quase não existe
mais o espaço perivitular.
No blastocisto expandido, a zona pelúcida perde 1/3 de sua espessura e pela
pressão do líquido da blastocele sobre o botão embrionário, toma uma forma abaulada
nesta região.
É chamado de blastocisto em eclosão, quando aparece uma ruptura na zona
pelúcida que estava pressionada pelo botão embrionário. Dessa forma, o botão
embrionário se livra desse envoltório, passando para a fase de blastocisto eclodido.
3.2.6 - ESCOLHA E PREPARO DA ÉGUA RECEPTORA
As éguas receptoras devem passar por uma seleção mais rigorosa que as
doadoras. Devem possuir as seguintes características:
Ter uma idade entre três a dez anos;
Estarem ciclando normalmente;
Não apresentarem cistos uterinos;
Apresentarem corpo lúteo maior do que 30 mm;
Apresentarem a cérvix firmemente fechada e útero de conformação tubular.
Entre essas receptoras será escolhida, no momento da transferência, de
preferência, uma égua virgem que apresentar as melhores características acima descritas
e que tiver ovulado o mais próximo da doadora. Considerando-se como grau de
sincronia de ovulação, entre a doadora e a receptora, a diferença de dias entre as duas
ovulações. O ideal é que a receptora ovule em uma faixa de um dia antes da doadora até
quatro dias depois.
Escolhida a receptora, ela é colocada em um tronco com a cauda ligada e
tracionada para cima por um auxiliar ou por um cordão. A ampola retal é esvaziada dos
excrementos que poderão contaminar a vulva no curso da operação. As regiões perineal
e vulvar são lavadas cuidadosamente com sabão líquido iodado e duchadas por três
vezes e depois secadas.
3.2.7 - TÉCNICA DA TRANSFERÊNCIA
A coleta não cirúrgica é a mais utilizada. Ela se assemelha à técnica de
inseminação artificial nesta espécie. O embrião é montado dentro de um pailete de 0,25
ou 0,5 ml, dependendo do estágio de desenvolvimento, onde é mantido em um meio de
conservação entre duas bolhas de ar por igual quantidade de meio nas extremidades do
pailete, conforme o esquema abaixo:
Meio de cultura +
Bucha
o
Meio de
Ar
Ar
Ar
Figura
2: pailete
Este pailete pronto é colocado dentro do aplicador para a transferência
do
Fonte: arquivo do
Meio de
embrião (inovulador), e este último é colocado dentro de uma bainha plástica
descartável com extremidade aberta e arredondada. Todo este dispositivo é revestido
por uma camisa sanitária. Utilizando luvas de palpação estéreis, o técnico deve
introduzir o aplicador por via vaginal, guiando-o com o dedo indicador através da
cérvix. O embrião é depositado cuidadosamente no corpo do útero.
3.3 - FATORES QUE INFLUENCIAM OS RESULTADOS
Na utilização desta biotecnia temos que atentar para aspectos que influem
diretamente nos rendimentos dos resultados. Tais fatores podem ser listados da seguinte
forma: nutrição, avaliação reprodutiva da receptora, idade das doadoras e receptoras,
adaptação da receptora, rígido controle folicular e qualidade do sêmen.
A condição corporal é fator limitante à reprodução. Por não ser função orgânica
vital e sim “luxo” a manifestação de boa condição reprodutiva só acontece quando as
éguas estão bem nutricionalmente. Podemos observar que éguas bem nutridas ciclam
por um período mais longo durante a estação de monta enquanto éguas mal nutridas
ciclam por períodos menores, entrando rapidamente em anestro.
A avaliação clínica das éguas para a escolha de receptoras deve ser criteriosa
para que no momento da transferência embrionária não ocorram problemas no ambiente
uterino. A adaptação das receptoras ao ambiente em que irão gerar os filhotes é
primordial, isto porque, a diferença dos fatores climáticos que variam de região para
região, influenciam o comportamento reprodutivo das éguas, que necessitam de um
período médio de dois meses para se adaptarem às novas condições de fotoperíodo,
temperatura e umidade. Bem como para se adaptarem às novas condições e tipo de
pastagem.
A experiência de acompanhamento do veterinário bem como a eficiência do
intervalo entre os controles foram avaliadas no momento da coleta, em que os dados
coletados durante a sincronização da doadora e receptora foram verificados por ultrasonografia.
A qualidade do sêmen para se iniciar o programa de transferência embrionária é
de vital importância. Devemos avaliar a motilidade e o vigor para que possamos ter uma
grande probabilidade de sucesso na inseminação.
Os resultados são reflexos diretos dos fatores acima expostos.
3.4 - AS VANTAGENS DA BIOTÉCNICA
A transferência de embriões na égua é um método que consiste em coletar do
útero de uma égua doadora um ou mais embriões, obtidos por fecundação ao vivo
(monta ou inseminação) e o (s) transferir para o útero de uma outra égua receptora, onde
ele continuará seu crescimento e seu desenvolvimento até o nascimento. As vantagens
dessa técnica são inúmeras, tais como:
Aumentar o número de produtos oriundos de fêmeas superiores, por estação de
monta, possibilitando um avanço do melhoramento genético;
Formação de linhagens maternais;
Possibilitar a carreira esportiva com a reprodutiva;
Aproveitamento de éguas a partir de dois anos;
Alternativa médico-veternária para éguas idosas portadoras de lesões uterinas,
cervicais ou vaginais, que tornem impossível uma gestação a termo;
Preservação das éguas mais valiosas;
Controle de doenças venéreas.
Essa técnica pode também permitir obter um ou mais produtos de uma égua que
foi objeto de uma atividade inesperada. Dessa forma, antes da égua tomar seu destino,
pode-se coletar e congelar embriões e ter produtos desse animal sem a presença do
mesmo.
3.5 - OS FATORES LIMITANTES DA TRANSFERÊNCIA EMBRIONÁRIA
Essa técnica é ainda hoje utilizada com algumas restrições, por parte das
associações eqüestres. Tais limitações podem ser listadas da seguinte forma:
Baixo índice de fertilização (40% a 60%), isso comparando com a inseminação
artificial (70% a 80%) e o processo de monta (70% a 80%);
Custo de implantação relativamente alto, levando-se em conta os recursos materiais
e humanos envolvidos;
Devemos levar em conta que este baixo índice de fertilidade deve-se a fatores
relacionados à fisiologia da égua, isto porque, nem toda inseminação resulta em
fertilização, nem todo embrião é de boa qualidade e nem todo embrião coletado e
inoculado resulta em prenhez.
CAPÍTULO IV
A COUDELARIA DE RINCÃO
4.1- HISTÓRICO
A Coudelaria de Rincão foi criada em 1922, com o nome de Coudelaria Nacional
do Rincão, oriunda da antiga Estância de São Gabriel, que pertenceu à Companhia de
Jesus. Em 1843 foi seqüestrada e incorporada aos bens do Estado, de acordo com o
artigo 36 da Lei 317, de 21 de outubro de 1843. Esteve algumas vezes arrendada à civis.
Em 1891 retornou ao Ministério do Exército com o nome de Colônia de São Gabriel.
Ao longo de sua existência, ostentou outras denominações tais como: depósito de
remonta de Valença / 1930 ( denominação histórica ) e depósito de reprodutores de São
Paulo / 1938. Foi extinta no ano 1975 sendo seu acervo encaminhado à Coudelaria de
Campinas e utilizado pelo Ministério do Exército apenas como Campo de Instrução do
Rincão ( CIR ). Recriada em 19 de agosto de 1987 e organizada com o nome de
Coudelaria de Rincão, com sede em São Borja – RS. É subordinada à 3ª Região Militar,
ocupando instalações no Campo de Instrução de Rincão a partir de 1º de janeiro de
1988, onde segue até a presente data, com suas atividades de criação, produção e
melhoramento genético de eqüinos, alcançada através de avançadas técnicas de
produção. Sendo os produtos distribuídos posteriormente às demais unidades do
Exército Brasileiro, tais como: os Regimentos de Cavalaria de Guarda, o Regimento
Escola de Cavalaria, a Escola de Equitação do Exército, o Instituto de Biologia do
Exército, a Academia Militar das Agulhas Negras, a Escola de Sargentos das Armas,
Centro Hípicos Militares e Campos de Instrução de todo Brasil.
A Coudelaria de Rincão e o Campo de Instrução de Rincão possuem uma área de
14.936,74 ha, sendo ocupados 1.200 ha para o desenvolvimento
do projeto de
equinocultura e 2.411 ha nas áreas de bovinocultura de corte e de leite, piscicultura,
formação de pastagens, produção de grãos e hortaliças. A outra grande parte da área é
arrendada à produtores civis para a agricultura e pecuária.
4.2- A REPRODUÇÃO DA COUDELARIA DE RINCÃO
A finalidade da Coudelaria de Rincão é a produção de eqüinos para o Exército
Brasileiro. É dado atenção especial ao manejo sanitário e nutricional do plantel. A
Coudelaria produz animais da raça brasileira de hipismo, puro sangue inglês, puro
sangue hanoveriano e bretões, também produz animais sem raça definida ( SRD ). As
técnicas empregadas na reprodução são:
Monta natural: Mais conhecido como sistema de manadas, consiste
basicamente em liberar o garanhão no potreiro com as éguas no cio.
Monta dirigida: Consiste em colocar o macho em um piquete separado com
uma única fêmea no cio.
Inseminação artificial: Processo caracterizado pela coleta de sêmen de um
determinado garanhão, que será distribuído entre as éguas matrizes selecionas.
A inseminação pode ser imediata após a coleta ou em data futura, no qual o
sêmen será congelado ( armazenado ).
Na Coudelaria existe um rígido controle folicular das matrizes através da ultrasonografia. Destaca-se também no controle de sanidade animal realizando rígido
controle da anemia infecciosa eqüina ( AIE ) sendo os teste realizados em laboratório
próprio.
4.3- CONTROLE GENÉTICO DA COUDELARIA DE RINCÃO
O controle genético realizado na Coudelaria baseia-se em quatro aspectos:
genealogia, morfologia, funcionalidade e progênie.
Genealogia: A Coudelaria de Rincão possui documentos com os registros das
linhagens que são fontes das procedências de cada garanhão e cada matriz.
Morfologia: A análise das estruturas físicas das matrizes são de vital
importância, tanto, geneticamente como para o sucesso da gestação.
Funcionalidade: Neste aspecto é analisado o desempenho do animal, tanto no
trabalho em liberdade, como no trabalho montado. É verificado neste item o
temperamento, as andaduras, o gesto de salto e o respeito pelo obstáculo.
Progênie: Neste item é feito uma análise do produto do casamento do
garanhão com a matriz.
Esses quatro fatores permitem ao Diretor da Coudelaria, juntamente com a sua
equipe, poder avaliar e analisar os produtos gerados e numa síntese, planejar da melhor
maneira possível os futuros produtos.
CAPÍTULO V
A COUDELARIA DE RINCÃO E A TRANSFERÊNCIA EMBRIONÁRIA
5.1 - A ATUAL ESTRUTURA DA COUDELARIA DE RINCÃO
Atualmente a Coudelaria de Rincão vem passando por uma modernização de
material e pessoal, refletindo, assim, em vários aspectos que devem ser avaliados. No
pavilhão de monta, o laboratório de reprodução possui uma estrutura avançada, com
materiais de alta tecnologia, tais como: microscópio com conexão de vídeo, monitores
para acompanhamento microscópico, estéril microscópio, balança de precisão, ultrasom, mesas térmicas, esterilizadores, dispositivos para armazenamento de sêmen, etc. O
material opera com 100% de disponibilidade, colaborando assim, para o aprimoramento
das atividades desenvolvidas no cotidiano da Coudelaria. O atual diretor, Tenentecoronel Vieira, vem investindo bastante não só no aspecto do material como também no
pessoal. Na área dos recursos humanos podemos citar o 1º Tenente veterinário Rafael
Rodrigues, graduado em medicina veterinária em 1998 pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, realizou residência médica veterinária em clínica e cirurgia de
pequenos animais em 1999 pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul,
freqüentou a Escola de Saúde do Exército no ano de 2000, e atualmente é aluno de
mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de patologia animal e
embriologia. O jovem oficial é aluno do professor doutor José Luis Rodrigues, doutor
em ciências veterinárias pela Universidade de Hanover/ Alemanha e PhD
em
reprodução. O 1º Tenente Rodrigues é atualmente o responsável pela atualização das
técnicas reprodutivas na Coudelaria, capacitando assim, o efetivo profissional a produzir
de acordo com a nova realidade. A equipe que trabalha diretamente com a nutrição,
controle, reprodução e manejo é composta por um Capitão veterinário, 8 Tenentes
veterinários, 5 Cabos e 50 Soldados.
A outra “ponte” da Coudelaria com a modernidade são seus convênios firmados
com Haras Joter Ltda, Universidade Federal de Santa Maria/RS e Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. Com essas parcerias a Coudelaria de Rincão vem crescendo
muito em termos de modernização de técnicas de cunho nutricional, para melhor
desenvolvimento de seus produtos, cunho reprodutivo, visando o aumento da qualidade
e produção, e o manejo, que colabora
direta e indiretamente com a produção e
crescimento dos produtos .
5.2 - ANÁLISE DA COUDELARIA DE RINCÃO
Em média a Coudelaria de Rincão produz um universo de 150 potros/ano
(produtos), com o objetivo de suprir as necessidades anuais de animais cavalares no
âmbito do Exército Brasileiro. De acordo com dados estatísticos da própria organização
militar, 25% destes produtos são perdidos na concepção e gestação por causas de
origens infecciosas e traumáticas. No pós-parto temos ainda uma perda de 5%,
originado também por causas infecciosas e traumáticas. O universo reduz-se a
aproximadamente 100 produtos/ano. Nos gráficos de distribuição de eqüinos para as
organizações militares a que se destinam, existem vagas abertas para o preenchimento, o
que nos leva a concluir que a produção de eqüídeos é menor que a verdadeira
necessidade. O trabalho de campo desta pesquisa foi até São Borja-RS, na própria
Coudelaria de Rincão e numa conversa com o atual diretor pode constatar as
expectativas positivas para sanar a falta de eqüinos já registrada. Hoje a Coudelaria
possui 270 matrizes disponíveis, neste universo existem éguas das raças brasileiro de
hipismo, puro sangue inglês, bretão, Hanoveriano e sem raça definida. A partir deste
ano existe um planejamento de retenção de potrancas na sede para aumento e renovação
do plantel de matrizes visando aumentar a qualidade e quantidade da produção. Existem
20 garanhões trabalhando efetivamente na reprodução que estão relacionados na tabela
2 a seguir:
Nome
Ano/base
Raça
Pelagem
Filiação/pai Filiação/mãe
Atlas do
Rincão
95
Bh
Castanho
Argus
Relíquia
Bronzon
84
Han
Alazão
Angico
Alcoven
Bolapé
84
Han
Castanho
Argus
Arena
Barão
85
Han
Tordilho
Woldikas
Adriana
Solene
88
Han
Alazão
Altivo
Robusta
Dicey Trip
91
PSI
Castanho
Halpen bay
Printemps
Latão HP
91
Bretão
Alazão
Amaranthus
Cantora
Jet Set Prince
89
PSI
Alazão
Crying to
Quituta
Run
Vandicke
94
Bretão
Alazão
Usbec
Batitka
Lucky Land
92
Bh
Castanho
Winsor
Landgrafin
Flock Paper
84
PSI
Alazão
Ghadeer
Sisa
Obstáculo
-
PSI
Tordilho
Grunser
Dependência
Vallle
Knock Out
92
Bretão
Alazão
Caçador
Condessa
Zondak
94
Han
Alazão
Solene
Seiva
Diamante do
98
Han
Alazão
Barão
Venerada
CM
Rincão
Eclipse do
99
Bh
Castanho
Anauê
Vedete
99
Bh
Castanho
Lucky Land
Troyana
00
Mestiço
Castanho
Fernando
Seleta
00
Bh
Castanho
Amadeus
Queixa
Rincão
Épico do
Rincão
Falcão do
Rincão
Fariseu do
Rincão
Han = Hanoveriano
Bh = brasileiro de hipismo
PSI = puro sangue inglês
Tabela 2 – relação de reprodutores da Coudelaria de Rincão
Estes 20 garanhões estão passando por um programa de seleção, visando o
aprimoramento da qualidade genética de Rincão. Rigoroso controle do índice de
fertilidade do sêmen, aliado a várias avaliações de funcionalidade em liberdade e
montado, selecionarão os melhores para integrar o plantel de garanhões, dentro deste
controle já existem 4 reprodutores que não passaram nos primeiros testes do programa
de seleção dos garanhões, foram eles: Obstáculo, Latão HP, Zondak e Atlas do Rincão.
Foram confeccionados no presente ano quatro planos de monta. Esses
planejamentos visam colher uma grande variedade de informações que tem por
finalidade melhorar a qualidade dos produtos. O 1º plano foi confeccionado pela Seção
de Remonta e Veterinária (SRV), o 2º plano é de autoria do General Floriano, o 3º plano
colheu informações do Cel Maia e o 4º plano foi criado pelo Diretor, Sub-Diretor e
equipe veterinária da Coudelaria de Rincão. Estes quatro planos de monta estão sendo
cuidadosamente analisados e darão origem a um plano de monta oficial que será posto
em prática nos meses de setembro/outubro (estação de monta).
Outra proposta da Coudelaria de Rincão para o aprimoramento de seus produtos é
a proposta às unidades militares e militares agraciados com remontas e militares de um
relatório semestral da avaliação da progênie (avaliações desportivas, saúde, rusticidade,
avaliações nas atividades operacionais, etc). De posse deste relatório serão feitos
estudos que irão contribuir para melhoria do controle genético e refletindo
automaticamente na melhoria da qualidade dos produtos de Rincão.
Os investimentos realizados no laboratório de reprodução colaboraram para um
maior controle folicular das matrizes, dinamismo nos diagnósticos, análise detalhada da
qualidade do sêmen, dinamismo na coleta de sêmen, melhor armazenamento de sêmen
congelado e aperfeiçoamento na técnica de inseminação artificial (domínio da biotecnia
pela equipe de veterinários), melhorando as condições de manipulação para um maior
índice de fertilização. Com este salto de qualidade e modernidade o Diretor da
Coudelaria de Rincão planeja, neste corrente ano, realizar transferência embrionária em
animais do seu plantel. Esse protótipo chama-se Programa de Transferência
Embrionária (PTE), e basicamente será realizado da seguinte forma: primeiramente
serão selecionadas 10 éguas doadoras, essas matrizes passarão por um rigoroso processo
de avaliação morfológico, genealógico, funcional e veterinário. Após conclusão desta
bateria de exames elas estarão selecionadas para o programa. O segundo passo é
selecionar 10 receptoras, que passarão por rígida inspeção veterinária, capturando os
melhores ventres do universo disponível. A terceira tarefa será selecionar o garanhão ou
o sêmen que será utilizado para a inseminação. Existe a possibilidade da Coudelaria
adquirir sêmen (comprado ou doado) para integrar o PTE. Os convênios firmados
(Haras Joter e UFRGS) contribuirão com apoio de recursos materiais que ficarão de
reserva, tendo em vista que a própria Coudelaria já possui auto-suficiência de material,
fruto de investimentos da atual administração, e recursos humanos que apoiarão com a
experiência na prática da técnica. O PTE será o pioneiro e visa consolidar a biotecnia no
âmbito da Coudelaria, futuramente com o domínio desta técnica os objetivos traçados
serão produzir animais superiores para a renovação do plantel de garanhões e em
segundo plano uma distribuição destes animais como Vinculados de representação préqualificados.
CAPÍTULO VI
CONCLUSÃO
A escolha do tema tratado teve origem na atual necessidade da Coudelaria de
Rincão em melhorar a qualidade dos seus produtos, que são distribuídos anualmente
para as mais diversas organizações militares deste país continente. O objetivo central
deste trabalho foi especificamente, elucidar o emprego da transferência embrionária na
ótica da Coudelaria de Rincão, verificando se a resposta seria eficiente em elevar a
qualidade genética dos eqüídeos militares no cenário hípico nacional.
O estudo dos assuntos abordados no presente trabalho de pós-graduação,
azimutou-nos ao levantamento de dados técnicos em comparação com a realidade da
Coudelaria de Rincão. Essas comparações se concretizaram em algumas conclusões.
Inicialmente foi realizada uma dissertação que versou sobre os conceitos gerais
que tinham o objetivo de elucidar, da melhor maneira, fundamentos que contribuem
para a compreensão das bases de sustentação da pesquisa. Vencida esta primeira parte
do trabalho, voltaremos para o esclarecimento da técnica, que se revelou altamente
positiva, no que tange aos benefícios que produz. Observamos também aspectos que
limitam a biotecnia de manipulação embrionária, entretanto, são fatores totalmente
controláveis, e que não comprometem uma possível escolha de aplicação da mesma.
A Coudelaria de Rincão vem se modernizando ao longo deste ano, e atualmente
com a nova diretoria podemos citar vários planejamentos que foram e ainda estão sendo
realizados, contribuindo assim para o desenvolvimento inteligente desta organização
militar. Os investimentos na atividade fim são os seguintes: a construção de estruturas
para avaliação funcional dos animais é de grande valia (picadeiro coberto e picadeiro de
adestramento), além de estruturas já existentes (pista de obstáculos rústicos, coliseu, e
pista de salto), investimento nos recursos humanos, organizando estágios do efetivo
profissional e incentivando o aperfeiçoamento dos oficiais veterinários, aquisição de
materiais laboratoriais, rígido controle do manejo dos potros, planejamento de uma
rigorosa seleção de garanhões, seleção de matrizes, repetidas inspeções veterinárias das
matrizes (controle folicular) e planejamento detalhado para o plano de monta /2003.
Além da missão principal da Coudelaria temos ainda a produção de hortaliças para a
melhoria nutricional na alimentação dos militares, melhoria na estruturas dos
alojamentos, aprovisionamento e almoxarifado e a construção de um hotel de trânsito.
Face a conjuntura atual, podemos concluir que a Coudelaria de Rincão possui plenas
condições de viabilizar a transferência embrionária, colaborando assim para o
aprimoramento dos produtos de Rincão. Nos bastidores do emprego desta biotecnia
temos o apoio técnico dos convênios firmados com o Haras Joter Ltda, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e a Universidade Federal de Santa Maria – RS.
Na visão da Coudelaria as vantagens desta técnica são as seguintes:
Aumento da qualidade da genética dos produtos contribuindo com duas
frentes, primeiramente para uma renovação do plantel de garanhões que
contribuirá para uma difusão desta genética superior, e em segundo
plano distribuição destes produtos superiores no âmbito do Exército;
O custo da implantação será relativamente baixo, por possuir a maioria
dos equipamentos e suporte técnico para operar, seja do próprio núcleo,
seja vindo com o auxílio dos convênios.
As limitações podem se resumidas em:
Baixo índice de fertilidade da técnica em relação a outras técnicas (40% a
60% em comparação com a inseminação artificial e processo de monta
que atingem 70% a 80%);
Resultados colhidos a longo prazo.
Pela atual estrutura e maturidade veterinária da Coudelaria de Rincão, já
concluímos que a mesma possui condições de conduzir a técnica, tendo em vista que
por iniciativa da própria diretoria, neste ano de 2003, nos meses de setembro/outubro
(estação de monta) ocorrerá o programa de transferência embrionária, que será o
pioneiro, demonstrando assim total auto-suficiência para trilhar na direção da
modernidade, posicionando futuramente os eqüinos militares no cenário de destaque
nacional.
Finalizando o presente trabalho, a única certeza que permanece é que o assunto
em pauta é muito dinâmico, isto porque a realidade de hoje pode não ser a de amanhã.
Esperamos que os leitores tenham compreendido a importância da implantação e
manutenção da transferência embrionária na Coudelaria de Rincão, não só como um
processo de melhoria genética, mas como uma porta para a projeção dos produtos de
Rincão em proporções de expressão nacional ou até mesmo internacional.
REFERÊNCIAS
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Apresentação de relatórios técnico-científicos. Rio de janeiro, 1989.
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Mercado Responde com Tecnologia, Profissionalismo e Visão Empreendedora. Em
Pauta – Horse Ilimitada, Rio de Janeiro, abril 2003. P. 64- 66.
BENTO, C.M. História da 3ª Região Militar: Projeto História do Exército no Rio
Grande do Sul. Porto Alegre: Gerdau, v. III,1999.
BERNARDI, M.M; GERNIAK, S. L; SPINOSA, H.S. Farmacologia Aplicada à
medicina Veterinária. In: BENITES, N.R. Medicamentos Empregados para
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