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Vida
JORNAL DE SANTA CATARINA
SEGUNDA-FEIRA, 21 DE MARÇO DE 2011
Com elas
ninguém
pode
Algumas plantas não são nada inofensivas e podem
causar ferimentos ou desencadear processos alérgicos graves
Correio Braziliense
O
arquiteto e paisagista
Chaile Cherne tem nos
braços e no dorso das
mãos marcas escuras.
São lembranças das queimaduras provocadas pela seiva de
plantas manipuladas por ele na montagem de jardins. Cherne faz parte do
grupo de pessoas que passaram por
doloridas experiências com plantas
– porque desenvolveram reações alérgicas ou porque sofreram algum tipo
de ferimento.
No estudo Dermatoses Provocadas
por Plantas, o médico Vitor Reis, professor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (USP), explica que existem dermatoses causadas por trauma
físico, ação farmacológica, irritação ou
ação conjunta da luz. As primeiras são
aquelas decorrentes dos mecanismos
de defesa do vegetal – espinhos, den-
tes serrilhados, terminações de folhas
pontiagudas –, muito comuns em roseiras e limoeiros.
– E há plantas que, ao serem manipuladas, liberam substâncias irritantes, como seivas, pequenas farpas ou
mesmo microscópicas espículas que,
em contato com a pele, podem levar a
quadros inflamatórios intensos e graves – acrescenta o dermatologista.
Reis diz que as dermatites por ação
farmacológica podem ocorrer em
qualquer pessoa, mesmo sem predisposição, pois são oriundas da penetração na pele de substâncias farmacologicamente ativas. Nas dermatites
por irritação, também não é necessário haver alguma predisposição individual. Basta, segundo o especialista,
o contato direto com determinadas
plantas. Já as dermatites por ação
conjunta do sol ocorrem nas áreas de
contato com a planta e que recebem a
irradiação solar.
– Geralmente, surgem nas 24 horas
seguintes e caracterizam-se por um
eritema semelhante a uma queimadura, eventualmente com formação
de vesículas e bolhas, dependendo
da intensidade da reação. Pode surgir
infecção secundária na evolução – explica Reis.
Ataque a distância
Embora seja menos comum, há
plantas que emitem substâncias agressivas a distância. É o caso da aroeirabrava, que provoca a chamada aroeirite em pessoas sensibilizadas aos
fenóis da planta – basta passar por
perto da árvore. Isso se explica pela
dispersão no ar de gotículas contendo
a substância alergênica.
O estudo mostra que a forma mais
comum de fitodermatose é a dermatite de contato (por exemplo, a alergia
ao látex produzido pela seringueira),
e o quadro dermatológico que mais
ocorre é o eczema.
Coroa-de-cristo,
bico-de-papagaio
e avelós
A liberação da seiva
leitosa irrita a pele. Na
foto, a coroa-de-cristo
Urtiga
Provoca coceira
intensa ao entrar
em contato com
a pele.
Roseira, laranjeira
e limoeiro
Seus mecanismos próprios
de defesa (como espinhos)
provocam trauma físico.
Aroeira-brava
Provoca a chamada aroeirite em pessoas sensibilizadas
aos fenóis da planta. Ao passar perto, a pessoa sente
pruridos por todo o corpo, além de sufocamento.
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