FAMAT em Revista E o Meu Futuro Profissional?

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FAMAT em Revista
Revista Científica Eletrônica da
Faculdade de Matemática - FAMAT
Universidade Federal de Uberlândia - UFU - MG
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E o Meu Futuro Profissional?
Número 10 - Abril de 2008
www.famat.ufu.br
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FAMAT em Revista - Número 10 - Abril de 2008
Comitê Editorial da Seção
E o Meu Futuro Profissional?
do Número 10 da FAMAT EM REVISTA:
Ednaldo Carvalho Guimarães (coordenador da seção)
Maria Luisa Maes
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O MERCADO DA ESTATÍSTICA EMPRESARIAL
Entrevista com José Eduardo Ferreira Lopes.
José Eduardo foi acadêmico do I Curso de Especialização em Estatística
Aplicada da FAMAT/UFU e tem grande experiência no mercado de trabalho de
Uberlândia. Ele atuou como Professor Convidado no I Curso de Especialização
em Estatística Empresarial que está sendo oferecido pela FAMAT/UFU. Ele irá
nos falar sobre a demanda de profissionais especializados na análise de dados
em empresas.
1. Nos fale sobre a sua formação e a sua atuação profissional.
Sou graduado em Informática pela UFV (1990-1994), graduado em
Administração pela UFU (1995-2000), especialista em Estatística pela
UFU (2003), MBA em Marketing pela UFU (2004) e Mestre em
Administração pela UFU (2005-2007).
Quanto à atuação profissional, quando terminei o curso de Informática,
vim para Uberlândia trabalhar como Analista de Sistemas em uma rede
de lojas de varejo. Após um ano, fui trabalhar no Grupo Martins, também
como Analista de Sistemas. Mais três anos, tive uma passagem muito
rápida pela Rezende Alimentos e me transferi para a CTBC Telecom.
Trabalhei lá por oito anos, dois como analista de sistemas e seis como
analista de Marketing. Há um ano estou trabalhando no Tribanco. Em
2006 dei início também à carreira de docente. Sou professor da Uniube,
ministrando disciplinas relacionadas a Marketing e Estratégia. Ministro
também alguns módulos em cursos de Pós Graduação na UFU, na
UNIUBE e na UNIMINAS.
Nos últimos oito anos venho trabalhando com a estatística aplicada a
bases de dados para subsidiar a tomada de decisões. Na CTBC,
usávamos a estatística aplicada principalmente a marketing, na
formação de preços, desenvolvimento de novos produtos, segmentação
de mercado, estimativa de demanda, desenho de ofertas, detecção de
fraudes, entre outras aplicações. Já, no Tribanco, trabalhamos com a
estatística e a inteligência artificial aplicados, principalmente, à análise e
concessão de crédito para clientes – desenvolvemos os modelos
conhecidos por credit score e behavior score.
2. Como você analisa o atual cenário empresarial? Como está o nível
de competição? Como a estatística se insere neste contexto?
Nos últimos anos a competição entre as empresas se tornou muito
acirrada. No Brasil especialmente, desde o governo Collor e com a
contribuição efetiva do governo Fernando Henrique, houve uma
significativa abertura da economia, um volume enorme de privatizações,
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fusões e aquisições. Vivemos em um ambiente efetivamente global. Os
competidores são globais, as empresas, cada vez mais, se
profissionalizam e, como conseqüência, precisam de profissionais
qualificados. Citamos como exemplo o setor de Telecom, que viveu um
boom, especialmente em função da privatização do segmento. Na área
de telefonia fixa, novas operadoras surgiram, além de novas regras que
beneficiaram o usuário. Por outro lado, a telefonia móvel cresceu
exponencialmente, passando de 8 milhões de aparelhos comercializados
em 2003 para mais de 120 milhões em janeiro de 2008, segundo dados
da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Esse cenário
ampliou a concorrência e a briga por fatias de mercado entre as
operadoras.
É neste contexto que a estatística empresarial ganha fundamental
importância. As empresas precisam manter-se competitivas, as margens
de lucro diminuem, os concorrentes manobram para conseguir maior
participação de mercado. Assim, os decisores não podem mais acreditar
apenas no feeling. É necessário tomar decisões acertadas, com o menor
risco possível, e com a maior rentabilidade. A estatística pode contribuir
de forma ímpar neste processo de decisão.
Normalmente, as empresas armazenam grandes volumes de dados
sobre as suas operações. Estas grandes bases de dados e a aplicação
de técnicas estatísticas e de mineração de dados geram informações
relevantes para a tomada de decisão. Continuando o exemplo em
Telecom, um dos problemas crônicos, recorrente e preocupante é o
churn. Trata-se de um termo emprestado do inglês e que significa
abandono do serviço pelo cliente. O esforço das operadoras é sempre
no sentido de reduzir ou eliminar o churn. A grande questão é evitar que
o usuário tome essa decisão e não apenas tentar retê-lo quando já não
há mais volta. Para tanto, as operadoras armazenam consideráveis
volumes de dados sobre o uso e o cancelamento dos seus serviços
pelos clientes. Logo, o trabalho é processar estes dados e utilizar
alguma técnica estatística, como regressão logística, por exemplo, e
encontrar o padrão dos clientes que cancelam a assinatura. Identificado
o padrão, a operadora verifica na sua base de clientes ativos aqueles
clientes que tem o padrão dos clientes que cancelam e, então, elaboram
ofertas para retê-los ativamente.
3. Qual é o perfil do profissional para trabalhar com a estatística
empresarial? Quais são as características essenciais? Como está o
mercado de trabalho?
O mercado de trabalho para este profissional está totalmente aquecido.
A demanda é muito grande e não se encontra profissionais disponíveis.
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Aqui em Uberlândia, por exemplo, as empresas estão buscando por
estes profissionais em São Paulo ou Belo Horizonte. Mesmo assim, levase tempo. Os bons profissionais estão todos colocados em grandes
empresas e trazê-los para Uberlândia é muito difícil.
O perfil de profissional que as empresas estão buscando é de um
profissional que seja dinâmico, proativo, que tenha noções gerais de
gestão, de finanças, de marketing e, principalmente, que tenha uma boa
dose de raciocínio lógico e analítico. É fundamental que este profissional
seja capaz de traduzir os problemas empresariais em problemas
matemáticos e, depois, transformar as soluções matemáticas em
soluções empresariais. O dilema que as empresas têm vivido é que,
quando encontram bons analistas de negócio, eles são deficientes na
dimensão quantitativa. Quando encontram bons profissionais
quantitativos, eles são deficientes na análise de negócio. O segredo é
encontrar o equilíbrio entre as dimensões quantitativa e analítica. Aqui,
quero ressaltar um ponto: O matemático tem uma enorme vantagem que
é a formação quantitativa. Basta a ele procurar pela formação em gestão
de negócios. É mais fácil formar um matemático em negócios do que
formar um administrador em métodos quantitativos.
Porém, alguns requisitos básicos são exigidos de quem se pretenda
enveredar pela estatística empresarial: 1) é fundamental que se tenha
domínio sobre o conceito de bancos de dados e SQL. Extração, e
transformação de dados. Conforme já falamos anteriormente, grandes
bases de dados são os insumos básicos que as empresas têm. Porém,
até chegar ao ponto de aplicar a estatística nestas bases de dados, um
árduo caminho de extração e tratamento dos dados deve ser percorrido.
Espera-se que o estatístico empresarial realize este trabalho; 2) também
relacionado ao item anterior, é imprescindível que este profissional
domine uma ferramenta estatística de grande porte, normalmente o
SPSS ou SAS. Todas as grandes empresas estão utilizando uma destas
duas ferramentas.
4. Alguma outra consideração?
O uso da estatística empresarial é um caminho sem volta. Tanto as
empresas que ainda não a utilizam, deverão começar a pensar e
planejar o seu uso rapidamente, assim como os profissionais deverão se
preparar para ocupar esta enorme lacuna existente no mercado.
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