Pág 1 Fundação Universidade Federal CONTROLE DE DO MOTOR de INDUÇÃO Mato Grosso do Sul DE Acionamento Eletrônico de Motores Aula 8 - Controle de velocidade motor de indução Speed control of Induction Motors Prof. Márcio Kimpara FAENG – Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia Campo Grande – MS Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 2 Princípios básicos do controle de velocidade O controle de velocidade/torque do motor de indução requer técnicas mais elaboradas em comparação com as máquinas CC. Na aula anterior, encontramos a expressão que características torque-velocidade do motor de indução: Tm relaciona as 3.Rr .VS2 2 Rr 2 s.s . Rs X s X r s Donde se extrai: smax Rr R Xs Xr 2 s 2 Tmax Prof. Marcio Kimpara 3 V 2 2s R R 2 X X s s r s Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 2 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 3 Controle de velocidade Examinando as variáveis da equação, podemos concluir que a curva torque x velocidade pode ser controlada por, pelo menos, uma das variáveis a seguir: • Resistência do rotor ou estator • Magnitude da tensão do estator • Frequência da tensão terminal aplicada ao estator • Indutância do rotor ou estator Em sistemas modernos, cada uma das técnicas acima por si só não é suficiente. Entretanto, combinando mais de uma, o controle se torna mais eficiente. Desta forma, embora não seja evidente apenas examinando a equação anterior, existem outras técnicas usuais e mais eficientes para controlar o motor de indução. Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Controle de velocidade Outras técnicas: • Controle da magnitude e frequência da tensão (controle escalar) • Controle vetorial Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 Pág 4 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 5 Controle de velocidade – Método Resistência Controle de Velocidade de um Motor de Indução com Rotor Bobinado (anéis) – Utilização de resistências externas no circuito do rotor – Ajuste do circuito do rotor – variação de Rr Tm Prof. Marcio Kimpara 3.Rr .VS2 2 Rr 2 s.s . Rs X s X r s Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 6 Controle de velocidade – Resistência Rotórica • Em uma maquina de rotor bobinado, uma conexão trifásica de resistores externos pode ser feita aos anéis, como mostrado na figura anterior. • O torque desenvolvido pode ser variado através da variação da resistência Rx. Esse método aumenta o torque de partida, além de limitar a corrente de partida. A velocidade síncrona e o torque máximo não são afetados. • Trata-se de um método ineficiente e haverá desequilíbrio nas tensões e correntes se as resistências no circuito do rotor não forem exatamente iguais. Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 7 Controle de velocidade – Resistência Rotórica • O controle de velocidade por variação da resistência é mais realista em maquinas com rotores bobinados. Devido à disponibilidade dos enrolamentos do rotor para a variação da resistência deste, este tipo de máquina oferece maior flexibilidade para o controle, mas ha um aumento do custo e necessidade de manutenção devido aos anéis. • Controlar a velocidade de um motor através da variação da resistência não é considerado um método prático para aplicações de velocidade variável. Este método só é válido para aplicações que exigem elevado torque de partida. Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 8 Controle de velocidade – Resistência Rotórica As figuras abaixo ilustram as famílias de curvas torque-velocidade, obtidas para diferentes valores de Rx. O aumento na resistência do rotor não afeta o valor do torque Maximo, mas aumenta o escorregamento no torque máximo. As maquinas de rotor bobinado são amplamente utilizadas em aplicações que requerem frequentes partidas e frenagens com torques elevados (por exemplo, guindastes). Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 9 Controle de velocidade – Resistência Rotórica EXERCÍCIO • MIT – V=230V, f=60 Hz (379,9911 rad/s), Rs = 0.1Ω, Rr = 0.1Ω, Ls=0.002 H, Lr = 0.02 H. Utilizando o Matllab, faça Rext variar de 0.1 a 0.5 ohm e plote as curvas torque x velocidade Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Controle de velocidade – Resistência Problemas associados à variação da resistência: – Sacrifício da eficiência Pout Rr leva a Pin – Necessita de acesso ao circuito do rotor; – Variar a resistência do estator é impraticável; – Faixa estreita e discreta; Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 Pág 10 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 11 Controle de velocidade – Indutância Ajustando a indutância dos enrolamentos é um método não realístico devido à: • O tamanho físico da indutância para produzir uma variação considerável na velocidade pode ser maior que o próprio motor; • Ao contrário da variação da resistência, variar a indutância requer onerosos e elaborados métodos; • A inserção de indutância reduz o torque de partida; • A inserção de indutância consume energia reativa, o que provoca um já baixo, fator de potência. Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 12 Controle de velocidade – Amplitude da tensão A magnitude da tensão da fonte poderia ser reduzida mantendo-se a frequência constante, mas esse método é muito inconveniente porque reduziria tanto o fluxo magnético no entreferro quanto a corrente do rotor , resultando em um decréscimo no torque proporcional ao quadrado da redução da tensão, além de elevados valores de escorregamento. Da equação do torque vê-se que ele é proporcional ao quadrado da tensão aplicada ao estator. Assim para um dado torque, uma redução na tensão produz uma diminuição na velocidade (um aumento no escorregamento) Tm Prof. Marcio Kimpara 3.Rr .VS2 2 Rr 2 s.s . Rs X s X r s Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 13 Controle de velocidade – Amplitude da tensão A tensão do estator pode ser variada através de: 1. Controladores CA trifásicos; 2. Inversores trifásicos do tipo fonte de tensão com estágio CC variável; 3. Inversores trifásicos PWM. Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 14 Controle de velocidade – Amplitude da tensão EXERCÍCIO • MIT – V=230V, f=60 Hz (379,9911 rad/s), Rs = 0.1Ω, Rr = 0.1Ω, Ls=0.002 H, Lr = 0.02 H. Utilizando o Matllab, faça V variar de 100 a 300 volts e plote as curvas torque x velocidade Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 15 Controle de velocidade – Amplitude da tensão Implicações do ajuste de velocidade através da magnitude da tensão aplicada ao estator: – Faixa estreita de variação de velocidade; abaixo de uma determinada tensão o motor pode parar – A produção do torque varia com V2 – Tendo em mente que a tensão terminal não pode exceder o valor nominal (devido à isolação), esta técnica só é adequada para reduzir a velocidade para abaixo do valor nominal – O escorregamento para o torque máximo não é alterado – Contudo, este é um excelente método para redução da corrente de partida (soft-starter) – Deve ser evitado em situações onde a carga exige torque constante. Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 16 Controle de velocidade – Frequência da tensão Controle de velocidade através do ajuste da frequência da fonte de alimentação, mantendo-se a magnitude da tensão constante Em regime permanente, o motor opera na região de baixo escorregamento, onde a velocidade do motor é bem próxima à velocidade síncrona. ns 120 f p Uma vez que a velocidade síncrona é diretamente proporcional à frequência da tensão no estator, qualquer alteração na frequência resulta numa mudança equivalente na velocidade do motor. Para alteração da frequência, um conversor cc/ca pode ser utilizado. Família de curvas obtidas para diferentes frequências Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 17 Controle de velocidade – Frequência da tensão Ao contrário da tensão, a frequência pode ser alterada para um valor maior ou menor do que o valor nominal Efeitos de uma frequência excessivamente elevada • Elevação na velocidade síncrona; • Decréscimo no torque máximo. O torque máximo é inversamente proporcional à velocidade síncrona e a reatância equivalente (Dependendo do torque de carga, o motor pode travar) • Decréscimo do torque de partida; • Aumento na velocidade quando o é torque máximo. A elevação na frequência faz com que o escorregamento de torque máximo decaia; • Redução da corrente de partida – Além do aumento na reatância em decorrência do aumento da frequência, em alta frequência, a resistência dos enrolamentos aumenta devido ao efeito skin. Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 18 Controle de velocidade – Frequência da tensão Efeitos de uma frequência excessivamente baixa • A redução da frequência leva à baixa reatância resultando na elevação da corrente elétrica – Uma redução acentuada da frequência pode provocar uma corrente elétrica maior que o valor nominal; • Problemas de saturação magnética. Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 19 Controle de velocidade – Frequência da tensão EXERCÍCIO • MIT – V=230V, f=60 Hz (379,9911 rad/s), Rs = 0.1Ω, Rr = 0.1Ω, Ls=0.002 H, Lr = 0.02 H. Utilizando o Matllab, faça a frequência variar de 10 a 100 Hz e plote as curvas torque x velocidade Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 20 Introdução ao Controle escalar A elevação na frequência da tensão do estator aumenta a velocidade do motor... mas também diminui o torque máximo. Por outro lado, o aumento na magnitude da tensão eleva o torque máximo. Portanto, se combinarmos ambas as características, teremos uma metodologia de controle na qual a velocidade diminui e o torque é máximo é mantido. Esta metodologia é conhecida como V/f ou controle escalar. Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 21 Características Operacionais Como já vimos, V f Um aumento na frequência resulta numa maior reatância e menor corrente, portanto, um fluxo reduzido. [first Para manter fluxo magnético row ofo matrix] constante e, consequentemente o torque, a tensão deve ser elevada de maneira proporcional. O inverso é análogo. A implementação deste método é obtida através dos inversores com modulação PWM. Os inversores devem manter uma relação linear entre tensão e frequência até o ponto de tensão e frequência nominais. Prof. Marcio Kimpara PWM Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 22 Controle escalar Caso variemos a frequência e a magnitude da tensão simultaneamente, mantendo-se a proporção entre ambas constante, obteremos a seguinte família de curvas de torque x velocidade: Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 23 Controle escalar Para velocidades síncronas inferiores à velocidade base (nominal), a frequência da fonte (idealmente senoidal) deve ser reduzida (abaixo de 60Hz no Brasil) e para evitar a elevação do fluxo no entreferro, que poderia resultar na saturação do material ferromagnético, e manter o torque ( T .iR ) constante, a magnitude da tensão também é reduzida de maneira proporcional. Para velocidades síncronas superiores à velocidade base (nominal), a frequência da fonte deve ser elevada (acima de 60Hz). Entretanto, não é possível elevar o módulo da tensão aplicada e o fluxo magnético no entreferro necessariamente deverá ser reduzido. V f V f Em consequência, tem-se uma redução proporcional no torque gerado, pois T .iR . Nessa região, conhecida por enfraquecimento de campo, a potência mecânica é constante. Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 24 Controle escalar Outra análise mostra que para determinados valores de frequência o valor da resistência é muito pequeno quando comparado com o valor da reatância indutiva; desta maneira podemos, nesta aproximação, e para um método de controle simples como o escalar, desprezá-lo. Assim teremos que o valor da corrente será proporcional à tensão de alimentação V, à indutância L e à frequência f. O valor de indutância L é uma constante do motor, mas a tensão e a frequência são dois parâmetros que podem ser “controlados” pelo inversor de frequência. 2 ' Quando X eq Rs Rr 2 , a corrente de partida pode ser aproximada para: V 1 V I . X eq 2 .Leq f ' r Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 25 Controle escalar Uma análise da expressão do torque máximo nos mostra que: Tmáx V2 2 s Rs Rs2 X eq2 Para uma frequência próxima à nominal, a expressão acima pode ser aproximada para: (resistência desprezível em comparação à reatância) Tmáx V V2 V2 2 s . X eq f 2 4 . f .2 . f .Leq p X eq s Prof. Marcio Kimpara 2 Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Topologia para acionamento - Drives A partir do advento da modulação PWM para controle de máquinas de indução, esquemas possíveis para obtenção de tensão e frequência variáveis são apresentados ao lado: Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 Pág 26 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Acionamento eletrônico do motor de indução Tensão CA fixa (amplitude e frequência) Tensão retificada Tensão retificada filtrada Prof. Marcio Kimpara Tensão CA modulada (amplitude e frequência variáveis) Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 Pág 27 Inversor ou Inversor de frequência CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Termos em inglês •Variable Frequency Drive – VFD •Ajustable Frequency Drive – AFD •Variable Speed Drive – VSD •Inverter Drive •AC Drive Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 Pág 28 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 29 Acionamento do motor de indução Inversor conectado a retificador Modos de acionamento: – Onda quadrada – Modulação de largura de pulso (PWM) Prof. Marcio Kimpara – Acionamento baixa frequência (condução 120°e 180°) Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 30 Inversor de tensão Técnicas de modulação – Modulação senoidal – Modulação de eliminação de harmônica Comparação senoide modulante (Vcontrol) com uma triangular portadora (Vtri) – Modulação por histerese – Modulação vetorial Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Inversor de tensão Modulação Senoidal Trifásica Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 Pág 31 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Inversor de tensão Estratégia V/f cte Tensão modulada saída do inversor Corrente no motor filtrada pela própria indutância do estator Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 Pág 32 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 33 Controle escalar O controle eletrônico da velocidade e torque desenvolvidos por motores de indução trifásicos possui inúmeras aplicações em sistemas industriais e comerciais; O controle escalar permite um bom desempenho, entretanto, para aplicações ainda mais complexas e precisas, utiliza-se o controle vetorial (discutido nas próximas aulas); O controle escalar consiste na mera variação da magnitude e frequência da tensão alternada aplicada ao estator. Por isso, ele também é denominado controle VVVF (Variable Voltage, Variable Frequency). Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Controle escalar Fácil de implementar Amplamente usado na indústria Vem perdendo a importância nos últimos tempos, performance inferior ao controle vetorial Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016 Pág 34 CONTROLE DE DO MOTOR DE INDUÇÃO Pág 35 EXERCÍCIO Um motor de indução trifásico de 230V, 4 polos, 60Hz, 1640rpm possui os seguintes parâmetros referenciados ao estator: RS 1,2 * As reatâncias foram medidas com frequência nominal Rr 0.1 XLS 4 XLr 2 Este motor está acoplado a uma carga com torque constante no valor de 70% do torque nominal fornecido pelo motor. a) É possível acionar este motor a 1400 rpm através do controle por redução da amplitude da tensão de alimentação para 200V? (a frequência é mantida constante). b) E se fosse utilizada a estratégia de controle escalar, mantidos os mesmos 200V para a amplitude da tensão de alimentação? 3.Rr .VS2 Tm 2 Rr 2 s.s . Rs X s X r s Prof. Marcio Kimpara Acionamento Eletrônico de Motores – 2016