Iniciamos o Advento - Diocese de Patos de Minas

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Iniciamos o Advento
Entramos no novo Ano Litúrgico com o tempo do Advento. Este tempo nos
chama a atenção para a Vigilância, para acolher os Sinais de Deus nesse Ano A, em
que nos acompanhará aos domingos principalmente o Evangelho de São Mateus.
Com o Advento, entramos no tempo que nos prepara para a segunda vinda de
Cristo e para o Natal do Senhor, sua primeira vinda na história. Este tempo de
esperança nos faz relembrar e reviver as primeiras etapas da História da Salvação,
quando os homens e as mulheres se preparavam para a vinda do Salvador, a fim de
que também nós possamos preparar hoje em nossa vida a vinda de Cristo por
ocasião do Natal. Nas duas primeiras semanas do Advento, vigilantes e alertas,
esperamos a vinda definitiva e gloriosa do Cristo Salvador, e nas duas últimas
semanas, lembrando a espera dos profetas e de Maria, preparamos mais
especialmente o seu nascimento em Belém.
O tempo do Advento vem acompanhado do convite do profeta Isaías: "Dizei
aos que têm o coração pusilânime: "Tomai ânimo, não temais... o nosso Deus... vem
em pessoa salvar-nos “" (Is 35, 4). Ele torna-se mais envolvente com a aproximação
do Natal, enriquecendo-se com a exortação a preparar o coração para o
acolhimento do Messias. Aquele que o povo espera virá certamente, e a sua
salvação será para todos os homens.
A liturgia do Advento, repleta de evocações constantes da expectativa
jubilosa do Messias, ajuda-nos a compreender plenamente o valor e o significado do
mistério do Natal. Não se trata de comemorar apenas o acontecimento histórico,
que se verificou há mais de dois mil anos numa pequena aldeia da Judéia. Ao
contrário, é preciso compreender que toda a nossa vida deve ser um "advento", uma
expectativa vigilante da vinda definitiva de Cristo. Para predispor o nosso coração
para receber o Senhor que, como dizemos no Credo, virá um dia para julgar os vivos
e os mortos, devemos aprender a reconhecê-Lo, Ele que está presente nos
acontecimentos da existência quotidiana. Então o Advento é, por assim dizer, um
treino intenso que nos orienta decisivamente para Aquele que já veio, que virá e
que vem continuamente.
“Na linguagem da Igreja, a palavra Advento tem dois significados: presença
e expectativa. Presença: a luz está presente, Cristo é o novo Adão, está conosco e
no meio de nós. Já resplandece a luz e devemos abrir os olhos do coração para ver
a luz e para nos introduzirmos no rio da luz. Estar, sobretudo, gratos pelo fato de
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que o próprio Deus entrou na história como nova fonte de bem. Mas Advento
significa também expectativa. A noite escura do mal ainda é forte! E por isso
rezemos no Advento com o antigo povo de Deus: "Rorate caeli desuper". E rezemos
com insistência: vem, Jesus, dá força à luz e ao bem; vem onde dominam a mentira,
a ignorância de Deus, a violência, a injustiça, vem, Senhor Jesus, dá força ao bem
no mundo e ajuda-nos a ser portadores da tua luz, artífices da paz, testemunhas da
verdade. Vem, Senhor Jesus!" (Papa Bento XVI)
O Advento é celebrado com sobriedade e com uma alegria discreta, quase
contida. Por isso, não se canta o Glória, que fica reservado para a noite e o dia do
Natal, quando juntamos nossa voz à dos anjos para dar glória a Deus pela salvação
que realiza em nosso meio.
A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável para
nos ensinar sobre o mistério da salvação e colocarmos a nossa vida tendo como
referência Jesus, fundamento da nossa fé, dispondo-nos a “perder” a vida em
favor do anúncio e instalação do Reino. Por isso, a liturgia do Advento nos
impulsiona a reviver alguns dos valores essenciais cristãos, como a alegria
expectante e vigilante, a esperança, a pobreza, a conversão. Deus é fiel às suas
promessas: o Salvador virá; daí a alegre expectativa, que deve, neste tempo, não só
ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com certeza.
Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de
uma realidade concreta e atual. A esperança da Igreja é a esperança de Israel já
realizada em Cristo, mas que só se consumará definitivamente na parusia do
Senhor. Por isso, o brado da Igreja característico neste tempo é “Maranatha”!
Vem, Senhor Jesus!
O tempo do Advento é tempo de esperança, porque Cristo é a nossa
esperança (1Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das
nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna, esperança que nos forma na
paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições
etc.
O Advento é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o ser a
Cristo não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da sua vinda. É
necessário que “preparemos o caminho do Senhor” nas nossas próprias vidas,
“lutando até o sangue” contra o pecado, por meio de uma maior disposição para a
oração e mergulho na Palavra. Nesse sentido agradeço todo o trabalho dos
“mutirões de confissões” que acontecem em toda a Arquidiocese quando tantos
padres se dedicam, com afinco, ao atendimento das confissões. Poderíamos até
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pensar em dias e horários para atendimento de confissões em locais públicos, fora
dos templos, para ajudar aqueles que trabalham nos shopping centers e em outros
locais, como tivemos também durante a Jornada Mundial da Juventude. Devemos ir
ao encontro daqueles fiéis batizados que não atingimos com nossas estruturas
paroquiais.
No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência da pobreza
e da misericórdia, como nos tem pedido insistentemente o Papa Francisco. Na
tarde do último sábado, dia 30 de novembro, como já é tradição no inicio do
Advento, o Papa rezou na Basílica de São Pedro as primeiras Vésperas com os
Estudantes e Professores das Universidades Pontifícias e Ateneus Romanos e
italianos.
Nas palavras que lhes dirigiu, o Papa Francisco disse que Deus nos
concedeu muitos tesouros espirituais. Por que, então, deve intervir sempre para
mantê-los íntegros? – perguntou-se, logo respondendo que é porque nós somos
débeis, a nossa natureza humana é frágil e os dons de Deus são conservados em
nós como que num vaso de barro (ele tratou desse tema aqui no Rio de Janeiro, na
missa que celebrou para o Seminário São José, no Sumaré). Disse o Papa que a
intervenção de Deus a favor da nossa perseverança até ao encontro definitivo com
Jesus é expressão da sua fidelidade, antes de mais consigo próprio. A obra que
começou em cada um de nós leva-o a cumprimento. E isto dá-nos segurança e
confiança, uma confiança que assenta em Deus e requer a nossa colaboração ativa e
corajosa, perante os desafios do presente. O convite do Papa aos jovens
universitários, que com a sua vontade e capacidade, unidas à potência do Espírito
Santo que habita em cada um, consentem-lhes ser não espectadores, mas
protagonistas do mundo contemporâneo, vale para todos os que são batizados e
deve ser a mola propulsora deste tempo da graça, de fidelidade à Palavra de Deus
e de fazer da nossa vida um verdadeiro presépio.
Abrindo o tempo do Advento, assim se expressou o Papa Francisco: “Na vida de
cada um de nós há sempre uma necessidade de recomeçar, de levantar-se, de
recuperar o sentido da meta de sua existência”. “Assim, para a grande família
humana, é necessário renovar sempre o horizonte comum para o qual estamos a
caminho. O horizonte da esperança! O tempo do Advento, que hoje novamente
iniciamos, nos dá o horizonte da esperança, uma esperança que não desilude, porque
é fundada sobre a Palavra de Deus.” Bom advento a todos!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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