a abordagem da biologia marinha nos livros didáticos do

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XXXV Semana da Química – Rio de Janeiro: Produzindo
Ciência há 450 anos
IX Jornada da Pós-Graduação em Ensino de Ciências
A ABORDAGEM DA BIOLOGIA MARINHA NOS LIVROS
DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO
Majdalany, R.S.1 e Nicolini, L.B.
[email protected]
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ
Palavras-chave: Biologia marinha, Livro didático, PNLD 2015.
Introdução
Por cobrirem cerca de 71% da superfície do
planeta Terra (NYBAKKEN et al., 2005), os oceanos
sempre nos espantaram pela grandiosidade,
diversidade de espécies e também pelo mistério que
envolve este ambiente ainda não totalmente
conhecido.
A Biologia marinha é a área da biologia que
estuda este ambiente e os organismos que vivem no
mar, assim como as interações com os diversos
ecossistemas que compõe esse bioma (PEREIRA e
GOMES, 2002). Os estudos desta área têm levado a
diversos avanços em diferentes campos da ciência,
entre eles a medicina, a cosmética entre outros. Além
disso, o mar aquicultura além de ser um importante
componente da dieta humana. Muitos fármacos são
extraídos de matérias primas do mar, só puderam ser
produzidos e desenvolvidos através dos estudos
relacionados a esse ambiente (PEREIRA e GOMES,
2002)
No Ensino Médio os conteúdos relacionados a
origem da vida e principalmente, ao ambiente marinho
são abordados majoritariamente no segmento
destinado aos seres vivos e a ecologia,
respectivamente durante o segundo e terceiro ano do
ensino médio. Como essa área da ciência está sendo
apresentada aos estudantes é uma questão relevante e
deve ser considerada nas preparações das aulas. Os
conteúdos que devem ser trabalhados na Educação
Básica estão presentes no currículo básico obrigatório.
O currículo tem a função de nortear o caminho do
professor para que esse conteúdo seja apresentado da
forma mais completa possível, associando a realidade
do desenvolvimento científico atual com os conceitos
básicos da biologia (BRASIL, 2006). Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) foram desenvolvidos
pelo Ministério da Educação, e por especialistas e
educadores de todo o país (BRASIL, 1999), com esse
objetivo, de difundir a reforma curricular e orientar os
professores a respeito de novas metodologias,
habilidades, estratégias e competências a serem
desenvolvidas na prática diária em sala de aula.
Dentro dos PCN´s existe um documento que se
destina exclusivamente para o ensino médio,
denominado, Parâmetros Curriculares Nacionais para
o Ensino Médio (PCNEM).
Ao procurar referências ao tema biologia marinha
dentro dessa área nos PCNEM, não foram encontradas
informações ou referências específicas para esse tema,
apenas para o meio ambiente além de outras
informações
a
respeito
da
aprendizagem,
metodologias e a importância da interdisciplinaridade.
Também não foram encontradas informações a esse
respeito em outro documento, os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN+).
Esse tema, ou a integração entre os ecossistemas
aquáticos e terrestres poderia aparecer como uma
recomendação, sugestão ou como um dos objetivos
nas PCN+, enfatizando a importância da compreensão
desse ecossistema.
O livro didático (LD) é uma das ferramentas
utilizadas para auxiliar professores e alunos no
processo de ensino-aprendizagem servindo, aos
diversos propósitos. Professores e alunos os utilizam
como uma importante fonte de consulta para
conhecimentos especializados e científicos tornando o
LD uma importante contribuição para a
aprendizagem.
Como os conteúdos referentes à Biologia Marinha
não foram encontrados nos PCNs, é ainda mais
importante verificar a presença desse conteúdo nos
LD, assim como a forma que é apresentado tanto para
o professor quanto para os alunos, para que se possa
preencher a lacuna de conhecimento nas aulas e na
formação de um cidadão mais consciente sobre a
natureza desse ambiente.
Instituto Federal do Rio de Janeiro / Campus Rio de Janeiro – 19 a 24 de Outubro de 2015
Metodologia
O presente estudo avaliou como o tema
Biologia Marinha é abordado nos livros didáticos do
Ensino Médio. Para esse objetivo, foram utilizados os
livros que compõe as coleções indicadas pelo
Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) de
2015. Pretendia-se com isso, enfatizar a importância
de se tratar esse tema, cada vez mais atual em vários
tipos de mídia como a televisão, filmes, jornais e
revistas, mas pouco abordado nos livros didáticos.
No presente trabalho, foram utilizadas seis das
nove coleções recomendadas pelo PNLD.
Com a finalidade de separar as seis coleções
analisadas, as obras foram divididas por letras
alfabéticas de A até F.
Nessa primeira etapa, foi verificada a
presença de conteúdos ligados à temática biologia
marinha. Cada um dos três livros de cada coleção foi
minunciosamente vistoriado, folheando as páginas de
cada coleção, por qualquer referência ao tema biologia
marinha.
O conteúdo encontrado poderia aparecer na
forma de textos, fotos, boxes ou esquemas. Quando
um conteúdo era localizado, era lido para se verificar
quais conceitos estavam presentes. O número de
conteúdos encontrados foi registrado por página e,
dessa forma, se mais de um conteúdo por página fosse
encontrado, esse também era registrado e
contabilizado, adicionando-se este conteúdo a tabela.
Para registrar os dados e o número de
conteúdos de cada coleção, foram criadas tabelas
individuais por volume de cada coleção. Cada tabela
continha as seguintes informações: o nome e o volume
de cada coleção e de seus respectivos autores, os tipos
de conteúdos ao tema biologia marinha, as páginas
onde os conteúdos foram encontrados assim como a
quantidade de conteúdos encontrados. Ao final de
cada tabela o número total de conteúdos por volume
também foi calculado. Volumes de coleções onde não
foram encontradas nenhum conteúdo ao tema também
tiveram seu o número de páginas registrados.
Todos esses dados deram origem a tabelas
contendo as informações registradas que serviram de
base para a execução deste trabalho.
Os conteúdos encontrados durante a análise inicial
das seis coleções e volumes foram posteriormente
reunidos e categorizados a fim de separar os assuntos
tratados em cada livro, tendo como base a semelhança
das informações apresentadas por coleção, com o
objetivo de organizar estas informações para analise.
As diferentes categorias criadas abrangendo todos os
conteúdos de um mesmo tipo encontrados foram
organizados por coleção.
Na segunda etapa foi analisada a importância dada
a um determinados temas nos livros didáticos.
Primeiro se analisou o número de páginas destinadas
exclusivamente a categoria ecossistemas aquáticos,
em relação ao número total de páginas de cada
coleção. Posteriormente verificou-se o número de
páginas em que as categorias criadas e relacionadas ao
tema biologia marinha.
Resultados e Discussão
Cada conteúdo encontrado foi agrupado em uma
das seguintes categorias: Ecossistemas aquáticos,
Poluição marinha, Ecologia, Diversidade animal,
Evolução, Informações gerais, Figuras e fotos e
Aspectos econômicos.
A importância dos ecossistemas aquáticos foi
pouco destacada na maioria dos livros didáticos
analisados, só aparecendo nos capítulos destinados à
ecologia, volumes 2 e 3 das coleções analisadas, e
através de textos extras ao longo dos volumes de
alguns livros.
Segundo Carlini-Cotrim e Rosemberg (1991), a
importância dada a um determinado assunto em um
livro didático pode ser medida, por exemplo, pelo
número de páginas que o autor dedica a esse assunto.
Ao analisar a importância dada ao tema biologia
marinha e especificamente aos ecossistemas aquáticos
nas obras, através do número de páginas dedicadas ao
tema, encontramos um número de páginas destinadas
aos
ecossistemas
aquáticos
bem
reduzido,
apresentando uma média de 2,3 páginas por livro,
sendo que os LDs que tratam desse ecossistema
possuem uma média de 361 páginas. A pequena
quantidade de páginas não é suficiente para apresentar
um dos maiores ecossistemas do Planeta Terra, já que
os ecossistemas aquáticos assim como os ecossistemas
terrestres possuem diversas peculiaridades e divisões
de acordo com a profundidade, tipo de organismos,
habitat etc.
Já a quantidade de conteúdos encontrados de
diversas categorias em 71 páginas, dos LDs analisados
dedicados exclusivamente ou quase exclusivamente
ao tema biologia marinha, foi relativamente alta. A
grande quantidade de conteúdos relacionados a
organismos marinhos mostra que nesse aspecto, os
livros didáticos analisados conseguem apresentar um
panorama dos principais representantes desse
ambiente em diversos capítulos que compõe as obras.
As informações encontradas a respeito do
ambiente marinho nas coleções analisadas são
suficientes para fazer o estudante compreender
parcialmente como funciona esse ambiente, mas não
para entender a heterogeneidade desse grande
ecossistema, assim como as semelhanças ou
Instituto Federal do Rio de Janeiro / Campus Rio de Janeiro – 01 a06 de Dezembro de 2014
diferenças com o ambiente terrestre. Uma das
semelhanças mostradas, mas não enfatizadas, são as
cadeias alimentares marinhas e terrestres que têm
como base organismos fotossintetizantes. No mar são
alguns tipos de protistas e bactérias microscópicas e
na terra, organismos autotróficos macroscópicos como
as plantas terrestres. Ambos fornecem o material
energético obtido através da fotossíntese para os
outros níveis tróficos. Alguns exemplos de diferenças
físico químicas não exemplificados são as diferenças
quanto a densidade terrestre versus aquática.
A respeito disso, informações sobre como o
ambiente marinho é dividido em domínios e zonas
poderiam estar presentes, assim como associações
desses domínios e zonas ao habitat em que
determinados organismos vivem. Para entender a
ecologia dos ecossistemas marinhos e sua
importância, os conceitos de divisão desse ambiente
em domínios e zonas deveriam aparecer da mesma
forma como ocorre com o ambiente terrestre, em que
cada região ou domínio existem peculiaridades, fauna
e flora específicas.
A biodiversidade marinha é mostrada muito
segmentada por grupos e classes taxonômicas nos
livros que tratam dos seres vivos, muitas vezes sem
indicação do domínio, isto é, da região marinha onde
as espécies vivem ou da classificação a que pertencem
esses organismos (Plâncton, Nécton ou Bentos).
Ao analisar o conteúdo das obras, é perceptível
essa falta de espaço, que dependendo do currículo ou
até mesmo do docente, poderá ser complementada
com mais informações sobre esse ambiente em sala de
aula. Todos os livros didáticos analisados nesse
trabalho poderiam ser aprimorados com objetivo de
relacionar adequadamente os ecossistemas marinhos
com os organismos que vivem nesse grande ambiente,
com o objetivo de melhorar a percepção e reflexão de
estudantes e professores a respeito da importância
desse ambiente na natureza, de sua diversidade e de
seu papel para todos os seres vivos.
A biologia marinha tem forte potencial para ser
tratada como uma das áreas de conhecimento ou
disciplina na Educação Básica que pode contribuir na
formação intelectual, científica e social do cidadão.
Dessa forma, o espaço poderia ser ampliado nos livros
didáticos que, mesmo na era da internet, continuam
sendo uma importante ferramenta utilizada pelo
professor e pelos alunos no processo de ensino.
Identificamos que ambos os documentos, PCNEM
e os PCN+, não mencionam conteúdos específicos
relacionados a biologia marinha, porém os PCN+
estabelecem dentro dos temas estruturadores da
disciplina biologia, diversos objetivos relacionados
aos ecossistemas em geral, como a importância das
interações entre seres vivos de um determinado
ecossistema, as características de um ecossistema etc.
Parece-nos adequado que um enfoque relacionado aos
ecossistemas aquáticos poderia aparecer sob a forma
de recomendação.
Foi possível perceber que a temática biologia
marinha está presente em todos os livros didáticos
analisados, especialmente os ecossistemas marinhos.
Todas as 6 obras analisadas apresentam informações
sobre os ecossistemas aquáticos e sobre a
classificação dos organismos marinhos. Alguns livros
se destacaram um pouco mais explorando e
aprofundando mais os conceitos, enquanto outros o
fizeram de forma mais breve.
Apenas três das seis obras analisadas
apresentaram uma representação esquemática do
ambiente marinho e de suas divisões e, de forma
geral, os livros analisados conseguem informar ao
estudante alguns conceitos fundamentais. Apesar
disso, esses conceitos poderiam ser aprimorados em
algumas das obras ou até mesmo ganhar mais espaço
junto aos ecossistemas terrestres.
Apesar de o tema ser abordado de forma difusa ou
até restrita em alguns livros didáticos, existem
atualmente diversas alternativas que podem
complementar o estudo desta área. A utilização da
internet, por exemplo, para visualização de vídeos
gratuitos para os alunos, além de outros vídeos
relacionados ao ambiente marinho que podem ser
adquiridos pelo professor ou pela instituição de
ensino. Além disso, existem diversos textos e livros
didáticos sobre o tema. Desta forma, o docente poderá
complementar o conhecimento a respeito deste
ambiente utilizando-se de algumas destas ferramentas
em sua aula.
Agradecimentos: IFRJ, CNPq, FAPERJ.
Referências
BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais –
PCN – BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio.
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006.
CARLINI-COTRIM, B.; ROSEMBERG, F. Os livros didáticos e o
ensino para a saúde: o caso das drogas psicotrópicas. Revista de Saúde
Pública, São Paulo, v. 25, n. 4, p. 299-305, 1991.
NYBAKKEN, J. W., BERTNESS, M.D., 2005. Marine biology an
ecological approach. 6 ed. Ed. Pearson education
PEREIRA, R.C., GOMES, A.S., 2002. Biologia marinha. Ed.
Interciência, Rio de Janeiro
Instituto Federal do Rio de Janeiro / Campus Rio de Janeiro – 01 a06 de Dezembro de 2014
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