Formação Planetária em Sistema Estelar Triplo - Caso inclinado Luana Liberato Mendes, Othon Cabo Winter, Rita de Cássia Domingos e André Izidoro, Campus de Guaratinguetá – Faculdade de Engenharia, Curso Bacharelado em Física, [email protected] , Bolsa PIBIC Palavras Chave: Sistema estelar triplo, sistema protoplanetário, formação planetária. Introdução Em Domingos et al.(2013) foi apresentado um estudo sobre o último estágio da formação de planetas em um sistema de duas estrelas perturbado por uma terceira estrela distante, Figura 1. Todos os corpos foram considerados coplanares e os resultados mostraram que a quantidade da massa inicial do disco tem um papel importante nas características do sistema planetário formado. Discos mais massivos tendem a formar um pequeno número de planetas massivos e em tempos da ordem de 107 anos. De acordo com a literatura, isto sugere que a formação de planetas terrestres em sistema estelar triplo totalmente coplanar poderia ser similar ao nosso Sistema Solar. Neste trabalho, nós apresentamos um estudo sobre a formação planetária no mesmo sistema, mas considerando a órbita da terceira estrela inclinada com relação aos outros corpos. Este estudo visa verificar as implicações da inclinação da órbita da terceira estrela no processo de formação dos planetas. Figura 1 – Ilustração do sistema estudado onde Bb1 e Bb2 são as estrelas centrais, e A é a estrela perturbadora. Objetivos Nosso objetivo é estudar a eficiência de formação de planetas quando considerando diferentes inclinações para a órbita da estrela perturbadora. Material e Métodos Nossa pesquisa tem caráter teórico e computacional, para tanto, nós utilizamos o pacote de integração numérica MERCURY¹. As condições iniciais das nossas simulações, de acordo com Domingos(2013), são: a) Estrela binária (Bb1 e Bb2) com massas 0,699 e 0,582 MSol, semi-eixo orbital 0,983UA e excentricidade 0,7849; b) um disco protoplanetário entre 6 e 8 UA com massa 2,6 MTerra ao redor do centro de massa do binário, sendo 140 corpos com massa da Lua e 14 corpos com massa de Marte em órbitas circulares; c) uma estrela (A) com semi-eixo maior 61,9 UA, excentricidade 0,3 e massa 1,2 MSol cuja órbita está ao redor do centro de massa do sistema. A inclinação da órbita da estrela A assumiu valores de 0,01º, 0,5º, 2,0º, 5,0º e 10,0º. O tempo total das simulações foi 107 anos. As colisões entre os XXVI Congresso de Iniciação Científica corpos são consideradas inelásticas e o momento linear e a massa são conservados. Resultados e Discussão O fato mais interessante obtido como resultado foi que devido à inclinação da terceira estrela nenhum planeta foi formado em 107 anos. A explicação para este resultado é que a perturbação da estrela A causa uma redistribuição e aumento na inclinação orbital dos corpos no disco protoplanetário e à medida que esses corpos passam a evoluir em planos orbitais diferentes a probabilidade de colisão reduz significativamente, evitando o crescimento planetário. Por exemplo, na Figura 2, apresentamos o resultado do caso com inclinação de 0,01º e notamos que quanto maior a inclinação da terceira estrela, maior a diferença entre a inclinação dos planos orbitais dos protoplanetas. Como podemos ver, além do aumento da inclinação, a órbita dos protoplanetas tornam-se elípticas. A excentricidade atingida pelos corpos diminui com o aumento da inclinação da terceira estrela. Este resultado pode ser explicado devido ao fato que uma nuvem protoplanetária mais espalhada resulta em menos interação gravitacional entre os corpos, fazendo com que suas excentricidades permaneçam baixas. Figura 2 – Distribuição final de embriões protoplanetários em diagramas axe (esquerda) e axi (direita) em 107 anos de integração. Os pontos rosa e azuis representam corpos de massas da Lua e corpos de massas de Marte, respectivamente. Conclusões Ao contrário do caso plano, nossos resultados mostraram que não houve formação de planetas para o caso inclinado durante os primeiros 10 milhões de anos. Neste caso, o tempo necessário para formação de planetas deve ser maior do que o tempo considerado. Assim, nós podemos concluir que a formação de planetas no sistema estudado deve ser um longo processo. Talvez detecções de planetas em sistemas triplos similares ao estudado aqui não seja possível. Isto poderia ser explicado pelo fato que planetas podem ainda não ter completado o processo de formação. Agradecimentos Ao suporte financeiro da Capes e do CNPq. ¹Chambers, J. E. MNRAS 1999, 304, 793 ² R. C. Domingos, O. C. Winter and A. Izidoro, 2013, Aceito International Journal of Astrobiology em Julho de 2014.