3. Influência Social 3.1. Atitudes e persuasão 3.2. Mudança de atitudes 3.3. Conformidade e obediência Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 1 Exemplos: 1978 – mais de 900 adeptos da seita People‟s Temple, do Reverendo Jones, aceitaram beber uma mistura de morangos, tranquilizantes, analgésicos e uma dose de cianeto; 1994 – 53 corpos foram encontrados nas vilas suíças de Cheiry e Granges-surSalvan e na vila canadiana de Morin Heights – Quebec 1995 e 1996 – 21 atentados-suicídios na serra do Vercors e em Saint-Casimir, no Quebec; 1997 – adeptos de Heaven‟s Gate, 2 dias depois do solstício da Primavera, na Califórnia: encontrado suicídio colectivo de 17 homens e 21 mulheres envenenados e asfixiados… Fenómeno das seitas – mecanismos de influência social – Psicologia Social Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 2 Várias definições… mas em comum: “uma atitude reenvia uma representação mental que condensa a nossa avaliação sobre um objecto” (Leyen e Yzerbyt, 2008: 91) Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 3 Atitude: Direcção positiva negativa neutra Intensidade tímida tomada de posição até reacções violentas Objecto Outras pessoas (amigos, colegas, presidente) Objectos concretos (carro, trabalho de uma cadeira, comida) Conceitos abstractos (solidariedade, economia, democracia) Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 4 Atitude: Não é algo fixo É uma construção psicológica Relaciona-se com as tendências do nosso comportamento: mudar atitudes permite mudar o comportamento Como medir uma atitude: 1. Escalas de atitudes para indicar grau de acordo 2. Instrumentos baseados nas respostas fisiológicas (menor controlo consciente) 3. Medidas de tempo de reacção 4. Informar entrevistados que existe um detector de mentiras 5. Observação do comportamento das pessoas… mas há custos e os comportamentos nem sempre revelam atitudes. Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 5 1. Teoria da acção reflectida (Fishbein e Azjen, 1975) A atitude só influencia o comportamento se houver intenção comportamental A própria atitude integra a avaliação dos custos e benefícios do comportamento (o que é que eu ganho com isso?) As preocupações normativas condicionam a atitude (O que é que os outros vão pensar? Importo-me com isso?) 2. Teoria do comportamento planificado (Azjen, 1988) • a intenção comportamental está presente no grau de controlo que pensamos exercer • percepção do controlo comportamental: conjunto de factores que intervêm na realização de um comportamento como facilitadores ou obstáculos. Ex: muitos têm uma atitude forte e positiva para deixar de fumar, mas nem o tentam porque o resultado parece condenado ao fracasso – falta de controlo. ps5.pdf Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 6 Estrutura das atitudes: 1. Cognitiva Persuasão 2. Afectiva Mudança das atitudes 3. Comportamental Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 7 Estudos sobre Persuasão 2 etapas principais: 1. A recepção da mensagem (McGuire, 1968, 1972): a recepção é uma etapa da persuasão e engloba: 1.1. A atenção concedida à mensagem 1.2. A compreensão das informações que ela contém 2. A aceitação da mensagem: para haver persuasão, a audiência deve aderir à mensagem. Para Hovland, quando as pessoas recebem uma mensagem nova há uma modificação da sua estrutura atitudinal (teoria da aprendizagem: maior apreensão se houver benefícios) Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 8 Estudos sobre Persuasão 2 casos: 1. Exame escrupuloso da mensagem Ex: 1988 – campanha presidencial. O canal Antenne 2 foi atacado pelos partidos de direita porque apareceu uma fotografia do candidato de esquerda (F. Miterrand) durante umas fracções de segundo no genérico do telejornal (subliminar). Abordagem da resposta cognitiva O factor determinante da mudança de atitude está na actividade intelectual do receptor: se o exame crítico dos argumentos é positivo, tende-se a aceitar a comunicação persuasiva. “Para que uma atitude seja modificada no sentido da mensagem, é preciso que suscite uma maioria de pensamentos favoráveis” Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 9 Estudos sobre Persuasão 2 casos: 2. Exame superficial da mensagem: as pessoas não estão sempre em condições de avaliar os méritos da mensagem persuasiva com base nos argumentos. 2.1. modelo da probabilidade de elaboração (Petty e Cacioppo, 1986) – ps6.pdf Factores que aumentam a probabilidade de um exame central, que amplifica o impacto dos bons argumentos: Motivação forte para analisar argumentos (ex: atenção dada aos discursos do 1º ministro) Características individuais – nem todas as pessoas têm a mesma vontade de reflectir: necessidade de cognição Relação com o objecto atitudinal Introdução de elementos de distração numa mensagem (ex: publicidade) Questões retóricas (maior rapidez de discurso, argumentos mais complexos) Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 10 Estudos sobre Persuasão 2 casos: 2. Exame superficial da mensagem: (continuação) 2.2. modelo do tratamento sistemático e heurístico (Chaiken, 1987): raciocinamos à base de princípios que já deram as suas provas e nos guiam no quotidiano (Heurísticas) – evitamos investir tempo e esforço para reflectir em tudo o que fazemos. ex: esta fonte é especialista neste tema – posso acreditar; as estatísticas não mentem, etc. As heurísticas serão activadas na cabeça do receptor, quer de maneira crónica quer pelas circunstâncias. Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 11 Estudos sobre Persuasão Resistir às tentativas de influência: • a distracção reduz as tendências para reagir negativamente ou positivamente • raramente somos neutros face às várias comunicações • podemos estar conscientes da intenção persuasiva da fonte • é possível haver preparação para uma tentativa de persuasão Teoria da inoculação (McGuire, 1964): •Ex: nos jovens que começam a fumar, pressões sociais dos pares reduzir o risco de se tornarem fumadores com argumentos como “só um banana fuma só para mostrar aos outros que é capaz” Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 12 1. Factores cognitivos – a mensagem persuasiva 2. Factores afectivos – 3 linhas de pesquisa: 2.1. condicionamento clássico e investimento afectivo 2.2. efeito da exposição simples 2.3. impacto do humor no tratamento da informação 3. Comportamentos Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 13 Factores afectivos: as mensagens persuasivas usam o poder das emoções 2.1. condicionamento clássico… Experiências de Pavlov (1927) com cães: a associação repetida de um estímulo neutro no início (campainha) com outro (comida) associado a uma resposta incondicional (salivação) resulta em que o estímulo neutro se torna condicional e provoca a resposta de acordo com o modelo de probabilidade de elaboração, a capacidade de condicionamento para mudar atitudes será menor se as pessoas tratarem a informação mais escrupulosamente … e investimento afectivo o estímulo neutro é apresentado depois do investimento afectivo. Ex: Krosnick et al., 1992: mostraram a um grupo 9 slides sobre uma jovem em actividades quotidianas. Antes de cada slide, era mostrada por 9mseg uma foto com uma resposta positiva (recém-casados) ou negativa (serpentes) – percepção subliminar Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 14 Factores afectivos: as mensagens persuasivas usam o poder das emoções 2.2. exposição simples Uma forma simples de modificar as atitudes das pessoas é apresentar-lhes o mesmo estímulo muitas vezes: o reconhecimento de um símbolo produz “uma suave sensação de calor” a falta de reconhecimento produz “uma agitação desagradável” (Titchener, 1910) O impacto da repetição de estímulos é tanto maior quanto menos é consciente (Bornstein, 1989): quando há análise, faz-se tratamento cognitivo e a exposição simples dá lugar a reacções cognitivas Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 15 Factores afectivos: as mensagens persuasivas usam o poder das emoções 2.3. impacto do humor As pessoas reagem muitas vezes em função do seu humor no momento O humor tem um papel informativo, mas influencia também a mobilização dos recursos cognitivos: as pessoas com humor positivo tratam as mensagens publicitárias de modo superficial as pessoas de bom humor têm mais tendência a apoiar-se em indícios periféricos (dimensão da mensagem, carácter científico, etc.) que na qualidade dos argumentos o humor positivo leva a uma análise superficial da mensagem o humor neutro ou negativo leva a um exame aprofundado dos argumentos Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 16 Factores afectivos: as mensagens persuasivas usam o poder das emoções Meter medo para convencer: Apelos pelo medo são comuns em campanhas de prevenção Hovland (1953): o medo afecta a motivação e a capacidade das pessoas para tratarem uma mensagem persuasiva experiências mostram que os apelos pelo medo contra por exemplo o tabaco são eficazes, mas… quando a comunicação aposta no medo intenso em vez de moderado, existem mais comentários desfavoráveis ou respostas de fuga Teoria da motivação para a protecção (Rogers, 1983): Está-se motivado para a saúde se se acreditar que a ameaça é real. Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 17 Comportamento: as atitudes são susceptíveis de mudança com base num comportamento Teoria da dissonância cognitiva (Festinger (1957): Para conseguir impor uma transformação, o comportamento tem de se demarcar das atitudes prévias baseia-se nas relações entre os elementos do sistema cognitivo as relações entre elementos podem ser dissonantes consonantes ou não pertinentes há dissonância quando as cognições são incoerentes entre si. Ex: fumar sabendo que é perigoso 3 formas de restabelecer a consonância: 1. Modificar uma das cognições para que fique consonante com a outra 2. Acrescentar cognições consonantes para reduzir o impacto da dissonante 3. Diminuir a importância da cognição dissonante As pessoas têm tendência a modificar a cognição menos resistente: muitas vezes é mais fácil mudar as atitudes que o comportamento para eliminar a dissonância Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 18 Ex: conto de Andersen „o Rei vai nu‟ – para definir o que é a realidade não nos baseamos só na nossa experiência mas confiamos muito nos outros. Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 19 1. Sherif e o efeito autocinético: Numa experiência, os participantes fixavam um ponto luminoso numa escuridão total. Esse ponto parece deslocar-se (efeito autocinético) e era pedido que avaliassem a amplitude. Individualmente, as estimativas são muito diferentes; em grupo, as respostas aparecem cada vez mais coerentes, até se transformarem em norma colectiva. 2. O efeito Asch: Numa experiência, 8 estudantes vêem 18 vezes 2 cartões rectangulares com a distância de 1 metro (na esquerda, 1 linha preta, à direita, 3 com comprimentos diferentes, um igual ao da esquerda). Em 12 das 18 avaliações, 7 participantes têm a missão de uma resposta errada: 37% das respostas são conformes à norma. 2 categorias de respostas: 1. A independência caracteriza-se por um sentimento de confiança nas percepções ou em distância e desconfiança dos outros 2. O seguidismo caracteriza-se por terem ficado assustados com as reacções negativas dos outros ou porque supostamente a unanimidade joga a favor da exactidão. Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 20 Dependência informativa: tem-se em conta as opiniões dos outros na percepção da realidade importância da unanimidade da resposta da maioria (ex: experiência de Asch) ambiguidade do estímulo – se aumentar, maior será a conformidade Dependência normativa: influência que tem a ver com a procura da aprovação social a distância entre resposta pública e privada (questão do anonimato) mostra que as reacções das pessoas são moldadas por preocupações normativas os objectivos do grupo amplificam a intensidade do conflito normativo: uma forte coesão grupal aumenta as tendências conformistas, bem como os sentimentos positivos Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 21 A teoria do referente informativo (Turner, 1991): a validade de uma informação, opinião ou comportamento não é intrínseca, mas deriva de um processo de comparação social: são as pessoas mais parecidas connosco e que pertencem aos mesmos grupos as melhor colocadas para nos informar da correcção das nossas opiniões: relação entre dimensão informativa e normativa leva em conta a validação social das opiniões através de um grupo de referência Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 22 A obediência: O peso da autoridade (Ex: Igreja Católica): as pesquisas de Milgram (1974): colocado no lugar de professor, o experimentado teria de administrar choques eléctricos ao aluno que errasse respostas sob pressão de uma autoridade contra o expectável, 62,5% dos participantes foram até ao fim da experiência conclui-se que as circunstâncias têm uma importância primordial na obediência o comportamento pode ser o álibi da docilidade: se o anterior foi aceitável, porque não mais este?... a desobediência ou dissidência é muitas vezes um acto colectivo Psicologia Social 07-05-2009 Licenciatura em Ciências da Comunicação 23