Disciplina REDAÇÃO Aula 02/05/2016 Profa. Juliana Melo TEMA: [A QUESTÃO DO]¹ [ÍNDIO]² [NO BRASIL CONTEMPORÂNEO]³ 1 LEIS 2 CULTURA 3 DESRESPEITO CRIAÇÃO DE REGRAS RAÇA DESIGUALDADE PRIMITIVISMO RESPEITO AOS DIREITOS DAS MINORIAS SÍMBOLO DA TERRA NATAL/PÁTRIA FALTA DE RESPEITO TOLERÂNCIA HARMONIA Texto 01 (ENEM 2013-QUESTÃO 130) Na verdade, o que se chama genericamente de índios é um grupo de mais de trezentos povos que, juntos, falam mais de 180 línguas diferentes. Cada um desses povos possui diferentes histórias, lendas, tradições, conceitos e olhares sobre a vida, sobre a liberdade, sobre o tempo e sobre a natureza. Em comum, tais comunidades apresentam a profunda comunhão com o ambiente em que vivem, o respeito em relação aos indivíduos mais velhos, a preocupação com as futuras gerações, e o senso de que a felicidade individual depende do êxito do grupo. Para eles, o sucesso é resultado de uma construção coletiva. Estas ideias, partilhadas pelos povos indígenas, são indispensáveis para construir qualquer noção moderna de civilização. Os verdadeiros representantes do atraso no nosso país não são os índios, mas aqueles que se pautam por visões preconceituosas e ultrapassadas de “progresso”. AZZI, R. As razões de ser guarani-kaiowá. Disponível em: www.outraspalavras.net. Acesso em: 7 dez. 2012. Considerando-se as informações abordadas no texto, ao iniciá-lo com a expressão “Na verdade”, o autor tem como objetivo principal A expor as características comuns entre os povos indígenas no Brasil e suas ideias modernas e civilizadas. B trazer uma abordagem inédita sobre os povos indígenas no Brasil e, assim, ser reconhecido como especialista no assunto. C mostrar os povos indígenas vivendo em comunhão com a natureza, e, por isso, sugerir que se deve respeitar o meio ambiente e esses povos. D usar a conhecida oposição entre moderno e antigo como uma forma de respeitar a maneira ultrapassada como vivem os povos indígenas em diferentes regiões do Brasil. E apresentar informações pouco divulgadas a respeito dos indígenas no Brasil, para defender o caráter desses povos como civilizações, em contraposição a visões preconcebidas. resolução O objetivo principal do autor, enfatizado pela expressão “Na verdade” no início do texto, é defender o caráter civilizado dos povos indígenas, através da apresentação de informações pouco divulgadas a respeito do que se conhece desse povo, ao contrário do que se pensa sobre eles. RESPOSTA CORRETA: E Apresentar informações pouco divulgadas a respeito dos indígenas no Brasil, para defender o caráter desses povos como civilizações, em contraposição a visões preconcebidas. Texto 02 (ENEM 2010 – QUESTÃO 18) Os vestígios dos povos Tupi-guarani encontram-se desde as Missões e o rio da Prata, ao sul, até o Nordeste, com algumas ocorrências ainda mal conhecidas no sul da Amazônia. A leste, ocupavam toda a faixa litorânea, desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão. A oeste, aparece (no rio da Prata) no Paraguai e nas terras baixas da Bolívia. Evitam as terras inundáveis do Pantanal e marcam sua presença discretamente nos cerrados do Brasil central. De fato, ocuparam, de preferência, as regiões de floresta tropical e subtropical. PROUS. A. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Editor, 2005. Os povos indígenas citados possuíam tradições culturais específicas que os distinguiam de outras sociedades indígenas e dos colonizadores europeus. Entre as tradições tupi-guarani, destacava-se A a organização em aldeias politicamente independentes, dirigidas por um chefe, eleito pelos indivíduos mais velhos da tribo. B a ritualização da guerra entre as tribos e o caráter semissedentário de sua organização social. C a conquista de terras mediante operações militares, o que permitiu seu domínio sobre vasto território. D o caráter pastoril de sua economia, que prescindia da agricultura para investir na criação de animais. E o desprezo pelos rituais antropofágicos praticados em outras sociedades indígenas. resolução Os vestígios dos Tupi-Guarani presentes em diversos pontos do território brasileiro e também no Paraguai e Bolívia, evidenciam características como a ritualização da guerra e o caráter semissedentário, já que estiveram dispersos em locais diferentes, conseguindo conquistas desses territórios frente a disputas com outras tribos, levando-os a não criar uma relação de fixação com a terra. RESPOSTA CORRETA: B a ritualização da guerra entre as tribos e o caráter semissedentário de sua organização social. Texto 03 (ENEM 2015 – QUESTÃO 106) As narrativas indígenas se sustentam e se perpetuam por uma tradição de transmissão oral (sejam as histórias verdadeiras dos seus antepassados, dos fatos e guerras recentes ou antigos; sejam as histórias de ficção, como aquelas da onça e do macaco). De fato, as comunidades indígenas nas chamadas “terras baixas da América do Sul” (o que exclui as montanhas dos Andes, por exemplo) não desenvolveram sistemas de escrita como os que conhecemos, sejam alfabéticos (como a escrita do português), sejam ideogramáticos (como a escrita dos chineses) ou outros. Somente nas sociedades indígenas com estratificação social (ou seja, já divididas em classes), como foram os astecas e os maias, é que surgiu algum tipo de escrita. A história da escrita parece mesmo mostrar claramente isso: que ela surge e se desenvolvem qualquer das formas – apenas em sociedades estratificadas (sumérios, egípcios, chineses, gregos etc.). O fato é que os povos indígenas no Brasil, por exemplo, não empregavam um sistema de escrita, mas garantiram a conservação e continuidade dos conhecimentos acumulados, das histórias passadas e, também, das narrativas que sua tradição criou, através da transmissão oral. Todas as tecnologias indígenas se transmitiram e se desenvolveram assim. E não foram poucas: por exemplo, foram os índios que domesticaram plantas silvestres e, muitas vezes, venenosas, criando o milho, a mandioca (ou macaxeira), o amendoim, as morangas e muitas outras mais (e também as desenvolveram muito; por exemplo, somente do milho criaram cerca de 250 variedades diferentes em toda a América). D’ANGELIS, W. R. Histórias dos índios lá em casa: narrativas indígenas e tradição oral popular no Brasil. Disponível em: www.portalkaingang.org. Acesso em: 5 dez. 2012. A escrita e a oralidade, nas diversas culturas, cumprem diferentes objetivos. O fragmento aponta que, nas sociedades indígenas brasileiras, a oralidade possibilitou a) a conservação e a valorização dos grupos detentores de certos saberes. b) a preservação e a transmissão dos saberes e da memória cultural dos povos. c) a manutenção e a reprodução dos modelos estratificados de organização social. d) a restrição e a limitação do conhecimento acumulado a determinadas comunidades. e) o reconhecimento e a legitimação da importância da fala como meio de comunicação. Resolução Mesmo sem ter a língua escrita, as sociedades indígenas brasileiras preservaram e transmitiram seu conhecimento por meio da oralidade: “(…) garantiram a conservação e continuidade dos conhecimentos acumulados, das histórias passadas e, também, das narrativas que sua tradição criou, através da transmissão oral.” Texto 04 (Enem 2014 – Questão 09) O índio era o único elemento então disponível para ajudar o colonizador como agricultor, pescador, guia, conhecedor da natureza tropical e, para tudo isso, deveria ser tratado como gente, ter reconhecidas sua inocência e alma na medida do possível. A discussão religiosa e jurídica em torno dos limites da liberdade dos índios se confundiu com uma disputa entre jesuítas e colonos. Os padres se apresentavam como defensores da liberdade, enfrentando a cobiça desenfreada dos colonos. CALDEIRA, J. A nação mercantilista. São Paulo: Editora 34,1999 (adaptado). Entre os séculos XVI e XVIII, os jesuítas buscaram a conversão dos indígenas ao catolicismo. Essa aproximação dos jesuítas em relação ao mundo indígena foi mediada pela a) demarcação do território indígena. b) manutenção da organização familiar. c) valorização dos líderes religiosos indígenas. d) preservação do costume das moradias coletivas. e) comunicação pela língua geral baseada no tupi. RESOLUÇÃO Alternativa E O século XVI muda a maneira de pensar do homem europeu. A colonização da América, os mercados saindo do Mediterrâneo, os Humanistas do Renascimento colocando o homem como medida de todas as coisas. Durante esse período aumenta a crítica à Igreja Católica, culminando com as ações de Lutero e Calvino (Reforma Religiosa), momento delicado para a Igreja que presencia a diminuição de seus seguidores. Na expectativa de equilibrar essa balança, após o descobrimento, através da Companhia de Jesus, muitos jesuítas vieram para a América para catequizar os índios, trazendo-os para a fé cristã. Aliás, índio foi um conceito criado pelo europeu, após o descobrimento da América por Colombo, pensando que estivesse chegado às Índias. Do ponto de vista biológico, os índios brasileiros não constituem um todo homogêneo, variam muito. Falam os mais diversos idiomas. No decorrer dos anos, devido à busca por alimentos, guerras, migrações etc., proporcionaram um maior contato entre os nativos provocando diferenciações linguísticas e culturais. Há dois troncos culturais majoritários, os tupis-guaranis e os jês, e dois outros grupos também numerosos, aruaques e caraíbas. Cada um deles ainda se dividia em centenas de outros subgrupos. Porém, o tupi, por ser falado pelas tribos litorâneas que primeiro entraram em contato com os portugueses, foi elevado pelos missionários cristãos à condição de língua geral.