História da América séculos XVI

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História da América séculos XVI-XVIII
Aula IV
Objetivo: A civilização Asteca.
A) As origens.
Assim como os Maias, as civilizações do planalto mexicano sofreram grandes
influências da civilização Olmeca.
Durante o período clássico a cidade de Teotihuacã dominou a cena no planalto
mexicano, configurando-se no principal centro cerimonial da região, com grandes
pirâmides e o culto de divindades importantes para a futura civilização Asteca, tais como,
o deus da chuva Tlaloc e o deus da fecundidade agrária Quetzalcoatl. Os sacerdotes de
Teotihuacã acreditavam na vida após a morte, a ser desfrutada em um paraíso, composto
de jardins férteis, protegido por Tlaloc.
Os Astecas neste período viviam no noroeste do México, em uma região chamada
de Aztlán. Faziam parte de um grupo de tribos conhecido como chichimecas (povo com
aparência de cão, bárbaros); grupos nômades, de motivação guerreira, dedicados a
atividade da caça, muitos dos quais, falavam a língua náuatle.
Quando do declínio das culturas clássicas, o primeiro grupo chichimeca, de língua
náuatle, a se dirigir para o planalto mexicano foram os Toltecas. Estes fundariam a sua
cidade, Tula, por volta de 800 d.C., de onde partiriam em uma expansão que os levaria
até a área maia. No primeiro momento os Toltecas assimilariam certos elementos da
cultura de Teotihuacã, mas logo introduziriam outros, como o culto de Tezcatlipoca,
divindade protetora dos guerreiros. A religião astral dos Toltecas se caracterizaria pelo
grande aumento dos sacrifícios humanos. Em termos políticos, a teocracia, modelo de
Teotihuacã, com a valorização dos sacerdotes, seria substituída por uma aristocracia
militar, onde o rei estava mais próximo dos guerreiros.
Por volta do século XII, o império Tolteca começaria a ruir devido a disputas
internas e a chegada de novas levas de chichimecas. É neste período que se supõe ter
iniciado a marcha dos Astecas em direção ao planalto mexicano. Quando os Astecas
chegaram, encontraram a área organizada em cidades-estados. Em suas primeiras
tentativas contra as cidades toltecas foram derrotados, tendo de fugir para a região
pantanosa do grande lago. É desta fase, em 1325, a fundação da cidade de Tenochtitlán.
Os primeiros soberanos Astecas viveriam em uma situação de inferioridade, em
relação aos seus vizinhos, até a construção de uma aliança militar com cidades vizinhas,
que permitiria a vitória contra os seus rivais. Esta aliança seria o núcleo inicial do império
Asteca.
B) O império Asteca.
Os soberanos Astecas iriam consolidar a supremacia deste povo sobre a aliança, e
comandariam um processo de expansão territorial que, do planalto mexicano, se
estenderia em direção ao norte e ao sul. Entre os reinados de Montezuma I (1440-1469) e
Montezuma II (1502-1520) se desenvolveria um império composto por “províncias”, que
configuravam áreas de cobrança de tributos por parte dos Astecas. A área dominada
pelos Astecas não era contínua, existindo cidades rivais, mesmo em localidades muito
próximas do centro do império, o que fazia da guerra um elemento constante.
As cidades variavam o seu estatuto entre aliadas e submetidas, dependendo das
dificuldades encontradas para a anexação das mesmas. Após a anexação, as cidades
manteriam as suas formas de governo e as suas dinastias, ficando, no entanto, obrigadas
ao pagamento de tributos, e a aceitação da religião asteca.
Os tributos eram cobrados diretamente nas cidades por funcionários imperiais, e se
constituíam de produtos ligados à manutenção do império, como tecidos, cereais e grãos,
cobrados de todas as cidades, e, também, de artigos específicos, cobrados das regiões
que os produziam, como o cacau, joias, ouro em pó, vestes cerimoniais e militares. Os
tributos eram acumulados no tesouro, que pertencia ao imperador. Este os redistribuía
para a manutenção das necessidades do império.
C) A formação sociopolítica dos astecas.
A base da pirâmide social asteca eram os macehuallis, os cidadãos comuns. Cada
macehualli estava vinculado a um calpulli, que eram as frações (bairros) dentro das
cidades. Os macehuallis estavam sujeitos à convocação para o serviço militar e para
trabalhos coletivos, julgados necessários para a coletividade (corveias).
Na sociedade asteca a mobilidade social era possível, através da carreira militar.
Conforme a demonstração de seu valor como guerreiro, diretamente relacionada ao
número de prisioneiros capturados e entregues para sacrifício, um macehualli alcançaria
os postos superiores da hierarquia militar, até ser admitido em uma das ordens guerreiras,
ponto de entrada para a aristocracia militar que governava a sociedade.
Abaixo dos macehuallis estavam os tlatlacotin, grupo de não cidadãos que
compunha uma classe servil. Tornavam-se tlatlacotin os prisioneiros de guerra que eram
destinados ao sacrifício, os Condenados pela justiça civil e os homens e mulheres que se
vendiam voluntariamente para outros e aqueles entregues por suas famílias para saldar
uma dívida.
Havia também os comerciantes, os pochtecas, que formavam uma camada
intermediária entre o povo e as camadas altas da sociedade. Acumulavam grande riqueza
e eram responsáveis pelo comércio exterior de luxo. Os pochtecas eram recrutados
dentro das suas próprias famílias, eram figuras importantes, que foram determinantes no
início da expansão asteca, mas não tinham assento no conselho superior.
No topo da pirâmide social estavam os tecuhtli, o próprio imperador era um tecuhtli.
Exerciam as funções de chefe de um calpulli, governadores, juízes, membros do conselho
superior. O tecuhtli não pagava impostos, e era privilegiado na redistribuição dos tributos,
não executava trabalhos agrícolas.
Os sacerdotes não pagavam impostos, e acumulavam grande riqueza nos templos
devidos às doações dos soberanos e do povo. Não havia distinção de classe para o
acesso ao serviço religioso podendo, ainda, serem meninos ou meninas. Levavam uma
vida celibatária e monástica, prestando serviço nos templos locais, e nos grandes templos
das principais cidades do planalto mexicano, onde trabalhavam as sacerdotisas. Apesar
da importância dos sacerdotes, na organização social asteca, estes não exerciam funções
de governo, o que não permite classificar o sistema asteca como uma teocracia.
O governo asteca estava nas mãos do Tlatoani (“aquele que fala”). Havia, também,
quatro grandes dignitários com funções específicas, como o Tlacochcalcatl (“o que
governa os guerreiros”). Abaixo destes, o Tlatocan (“o lugar da palavra”) consistia em um
conselho superior que reunia os 13 maiores tecuhtli.
O Tlatoani era eleito por um colegiado composto pelo Tlatocan, pelos
representantes dos guerreiros, dos sacerdotes, e por representantes dos calapullis,
escolhidos pelo chefe. Este colegiado tinha aproximadamente 100 membros, e escolhia o
Tlatoani entre a família do imperador falecido. As demais cidades da aliança também
possuíam um Tlatoani, mas que estava em posição subordinada ao soberano de
Tenochtitlán.
D) A religião Asteca.
A religião dos Astecas se constituía em uma síntese das divindades originárias da
tribo, com as divindades das áreas toltecas conquistadas. Representavam a união da
religião astral das tribos guerreiras, e seminômades, com a religião agrária dos povos
sedentários. Os principais deuses eram Huitzilopochtli, o sol do meio-dia, divindade mais
importante do panteão Asteca, era o deus primário da tribo Asteca; Tezcatlipoca, o vento
da noite, protetor dos guerreiros; Tlaloc, o deus da chuva, antiga e importante divindade,
responsável pela chuva, elemento essencial em sociedades agrárias; Quetzalcoatl, “a
serpente emplumada”, encarnava a dualidade morte e ressurreição.
A relação dos Astecas com o além-vida estava vinculada ao tipo de morte sofrida.
Aqueles que morriam sobre o signo de Tlaloc: as mulheres parturientes, os afogados, os
atingidos por raios ou vítimas de doenças que pudessem ser relacionadas à água, seriam
enterrados, e viveriam eternamente no Tlalocan, uma espécie de jardim tropical
abundante. Os demais mortos seriam cremados, e o seu destino, também, variava de
acordo com o tipo de morte. Os que morriam na guerra ou nos sacrifícios iam para o céu,
onde viveriam em companhia do sol, e, após quatro anos, retornavam a terra na forma de
colibris. Os que haviam tido uma morte comum iam para o Mictlan aonde, após uma
tenebrosa viagem de quatro anos, chegavam à nona morada dos mortos, desaparecendo,
completamente, da existência.
Os Astecas acreditavam no templo cíclico e que eras anteriores teriam sido
destruídas por cataclismos. A era vigente teria começado quando Quetzalcoatl resgatou
do inferno os esqueletos de dois mortos, regando-os com o próprio sangue para lhes dar
vida. Os Astecas eram extremamente fatalistas, e acreditavam que a era atual seria
destruída pela invasão dos Tzitzimime que surgiriam das trevas para aniquilar a
humanidade. A junção dos calendários solar e ritual, a cada 52 anos, constituía um
momento propício para a ocorrência do grande cataclismo.
Esta visão fatalista fazia com que o futuro, e os ciclos das estações não estivessem
garantidos. Para assegurar a renovação do tempo era necessário fornecer a terra, ao sol
e aos deuses a “água preciosa”, o sangue humano, sem a qual as engrenagens do tempo
parariam de funcionar. Na forma mais comum de sacrifício, a vítima era estendida sobre a
pedra sacrifical, onde o sacerdote, com um só golpe de machado, abria-lhe o peito e
retirava-lhe o coração, ofertado ao deus sol, após isso havia a decapitação. A cabeça
ficava exposta em uma estaca cerimonial, e o corpo era consumido pelos presentes em
um canibalismo ritualístico. Quando o sacrifício era em honra de Xipe Totec, a vítima,
após a sua morte, era esfolada e o sacerdote vestia a sua pele.
O sacrifício era tão importante para a sociedade asteca que muitas vezes as
guerras tinham como único intuito a obtenção de prisioneiros para os sacrifícios
E) A arte Asteca.
A arte Asteca, tal como a religião, sofria grandes influências da herança deixada
pelas culturas do período clássico, possuindo uma ligação mais estreita com os traços da
cultura tolteca. Na arquitetura predominava a construção de pirâmides, encimadas por
santuários, e os palácios caracterizavam-se por possuírem grandes salas, sustentadas
por colunas, pátios internos, terraços e jardins. Não se conhece efetivamente o que havia
em Tenochtitlán, exceto por relatos de contemporâneos, uma vez que a cidade foi
totalmente destruída pela invasão espanhola.
A escultura Asteca era bem desenvolvida, possuindo trabalho em vários tipos de
pedra, inclusive pedras duras como o jade, e, também, em madeira. Os motivos da
escultura Asteca não se limitavam à religião, existindo representações de reis, nobres,
guerreiros e, mesmo, de homens do povo. Os Astecas representavam na sua produção os
componentes da sua vida cotidiana, os homens, os animais, elementos da natureza.
Havia também uma grande produção de mascaras ritual e funerária.
Existem indícios que os Astecas possuíam uma pintura mural, contudo, quase tudo
se perdeu com a destruição dos templos de Tenochtitlán. A pintura era importante para a
escrita Asteca, hieroglífica e pictográfica, versando sobre temas religiosos, históricos e
administrativos. Alguns dos códex foram preservados até os nossos dias, mas a maioria
foi incinerada pelos espanhóis.
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