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E.O. Wilson e a Protecção de um Local Importante da Biodiversidade em
Moçambique
Se voar sobre o Grande Vale do Rift Africano desde o seu ponto mais a norte,
na Etiópia, ao longo dos grandes parques nacionais do Quénia e da Tanzânia, e
seguir para o sul até ao fim do vale, irá chegar ao Parque Nacional da
Gorongosa, em pleno centro de Moçambique. Planaltos nos lados ocidental e
oriental do Parque ladeiam um verdejante vale no centro. Impressionantes
falésias calcárias, cavernas inexploradas, zonas húmidas, vastas pradarias, rios,
lagos, e uma autêntica “manta de retalhos” de savana e da floresta contribuem
para a incrível diversidade do Parque. O que torna este lugar verdadeiramente
único, no entanto, é a Serra da Gorongosa - um imponente maciço com vista
para o vale mais abaixo. A serra é coberta com uma exuberante floresta tropical
que é o lar de algumas espécies que não podem ser encontradas noutros
lugares da Terra. Há muito poucos lugares em África onde se podem ver leões,
elefantes e antílopes numa savana quente e seca e em seguida, a poucos
quilómetros de distância, ver-se envolvido numa fresca e húmida floresta
tropical.
Foto: O Lago Urema em pleno centro do Parque Nacional da Gorongosa (Piotr
Naskrecki)
Este é o contexto da primeira viagem do Professor E.O. Wilson a África.
Enquanto biólogo, ele queria saber que espécies desconhecidas vivem neste
Parque em grande parte ainda inexplorado. Com a ajuda do seu assistente de
campo local, Tonga Torcida, ele organizou um BioBlitz com as crianças locais na
Serra da Gorongosa para o ajudar a recolher todos os espécimes que podiam
encontrar. A diversidade das pequenas criaturas da Serra da Gorongosa foi
surpreendente e ele considerou a Gorongosa como sendo "... do ponto de vista
ecológico, o parque mais diversificado do mundo."
Foto: E.O. Wilson analisa insectos durante o BioBlitz na Serra da Gorongosa
(James Byrne)
O Professor Wilson decidiu dar o seu contributo quando tomou conhecimento do
Projecto de Restauração da Gorongosa, em que uma organização sem fins
lucrativos dos EUA, fez uma parceria com o governo Moçambicano para, através
de uma colaboração de 20 anos, proteger e restaurar o Parque Nacional da
Gorongosa. Esta parceria tem o duplo objectivo de salvar a biodiversidade da
Gorongosa e também de ajudar as comunidades humanas que lá vivem a
aumentar a sua qualidade de vida. Esta é uma história de esperança,
determinação e perseverança contra enormes dificuldades, e onde
ocasionalmente existem alguns revezes e adversidades.
Foto: E.O. Wilson olhando para as planícies da Gorongosa (Bob Poole)
O Professor Wilson reconheceu que a Serra da Gorongosa é importante não só
pelas suas espécies endémicas, mas também porque representa uma grande
parte da origem da bacia hidrográfica do parque. A floresta húmida de montanha
absorve a humidade durante a estação chuvosa e fornece a água para as vastas
planícies aluviais da Gorongosa durante a estação seca. Sem uma intervenção
de conservação, esta floresta sagrada poderia desaparecer para sempre e os
rios que fornecem a água à fauna bravia no vale mais baixo iriam secar..
Foto: Uma das muitas cascatas da floresta tropical da Serra da Gorongosa (Piotr
Naskrecki)
Mas esta é uma história de esperança. Os heróis desta história são os homens e
as mulheres de Moçambique que trabalham arduamente, levantando-se todas
as manhãs para plantarem árvores na Serra da Gorongosa. Esta equipa,
liderada por Pedro Muagura, planta muitos milhares de mudas nativas todos os
anos para reconstruir lentamente a floresta que tem vindo a ser destruída.
Outros heróis desta história são as muitas pessoas generosas que oferecem
donativos anuais para plantar árvores na Serra da Gorongosa. Sem a sua ajuda,
estes trabalhadores florestais locais não teriam emprego e um lugar muito
especial da nossa Terra estaria perdido para sempre..
Foto: Plantadoras de árvores da Serra da Gorongosa (James Byrne)
Num artigo publicado na edição de Junho da revista da National Geographic,
intitulado O Renascimento da Gorongosa, o Professor Wilson narra a sua
primeira viagem à Gorongosa, e explica por que é que este lugar tão especial
deve ser salvo. Desde aquela sua primeira visita, ele escreveu um livro sobre a
Gorongosa (a ser lançado no próximo ano), organizou outras investigações
biológicas com alguns dos melhores cientistas de todo o mundo, e desenvolveu
alguns capítulos sobre a Gorongosa no seu novo livro de biologia digital, “A
Vida na Terra”. Um novo Laboratório de Investigação Científica está a ser
construído no Parque e terá o nome do Professor Wilson, numa justa
homenagem à sua visão, liderança e apoio a esta causa.
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