dermatites ou eczemas

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade física adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
Dermatites ou Eczemas
A dermatite (ou eczema) é uma inflamação das camadas superiores da pele que produz
bolhas, rubor, edema, secreção, formação de crostas, descamação e, geralmente, prurido. O
coçar e o atrito contínuo da pele podem provocar o espessamento e o endurecimento da
mesma. Alguns tipos de dermatite afetam apenas determinadas partes do corpo, outros
podem ser generalizados.
Dermatite de Contato
A dermatite de contato é a inflamação causada pelo contato com uma determinada
substância. A erupção permanece limitada a uma área específica e, freqüentemente,
apresenta limites bem definidos. As substâncias podem causar inflamação cutânea através
dos seguintes mecanismos: irritação (dermatite de contato irritativa) ou reação alérgica
(dermatite de contato alérgica). Mesmo os sabões suaves, os detergentes e determinados
metais podem irritar a pele após um contato freqüente.
Algumas vezes, a exposição repetida (mesmo à água) pode ressecar e irritar a pele. As
substâncias irritativas fortes, como os ácidos, os álcalis (p.ex., produtos para limpeza) e
alguns solventes orgânicos (p.ex., a acetona presente nos removedores de esmalte para as
unhas), podem causar alterações cutâneas em poucos minutos.
Em uma reação alérgica, a exposição inicial a uma determinada substância (ou, em alguns
casos, as primeiras exposições) não produz uma reação, mas a exposição seguinte pode
provocar prurido e dermatite em 4 a 24 horas. Os indivíduos podem utilizar (ou podem ser
expostos a) substâncias durante anos sem qualquer problema e, subitamente, apresentam
uma reação alérgica. Mesmo as pomadas, as loções e os cremes utilizados no tratamento da
dermatite podem causar esse tipo de reação.
Aproximadamente 10% das mulheres são alérgicas ao níquel, a causa mais comum de
dermatite causada por jóias. As pessoas também podem desenvolver dermatite a partir de
qualquer material com os quais entrem em contato durante o trabalho (dermatite
ocupacional). Quando a dermatite ocorre após o indivíduo tocar determinadas substâncias e,
em seguida, expor a pele à luz solar, o quadro é denominado dermatite de contato
fotoalérgica ou fototóxica. Essas substâncias incluem os filtros solares, as loções pósbarba, certos perfumes, antibióticos, sucos de frutas, o alcatrão da hulha e óleos.
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Causas Comuns de Dermatite Alérgica de Contato
Cosméticos:Substâncias químicas utilizadas para epilação, esmalte
para
unhas,
removedores
de
esmalte,
desodorantes,
produtos
umectantes, loções pós-barba, perfumes, filtros solares.
Composto metálico (em jóias): Níquel e Cromo
Plantas: Hera venenosa, carvalho venenoso, sumagre venenoso,
tasneira, prímula, frutas cítricas, figo.
Drogas presentes em cremes de limpeza de pele: Antibióticos
(penicilina, sulfonamidas, neomicina), anti-histamínicos (difenidramina,
prometazina),
anestésicos
(benzocaína),
anti-sépticos
(timerosal),
estabilizadores.
Substâncias químicas utilizadas na fabricação de peças do
vestuário: Substâncias utilizadas para tingirem calçados; aceleradores
da borracha e antioxidantes em luvas, calçados, roupas íntimas e outras
peças do vestuário.
Sintomas
Os efeitos da dermatite de contato variam desde uma hiperemia (rubor) discreta e de curta
duração até uma inflamação grave com formação de bolhas. Freqüentemente, a erupção
cutânea apresenta pequenas vesículas (pequenas bolhas) pruriginosas. No início, a erupção
cutânea é limitada ao local do contato, no entanto, posteriormente, ela pode disseminar-se. A
área da erupção cutânea pode ser muito pequena (p.ex., os lobos das orelhas, quando a
causa da dermatite são brincos) ou pode afetar uma grande área do corpo (p.ex., quando uma
loção para o corpo é a causa da dermatite). Quando a substância responsável pela erupção
cutânea é removida, a hiperemia desaparece em poucos dias. As vesículas podem drenar e
formar crostas, mas elas secam rapidamente. A descamação residual, o prurido e o
espessamento temporário da pele podem durar dias ou semanas.
Diagnóstico
A causa da dermatite de contato nem sempre é fácil de ser determinada, pois as
possibilidades são infinitas. Além disso, a maioria dos indivíduos não tem conhecimento de
todas as substâncias que entram em contato com sua pele. Freqüentemente, a localização da
erupção inicial é uma pista importante. Quando o médico suspeita de uma dermatite de
contato, mas um processo cuidadoso de eliminação não consegue definir a causa, poderá ser
realizado um teste cutâneo (Patch Test). Para este teste, pequenos adesivos contendo
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substâncias que comumente causam dermatite são aplicados sobre a pele e mantidos durante
dois dias para se observar se ocorre uma erupção cutânea sob um deles. Apesar de útil, o
teste cutâneo é complicado. O médico deve decidir quais são as substâncias que devem ser
testadas, a quantidade de cada substância que deve ser aplicada e quando o teste deve ser
realizado. Além disso, a interpretação dos resultados do teste cutâneo pode ser difícil. Os
testes podem fornecer resultados falso-positivos ou falso-negativos. A maioria dos indivíduos
consegue descobrir a causa de sua dermatite sem o teste cutâneo, eliminando de modo
sistemático as possíveis causas. Contudo, o teste cutâneo pode prover pistas importantes
para se identificar a causa.
Tratamento
O tratamento consiste na remoção e no afastamento de tudo que esteja causando a
dermatite de contato. Para prevenir a infecção e evitar irritação, o indivíduo deve limpar a área
regularmente com água e um sabão suave. As vesículas não devem ser rompidas. O curativo
seco também pode ajudar na prevenção contra as infecções. Os cremes ou as pomadas de
corticosteróides geralmente aliviam os sintomas da dermatite de contato leve, exceto quando
o indivíduo apresenta uma quantidade muito grande de vesículas, como no caso do contato
com a hera venenosa. Algumas vezes, para os casos graves de dermatite de contato, são
prescritos comprimidos de corticosteróides (p.ex., prednisona). Embora os anti-histamínicos
aliviem o prurido em algumas situações, eles não são particularmente úteis na maioria dos
casos de dermatite de contato.
Dermatite Crônica das Mãos e Pés
A dermatite crônica das mãos e dos pés consiste em um grupo de distúrbios nos quais as
mãos e os pés tornam-se inflamados e irritados freqüentemente. A dermatite crônica das
mãos é conseqüência de tarefas repetitivas e do contato com substâncias químicas. A
dermatite crônica dos pés é conseqüência das condições de calor e de umidade produzidas
pelas meias e calçados. A dermatite crônica pode produzir prurido na pele das mãos e dos
pés além de dor. A dermatite de contato crônica das mãos geralmente tem sua causa na
irritação provocada por substâncias químicas (p.ex., sabões, detergentes, produtos para
limpeza) ou por luvas de borracha (látex).
Sintomas
A ponfólige (desidrose) é um distúrbio crônico (de longa duração) que causa a formação de
vesículas pruriginosas nas palmas das mãos e nas laterais dos dedos, que também pode
ocorrer nas plantas dos pés. Freqüentemente, as vesículas são descamativas, vermelhas e
com saída de um líquido claro e espesso. A ponfólige é algumas vezes chamada de
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desidrose, o que significa "sudorese anormal", mas essa doença não tem qualquer relação
com o suor. Além da dermatite de contato, a infecção fúngica é uma causa comum de
erupção cutânea nos pés, especialmente as pequenas vesículas ou erupções cutâneas
vermelhas e profundas. Algumas vezes, o indivíduo com uma infecção fúngica crônica nos
pés apresenta uma dermatite nas mãos decorrente de uma reação alérgica ao fungo
(mícides).
Tratamento
O tratamento da dermatite crônica depende de sua causa. Na maioria dos casos, o melhor
tratamento consiste na eliminação da substância química que está irritando a pele. Os
cremes de corticosteróides podem ser aplicados para tratar a inflamação. As infecções
bacterianas que podem ocorrer nas lesões abertas da pele são tratadas com antibióticos.
Quando a causa dos sintomas é um fungo, é prescrito um medicamento antifúngico local ou
sistêmico.
Dermatite Atópica
A dermatite atópica é uma inflamação crônica e pruriginosa das camadas superiores da pele
que freqüentemente afeta os indivíduos que apresentam febre do feno, asma e indivíduos que
têm familiares com essas doenças (alergias familiares, a roupas de lã, aos pelos de animais,
aos medicamentos, etc..). Os indivíduos com dermatite atópica comumente apresentam
muitos outros distúrbios alérgicos. A relação entre a dermatite e esses distúrbios ainda não foi
totalmente esclarecida.
Alguns indivíduos podem apresentar uma tendência hereditária para produzir um excesso de
anticorpos (p.ex., imunoglobulina E) em resposta a vários estímulos diferentes. Muitas
condições podem piorar a dermatite atópica, incluindo o estresse emocional, as alterações de
temperatura ou de umidade, as infecções cutâneas bacterianas e o contato com tecidos
irritantes (especialmente a lã). Em alguns lactentes, as alergias alimentares podem provocar
dermatite atópica.
Sintomas
Algumas vezes, a dermatite atópica manifesta-se nos primeiros meses após o nascimento. Os
lactentes podem apresentar erupções cutâneas avermelhadas, secretantes e que formam
crostas na face, no couro cabeludo, na área perineal, nas mãos, nos membros superiores, nos
pés ou nos membros inferiores. A dermatite freqüentemente desaparece em torno dos 3 a 4
anos de idade, embora a recorrência seja comum. Nas crianças maiores e nos adultos, a
erupção cutânea freqüente ocorre (e recidiva) em apenas um dos cotovelos ou atrás dos
joelhos.
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Embora a cor, a intensidade e a localização da erupção variem, ela é sempre pruriginosa.
Freqüentemente o prurido faz com que o indivíduo se coce de modo incontrolável,
desencadeando um ciclo de prurido-coçar-erupção cutânea-prurido que piora o problema. O
coçar e a fricção também podem causar laceração da pele, permitindo a entrada de bactérias
e a subseqüente infecção. Por razões desconhecidas, os indivíduos com dermatite atópica
crônica (de longa duração) algumas vezes apresentam catarata entre os 20 e os 40 anos de
idade. Nos indivíduos com dermatite atópica, o herpes simples, o qual geralmente afeta uma
pequena área e é leve, pode produzir uma doença grave com eczema e febre alta (eczema
herpético). Outras viroses podem ser frequentes em indivíduos atópicos.
Diagnóstico
Várias visitas ao médico podem ser necessárias para o estabelecimento do diagnóstico. Não
existe um exame ou teste específico para a dermatite atópica. O médico estabelece o
diagnóstico baseando-se no padrão típico da erupção cutânea e, freqüentemente, no histórico
de outros casos de alergia na família. Embora a dermatite atópica possa ser muito semelhante
à dermatite seborréica nos lactentes, os médicos tentam diferenciar essas doenças porque as
complicações e os tratamentos de cada uma são diferentes.
Tratamento
A dermatite atópica não tem cura, mas certas medidas podem ser úteis. Evitar o contato com
substâncias que sabidamente irritam a pele pode evitar a ocorrência de uma erupção. Os
cremes ou pomadas de corticosteróides podem aliviar uma erupção cutânea e controlar o
prurido. No entanto, os cremes corticosteróides potentes aplicados sobre grandes áreas ou
durante muito tempo podem causar sérios problemas médicos, sobretudo em lactentes, pois
os corticosteróides são absorvidos pela corrente sangüínea.
Quando um creme ou uma pomada de corticosteróide parece perder a sua eficácia, ele pode
ser substituído pela vaselina por uma semana ou mais e, em seguida, o tratamento deve ser
reiniciado. A aplicação de vaselina ou de óleo vegetal sobre a pele pode ajudar a mantê-la
macia e lubrificada. Quando o uso do corticosteróide é reiniciado após uma breve interrupção,
é mais provável que ele volte a ser eficaz. Alguns indivíduos com dermatite atópica observam
que o banho piora a erupção cutânea.
A água e o sabão e até mesmo a secagem da pele, sobretudo o atrito da toalha, podem ser
irritantes. Para esses indivíduos, banhar-se com menos freqüência, secar a pele suavemente
com uma toalha e a aplicação de óleos ou lubrificantes não-perfumados (p.ex., cremes
hidratantes para a pele) sobre a pele úmida podem ajudar. Algumas vezes, um antihistamínico (p.ex., difenidramina, hidroxizina) ajuda a controlar o prurido, em parte por atuar
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como um sedativo. Como esses medicamentos podem causar sonolência, o melhor é utilizálos à noite.
Manter as unhas das mãos curtas pode ajudar a reduzir a lesão cutânea devida ao coçar e a
diminuir a chance de infecção. É importante que o indivíduo aprenda a reconhecer os sinais
da infecção da dermatite atópica (aumento da hiperemia, edema, estrias vermelhas e febre) e
busque assistência médica o mais breve possível. Essas infecções são tratadas com
antibióticos orais. Como os corticosteróides orais podem causar efeitos colaterais graves, os
médicos os utilizam apenas como último recurso para os indivíduos que apresentam quadros
de difícil tratamento.
Esses medicamentos orais podem causar retardo de crescimento, enfraquecimento ósseo,
inibição das glândulas adrenais e muitos outros problemas, especialmente nas crianças. Além
disso, seus efeitos benéficos são de curta duração. Por razões desconhecidas, o tratamento
com luz ultravioleta combinado com doses orais de psoraleno, uma droga que intensifica os
efeitos da luz ultravioleta sobre a pele, pode ajudar os pacientes adultos. Este tratamento
raramente é recomendado para crianças devido a seus possíveis efeitos colaterais em longo
prazo, incluindo o câncer de pele e a catarata.
Terapia probiótica para eczema atópico em lactentes
O tratamento com Lactobacillus GG ajuda a reduzir os sintomas de
eczema
atópico/síndrome
de
dermatite
(AEDS)
em
lactentes
sensibilizados por IgE, de acordo com um trabalho em recente edição de
Allergy. Trabalhos anteriores sugeriram que as bactérias probióticas
possam ser úteis em reduzir sintomas de AEDS em crianças alérgicas a alimentos. Para
investigar melhor isso, o Dr. M. Viljanen, da Universidade de Helsinki na Finlândia, e cols.
avaliaram sintomas de AEDS em 230 lactentes com suspeita de alergia ao leite de vaca que
foram randomizados para receber Lactobacillus GG (LGG), LGG mais três outros probióticos
ou cápsulas de placebo misturadas a alimento, duas vezes ao dia, por quatro semanas. Após
a fase de tratamento, a estimulação com leite foi realizada e se diagnosticou alergia ao leite
de vaca em 120 lactentes. Na análise global, os sintomas de AEDS caíram em 65% durante o
estudo, mas não foram observadas diferenças entre os grupos de tratamento. No entanto,
quando a análise ficou confinada a indivíduos sensibilizados por IgE, LGG exclusivamente,
mas não com os outros probióticos, associou-se a uma redução significativa dos sintomas, em
comparação com placebo (p = 0,036). Este achado foi verificado melhor quando os lactentes
que tinham recebido antibióticos foram excluídos da análise. Influenciar a microflora intestinal
por administração de bactérias probióticas para tratar alergia é uma nova alternativa. São
necessários mais estudos para explorar os efeitos específicos de cepas e os mecanismos de
diferentes bactérias probióticas sobre pacientes alérgicos.
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Allergy 2005;60:495-500.
Células-Tronco e Vasculatura em Dermatite Atópica como Estímulo Potencial de
Neoangiogênese
As lesões cutâneas da dermatite atópica são caracterizadas por alterações inflamatórias e por
hiperplasia epitelial que necessitam de angiogênese (formação de vasos). As células-tronco
podem participar deste processo através da secreção bidirecional de enzimas lesivas ao
tecido e de fatores pró-angiogênicos. Em um estudo publicado recentemente na revista
Allergy, os autores avaliaram a ocorrência e possível função das células tronco na derme
papilar e nas camadas epidérmicas das lesões de dermatite atópica.
Secções seriadas em combinação com imunohistoquímica, histoquímica e análises da
atividade do antígeno nuclear de proliferação celular (ANPC) foram utilizadas e relacionadas
aos estudos da espessura epidérmica e expressão gênica. As células-tronco estavam
localizadas na derme papilar e migraram através da lâmina basal para dentro da epiderme
das lesões de dermatite atópica. Um aumento da atividade do ANPC nas células das
camadas superficiais epidérmicas indicou ativação dos queratinócitos e estimulação do
crescimento endotelial.
Apenas 30% das células tronco papilares que permaneceram com a triptase foram positivas
para o azul de toluidina e 80% foram quimase positiva. A maioria das células tronco papilar e
epidérmica estava localizada próximo às células endoteliais. A expressão vascular de
endoglina (CD105) demonstrou processos neoangiogênicos. A estimulação das células-tronco
levou à expressão de fatores pró-angiogênicos. A expressão gênica de fatores lesivos ao
tecido tais como metaloproteinases da matriz também esteve aumentada.
De acordo com os autores, estes dados sugerem que na dermatite atópica, as células-tronco
estão abundantemente localizadas junto e dentro da epiderme na qual elas podem estimular a
neoangiogênese. Através dos novos vasos, as células inflamatórias, junto com os
componentes do complemento e anticorpos, podem ser transportadas até a epiderme e
auxiliar na defesa contra os antígenos ambientais e manter a inflamação crônica.
Mast cells and vasculature in atopic dermatitis potential stimulus of neoangiogenesis - Allergy 2005; 60(1):90
Dermatite Seborréica
A dermatite seborréica (ou eczema seborréico) é uma inflamação das camadas
superiores da pele, causando a formação de escamas no couro cabeludo, na
face e, ocasionalmente, em outras áreas. Freqüentemente, a dermatite
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seborréica ocorre em famílias e em geral a piora com o tempo frio. Na maior parte da
superfície do corpo, as escamas de pele morta (camada córnea) caem sem serem percebidas
(descamação), mas no couro cabeludo podem se acumular formando a caspa. A caspa é um
processo normal que ocorre durante toda a vida, não é contagiosa, ocorre em ambos os
sexos, tem períodos de melhoras e pioras, sendo que 50% dos brasileiros têm caspa pelo
menos uma vez ao ano. No inverno a pele se torna mais oleosa, devido a maior atividade das
glândulas sebáceas, por isso nesse período a caspa pode ocorrer nas pessoas que já têm
propensão.
Sintomas
A dermatite seborréica geralmente inicia de modo gradual, causando uma descamação seca
ou oleosa do couro cabeludo (caspa), algumas vezes com prurido, mas sem queda de cabelo.
Nos casos mais graves, pápulas de coloração amarelada a avermelhada surgem ao longo da
linha do cabelo, atrás das orelhas, nos canais auditivos, nas sobrancelhas, na ponte nasal, em
torno do nariz e sobre o tronco. A causa da caspa não está decisivamente estabelecida,
podendo ser agravada pelo frio, transpiração, baixa freqüência de lavagem dos cabelos,
estados de tensão nervosa que propiciam o aumento de microorganismos como bactérias e
fungos no couro cabeludo, como o fungo Ptyrosporum ovale.
Nos recém-nascidos com menos de um mês de vida, a dermatite seborréica pode causar a
formação de uma lesão crostosa, amarela e espessa no couro cabeludo (crosta láctea) e,
algumas vezes, uma descamação amarela atrás das orelhas e pápulas vermelhas sobre a
face. Freqüentemente, uma erupção persistente na área da fralda acompanha a erupção do
couro cabeludo. As crianças maiores podem apresentar uma erupção descamativa, espessa,
persistente e com grandes escamas.
Muitas pessoas com caspa ficam evitando lavar a cabeça, com medo de que os cabelos
caiam, ficando assim com os cabelos empastados, o que agrava ainda mais o quadro.
Quando não tratada a tempo, a caspa pode levar à calvície, tanto em homens como em
mulheres, portanto não só a hereditariedade influi no surgimento da calvície como se
pensava, sendo a caspa uma delas.
Como a caspa não tem cura definitiva, concluímos que a propriedade mais desejável de um
xampu anticaspa é a remoção da caspa e a supressão da recorrência da mesma. Até a
próxima utilização do produto. Substâncias como o sulfato de selênio, zinco piridine,
corticóides, cetoconazol e o octopirox olamina (usados sob a forma de xampus,
condicionadores ou tônicos capilares), têm sido usados com bons resultados no controle da
caspa.
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Não se deixe levar por propagandas enganosas, existe uma quantidade muito grande de
xampus que prometem verdadeiros milagres contra a caspa, sendo que alguns, por conterem
muitas substâncias químicas, podem até lesar os cabelos, se usados por muito tempo.
Procure só usar um xampu receitado por um médico dermatologista, pois este profissional
saberá qual o produto mais indicado, se este for o seu problema.
Um péssimo hábito das pessoas que tem caspas é achar que o mesmo medicamento ou
produto usado por um amigo pode ter o mesmo efeito para ele. Cada caso é um caso, por
isso ninguém melhor que um dermatologista para determinar o que fazer e qual o melhor
remédio. Além disso, é preciso tomar muito cuidado com as famosas receitas caseiras.
Determinados recursos podem somente provocar irritações e não resolvem o problema.
Tratamento
Nos adultos, o couro cabeludo pode ser tratado com xampus contendo piritiona zinco, sulfeto
de selênio, ácido salicílico, enxofre ou alcatrão. Geralmente o indivíduo utiliza esses xampus
em dias alternados até controlar a caspa e, em seguida, duas vezes por semana.
Freqüentemente, o tratamento continua durante muitos meses. Quando a dermatite retorna
após a interrupção do tratamento, ele pode ser reiniciado.
As loções que contêm corticosteróides também podem ser aplicadas sobre a cabeça e outras
áreas afetadas. Sobre a face, devem ser utilizadas somente loções de corticosteróides não
muito potentes (p.ex., com hidrocortisona a 1%). Mesmo os corticosteróides pouco potentes
devem ser utilizados com cautela, pois o seu uso prolongado pode reduzir a espessura da
pele e causar outros problemas.
Quando a terapia com corticosteróides não elimina a erupção, o creme de cetoconazol é
algumas vezes utilizado. Nas crianças pequenas que apresentam uma erupção descamativa
espessa sobre o couro cabeludo, pode-se friccionar delicadamente o ácido salicílico dissolvido
em óleo mineral sobre a erupção com uma escova de dente macia todas as noites. O couro
cabeludo também é lavado diariamente com xampu até o desaparecimento das escamas
espessas.
Dicas
•
Higiene: A lavagem periódica dos cabelos contribui sobremaneira para remoção de
agentes poluidores como poeiras, resíduos industriais, além disso, elimina a oleosidade
excessiva. Lavar a cabeça todo dia não causa queda de fios; apenas elimina os que
iam cair de qualquer forma. A chave para o combate da caspa é eliminar as escamas
com a mesma velocidade com que se formam, lavando o cabelo diariamente com o
xampu diluído em água. Geralmente um xampu comum funciona muito bem. Escove o
cabelo antes de cada lavagem. Com o tempo, talvez possa lavar o cabelo um dia sim e
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outro não sem que haja acúmulo de caspa, mas provavelmente nunca poderá lavá-lo
com menos freqüência do que isto.
•
Se o couro cabeludo está vermelho ou irritado ou as escamas são muito gordurosas,
use um xampu especial medicamentoso na segunda lavagem. Estes xampus não
apenas eliminam a caspa, mas também retardam o processo de esfoliação da pele.
Este tipo de xampu é utilizado de uma forma especial: passe o produto diluído em todo
o couro cabeludo, espere 3 minutos e enxágüe completamente. Faça isto por três dias
seguidos e a seguir uma vez por semana. Use um xampu comum nos outros dias.
•
Alimentação: Outro reforço importante para os portadores da caspa é fazer uma
alimentação mais saudável. Portanto adquirir hábitos alimentares saudáveis, não
melhora somente o problema da caspa, mas também ajuda em uma série de outros
problemas que estão relacionados com a dieta alimentar, por exemplo, o excesso de
peso, colesterol alto, entre outros. Procure uma alimentação que inclua frutas, legumes,
alimentos protéicos, e evitando o uso de gorduras animais e açucares em excesso, já
que essas últimas agravam o quadro (dietas hipercalóricas). A alimentação equilibrada
é uma grande aliada, pois a caspa também tem relação com desnutrição e distúrbios
digestivos.
•
Bebidas Alcoólicas: O álcool inibe a atividade de algumas vitaminas do complexo B,
que agem no folículo piloso, ou seja, na raiz dos cabelos, causando desequilíbrio das
glândulas sebáceas. É nessa região que estas glândulas passam a funcionar mais
gerando uma hipersecreção sebácea, que se deposita na superfície do couro cabeludo,
formando a caspa.
•
Massagem Capilar: Faça uma automassagem com as mãos pressionando o couro
cabeludo com a ponta dos dedos. Gaste uns cinco minutos todos os dias para a
automassagem, pois isto ativa a circulação no couro cabeludo.
•
Tensão: Combata situações de stress crônico, ou seja, o excesso de tensão,
procurando relaxar. A tensão nervosa age negativamente levando a distúrbios
gastrintestinais, cardiovasculares, psíquicos, baixa as defesas do sistema imunológico
e também leva a problemas dermatológicos como a caspa. A prática de atividades
esportivas alivia as tensões do dia a dia.
•
Como saúde e automedicação não combinam, buscar a orientação de um
especialista - no caso um dermatologista, é sempre o melhor caminho.
Dermatite Numular
A dermatite numular é uma erupção cutânea persistente e geralmente pruriginosa
acompanhada por uma inflamação caracterizada por manchas em forma de moeda que
contêm pequenas vesículas, crostas e escamas. A sua causa é desconhecida. Geralmente, a
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dermatite numular afeta os indivíduos de meia idade, ocorre concomitantemente com a pele
seca e é mais comum no inverno. No entanto, a erupção cutânea pode surgir e desaparecer
sem qualquer razão aparente.
As manchas arredondadas iniciam como áreas pruriginosas contendo pápulas e vesículas
que, posteriormente, exsudam e formam crostas. A erupção pode ser disseminada.
Freqüentemente essas manchas são mais evidentes sobre a face anterior dos membros
superiores e inferiores e sobre as nádegas, podendo também ocorrer no tronco. Muitos tipos
diferentes de tratamento têm sido utilizados, mas nenhum é eficaz para todos os indivíduos
afetados. Os tratamentos incluem os antibióticos orais, os cremes e as injeções de
corticosteróides e a luz ultravioleta.
Dermatite Esfoliativa Generalizada
A dermatite esfoliativa generalizada é uma inflamação grave que afeta toda a superfície
cutânea e produz hiperemia e descamações intensas. Certos medicamentos (sobretudo as
penicilinas, as sulfonamidas, a isoniazida, a fenitoína e os barbitúricos) podem causar a
dermatite esfoliativa generalizada. Em alguns casos, trata-se de uma complicação de outras
doenças da pele como, por exemplo, a dermatite atópica, a psoríase e a dermatite de contato.
Certos linfomas (cânceres dos linfonodos) também podem causar dermatite esfoliativa
generalizada. Em muitos casos, nenhuma causa pode ser encontrada.
Sintomas
A dermatite esfoliativa generalizada pode iniciar de forma rápida ou lenta. Toda superfície
cutânea torna-se vermelha, descamativa, espessa e, às vezes, com crostas. Alguns
indivíduos apresentam prurido e aumento dos linfonodos. Embora muitos apresentem febre,
eles podem sentir frio porque uma grande quantidade de calor é perdida através da pele
lesada. Grandes quantidades de líquido e de proteínas podem extravasar e a pele lesada é
uma barreira deficiente contra as infecções.
Tratamento
O diagnóstico e tratamento precoces são importantes para evitar que a infecção e a perda de
líquido e de proteínas coloquem a vida do paciente em risco. Qualquer medicamento ou
substância química que possa estar causando a dermatite deve ser eliminado. Quando a
causa da dermatite é um linfoma, o tratamento deste ajuda a eliminá-la. Os indivíduos com
dermatite esfoliativa generalizada grave freqüentemente necessitam de hospitalização e são
tratados com antibióticos (para combater a infecção), líquidos intravenosos (para repor a
perda líquida através da pele) e complementos nutricionais. O tratamento deve incluir
medicações e cobertores térmicos para controlar a temperatura corpórea. Os banhos frios
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seguidos por aplicações de vaselina e curativos com gaze podem ajudar a proteger a pele. Os
corticosteróides (p.ex., prednisona) administrados pela via oral ou intravenosa são utilizados
somente quando as outras medidas não forem eficazes ou quando a doença torna-se grave.
Dermatite de Estase
A dermatite de estase é a hiperemia crônica com descamação, calor e edema (inflamação)
que afeta as partes inferiores das pernas, cuja pele apresenta uma coloração castanha
escura. A dermatite de estase é decorrente do acúmulo de sangue e de líquido sob a pele e,
por essa razão, tende a ocorrer em indivíduos que apresentam varizes e edema.
Sintomas
Geralmente, a dermatite de estase ocorre sobre os tornozelos. No início, a pele torna-se
avermelhada e apresenta uma descamação discreta. No decorrer de semanas ou meses, a
pele torna-se castanha escura. Freqüentemente, o acúmulo subjacente de sangue é ignorado
durante muito tempo, durante o qual o edema aumenta assim como o risco de infecção e de
uma eventual lesão cutânea grave (ulceração).
Tratamento
O tratamento em longo prazo visa reduzir as chances de acúmulo de sangue nas veias
localizadas em torno dos tornozelos. Manter os membros inferiores acima do nível do coração
impede que o sangue se acumule nas veias e que ocorra o acúmulo de líquido na pele. Meias
compressivas adequadas podem ajudar a impedir lesões cutâneas graves por impedirem o
acúmulo de líquido nas pernas.
Tratamentos adicionais comumente não são necessários. Para a dermatite de início recente, o
uso de compressas calmantes (p.ex., gaze embebida em água) pode fazer com que a pele
melhore e, além disso, mantendo a pele limpa, ajuda a evitar infecções. Quando o quadro
piora (aumento da temperatura, aumento da hiperemia e presença de pequenas úlceras ou de
pus), um curativo mais absorvente pode ser utilizado.
Os cremes de corticosteróides também são úteis e freqüentemente são combinados com uma
pasta de óxido de zinco. É realizada a aplicação de uma camada fina. Quando o indivíduo já
apresenta úlceras grandes ou generalizadas, são necessários curativos mais substanciais.
Tradicionalmente, a pasta de óxido de zinco é utilizada, porém novos curativos que já contêm
materiais absorventes são mais eficazes.
Os antibióticos são utilizados somente quando a pele já se encontra infectada. Algumas
vezes, pode ser realizado o enxerto de pele retirada de uma outra área do corpo para cobrir
úlceras muito grandes. Alguns indivíduos podem necessitar de uma Bota de Unna, um
dispositivo semelhante a um aparelho de gesso contendo uma pasta gelatinosa que contém
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zinco. A bota ajuda a proteger a pele contra a irritação e a pasta ajuda a curar a pele. Se a
bota for desconfortável ou não puder ser usada, o mesmo tipo de pasta pode ser utilizado sob
os curativos mantidos por meias compressivas. Na dermatite de estase, a pele irrita
facilmente. Os cremes com antibióticos, os cremes de primeiros socorros (anestésicos), o
álcool, o óleo de amêndoas, a lanolina ou outras substâncias químicas não devem ser
utilizados porque podem piorar o quadro.
Dermatite Localizada Causada por Arranhadura
A dermatite localizada causada por arranhadura (líquen simples crônico, neurodermite) é uma
inflamação crônica e pruriginosa da camada superior da pele. Ela causa ressecamento,
descamação e áreas espessas, escuras, ovaladas, irregulares ou angulares. A sua causa é
desconhecida, mas fatores psicológicos podem ter algum papel. A doença não parece ser
alérgica. Mais mulheres que homens apresentam a dermatite localizada causada por
arranhadura. Geralmente, ocorre entre os 20 e os 50 anos de idade.
Sintomas e Diagnóstico
A dermatite localizada causada por arranhadura pode ocorrer em qualquer local do corpo,
inclusive no ânus (prurido anal) e na vagina (prurido vaginal). Nos estágios iniciais, a pele
apresenta um aspecto normal, mas é pruriginosa. Posteriormente, ocorre ressecamento,
descamação e áreas escuras decorrentes do coçar e da fricção da pele. Os médicos tentam
descobrir se o estresse psicológico, as alergias ou doenças subjacentes podem ser a causa
do prurido inicial. Quando o quadro é localizado em torno do ânus ou da vagina, o médico
pode investigar a possibilidade de oxiuríase, tricomoníase, hemorróidas, secreções locais,
infecções fúngicas, verrugas, dermatite de contato ou psoríase.
Tratamento
Para curar a doença, o indivíduo deve parar de arranhar e de friccionar a pele que causam
irritação da mesma. Para ajudar a controlar o prurido, o médico prescreve anti-histamínicos
que devem ser administrados pela via oral e cremes de corticosteróides que devem ser
friccionados delicadamente sobre a área afetada. Um curativo cirúrgico saturado com um
corticosteróide não só provê um tratamento, mas também evita que a pessoa arranhe o local.
O médico pode injetar corticosteróides de ação prolongada sob a pele para controlar o
prurido. Outras medicações para controlar o prurido (p.ex., hidroxizina ou doxepina) também
podem ser úteis para alguns indivíduos. Quando esse quadro ocorre em torno do ânus ou da
vagina, o melhor tratamento é o creme de corticosteróide. A pasta de óxido de zinco pode ser
aplicada sobre o creme para proteger a área. Ela pode ser removida com óleo mineral. A
fricção muito intensa com papel higiênico após a evacuação pode piorar o quadro.
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MANUAL MERCK Seção 18 - Distúrbios da Pele
Capítulo 194 – Dermatite
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