Artralgias - Telessaúde MT

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Silbene Lotufo Müller
Médica – COVEPI/SES
Março/2015
Cuiabá, 23 de março de 2015
UFMT
Diagnóstico
• Clínica
• Epidemiologia
• Critérios laboratoriais
Infecção pelo CHIKV
• Período de incubação extrínseco(no vetor): 48h;
• Período de incubação intrínseco (no humano): 3 a 7 dias( 2 a 12
dias)
• Viremia em geral se inicia 2 dias antes do início dos sintomas,
pode durar por até 8 a10 dias;
• COINFECÇÃO com DENGUE é possível mas, NÃO É
COMUM(laboratório – A. albopictus)
Fisiopatogenia
• Elevada carga viral na 1ª semana
• Poucas informações disponíveis em animais de
experimentação – camundongos e macacos não reproduzem
a doença humana
• O vírus infecta células epiteliais, do endotélio e fibroblastos
• Vírus induz - Resposta inflamatória
• Nas formas GRAVES - Citocinas pró inflamatórias,
interleucinas 1 e 6 - estão ativadas - DESREGULAÇÃO da
resposta inflamatória
• Na fase CRÔNICA - os macrófagos seriam os reservatórios
• O vírus também pode produzir MIOSITE
• Resposta inflamatória ao nível articular- continua sendo
bastante estudada:
• Persistência do vírus em tecido conectivo (músculos,
fibroblastos da pele, tecido articular, linfóide e SNC)
• O vírus replica nos tecidos articulares e é essa replicação que
recruta células inflamatórias, com MONÓCITOS,
MACRÓFAGOS e células NATURAL-KILLER.
• A artralgia crônica pode ser devida a persistência viral e
nesta, verifica-se persistência de IgM
• Edema do tecido é comum mas, o derrame articular é raro
(fase aguda)
Y.-W. Kam et al. / Microbes and Infection 11 (2009) 1186e1196
Manifestações clínicas
• Infecções assintomáticas são raras (3%);
• Classificação Clínica:
AGUDA (até 10 dias de sintomas)
SUBAGUDA( 11 dias a 3 meses de sintomas)
CRÔNICA (> 3 meses até 5 anos de sintomas)
Fase AGUDA (1 a 10 dias)
Febre + Artralgia
FEBRE: Início abrupto,Súbita
Alta (aprox. 38,9º)
O paciente lembra-se da hora do início da febre
Dura alguns dias até no máximo 2 semanas (geralmente 7 dias)
Pode ser bifásica ( mas, pode haver 1 único pico)
Associada a fotofobia, exantema, cefaléia e outros sintomas
inespecíficos
ARTRALGIA:
Aparece após início da febre
Geralmente simétrica e acomete mais de uma
articulação
Pode atingir qualquer articulação (punhos, MCP,
cotovelos, joelhos, tornozelos e MTP , reg lombar, cervical)
Edema comum, flogose rara
Pode ser incapacitante, debilitante, causar
deformidades(não é comum)
Articulações previamente lesadas por osteoartrite são
particularmente mais susceptíveis.
Outras manifestações – Fase AGUDA
DERMATOLÓGICAS
• Ocorrem na fase aguda, em tórax, membros e face
• Incidência varia até 50%
• EXANTEMA maculo papular eritematoso – tronco, face e
extremidades - que surge no 5º dia e dura de 2 a 3 dias (MAIS
FREQUENTE) acompanhado de prurido e descamação
• MENOS COMUM, pode aparecer após início da febre, entre
3º e 5º dia da doença:
 Bolhoso com descamação em crianças;
 Lesões Vesico bolhosas (crianças)
 Úlceras aftosas e vasculite;
 Epidermólise bolhosa (crianças)
 Prurido palmo-plantar
Durante SURTOS:
Febre + artralgia :
 Sensibilidade de 80%
Valor Preditivo Positivo (VPP) de 74%
Valor Preditivo Negativo(VPN) de 83%
• Febre, calafrios, tremores
• Artralgia, Poliartrite lombar
• Cefaléia, mialgia, fadiga
• Impossibilidade de realizar
tarefas comuns
• Erupção cutânea
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•
Estomatite , Úlceras orais
Hiperpigmentação
Dermatite esfoliativa (em crianças)
Síndrome meníngea
Convulsão febril em crianças
Fotofobia, Hiperemia conjuntival
Dor retro-orbital
Vômito, Diarréia, Dor abdominal
Linfadenomegalia
SINTOMAS COMUNS
OUTROS SINTOMAS
HIPERPIGMENTAÇÃO – lesões assintomáticas marrom ou negras
na região centro-facial e extremidades
Exacerbação de doença cutânea prévia como PSORÍASE ou
HANSENÍASE
Rush maculopapular ou petequial, Bolhas e Eritrodermia,
Chikungunya Fever: A Clinical and Virological Investigation of
Outpatients on Reunion Island, South-West Indian Ocean.
Sint Respiratórios
Sufusões Hemorrágicas
Diarréia
Sint Dermatológicos
Náuseas
Cefaléia
Mialgia
Astenia
Tremores e Calafrios
Febre
Artralgia
Fonte:Thiberville S-D, Boisson V, Gaudart J, Simon F, Flahault A, et al. PLoS Negl Trop Dis 7(1): e2004.
Fase SUBAGUDA – duração: até 3 meses
Após defervescência da febre (média 7 dias):
• Fadiga ;
• Mialgia;
• Artralgias
• Tenossinovite;
• Poliartrite edematosa;
• Cefaléia
• Sintomas ocorrem em 30% dos pacientes
Fase CRÔNICA – de 3 meses a 5 anos
Após 3 meses (geralmente até 24 semanas)
Artrite e artralgia;
• Após 1 ano - 64% com rigidez e dor articular;
• Após 3 a 5 anos - 12% ainda com sintomas;
Fatores de risco:
• Idade > 45 anos;
• Doença articular prévia;
• Intensidade dos sintomas na fase aguda;
Perfil da DOR CRÔNICA
RECAÍDAS – 65%
COTÍNUA – 27%
CONTÍNUA COM RECAÍDAS 4%
CONTÍNUA COM AUMENTO DE INTENSIDADDE E
RECAÍDAS - 4%
Formas ATÍPICAS
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Pouco frequentes
Poliradiculoneuropatia,
Insuficiência Renal aguda,
Insuficiência Respiratória,
Miocardite, Pericardite,
Hepatite,
Uveíte, Retinite, Neurite óptica
Discrasias sanguíneas(epistaxe, gengivorragia, hematêmese,
melena – RAROS)
Pancreatite,
Pneumonia,
Síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético,
Insuficiência adrenal,
Encefalite, encefalopatias
Fatores de Risco para Manifestações Graves
1.Extremos de idade: < 2 anos e > 65 anos;
2.Uso de Aspirina e anti-inflamatórios não hormonais
3.Co morbidades
História de convulsão febril
Diabetes, Hipertensão, Doenças cardiovasculares, Asma
Insuficiência cardíaca
ALCOOLISMO
Doenças Reumatológicas
Doenças Renais
Doenças Pulmonares Crônicas
Doenças Neurológicas
Imunodeprimidos (por doenças, medicamentos)
Anemia falciforme, Talassemia
Manifestações Clínicas Graves
• Manifestações neurológicas:
GBS, PFA, convulsões, Meningoencefalite;
• Miocardite, Pericardite, Insuficiência cardíaca;
• Hemorragias, eventos tromboembólicos;
• Insuficiência Hepática;
• Insuficiência Renal ;
• Lesões dermatológicas graves(púrpura, dermatose bolhosa);
• NEONATOS
Sinais de gravidade e critérios de internação:
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Acometimento neurológico.
Descompensação de doença de base.
Dor intratável
RECÉM NASCIDOS.
Sinais de choque: extremidades frias, cianose, tontura,
hipotensão, enchimento capilar lento ou instabilidade
hemodinâmica.
Dispnéia.
Dor torácica.
Vômitos persistentes.
Sangramentos de mucosas.
TRANSMISSÃO
Principal: PICADA DOS VETORES
INTRA/PERI PARTO
EXPOSIÇÃO EM LABORATÓRIO
TRANSFUSÃO SANGUÍNEA
TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS e TECIDOS
Doação de SANGUE, TECIDOS e ÓRGÃOS
• A transmissão por sangue é possível.
• Solicitar aos doadores para relatarem qualquer doença que
venham a apresentar após a doação de sangue, enquanto
guarda as doações de sangue por vários dias (por exemplo,
2-5 dias) antes de liberá-las.
TRANSMISSÃO VERTICAL
Período PERI PARTO
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Sem teratogenia;
Abortamento espontâneo???
Se mãe virêmica no parto 49% a 85% de transmissão ;
Sem evidência de redução por cesariana;
Sem evidência de transmissão por aleitamento;
Sintomas iniciam entre 2º e 4º dias de vida (febre, dificuldade de
amamentação, irritabilidade)
• HOSPITALIZAR em UTI NEO – até desaparecimento dos sintomas
Exame clínico da gestante virêmica
1. Identificar sinais e sintomas da doença
2. Descartar os principais DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS:
• infecção urinária,
• pielonefrite,
• corioamnionite,
• coleciste,
• Apendicite etc.
3. Identificar SINAIS DE GRAVIDADE :
Manifestações neurológicas,
Hemorragias,gengivorragia, epistaxe, hematomas, púrpuras,
Contrações uterinas,
Deterioração do estado geral e
Alterações do RITMO CARDIO FETAL
Medidas para evitar a transmissão vertical
• Se possível, atrasar o parto
• Ampliar o monitoramento do RN
• Não existem intervenções preventivas
Manifestações graves em NEONATOS
• 49% a 85% de transmissão de mães em viremia
• Formas graves em até 90% dos casos
• Síndrome hiperálgica (recusa alimentar)
• INSTABILIDADE HEMODINÂMICA
• ENCEFALOPATIA – mais grave e frequente, principal causa de óbito
• Convulsões
• MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS (Pericardite,
aneurisma de coronárias etc)
• MANIFESTAÇÕES HEMORRÁGICAS
(inclusive com Hemorragias cerebrais e alt da
substância branca cerebral)
• Descamação, hiperpigmentação outras alt dermatológicas
• Necrose hepática
NECESSIDADE DE INTERNAÇÃO EM UTI NEONATAL – NÃO DAR ALTA PARA O RN filho de mãe virêmica
Manifestações em CRIANÇAS
• Menos manifestações reumatológicas
• Maior incidência de manifestações cutâneas graves
• Maior incidência de manifestações neurológicas:
encefalites, convulsões, síndromes meníngeas
Definições de caso
Caso Suspeito:
Todo paciente com doença febril aguda > 38,5ºC E artralgia
intensa/poliartralgia, que tenham estado em áreas com transmissão
nas duas últimas semanas antes do início dos sintomas.
Caso Confirmado:
Todo caso suspeito com positividade em exames específicos:
• Isolamento viral
• RT - PCR – detecção do RNA viral
• IgM (coletado durante a fase aguda ou de convalescença)
• ou aumento de quatro vezes o título de anticorpos IgG (intervalo
mínimo de 2 a 3 semanas).
*Em situação de epidemia de CHIKV em uma determinada área, o diagnóstico deve
ocorrer somente por critério clínico-epidemiológico exceto para as FORMAS ATÍPICAS,
GRAVES, RNS, GESTANTES E ÓBITOS.
Marcadores específicos
• Isolamento viral: ≤ 8 dias (ideal 5 d)
• Sorologia: Elisa IgM e IgG – A partir do 9º dia da doença.
• IgM pode ser detectada até 2 a 3 meses do início dos
sintomas
• RT-PCR: ≤ 8 dias de doença (4 – 12d)
MARCADORES ESPECÍFICOS
infecção pelo CHIKV
Y.-W. Kam et al. / Microbes and Infection 11 (2009) 1186e1196
Susceptibilidade e Imunidade
• SUSCEPTÍVEIS – pacientes nunca expostos ao CHIKV
• IMUNIDADE – duradoura, permanente
• Infecção ÚNICA (1 vez)
Diagnóstico Diferencial
História Epidemiológica: local de residência, viagens, exposição etc
• DENGUE, DENGUE, DENGUE E DENGUE
• Malária, Leptospirose, Febre Reumática, Artrite Séptica
• Alfavírus:
Ross River, Mayaro, O’nyong nyong, Barmah Forest,
Sindbis, Zika etc.
Diagnóstico Diferencial
-
Malária: periodicidade da febre, paroxismos, insuficiência renal, icterícia, alteração
do nível de consciência, hepato ou esplenomegalia e história de exposição em
áreas de transmissão;
-
Leptospirose: mialgia intensa em panturrilhas, congestão ocular, icterícia rubínica,
oligúria, hemorragia subconjuntival, considerar exposição;
-
Febre reumática: poliartrite migratória de grandes articulações, história de
infecção amigdaliana e/ou de pele;
- Artrite séptica: leucocitose, derrame articular, acometimento de grandes
articulações, geralmente 1 articulação acometida e história de trauma.
-
Artrite PÓS INFECCIOSA: Chlamydea, Shigella, Gonorréia, ARJ, Mononucleose,
Primo infecção por HIV)
-
ZIKA: Ocorre nas Ilhas Pacíficas, febre, cefaléia, mal estar, dor lombar, rash,mialgia
etc. Pouca artralgia.
Alterações Laboratoriais
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NEUTROPENIA
LINFOPENIA (< 1000 céls)
Leucopenia leve (geralmente < 5000 céls)
Plaquetopenia leve/moderada (rara – geralmente >
100.000/mm³);
Transaminases pouco aumentadas;
VHS geralmente elevada;
PCR aumentada na fase aguda(pode permanecer por algumas
semanas)
Elevação de CREATININA
Elevação de CK
Características Clínicas/Laboratoriais
Febre CHIKV e Dengue
Características Clínicas
Febre
Mialgias
Artralgias
Cefaléia
Erupção cutânea
Discrasias sanguíneas
Choque
Leucopenia
Neutropenia
Linfopenia
Hematócrito elevado
Trombocitopenia
CHIKV
+++
+
+++
++
++
+/++
+
+++
+
Dengue
++
++
+ /++ *
+
++
+
+++
+++
++
++
+++
Tratamento
e
Manejo clínico
Fase AGUDA
ANTITÉRMICOS E ANALGÉSICOS:
• Compressas frias
• Paracetamol
• Dipirona
• Codeína, Tramadol
 Hidratação;
 Repouso;
*CONTRA INDICADO AAS,
CORTICÓIDES e AINEs
*Avaliar o estado de HIDRATAÇÃO dos pacientes -Manter boa hidratação
*Em casos de transmissão de difícil controle, todos os casos suspeitos
devem ser mantidos sob MOSQUITEIROS durante o período febril da
doença
Fase CRÔNICA
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Analgesia (derivados de MORFINA em casos refratários)
AINEs
Corticóide (intra articular??)
Cloroquina?
Metotrexate?
 Fisioterapia - Formas leves de exercício e fisioterapia são
recomendadas para pessoas em recuperação (subaguda e
crônica)
Classificação de Risco
Dengue
Ckikungunya
Martinica
• População 386.486 habitantes.
• De dezembro de 2013 até setembro de 2014: 64.250 casos
(16,6% dos hab)
• 56 óbitos (0,087% dos casos).
Casos suspeitos de Chikungunya por SEp, 49-2013 a SEp38-2014.
Estimativa em proporções:
Pop MT: 3.182.144 hab – 528.235 casos - 459 óbitos
Pop CUIABÁ:569.831hab – 94.591 casos – 82 óbitos
Pop V GDE:262.880 hab – 43.638 casos – 38 óbitos
Ilha La Réunion (FR)
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População: 770.000 hab aproximadamente
Soroprevalência: 38,35% (aprox. 260.000 casos)
Faltas em trabalho e escolas – 40%
60% dos pacientes estiveram internados por mais
de 3 semanas
• 1 caso grave para cada 1000 casos infectados
• 203 óbitos
Casos ATÍPICOS e GRAVES – Ilhas Reunion
VACINAS
NÃO HÁ
DISPONÍVEL!
www.saude.gov.br/svs
Silbene Lotufo Müller
VIGEPI – SES/MT
Tel: 3613-5381 // 9982-8510
[email protected]
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