CÉLIA MARIA VALÉRIO MOTTA NUNES BUSCA ATIVA DE SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS E ACOMPANHAMENTO DO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE PELA EQUIPE DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF 28) RELATO DE EXPERIÊNCIA DOURADOS– MS 2011 CÉLIA MARIA VALÉRIO MOTTA NUNES BUSCA ATIVA DE SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS E ACOMPANHAMENTO DO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE PELA EQUIPE ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF 28) RELATO DE EXPERIÊNCIA Relato de experiência apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação a nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientador (a): Msc. Elizandra de Queiroz Venâncio. DOURADOS– MS 2011 RESUMO As ações de busca ativa de casos novos e o acompanhamento do tratamento da tuberculose precisam ser implementados, mesmo já tendo ocorrido a descentralização do Programa de Controle da Tuberculose (PCT) em todo o município de Dourados. Identificar os Sintomáticos Respiratórios (SR) deve fazer parte das atividades das ESFs, principalmente por meio das visitas domiciliares feitas pelos profissionais da saúde. Os principais objetivos desta intervenção foram estimular a descoberta precoce de casos de tuberculose, através da busca ativa de sintomáticos respiratórios, e o adequado acompanhamento com o Tratamento Diretamente Observado (TDO). A intervenção foi realizada na Estratégia Saúde da Família (EFS 28) no bairro Vila Hilda de Dourados, MS. Toda a equipe de saúde da ESF 28 recebeu treinamento de qualificação para identificar sinais e sintomas suspeitos de tuberculose e encaminhá-los para exames. Através das visitas domiciliares com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) foram passadas orientações sobre tuberculose para a população, a distribuição de folhetos informativos e disponibilizada a coleta de escarro para pesquisa de BAAR dos Sintomáticos Respiratórios (SR) encontrados. Observou-se que a intervenção proporcionou a sensibilização da equipe de saúde, maior conhecimento sobre os sintomas da tuberculose e o envolvimento de quase toda a equipe de saúde. Entende-se que, com melhorias na capacitação das equipes de saúde seria possível uma maior contribuição na detecção precoce da tuberculose e maior adesão dos pacientes ao tratamento. Palavras-chaves: Busca ativa; Controle da tuberculose; Tratamento supervisionado. SUMÁRIO 1. JUSTIFICATIVA................................................................................................... 5 2. PROBLEMATIZAÇÃO.............................................................................................. 8 3. OBJETIVO............................................................................................................ 10 3.1 GERAL..................................................................................................................... 10 3.2 ESPECÍFICOS.......................................................................................................... 10 4. METODOLOGIA................................................................................................. 10 5. CRONOGRAMA.................................................................................................. 12 6. ANÁLISE DAS AÇÕES E DISCUSSÃO............................................................ 12 7. CONCLUSÃO..................................................................................................... 13 REFERÊNCIAS........................................................................................................... 15 5 1 JUSTIFICATIVA Mesmo com a descentralização das ações do Programa de Controle da Tuberculose (PCT) para a Atenção Básica, incluindo a Estratégia Saúde da Família (ESF 28), as atividades de busca ativa de casos de tuberculose e o acompanhamento do tratamento ainda não são realizados de forma efetiva como rotina pelos profissionais de saúde. As equipes de saúde estão trabalhando, na maioria das vezes, com a demanda espontânea, o que acaba levando ao diagnóstico tardio da tuberculose. A intervenção a ser realizada na Estratégia Saúde da Família (ESF 28) no bairro vila Hilda de Dourados visa melhorar as ações de busca ativa de casos de tuberculose, ou seja, a descoberta e o exame de escarro dos Sintomáticos Respiratórios (SR), bem como as ações de acompanhamento durante o tratamento dos casos diagnosticados, com ênfase no Tratamento Diretamente Observado (TDO). A tuberculose deve merecer especial atenção dos profissionais de saúde e da sociedade. É uma enfermidade que tem cura, mas continua sendo uma doença estigmatizada até os dias de hoje. Isso muitas vezes impede que o indivíduo procure espontaneamente o Serviço de Saúde e negue a presença dos sintomas sugestivos de tuberculose (Ministério da Saúde, 2010). Segundo o professor Rufino (2001), a tuberculose é uma doença velha, porém é preciso que tenhamos um novo olhar para ela. Um olhar capaz de superar tabus, acabar com o preconceito e buscar novas alternativas de controle da doença e também de resgatar pacientes e profissionais da saúde que ainda vivem uma cultura estigmatizante. A tosse, sintoma que pode estar relacionado com tuberculose, é considerada um dos mais importantes para a descoberta de casos novos, mas também é um sintoma negligenciado pelas pessoas e pelos profissionais da saúde, que quase sempre a atribuem ao cigarro, gripe, problemas alérgicos, entre outros, e não pensam em tuberculose, cujo diagnóstico acaba acontecendo tardiamente (Rufino, 2001). De acordo com o Manual Técnico para o Controle da Tuberculose (MS 2002), identificar o Sintomático Respiratório (SR) deve fazer parte das atribuições dos profissionais de saúde dentro das atividades do Programa de Controle da Tuberculose (PCT), que está inserido na Estratégia Saúde da Família (ESF). E este recomenda que sejam realizadas ações para operacionalizar a busca de casos nos serviços de saúde e na comunidade. Em concordância, o Guia de Vigilância Epidemiológica (MS 2002) refere que os locais ideais para concentrar as atividades de procura dos casos de tuberculose são os Serviços 6 de Saúde e que os profissionais de saúde devem ter essas rotinas de busca ativa incorporadas permanentemente no seu serviço. O Tratamento Diretamente Observado (TDO) de alta qualidade – que deve feito por um profissional da saúde, que observa o paciente ingerindo a medicação –, é uma das estratégias adotadas pelo Ministério da Saúde para melhorar adesão ao tratamento da tuberculose e o aumento na taxa de cura (Ministério da Saúde, 2010). Sendo, portanto, importante a realização de uma intervenção para que possamos discutir as ações propostas pelo Programa de Controle da Tuberculose e capacitar a equipe de saúde para desenvolver as ações de busca ativa de casos e acompanhamento do tratamento, melhorando as atividades de educação em saúde, exames dos Sintomáticos Respiratórios (SR) e o trabalho com a comunidade. Visando o diagnóstico precoce da tuberculose e a cura da doença. Caracterização da população: População residente na área da UBSF Vila Hilda – ESF 28 Faixa etária Masculino Feminino < 1 ano 14 25 1 a 4 anos 87 60 5 a 6 anos 52 28 7 a 9 anos 73 82 10 a 14 anos 112 159 15 a 19 anos 134 148 20 a 39 anos 486 516 40 a 49 anos 197 253 50 a 59 anos 137 221 > 60 anos 182 240 Total 1474 1732 Fonte: SIAB Total 39 147 80 155 271 282 1002 450 358 422 3026 A população residente na área da ESF 28 é de 3026 pessoas perfazendo um total de 975 famílias cadastradas. O atendimento nesta UBSF se restringe à população adscrita. Das 979 residências da área, 808 casas (82,5%) são de tijolos, e 170 casas (17,3%) em madeira. Quanto ao abastecimento de água, 866 residências (88,4%) são abastecidas pela rede pública e 112 residências (11,4%) com poço. A energia elétrica está presente em 99,3% das residências e 100% delas contam com coleta pública de lixo. O sistema de esgoto está instalado em 927 casas (94,7%) restando ainda 52 casas (5,3%) com fossa. Na população maior de 15 anos, 97,4% são alfabetizados e dentre as crianças 99,3% freqüentam a escola. 7 A grande maioria da população desta área pertence à classe média baixa, e exercem atividades de trabalho no comércio e nas usinas ou são professores. E grande parte das mulheres trabalha fora de casa. Esta área é coberta pelo CRAS – Centro de Referência da Assistência Social, localizado no bairro vizinho, Cachoeirinha. O Centro de Esportes Jorge Salomão é o local que a população freqüenta para realizar atividades físicas, esportes e hidroginástica. As pessoas da terceira idade freqüentam o Centro de Convivência do Idoso que fica no bairro vizinho à UBSF. Na Figura 1, são apresentados os dados de sintomáticos respiratórios examinados e casos novos de tuberculose notificados na ESF 28 no período de 2008 a 2010 e até outubro de 2011 e também o número de casos notificados de tuberculose no mesmo período, onde se observa que os dados em relação a sintomáticos respiratórios no ano de 2011 são menores que nos anos anteriores, isto está ocorrendo porque ainda não houve a campanha da tuberculose, que será em novembro. O que se verifica é que há um aumento no número de sintomáticos respiratórios examinados apenas durante as campanhas de detecção. Na ESF 28 os casos novos de tuberculose tem se mantido entre 01 e 02 por ano. Fonte: SINAN Dourados-MS Figura 1 8 2 PROBLEMATIZAÇÃO A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), que afeta principalmente os pulmões, mas podendo afetar outros órgãos. Sua transmissão se dá através das vias aéreas em praticamente a totalidade dos casos, com a inalação de núcleos secos de gotículas contendo bacilos expelidos pela tosse, fala ou espirro de doente com tuberculose ativa na forma pulmonar ou laríngea (Ministério da Saúde, 2010). Embora seja uma doença muito antiga, a tuberculose continua sendo considerada um importante problema de saúde pública, no mundo e no Brasil, por ser transmissível pelo ar e acometer especialmente populações empobrecidas e imunodeficientes, interagindo negativamente sob os dois aspectos. Por apresentar elevada magnitude e vulnerabilidade, pois está entre as 10 primeiras causas de mortalidade no mundo com cerca de 1,3 milhões de óbitos por ano e é passível de prevenção e cura, tornou-se uma prioridade da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde. O objetivo do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) é cumprir as metas mundiais de controle da tuberculose estabelecida na 44ª Assembléia Mundial da Saúde realizada em 1991, ou seja, detectar pelo menos 70% dos casos estimados anualmente e curar no mínimo 85% destes (MS, 2007). Vale ressaltar uma das prioridades do Plano Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) 2001-2005 que se relaciona ao diagnóstico precoce da doença. Porém, acredita-se que muitos casos de tuberculose não estejam sendo diagnosticados, seja por não terem acesso aos serviços de saúde ou devido ao fato de os profissionais de saúde não estarem atentos aos Sintomáticos Respiratórios. O número de casos de tuberculose notificados no município de Dourados conforme o SINAN – Sistema Nacional de Agravos de Notificação vem se mantendo estável, em 2008 foram detectados 77 casos; já em 2009, foram encontrados 68 e no ano de 2010, 78 casos, o que corresponde, em média, a 55% de detecção e com uma taxa de cura de aproximadamente 79% (abaixo da meta nacional). A detecção precoce de casos é uma das estratégias fundamentais para o controle da tuberculose, nas áreas onde há visita domiciliar periódica da equipe de saúde, deve ser incluída a busca ativa de casos entre os sintomáticos respiratórios e contatos, principalmente de casos bacilíferos. No entanto fica evidente que existem muitas dificuldades para a realização desta atividade. 9 De acordo com Muniz (2004), a tosse não se caracteriza como um quadro agudo e por não exigir uma intervenção imediata não é muito valorizada pela equipe de saúde. O fato prejudica o primeiro contato e o usuário, não encontrando resposta para o seu problema de saúde, busca outros serviços ou retorna quando o problema já está bem mais grave. O modo como se organiza os serviços de saúde na busca de SR desperta uma série de reflexões acerca da assistência prestada. Onde já existe oferta de serviços de saúde organizados na lógica da atenção médica curativa, a introdução de novas estratégias de trabalho implica repensar o modelo de assistência, remodelar o “velho” e construir o “novo”. Nem sempre esta tarefa é fácil (Jordana, 2001). A visita domiciliar é um instrumento de intervenção fundamental na estratégia do Programa de Saúde da Família, sendo utilizada para conhecer as condições de vida e de saúde da comunidade. Por ser a tuberculose uma doença que tem cura, não deveria ser uma doença estigmatizada atualmente. No entanto, o que se observa é que falar sobre o assunto provoca incômodo, principalmente nas comunidades carentes. Talvez por estar relacionada à incapacidade do indivíduo de suprir seu sustento e da sua família, à fome, consumo de bebidas e farras, uso de drogas ilícitas, o que provoca vergonha. Além disso, também por ser contagiosa e alguns acreditarem que é uma doença que não tem cura (Porto, 2007). O tratamento da tuberculose deve ser feito em regime ambulatorial e de preferência supervisionado. A internação é indicada apenas para os casos mais graves e por tempo reduzido. “A tuberculose é uma doença curável em praticamente 100% dos casos novos, sensíveis aos medicamentos anti-TB, desde que obedecidos os princípios básicos da terapia medicamentosa e a adequada operacionalização do tratamento” (Ministério da Saúde, 2010). Em 2009, o Programa Nacional de Controle da Tuberculose passou a utilizar o novo esquema de tratamento da tuberculose, o esquema básico – doses fixas combinadas dos quatro medicamentos: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol (RHZE) (dois meses), e na segunda fase a isoniazida e rifampicina (HR) (quatro meses). Aprovado pela Organização Mundial da Saúde e utilizado na maioria dos países para adultos e adolescentes. Para as crianças (abaixo de 10 anos) permanece a recomendação do Esquema RHZ. A medicação é de uso diário e deverá ser administrada em uma única tomada, de preferência em jejum (Ministério da Saúde, 2010). Para um bom êxito do tratamento da tuberculose é extremamente importante a adesão do paciente, orientá-lo sobre a doença, a terapêutica prescrita, importância da regularidade na tomada da medicação e informações sobre as consequências do abandono. E também 10 orientações sobre efeitos adversos à medicação e realização mensal da baciloscopia de controle, nos casos de TB pulmonar, e a solicitação de cultura com teste de sensibilidade para os casos que persistem positivos após o segundo mês de tratamento (BRASIL, 2002). A atividade de controle dos contatos é outra ferramenta importante para o diagnóstico precoce de tuberculose e deve ser realizada pela Atenção Básica. Contato é definido como toda pessoa que convive no mesmo ambiente com o doente, podendo ser em casa ou no ambiente de trabalho, instituições, etc. Neste caso a visita domiciliar é uma boa escolha para entender as circunstâncias que caracterizam os contatos, passar orientações e cuidados, solicitar exame dos sintomáticos respiratórios e realizar o agendamento para avaliação na Unidade de Saúde (BRASIL, 2002). 3 OBJETIVO 3.1 GERAL Diagnóstico precoce e maior adesão ao tratamento da tuberculose. 3.2 ESPECÍFICO Melhorar as atividades de prevenção e diagnóstico precoce de tuberculose; Implantar o novo protocolo de enfermagem para Tratamento Diretamente Observado (TDO); Promover a busca ativa dos Sintomáticos Respiratórios pela ESF 28. 4 METODOLOGIA Elegeu-se como local de trabalho, a Unidade Básica de Saúde Vila Hilda, que conta com duas equipes de ESF, porém trabalhamos apenas com a ESF 28 cuja equipe é composta por 13 pessoas, sendo uma enfermeira, um médico generalista, um dentista, um técnico em saúde bucal, dois técnicos de enfermagem, um recepcionista e seis Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Após o contato com a enfermeira coordenadora, apresentamos o projeto de intervenção e a sua relevância para a intensificação do diagnóstico precoce da tuberculose e melhor qualidade do tratamento diretamente observado e seus benefícios para a melhoria da saúde da população adscrita. 11 A equipe participou de treinamento e sensibilização – divididos em duas etapas – no qual foram repassadas informações sobre a tuberculose, o diagnóstico, o tratamento e as estratégias de controle da doença, visando à detecção de sintomáticos respiratórios e descoberta de casos novos de tuberculose. A organização deste treinamento foi realizada pela Coordenadora do Programa Municipal de Controle da Tuberculose de Dourados, e teve como material de apoio os seguintes recursos: datashow, computador, panfletos e cartazes. Realizaram-se várias reuniões com os profissionais de saúde da ESF com o intuito de esclarecer as dúvidas e identificar as dificuldades tanto na descoberta dos Sintomáticos Respiratórios como na busca ativa de casos e no acompanhamento com TDO dos pacientes em tratamento de tuberculose. De acordo com os objetivos propostos nestas ações, observou-se a importância de acompanhar os agentes comunitários de saúde (ACS) durante suas visitas domiciliares rotineiras. Acompanhamos então essas visitas com cinco ACS, da seguinte forma: após informar o responsável pelo domicílio sobre o objetivo da visita, procurou-se obter informações, de todos os membros da família, sobre tosse com expectoração há 3 semanas ou mais, febre, diminuição do apetite com perda de peso, demais problemas respiratórios, uso de tabaco, história de tuberculose na família ou qualquer outro contato com pessoas com tuberculose fora do domicílio. Através de visitas domiciliares em companhia dos Agentes Comunitários de Saúde, foram realizadas também orientações à população quanto aos sintomas da tuberculose, distribuição de panfletos explicativos sobre a doença, as formas de transmissão e a importância do diagnóstico precoce e do tratamento correto. Os casos considerados Sintomáticos Respiratórios (SR) foram encaminhados para a ESF para a coleta de duas amostras de escarro para a realização da baciloscopia. Na impossibilidade do paciente ir até a UBSF, a coleta da primeira amostra do escarro foi feita durante a visita domiciliar. Quando necessário efetuamos agendamento para consulta médica ou consulta de enfermagem na UBSF. Será considerado caso de tuberculose todo indivíduo com diagnóstico confirmado por baciloscopia ou cultura e aquele em que o médico firmou o diagnóstico com base no exame clínico e/ou RX de tórax, ou outros exames complementares (Manual de Normas para o Controle da Tuberculose MS 2010). Os dados de sintomáticos respiratórios foram registrados no Livro de Registro de Sintomáticos Respiratórios que fica na ESF para a análise do número de casos examinados e detectados na área antes e depois da intervenção. 12 5 CRONOGRAMA Atividade Elaboração do pré-projeto Apresentação do pré-projeto Revisão de literatura Elaboração do projeto Intervenção Dez Jan Fev Mar X Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez X X X Análise e interpretação dos dados Elaboração do relatório Entrega do relatório X X X X X X 6 ANÁLISE DAS AÇÕES E DISCUSSÃO No decorrer da intervenção, contou-se com o apoio e participação da enfermeira, dos Agentes Comunitários de Saúde, auxiliares de enfermagem, do médico, da dentista e auxiliar odontológico, porém, não houve o envolvimento dos auxiliares administrativos e serviços gerais. Observamos que a busca ativa de sintomáticos respiratórios para a realização de exames para diagnóstico de tuberculose, através de visitas domiciliares e na Unidade Básica de Saúde da Família, vem sendo feita intensivamente apenas durante as campanhas de detecção uma vez por ano. Em 2011 até o mês de outubro foram examinados três Sintomáticos Respiratórios, número baixo, mas que provavelmente aumentará no decorrer da Campanha Municipal de Combate a Tuberculose que será realizada no mês de novembro. Os profissionais da equipe de saúde têm conhecimento sobre os sintomas da tuberculose, sabem que quando o paciente apresenta tosse por mais de três semanas deveriam solicitar a baciloscopia para pesquisa da doença, mas nem sempre pedem o exame. Quanto ao acompanhamento e supervisão do tratamento da tuberculose, demonstraram ter conhecimento sobre sua necessidade, porém, não conheciam o novo esquema de tratamento e da real necessidade de efetuar o Tratamento Diretamente Observado (TDO). Uma vez que o número 13 de casos de tuberculose diagnosticados na ESF 28 é pequeno, observa-se que as rotinas e protocolos ficam esquecidos. Destacamos então a importância da sensibilização da equipe ESF 28 e a revisão das rotinas internas ou protocolos para o atendimento do paciente sintomático respiratório, bem como, a forma correta de coleta e envio de amostras de escarro ao laboratório, o registro das atividades em formulários específicos – livro de registro de sintomático respiratório do Ministério da Saúde e notificação compulsória da doença quando o caso é confirmado. Quanto aos aspectos relacionados ao conhecimento, Maciel et al identificou em pesquisa que os enfermeiros e médicos possuem conhecimento suficiente sobre a tuberculose e que o paciente recebe atendimento necessário à sua demanda na unidade de saúde, apesar do acesso ainda ser inadequado, e não ser feita a identificação precoce na comunidade. Monroe et al apontam que para que as ações de controle da tuberculose sejam incorporadas de forma expressiva nas atividades das ESF, devemos considerar que esse processo deve ser gradual, devendo envolver coordenadores do PCT, do PSF/PACS, gerente de UBS e representantes das ESF, para definição em conjunto de estratégias de atuação e responsabilização gerencial e técnica. Segundo Façanha (2009), geralmente o leigo não associa tosse e expectoração com a tuberculose, portanto não procura a unidade de saúde logo que se apresentam os primeiros sintomas. Por isso, não podemos simplesmente esperar que o paciente venha até o serviço de saúde com queixas respiratórias, isso é insuficiente para interromper a cadeia de transmissão da tuberculose. A busca do sintomático respiratório na comunidade não é tão simples quanto parece, ela depende de múltiplos fatores como: infraestutura da unidade de saúde, fluxos dos exames, estímulos continuados, capacitações e supervisões, bem como a priorização no atendimento e na realização dos exames. 7 CONCLUSÃO Partindo dos dados de sintomáticos respiratórios identificados pelo serviço de saúde no período, observamos que esta intervenção, apesar de não mostrar uma melhora nos resultados imediatos, foi importante para a sensibilização da equipe de saúde, apesar das limitações – pouco tempo, e atividades extras neste período – houve uma ampliação no conhecimento sobre tuberculose, o que poderá levar a um melhor desempenho de toda a equipe de saúde nas ações de controle da tuberculose e no acompanhamento do tratamento. 14 É preciso, portanto garantir uma continuidade nas capacitações e incansavelmente tentar incorporar no cotidiano do trabalhador da saúde as ações de prevenção e busca ativa visando o diagnóstico precoce da tuberculose. Com base em estudos e experiência profissional, observa-se que a execução das atividades de busca ativa de tuberculose na ESF 28 não é diferente das demais unidades de saúde da família e que a estratégia de perguntar um a um se tem tosse, dentro da unidade de saúde ou durante a visita domiciliar, não é lembrada pelos profissionais da saúde, que se preocupam muitas vezes em resolver queixas e não de procurá-las. É primordial conhecer a percepção que o profissional da ESF tem a respeito das atividades do Programa de Controle da Tuberculose, suas dificuldades – principalmente dentre as ações para a descoberta precoce de casos e tratamento diretamente observado. Enfatiza-se então a necessidade de monitoramento constante dessas ações e a capacitação dos profissionais da saúde, uma vez que o sucesso dessa estratégia melhora a detecção de casos novos de tuberculose e aumenta as chances de cura. É fundamental a conscientização, o envolvimento e a integração da equipe de saúde e também o planejamento das ações, a manutenção da equipe treinada e a implementação de políticas públicas para a viabilização das ações de controle da tuberculose. 15 REFERÊNCIAS Brasil. Ministério da Saúde. Plano de Controle da tuberculose no Brasil no período de 2001-2005. Ministério da Saúde, Brasília, 2000. BRASIL, Fundação Nacional de Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica 5ª Ed. Brasília: FUNASA, 2002. Maciel ELN. O conhecimento de enfermeiros e médicos que trabalham na Estratégia Saúde da Família acerca da tuberculose no município de Vitória-ES: um estudo de coorte transversal. Ciência Saúde Coletiva; Ministério da Saúde, Controle da tuberculose: uma proposta de integração ensinoserviço. 5. ed. Rio de Janeiro, FUNASA/CRPHF/SBPT, 2002. Ministério da Saúde, Manual Técnico para o Controle da Tuberculose. 6. ed. Brasília, Ministério da Saúde, 2002. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. Brasília, 2010. Monroe AA e col. Envolvimento de equipes da Atenção Básica à Saúde no Controle da Tuberculose. Revista Escola de Enfermagem USP. Aprovado: 03/07/2007. Muniz JN. A incorporação da busca ativa de sintomáticos respiratórios para o controle da tuberculose na prática do agente comunitário de Saúde. Artigo apresentado em 07/12/2004. Muniz JN. Construindo e Organizando a Prática do Tratamento Supervionado no Controle da Tuberculose. Artigo apresentado em 02/06/2001. Nogueira JA, Ruffino Netto A, Monroe AA, Gonzáles RIC, Villa TCS. Busca ativa de sintomáticos respiratórios no controle da tuberculose na percepção do agente comunitário de saúde. Rev Eletro Enfermagem Disponível em: htpp://www.fen.ufg.br/revista/v9/n1/v9n1a08.htm. Porto A. Representações sociais da tuberculose: Revista de Saúde Pública. 2007; 41d (Supl 1). Rufino Netto A. Programa de Controle da Tuberculose no Brasil: Situação atual e novas perspectivas.Departamento de Medicina Social/Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Informe epidemiológico do SUS. 2001.