SIM_CELIA MARIA VALERIO MOTTA NUNES_717_68986

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CÉLIA MARIA VALÉRIO MOTTA NUNES
BUSCA ATIVA DE SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS E ACOMPANHAMENTO
DO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE PELA EQUIPE DA ESTRATÉGIA SAÚDE
DA FAMÍLIA (ESF 28)
RELATO DE EXPERIÊNCIA
DOURADOS– MS
2011
CÉLIA MARIA VALÉRIO MOTTA NUNES
BUSCA ATIVA DE SINTOMÁTICOS RESPIRATÓRIOS E ACOMPANHAMENTO
DO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE PELA EQUIPE ESTRATÉGIA SAÚDE DA
FAMÍLIA (ESF 28)
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Relato de experiência apresentado à
Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, como requisito para conclusão do
curso de Pós Graduação a nível de
especialização em Atenção Básica em
Saúde da Família.
Orientador (a): Msc. Elizandra de Queiroz
Venâncio.
DOURADOS– MS
2011
RESUMO
As ações de busca ativa de casos novos e o acompanhamento do tratamento da tuberculose
precisam ser implementados, mesmo já tendo ocorrido a descentralização do Programa de
Controle da Tuberculose (PCT) em todo o município de Dourados. Identificar os
Sintomáticos Respiratórios (SR) deve fazer parte das atividades das ESFs, principalmente por
meio das visitas domiciliares feitas pelos profissionais da saúde. Os principais objetivos desta
intervenção foram estimular a descoberta precoce de casos de tuberculose, através da busca
ativa de sintomáticos respiratórios, e o adequado acompanhamento com o Tratamento
Diretamente Observado (TDO). A intervenção foi realizada na Estratégia Saúde da Família
(EFS 28) no bairro Vila Hilda de Dourados, MS. Toda a equipe de saúde da ESF 28 recebeu
treinamento de qualificação para identificar sinais e sintomas suspeitos de tuberculose e
encaminhá-los para exames. Através das visitas domiciliares com os Agentes Comunitários de
Saúde (ACS) foram passadas orientações sobre tuberculose para a população, a distribuição
de folhetos informativos e disponibilizada a coleta de escarro para pesquisa de BAAR dos
Sintomáticos Respiratórios (SR) encontrados. Observou-se que a intervenção proporcionou a
sensibilização da equipe de saúde, maior conhecimento sobre os sintomas da tuberculose e o
envolvimento de quase toda a equipe de saúde. Entende-se que, com melhorias na capacitação
das equipes de saúde seria possível uma maior contribuição na detecção precoce da
tuberculose e maior adesão dos pacientes ao tratamento.
Palavras-chaves: Busca ativa; Controle da tuberculose; Tratamento supervisionado.
SUMÁRIO
1.
JUSTIFICATIVA................................................................................................... 5
2.
PROBLEMATIZAÇÃO.............................................................................................. 8
3.
OBJETIVO............................................................................................................ 10
3.1 GERAL..................................................................................................................... 10
3.2 ESPECÍFICOS.......................................................................................................... 10
4.
METODOLOGIA................................................................................................. 10
5.
CRONOGRAMA.................................................................................................. 12
6.
ANÁLISE DAS AÇÕES E DISCUSSÃO............................................................ 12
7.
CONCLUSÃO..................................................................................................... 13
REFERÊNCIAS........................................................................................................... 15
5
1 JUSTIFICATIVA
Mesmo com a descentralização das ações do Programa de Controle da Tuberculose
(PCT) para a Atenção Básica, incluindo a Estratégia Saúde da Família (ESF 28), as atividades
de busca ativa de casos de tuberculose e o acompanhamento do tratamento ainda não são
realizados de forma efetiva como rotina pelos profissionais de saúde. As equipes de saúde
estão trabalhando, na maioria das vezes, com a demanda espontânea, o que acaba levando ao
diagnóstico tardio da tuberculose.
A intervenção a ser realizada na Estratégia Saúde da Família (ESF 28) no bairro vila
Hilda de Dourados visa melhorar as ações de busca ativa de casos de tuberculose, ou seja, a
descoberta e o exame de escarro dos Sintomáticos Respiratórios (SR), bem como as ações de
acompanhamento durante o tratamento dos casos diagnosticados, com ênfase no Tratamento
Diretamente Observado (TDO).
A tuberculose deve merecer especial atenção dos profissionais de saúde e da
sociedade. É uma enfermidade que tem cura, mas continua sendo uma doença estigmatizada
até os dias de hoje. Isso muitas vezes impede que o indivíduo procure espontaneamente o
Serviço de Saúde e negue a presença dos sintomas sugestivos de tuberculose (Ministério da
Saúde, 2010).
Segundo o professor Rufino (2001), a tuberculose é uma doença velha, porém é
preciso que tenhamos um novo olhar para ela. Um olhar capaz de superar tabus, acabar com o
preconceito e buscar novas alternativas de controle da doença e também de resgatar pacientes
e profissionais da saúde que ainda vivem uma cultura estigmatizante.
A tosse, sintoma que pode estar relacionado com tuberculose, é considerada um dos
mais importantes para a descoberta de casos novos, mas também é um sintoma negligenciado
pelas pessoas e pelos profissionais da saúde, que quase sempre a atribuem ao cigarro, gripe,
problemas alérgicos, entre outros, e não pensam em tuberculose, cujo diagnóstico acaba
acontecendo tardiamente (Rufino, 2001).
De acordo com o Manual Técnico para o Controle da Tuberculose (MS 2002),
identificar o Sintomático Respiratório (SR) deve fazer parte das atribuições dos profissionais
de saúde dentro das atividades do Programa de Controle da Tuberculose (PCT), que está
inserido na Estratégia Saúde da Família (ESF). E este recomenda que sejam realizadas ações
para operacionalizar a busca de casos nos serviços de saúde e na comunidade.
Em concordância, o Guia de Vigilância Epidemiológica (MS 2002) refere que os
locais ideais para concentrar as atividades de procura dos casos de tuberculose são os Serviços
6
de Saúde e que os profissionais de saúde devem ter essas rotinas de busca ativa incorporadas
permanentemente no seu serviço.
O Tratamento Diretamente Observado (TDO) de alta qualidade – que deve feito por
um profissional da saúde, que observa o paciente ingerindo a medicação –, é uma das
estratégias adotadas pelo Ministério da Saúde para melhorar adesão ao tratamento da
tuberculose e o aumento na taxa de cura (Ministério da Saúde, 2010).
Sendo, portanto, importante a realização de uma intervenção para que possamos
discutir as ações propostas pelo Programa de Controle da Tuberculose e capacitar a equipe de
saúde para desenvolver as ações de busca ativa de casos e acompanhamento do tratamento,
melhorando as atividades de educação em saúde, exames dos Sintomáticos Respiratórios (SR)
e o trabalho com a comunidade. Visando o diagnóstico precoce da tuberculose e a cura da
doença.
Caracterização da população:
População residente na área da UBSF Vila Hilda – ESF 28
Faixa etária
Masculino
Feminino
< 1 ano
14
25
1 a 4 anos
87
60
5 a 6 anos
52
28
7 a 9 anos
73
82
10 a 14 anos
112
159
15 a 19 anos
134
148
20 a 39 anos
486
516
40 a 49 anos
197
253
50 a 59 anos
137
221
> 60 anos
182
240
Total
1474
1732
Fonte: SIAB
Total
39
147
80
155
271
282
1002
450
358
422
3026
A população residente na área da ESF 28 é de 3026 pessoas perfazendo um total de
975 famílias cadastradas. O atendimento nesta UBSF se restringe à população adscrita. Das
979 residências da área, 808 casas (82,5%) são de tijolos, e 170 casas (17,3%) em madeira.
Quanto ao abastecimento de água, 866 residências (88,4%) são abastecidas pela rede pública e
112 residências (11,4%) com poço. A energia elétrica está presente em 99,3% das residências
e 100% delas contam com coleta pública de lixo. O sistema de esgoto está instalado em 927
casas (94,7%) restando ainda 52 casas (5,3%) com fossa.
Na população maior de 15 anos, 97,4% são alfabetizados e dentre as crianças 99,3%
freqüentam a escola.
7
A grande maioria da população desta área pertence à classe média baixa, e exercem
atividades de trabalho no comércio e nas usinas ou são professores. E grande parte das
mulheres trabalha fora de casa.
Esta área é coberta pelo CRAS – Centro de Referência da Assistência Social,
localizado no bairro vizinho, Cachoeirinha. O Centro de Esportes Jorge Salomão é o local que
a população freqüenta para realizar atividades físicas, esportes e hidroginástica. As pessoas da
terceira idade freqüentam o Centro de Convivência do Idoso que fica no bairro vizinho à
UBSF.
Na Figura 1, são apresentados os dados de sintomáticos respiratórios examinados e
casos novos de tuberculose notificados na ESF 28 no período de 2008 a 2010 e até outubro de
2011 e também o número de casos notificados de tuberculose no mesmo período, onde se
observa que os dados em relação a sintomáticos respiratórios no ano de 2011 são menores que
nos anos anteriores, isto está ocorrendo porque ainda não houve a campanha da tuberculose,
que será em novembro. O que se verifica é que há um aumento no número de sintomáticos
respiratórios examinados apenas durante as campanhas de detecção.
Na ESF 28 os casos novos de tuberculose tem se mantido entre 01 e 02 por ano.
Fonte: SINAN Dourados-MS
Figura 1
8
2 PROBLEMATIZAÇÃO
A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada pela bactéria Mycobacterium
tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), que afeta principalmente os pulmões, mas podendo
afetar outros órgãos. Sua transmissão se dá através das vias aéreas em praticamente a
totalidade dos casos, com a inalação de núcleos secos de gotículas contendo bacilos expelidos
pela tosse, fala ou espirro de doente com tuberculose ativa na forma pulmonar ou laríngea
(Ministério da Saúde, 2010).
Embora seja uma doença muito antiga, a tuberculose continua sendo considerada um
importante problema de saúde pública, no mundo e no Brasil, por ser transmissível pelo ar e
acometer
especialmente
populações
empobrecidas
e
imunodeficientes,
interagindo
negativamente sob os dois aspectos. Por apresentar elevada magnitude e vulnerabilidade, pois
está entre as 10 primeiras causas de mortalidade no mundo com cerca de 1,3 milhões de
óbitos por ano e é passível de prevenção e cura, tornou-se uma prioridade da Organização
Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde.
O objetivo do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) é cumprir as
metas mundiais de controle da tuberculose estabelecida na 44ª Assembléia Mundial da Saúde
realizada em 1991, ou seja, detectar pelo menos 70% dos casos estimados anualmente e curar
no mínimo 85% destes (MS, 2007).
Vale ressaltar uma das prioridades do Plano Nacional de Controle da Tuberculose
(PNCT) 2001-2005 que se relaciona ao diagnóstico precoce da doença. Porém, acredita-se
que muitos casos de tuberculose não estejam sendo diagnosticados, seja por não terem acesso
aos serviços de saúde ou devido ao fato de os profissionais de saúde não estarem atentos aos
Sintomáticos Respiratórios.
O número de casos de tuberculose notificados no município de Dourados conforme o
SINAN – Sistema Nacional de Agravos de Notificação vem se mantendo estável, em 2008
foram detectados 77 casos; já em 2009, foram encontrados 68 e no ano de 2010, 78 casos, o
que corresponde, em média, a 55% de detecção e com uma taxa de cura de aproximadamente
79% (abaixo da meta nacional).
A detecção precoce de casos é uma das estratégias fundamentais para o controle da
tuberculose, nas áreas onde há visita domiciliar periódica da equipe de saúde, deve ser
incluída a busca ativa de casos entre os sintomáticos respiratórios e contatos, principalmente
de casos bacilíferos. No entanto fica evidente que existem muitas dificuldades para a
realização desta atividade.
9
De acordo com Muniz (2004), a tosse não se caracteriza como um quadro agudo e por
não exigir uma intervenção imediata não é muito valorizada pela equipe de saúde. O fato
prejudica o primeiro contato e o usuário, não encontrando resposta para o seu problema de
saúde, busca outros serviços ou retorna quando o problema já está bem mais grave.
O modo como se organiza os serviços de saúde na busca de SR desperta uma série de
reflexões acerca da assistência prestada. Onde já existe oferta de serviços de saúde
organizados na lógica da atenção médica curativa, a introdução de novas estratégias de
trabalho implica repensar o modelo de assistência, remodelar o “velho” e construir o “novo”.
Nem sempre esta tarefa é fácil (Jordana, 2001).
A visita domiciliar é um instrumento de intervenção fundamental na estratégia do
Programa de Saúde da Família, sendo utilizada para conhecer as condições de vida e de saúde
da comunidade.
Por ser a tuberculose uma doença que tem cura, não deveria ser uma doença
estigmatizada atualmente. No entanto, o que se observa é que falar sobre o assunto provoca
incômodo, principalmente nas comunidades carentes. Talvez por estar relacionada à
incapacidade do indivíduo de suprir seu sustento e da sua família, à fome, consumo de
bebidas e farras, uso de drogas ilícitas, o que provoca vergonha. Além disso, também por ser
contagiosa e alguns acreditarem que é uma doença que não tem cura (Porto, 2007).
O tratamento da tuberculose deve ser feito em regime ambulatorial e de preferência
supervisionado. A internação é indicada apenas para os casos mais graves e por tempo
reduzido. “A tuberculose é uma doença curável em praticamente 100% dos casos novos,
sensíveis aos medicamentos anti-TB, desde que obedecidos os princípios básicos da terapia
medicamentosa e a adequada operacionalização do tratamento” (Ministério da Saúde, 2010).
Em 2009, o Programa Nacional de Controle da Tuberculose passou a utilizar o novo
esquema de tratamento da tuberculose, o esquema básico – doses fixas combinadas dos quatro
medicamentos: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol (RHZE) (dois meses), e na
segunda fase a isoniazida e rifampicina (HR) (quatro meses). Aprovado pela Organização
Mundial da Saúde e utilizado na maioria dos países para adultos e adolescentes. Para as
crianças (abaixo de 10 anos) permanece a recomendação do Esquema RHZ. A medicação é de
uso diário e deverá ser administrada em uma única tomada, de preferência em jejum
(Ministério da Saúde, 2010).
Para um bom êxito do tratamento da tuberculose é extremamente importante a adesão
do paciente, orientá-lo sobre a doença, a terapêutica prescrita, importância da regularidade na
tomada da medicação e informações sobre as consequências do abandono. E também
10
orientações sobre efeitos adversos à medicação e realização mensal da baciloscopia de
controle, nos casos de TB pulmonar, e a solicitação de cultura com teste de sensibilidade para
os casos que persistem positivos após o segundo mês de tratamento (BRASIL, 2002).
A atividade de controle dos contatos é outra ferramenta importante para o diagnóstico
precoce de tuberculose e deve ser realizada pela Atenção Básica. Contato é definido como
toda pessoa que convive no mesmo ambiente com o doente, podendo ser em casa ou no
ambiente de trabalho, instituições, etc. Neste caso a visita domiciliar é uma boa escolha para
entender as circunstâncias que caracterizam os contatos, passar orientações e cuidados,
solicitar exame dos sintomáticos respiratórios e realizar o agendamento para avaliação na
Unidade de Saúde (BRASIL, 2002).
3 OBJETIVO
3.1 GERAL
Diagnóstico precoce e maior adesão ao tratamento da tuberculose.
3.2 ESPECÍFICO
 Melhorar as atividades de prevenção e diagnóstico precoce de tuberculose;
 Implantar o novo protocolo de enfermagem para Tratamento Diretamente Observado
(TDO);
 Promover a busca ativa dos Sintomáticos Respiratórios pela ESF 28.
4 METODOLOGIA
Elegeu-se como local de trabalho, a Unidade Básica de Saúde Vila Hilda, que conta
com duas equipes de ESF, porém trabalhamos apenas com a ESF 28 cuja equipe é composta
por 13 pessoas, sendo uma enfermeira, um médico generalista, um dentista, um técnico em
saúde bucal, dois técnicos de enfermagem, um recepcionista e seis Agentes Comunitários de
Saúde (ACS).
Após o contato com a enfermeira coordenadora, apresentamos o projeto de
intervenção e a sua relevância para a intensificação do diagnóstico precoce da tuberculose e
melhor qualidade do tratamento diretamente observado e seus benefícios para a melhoria da
saúde da população adscrita.
11
A equipe participou de treinamento e sensibilização – divididos em duas etapas – no
qual foram repassadas informações sobre a tuberculose, o diagnóstico, o tratamento e as
estratégias de controle da doença, visando à detecção de sintomáticos respiratórios e
descoberta de casos novos de tuberculose. A organização deste treinamento foi realizada pela
Coordenadora do Programa Municipal de Controle da Tuberculose de Dourados, e teve como
material de apoio os seguintes recursos: datashow, computador, panfletos e cartazes.
Realizaram-se várias reuniões com os profissionais de saúde da ESF com o intuito de
esclarecer as dúvidas e identificar as dificuldades tanto na descoberta dos Sintomáticos
Respiratórios como na busca ativa de casos e no acompanhamento com TDO dos pacientes
em tratamento de tuberculose.
De acordo com os objetivos propostos nestas ações, observou-se a importância de
acompanhar os agentes comunitários de saúde (ACS) durante suas visitas domiciliares
rotineiras. Acompanhamos então essas visitas com cinco ACS, da seguinte forma: após
informar o responsável pelo domicílio sobre o objetivo da visita, procurou-se obter
informações, de todos os membros da família, sobre tosse com expectoração há 3 semanas ou
mais, febre, diminuição do apetite com perda de peso, demais problemas respiratórios, uso de
tabaco, história de tuberculose na família ou qualquer outro contato com
pessoas com
tuberculose fora do domicílio.
Através de visitas domiciliares em companhia dos Agentes Comunitários de Saúde,
foram realizadas também orientações à população quanto aos sintomas da tuberculose,
distribuição de panfletos explicativos sobre a doença, as formas de transmissão e a
importância do diagnóstico precoce e do tratamento correto.
Os casos considerados Sintomáticos Respiratórios (SR) foram encaminhados para a
ESF para a coleta de duas amostras de escarro para a realização da baciloscopia. Na
impossibilidade do paciente ir até a UBSF, a coleta da primeira amostra do escarro foi feita
durante a visita domiciliar. Quando necessário efetuamos agendamento para consulta médica
ou consulta de enfermagem na UBSF.
Será considerado caso de tuberculose todo indivíduo com diagnóstico confirmado por
baciloscopia ou cultura e aquele em que o médico firmou o diagnóstico com base no exame
clínico e/ou RX de tórax, ou outros exames complementares (Manual de Normas para o
Controle da Tuberculose MS 2010).
Os dados de sintomáticos respiratórios foram registrados no Livro de Registro de
Sintomáticos Respiratórios que fica na ESF para a análise do número de casos examinados e
detectados na área antes e depois da intervenção.
12
5 CRONOGRAMA
Atividade
Elaboração do
pré-projeto
Apresentação
do pré-projeto
Revisão de
literatura
Elaboração do
projeto
Intervenção
Dez Jan Fev Mar
X
Abr Mai Jun Jul
Ago Set
Out Nov Dez
X
X
X
Análise e
interpretação
dos dados
Elaboração do
relatório
Entrega do
relatório
X
X
X
X
X
X
6 ANÁLISE DAS AÇÕES E DISCUSSÃO
No decorrer da intervenção, contou-se com o apoio e participação da enfermeira, dos
Agentes Comunitários de Saúde, auxiliares de enfermagem, do médico, da dentista e auxiliar
odontológico, porém, não houve o envolvimento dos auxiliares administrativos e serviços
gerais.
Observamos que a busca ativa de sintomáticos respiratórios para a realização de
exames para diagnóstico de tuberculose, através de visitas domiciliares e na Unidade Básica
de Saúde da Família, vem sendo feita intensivamente apenas durante as campanhas de
detecção uma vez por ano. Em 2011 até o mês de outubro foram examinados três
Sintomáticos Respiratórios, número baixo, mas que provavelmente aumentará no decorrer da
Campanha Municipal de Combate a Tuberculose que será realizada no mês de novembro.
Os profissionais da equipe de saúde têm conhecimento sobre os sintomas da
tuberculose, sabem que quando o paciente apresenta tosse por mais de três semanas deveriam
solicitar a baciloscopia para pesquisa da doença, mas nem sempre pedem o exame. Quanto ao
acompanhamento e supervisão do tratamento da tuberculose, demonstraram ter conhecimento
sobre sua necessidade, porém, não conheciam o novo esquema de tratamento e da real
necessidade de efetuar o Tratamento Diretamente Observado (TDO). Uma vez que o número
13
de casos de tuberculose diagnosticados na ESF 28 é pequeno, observa-se que as rotinas e
protocolos ficam esquecidos.
Destacamos então a importância da sensibilização da equipe ESF 28 e a revisão das
rotinas internas ou protocolos para o atendimento do paciente sintomático respiratório, bem
como, a forma correta de coleta e envio de amostras de escarro ao laboratório, o registro das
atividades em formulários específicos – livro de registro de sintomático respiratório do
Ministério da Saúde e notificação compulsória da doença quando o caso é confirmado.
Quanto aos aspectos relacionados ao conhecimento, Maciel et al identificou em
pesquisa que os enfermeiros e médicos possuem conhecimento suficiente sobre a tuberculose
e que o paciente recebe atendimento necessário à sua demanda na unidade de saúde, apesar do
acesso ainda ser inadequado, e não ser feita a identificação precoce na comunidade.
Monroe et al apontam que para que as ações de controle da tuberculose sejam
incorporadas de forma expressiva nas atividades das ESF, devemos considerar que esse
processo deve ser gradual, devendo envolver coordenadores do PCT, do PSF/PACS, gerente
de UBS e representantes das ESF, para definição em conjunto de estratégias de atuação e
responsabilização gerencial e técnica.
Segundo Façanha (2009), geralmente o leigo não associa tosse e expectoração com a
tuberculose, portanto não procura a unidade de saúde logo que se apresentam os primeiros
sintomas. Por isso, não podemos simplesmente esperar que o paciente venha até o serviço de
saúde com queixas respiratórias, isso é insuficiente para interromper a cadeia de transmissão
da tuberculose. A busca do sintomático respiratório na comunidade não é tão simples quanto
parece, ela depende de múltiplos fatores como: infraestutura da unidade de saúde, fluxos dos
exames, estímulos continuados, capacitações e supervisões, bem como a priorização no
atendimento e na realização dos exames.
7 CONCLUSÃO
Partindo dos dados de sintomáticos respiratórios identificados pelo serviço de saúde
no período, observamos que esta intervenção, apesar de não mostrar uma melhora nos
resultados imediatos, foi importante para a sensibilização da equipe de saúde, apesar das
limitações – pouco tempo, e atividades extras neste período – houve uma ampliação no
conhecimento sobre tuberculose, o que poderá levar a um melhor desempenho de toda a
equipe de saúde nas ações de controle da tuberculose e no acompanhamento do tratamento.
14
É preciso, portanto garantir uma continuidade nas capacitações e incansavelmente
tentar incorporar no cotidiano do trabalhador da saúde as ações de prevenção e busca ativa
visando o diagnóstico precoce da tuberculose.
Com base em estudos e experiência profissional, observa-se que a execução das
atividades de busca ativa de tuberculose na ESF 28 não é diferente das demais unidades de
saúde da família e que a estratégia de perguntar um a um se tem tosse, dentro da unidade de
saúde ou durante a visita domiciliar, não é lembrada pelos profissionais da saúde, que se
preocupam muitas vezes em resolver queixas e não de procurá-las.
É primordial conhecer a percepção que o profissional da ESF tem a respeito das
atividades do Programa de Controle da Tuberculose, suas dificuldades – principalmente
dentre as ações para a descoberta precoce de casos e tratamento diretamente observado.
Enfatiza-se então a necessidade de monitoramento constante dessas ações e a capacitação dos
profissionais da saúde, uma vez que o sucesso dessa estratégia melhora a detecção de casos
novos de tuberculose e aumenta as chances de cura.
É fundamental a conscientização, o envolvimento e a integração da equipe de saúde e
também o planejamento das ações, a manutenção da equipe treinada e a implementação de
políticas públicas para a viabilização das ações de controle da tuberculose.
15
REFERÊNCIAS
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2001-2005. Ministério da Saúde, Brasília, 2000.
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FUNASA, 2002.
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Ministério da Saúde, Controle da tuberculose: uma proposta de integração ensinoserviço. 5. ed. Rio de Janeiro, FUNASA/CRPHF/SBPT, 2002.
Ministério da Saúde, Manual Técnico para o Controle da Tuberculose. 6. ed. Brasília,
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Rufino Netto A. Programa de Controle da Tuberculose no Brasil: Situação atual e novas
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Preto/USP. Informe epidemiológico do SUS. 2001.
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