teatro de fantoche

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TEATRO DE FANTOCHE
Tania Mara Fantinato e Edile Fracaro
Rodrigues.
Pontifícia
Paraná.
Universidade
Católica
do
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo mostrar a necessidade de motivar
educadores e educandos a utilizarem o teatro de bonecos como recurso para a
aprimoração da fala, da leitura e da escrita do aluno de maneira mais lúdica. Com
esse recurso os alunos poderão aprender brincando, rindo e tendo prazer naquilo
que estão fazendo, enriquecendo seu processo educativo e estimulando a
criatividade. Um fator relevante neste ato pedagógico é a socialização, porque as
crianças podem trabalhar em grupos, o que desencadeia a troca, interação em
busca de objetivos comuns, dividindo e compartilhando esforços. Por isso, é um
excelente material para clínicas e ludoterapias; pois o boneco pode ser um
intermediário entre uma realidade sensorial, espiritual e cognitiva. O professor deve
planejar as atividades de forma que privilegie o desenvolvimento de alguns aspectos
da inteligência da criança, podendo utilizar esse recurso na criação de textos e na
encenação de peças, pois na vivência de papéis os alunos aprendem a conviver uns
com os outros e revelam muito do seu eu. O professor pode então verificar
habilidades, analisar atitudes, observar comportamentos, aprender a conhecer seus
alunos, o que muito o auxiliará no processo educativo. Enquanto manifestação
artística, o teatro de bonecos tem apresentado uma fusão de diferentes tendências
do passado e do presente. O uso de tecnologias ( som, luz, técnicas de confecção ),
enriqueceu e ampliou as possibilidades cênicas, porém a escola não pode limitar-se
pela falta desses recursos tecnológicos para aplicar essa técnica tão rica para o
processo de ensino-aprendizagem. O boneco opera em níveis que a objetividade da
realidade não atinge, por isso o professor não pode utilizar uma escala de valores
para a avaliação, e sim esperar a constatação de mudanças do comportamento do
aluno e seu crescimento de forma global.
PALAVRAS – CHAVES : Fantoches, Lúdico, Socialização, Ensino-aprendizagem.
É hora de pensar em educar; em educar brincando, divertindo, amando, e
experimentando. É preciso considerar que na atualidade o ambiente escolar precisa
ser mais atrativo, instigante e motivador para o aluno. A escola deve ser o lugar que
ele goste de estar e tenha prazer e gosto por tudo que ele pratica nesse ambiente.
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Compreende-se, portanto que nossos alunos precisam estar mais motivados
para aprimorar a fala, a leitura e a escrita e de maneira mais lúdica. Propondo
atividades, em que os alunos poderão aprender brincando, rindo e tendo prazer
naquilo que estão fazendo.
A escola concorre nos dias atuais com a TV, o vídeo, o computador, que
também motivam as crianças e despertam nelas o prazer e a diversão; mas não
desperta nelas o prazer e o gosto pela leitura e a escrita. Textos que não tem muita
ação, escritos em cartilhas que combinam pequenas frases com as sílabas, que
priorizam uma determinada ordem, ou trabalham com as sílabas chamadas
complexas, estão completamente fora da realidade do aluno, descontextualizados,
precisam ser ultrapassados urgentemente.
A escola necessita romper com esses métodos, para formar bons leitores,
oferecendo-lhes materiais que façam com que a qualidade do ensino melhore e
consequentemente sua vida também. E para isso a criança necessita de
experiências que estimulem a exploração, a experimentação e a criação.
Uma
educação
não
deve
ser
composta
apenas
de
informações
mecanicistas, sem reflexões e sem participação afetiva e interessada da criança.
Por intermédio do teatro de fantoches, pode-se levar as crianças a um
mundo de sonhos e fantasias que lhe permitirá ensinar-lhes as mais variadas lições
de vida.
O mundo do teatro de fantoches é, para a criança, um mundo maravilhoso e
fantástico, que pode atuar em sua vida de forma educativa e instrutiva, pois ela
identifica-se com os personagens por eles representados, e se transforma, em
função do modelo de vida por eles exemplificado. O trabalho com teatro de
fantoches, além de proporcionar horas de lazer e divertimento às crianças ajuda no
seu desenvolvimento psico-social, espiritual e intelectual.
O uso do teatro de fantoches deverá ser utilizado para ensinar a ler, contar,
viver, respeitar, ensinar a amar verdadeiramente, ensinar a valorizar os pais, os
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mestres e a pátria. Ensinar, principalmente, a amar a Deus, pois amando a Deus
seremos capazes de tornar o mundo melhor.
Segundo Ladeira e Caldas (1989), o teatro de fantoches tem um valor
pedagógico grandioso, quando se trata da motivação para a fala, a leitura e a escrita
da criança. Isso porque a criança ao confeccionar um fantoche, sente o desejo de
animá-lo. Aos poucos a criança junta a palavra ao movimento, isto acontece, porque
para a criança o teatro de bonecos é um jogo, enquanto que para o professor é uma
técnica educativa, pois pode ser aliada à expressão gestual, à improvisação de
contos, pequenas quadrinhas, jogos verbais, rimas de palavras ou frases, etc...
Acredita-se fortemente nesta integração da área de Artes com Língua
Portuguesa, porque inúmeras vezes nas aulas de artes o alunos confeccionam seus
bonecos e utilizam na sala de aula, para dar continuidade aos trabalhos de literatura
e língua portuguesa, integrando os conteúdos em si, para beneficia-los quanto à
comunicação.
Outra questão outrora levantada é com relação ao gosto pela leitura e
escrita, pois a criança que dramatiza um personagem com o fantoche, sente-se
motivado para ler novas histórias que podem ser colocadas em ação. Se este
trabalho for rico, com relação a sua diversidade textual, com certeza o professor
perceberá nas crianças um ato reflexivo diante de determinados textos.
Num outro momento do trabalho, com certeza a criança estará motivada
para criar histórias, com personagens diferenciados para então dramatizar. Sendo
assim, dará ênfase ao personagem que ela própria confeccionou, dando vida, e
estimulando o ato imaginativo envolto neste trabalho.
Um fator relevante neste ato pedagógico é a socialização, porque as
crianças podem trabalhar em grupos, o que desencadeia a troca, interação em
busca de objetivos comuns, dividindo e compartilhando esforços.
Isso acontecendo é muito importante, pois existe uma diversidade também,
nos níveis de aprendizagem com relação à fala, a leitura e a escrita. Por meio da
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construção e manipulação de bonecos de fantoches o educando terá uma forma
prazerosa e significativa de trabalhar a linguagem oral e escrita.
O teatro de bonecos tem sua origem na mais remota antiguidade. Segundo
Ladeira e Caldas (2002), acredita-se que na Pré-História os homens se encantavam
com suas sombras movendo-se nas paredes das cavernas. Nessa época, as mães
teriam desenvolvido o teatro de dedos, projetando com as mãos, sombras diversas
nas paredes para distrair os filhos.
Com o passar do tempo, os homens começaram a modelar bonecos de
barro, sem movimentos, a princípio. Mais tarde, conseguiram articular a cabeça e os
membros dos bonecos para a seguir, fazer representações com eles.
Na Índia, China e Java também eram realizados teatros de bonecos. Os
egípcios encenavam espetáculos sagrados nos quais a divindade falava e era
representada por uma figura articulada.
Na Grécia antiga, os bonecos articulados tinham, além da importância
cultural, conotações religiosas. Na Itália, o boneco mais conhecido foi o maceus, que
antecedeu o polichinelo. Na Turquia havia o Karagoz; na Alemanha, o Kasper; em
Java, o Wayang; na Grécia, o as atalanas; na Rússia, o oetruska; na França, o
Guinhol; e no Brasil o mamulengo. Todos esses bonecos tinham poucos recursos
técnicos, mas com grandes possibilidades expressivas como: a espontaneidade, a
irreverência e até por vezes a crueldade.
Depois da primeira guerra, as marionetes, bonecos articulados movidos por
fios, foram difundidos pelo mundo e introduzidos nas escolas.
No Brasil, os bonecos de fantoches começaram a serem utilizados em
representações. Foi o nordeste que o teatro de bonecos apareceu em destaque,
principalmente em Pernambuco, onde até os dias atuais é uma das maiores
tradição. É o teatro mamulengo, rico em situações cômicas e satíricas.
Observando-se esse caminhar, mostra-se que o teatro de bonecos pode ser
um elo que faltava para auxiliar no processo ensino-aprendizagem, pois os bonecos
estão sendo utilizados desde a pré-história.
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Compreende-se então que este é um recurso muito antigo, que precisa ser
resgatado no ambiente escolar, para estimular a criatividade e a apreciação pela arte
na formação do cidadão consciente, crítico e participativo.
O VALOR PEDAGÓGICO DO TEATRO DE BONECOS
Quando os bonecos são utilizados pelos alunos, tendo o professor como
orientador e guia, tornam-se valiosos auxiliares da ação pedagógica, pois
desenvolvem múltiplos aspectos educacionais, relativos à comunicação.
As crianças pequenas inicialmente brincam sozinhas com os bonecos.
Depois juntam-se espontaneamente e cada uma fala por seu fantoche. È um
princípio de socialização; e a criança começa a perceber a necessidade de:
•
esperar sua vez de falar;
•
ouvir o que os outros falam;
•
respeitar a opinião dos outros;
•
exprimir seus desacordo com argumentos convincentes.
Os bonecos também levam as crianças à descoberta das potencialidades da
voz. Aprendem a adequar a voz às situações, percebendo que podem aliar o ritmo
vocal ao gestual.
O teatro de bonecos educa a audição. Ensina a criança a prestar atenção ao
mundo sonoro, a ouvir com interesse o que os outros falam, a perceber a beleza da
música e do ritmo.
As crianças jogando com os colegas e inventando diálogos desenvolvem:
•
A percepção visual, auditiva e tátil
•
A percepção da seqüência de fatos (noção espaço-temporal)
•
A coordenação de movimentos
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•
A expressão gestual, oral e plástica
•
A criatividade
•
A imaginação
•
A memória
•
A socialização
•
O vocabulário
O teatro de bonecos pode revelar ao professor aspectos do desenvolvimento
da criança que não são observados durante os trabalhos escolares como: a emoção,
carência afetiva, as relações intra-pessoais e inter-pessoais. É importante aliar a
expressão gestual à improvisação de contos, pequenas quadrinhas, jogos verbais,
rimas de palavras ou frases.
Em alguns países, o teatro de bonecos na educação já é usado como
auxiliar de ensino: matemática, poesia, literatura e línguas estrangeiras. Deveria ser
utilizado também na educação de saúde preventiva, para transmitir noções de
higiene, direitos e deveres cívicos e alfabetização.
O teatro de bonecos tem dois aspectos importantes: quando o aluno o
assiste ( teatros de bonecos – instrumento ) e quando o cria ( teatro de bonecos –
processo ).
1- Teatro de bonecos – instrumento : trata-se do espetáculo assistido como
manifestação artística. Para isso o professor pode usá-lo em pequenos espetáculos,
em pequenas histórias ou apenas para transmitir temas simples ou conceitos
abstratos. Também é instrumento quando utilizado pelo aluno para transmitir ou
verbalizar o aprendido.
2- Teatro de bonecos – processo: trata-se da confecção, manipulação e
criação de temas e roteiros pelo próprio aluno.
Para o desenvolvimento do teatro de bonecos como auxiliar pedagógico, é
preciso respeitar algumas etapas importantes como:
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a) Motivação : é preciso dar ao aluno uma referência do valor lúdico do
boneco;
b) Diálogo: é preciso dar ao aluno condições de percepção de que o boneco
não é gente nem bicho, por meio de diálogo antes e depois da apresentação;
c) Confecção: é preciso que o aluno tenha a oportunidade de criar seus
próprios personagens de acordo com sua faixa etária, quanto à complexidade nas
elaborações dos bonecos;
d) Manipulação: é preciso que o aluno sinta o boneco, dando vida a ele e
projetando nele todos os seus sentimentos. Por isso, é um excelente material para
clínicas e ludoterapias; pois o boneco pode ser um intermediário entre uma realidade
sensorial , espiritual e cognitiva;
e) Expressão verbal: é preciso que o aluno compreenda que a expressão do
boneco se faz por meio de pequenos e amplos gestos, verbalização de fatos ou
situações;
f) Improvisação e dramatização: é preciso que o aluno explore ao máximo
sua capacidade de inter-relacionar seus movimentos corporais;
g) Participação e análise: é preciso que o aluno seja estimulado a uma autoanálise, desenvolvendo assim seu espírito crítico-objetivo.
O TEATRO DE BONECOS E O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES
Segundo Ladeira e Caldas (2002, p.17) “O teatro de bonecos proporciona às
crianças o desenvolvimento de várias habilidades ao confeccionar os bonecos, ao
criar os textos e ao encenar as peças.”
O professor deve planejar as atividades de forma que privilegie o
desenvolvimento de alguns aspectos da inteligência da criança, podendo utilizar
esse recurso na criação de textos e na encenação de peças, pois na vivência de
papéis os alunos aprendem a conviver uns com os outros e revelam muito do seu
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eu. O professor pode então verificar habilidades, analisar atitudes, observar
comportamentos, aprender a conhecer seus alunos, o que muito o auxiliará no
processo educativo.
COMO TRABALHAR O TEATRO DE BONECOS
Para trabalhar o teatro de bonecos é necessário que o professor verifique o
nível de desenvolvimento em que as crianças se encontram. A partir daí, o professor
organizará atividades desafiadoras, sempre valorizando a capacidade de descoberta
de cada criança com relação ao seu próprio boneco.
À medida que, no jogo de teatro de bonecos, o professor incentiva o diálogo,
as crianças começam a justificar suas ações. Isso representa um avanço em relação
ao desenvolvimento da linguagem e da socialização, e o seu objetivo na escola, é
oferecer oportunidades de criação , recriação e manifestação artística.
Saber narrar histórias é uma arte. Elas divertem, dão prazer, desenvolvem a
criatividade, a memória e despertam todos os nossos sentimentos.
Enquanto manifestação artística, o teatro de bonecos tem apresentado uma
fusão de diferentes tendências do passado e do presente. O uso de tecnologias (
som, luz, técnicas de confecção ), enriqueceu e ampliou as possibilidades cênicas,
porém a escola não pode limitar-se pela falta desses recursos tecnológicos para
aplicar essa técnica tão rica para o processo de ensino-aprendizagem. O boneco
opera em níveis que a objetividade da realidade não atinge.
AVALIAÇÃO
O professor deve considerar a avaliação como um incentivo à atuação do
aluno. Durante todo o processo de confecção, manipulação e apresentação, o
professor deverá estar atento à observação do desempenho e participação do aluno,
verificando habilidades, analisando atitudes e aprendendo a conhecer seus alunos o
que muito o auxiliará no processo educativo.
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Porém a avaliação não pode ser vista sob a ótica de uma escala de valores,
isto é de forma dicotômica esperando somente o resultado final do trabalho, mas sim
de forma dialética esperando a constatação de mudanças do comportamento do
aluno e seu crescimento de forma global.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, M. C. O maravilhoso Mundo dos fantoches: uma iniciação a
deliciosa arte de ensinar brincando. Minas Gerais: Betania, 1988.
LADEIRA, I. e CAUDAS, S. Fantoche & CIA. São Paulo: Scipione, 1998.
GRANER J.B. e SEGURA S.M. Vivam as marionetes. Florida: Editora Vida,1995.
DANCUART E.M.P. É fácil fazer. São Paulo: Editora Redijo, 1989.
BROCK V. Fantoche amigo: sugestões práticas e diálogo. São Paulo: Editora
Redijo, 1988.
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