Terapia Antirretroviral, infecções oportunistas e comorbidades em

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III Semana Interdisciplinar, X Seminário de Iniciação Científica
IV Semana da Família
IC/FARM
Terapia Antirretroviral, infecções oportunistas e
comorbidades em pacientes que convivem com HIV/AIDS
Ironice Faria de SouzaI* (IC), Lívia Maria FernandesI (IC), Anna Paula de Sá BorgesII (PQ)
I
Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Itumbiara. [email protected]
Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Itumbiara.
II
RESUMO
Introdução: A terapia antirretroviral tem permitido melhora da qualidade de vida do portador de
HIV/AIDS. Essa melhora está relacionada a diferentes reações adversas e comorbidades. Devido a
redução da atividade imunológica nos indivíduos soropositivos, podem surgir infecções oportunistas.
Estudos são necessários para compreender estes fatores. Objetivos: Analisar perfil medicamentoso,
presença de comorbidades e doenças oportunistas nos portadores de HIV/AIDS. Casuística e Métodos:
Análise de prontuários dos pacientes com diagnóstico de infecção por HIV, no período de primeiro de
janeiro de 2008 a 31 de Dezembro de 2013. Resultados e Discussão: De 131 prontuários analisados:
infecção pelo HIV no sexo masculino, 85 (64,8%) pacientes. Idade prevalente: entre 20 e 49 anos, 103
(78,9%) registros. Uso de preservativo: 112 (85,5%) indivíduos não utilizavam. Causa de infecção:
relações sexuais, 130 (99,2%) registros. Terapia antirretroviral: 15 esquemas medicamentosos distintos,
com combinação de duas ou três classes de antirretrovirais. Dentre os pacientes indicados para o início
+
da TARV 78 (59,5%) apresentaram contagem de linfócitos TCD4 abaixo de 500 células/mm³. Infecções
oportunistas em 45 (34,5%) pacientes: alterações dermatológicas foram mais prevalentes com 39
(86,7%) casos, alterações neurológicas, 03 (6,6%), e infecções pulmonares, 03 (6,6%) registros. Foi
analisado o perfil lipídico em 42 (32%) prontuários, 28 (66,7%) pacientes utilizavam Inibidores de
Proteases. Sendo que, 21 (50%) pacientes apresentaram alterações lipídicas. Conclusão: A terapia
antirretroviral tem melhorado consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes soropositivos.
Entretanto, as reações adversas e comorbidades associadas a ela comprometem a adesão ao
tratamento, implicando na alteração da terapia farmacológica para alguns pacientes.
Palavras chaves: HIV/AIDS, TARV, infecções oportunistas.
1 INTRODUÇÃO
A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) leva a uma doença
crônica progressiva a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) que tem como
característica uma alta replicação viral, que destrói o sistema imunológico da pessoa
infectada (BRASIL, 2012a). As células mais susceptíveis à infecção pelo HIV são as
que possuem a glicoproteína CD4+, em especial os linfócitos T, células de defesa
imunológica. Quanto menor a quantidade destas células maior a probabilidade de
surgirem infecções oportunistas (WIGG, 2008).
Apesar de comprovado os benefícios da terapia antirretroviral (TARV) para o
controle da replicação viral, esta quando não utilizada adequadamente, pode ocasionar
risco de resistência do vírus aos medicamentos e, consequentemente, redução nas
opções terapêuticas disponíveis. O uso da TARV também pode desencadear
alterações metabólicas entre elas as dislipidemias (FAGUNDES et al., 2010, p. 142).
A identificação de fatores relacionados à presença de comorbidades e
infecções oportunistas, são extremamente necessários para o aprimoramento de ações
relacionadas ao uso racional de medicamentos e consequentemente melhora clínica e
redução de morbimortalidade destes pacientes.
Este projeto teve como objetivo geral analisar o perfil medicamentoso da
terapia antirretroviral, presença de comorbidades e doenças oportunistas nos
portadores de HIV/AIDS através do estudo de utilização de medicamentos (EUM) que
será realizado em prontuários de pacientes atendidos no Departamento de DST/AIDS
no município de Itumbiara- GO.
“Interdisciplinaridade, Saberes e Práticas”
Itumbiara, GO, Brasil – 06 a 09 de outubro de 2014.
Os objetivos específicos deste estudo buscaram identificar pacientes de acordo
com o perfil sociodemográfico, principais TARVs prescritas, principais comorbidades da
AIDS e presença de infecções oportunistas.
2 CASUÍSTICA E MÉTODOS
O estudo foi classificado como, retrospectivo, prospectivo e observacional, e foi
realizado no Serviço de Assistência Especializada (SAE) localizado no Núcleo de
Ações Básicas em Saúde (NABS) no Município de Itumbiara-Goiás. A população do
estudo compreendeu indivíduos portadores de HIV/AIDS com diagnóstico positivo para
HIV, no período de primeiro de Janeiro de 2008 a 31 de Dezembro de 2013. Foram
excluídos pacientes com registro de transferência, óbito neste período, gestantes e
crianças. A coleta de dados foi realizada através da análise de prontuários de pacientes
com HIV/AIDS acompanhados pelo SAE. As informações sociodemográficas coletadas
foram: número de registro, sexo, idade, gênero e estado civil. Dados clínicos e
laboratoriais como: provável transmissão do HIV, contagem de linfócitos TCD4 +, CV,
perfil lipídico, presença de infecções oportunistas, comorbidades e terapia antirretroviral
prescrita também foram analisados.
Os pacientes foram divididos de acordo com o diagnóstico de HIV ou AIDS:
Grupo 1 - indivíduos que convivem com HIV (sem uso da TARV); Grupo 2 - Pacientes
que convivem com AIDS (uso de TARV); Grupo 3 - pacientes que convivem com AIDS
e que tiveram alteração da TARV.
Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do
Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) sob o número de protocolo
23184113.5.0000.5565 em 25 de Março de 2014.
A pesquisa foi baseada nas “Recomendações de terapia antirretroviral para
adultos vivendo com HIV/AIDS no Brasil – 2012.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisados 397 prontuários, sendo válido para a pesquisa, de acordo
com os critérios de exclusão, um total de 131. Treze pacientes pertencem ao Grupo 1,
no Grupo 2 foram identificados 118 pacientes e destes 39 ao pertenciam ao Grupo 3
A contaminação pelo HIV predominou no sexo masculino com 85 (64,8%)
casos, correspondendo com os dados acumulados no país entre os anos de 1980 e
2013 onde a prevalência desta infecção no sexo masculino e feminino foi de 64,9% e
35,1%, respectivamente (BRASIL, 2013a).
Prevaleceu a contaminação na população com idade entre 20 a 49 anos,
representando 103 (78,6%) pacientes. Conferindo com dados registrados pela
Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde, da Secretaria de Saúde do
Estado de Goiás (BRASIL, 2012b; BRASIL, 3013b).
O município maior número de registros de diagnóstico foi Itumbiara com 116
(88,6%) casos. A prevalência da infecção pelo vírus se deu em solteiros com 64
(48,9%) casos.
Os dados demonstraram que 112 (85,5%) indivíduos não utilizam preservativos
em todas as relações sexuais. De acordo Granjeiro et al., (2012) o não uso de
preservativo pode ser atribuído à confiança no parceiro (a), afetividade da relação ou
ao uso de álcool e outras drogas que impedem a decisão do indivíduo de fazer uso do
mesmo. Foi observado que em 131 (99,2%) casos, as relações sexuais foram causa da
transmissão do vírus.
“Interdisciplinaridade, Saberes e Práticas”
Itumbiara, GO, Brasil – 06 a 09 de outubro de 2014.
Dentre os pacientes indicados para o início da terapia medicamentosa 78
(59,5%) estavam com o número de L-TCD4+ abaixo de 500 células/mm³. De acordo
com Wigg (2008), o progresso da infecção pelo HIV, é acompanhado pelo número de
células TCD4+ e a quantidade de vírus na corrente sanguínea. O período de
acompanhamento com a TARV variou entre um 01 e 85 meses.
Considerando a presença de doenças oportunistas 45 (34,5%) pacientes
apresentaram uma ou mais destas patologias, sendo as alterações dermatológicas as
mais prevalentes com 39 (86,7%) registros. Em pesquisa realizada por Michelim et al.,
(2004), verificou-se que quanto menor a contagem de L-TCD4+, maior o número de
doenças dermatológicas.
Dos pacientes analisados, três (6,6%) apresentaram infecção neurológica.
Segundo Araújo et al.; (2012) dos pacientes com a imunodeficiência de 3 a 50% vão
manifestar infecção neurológica. Entre as infecções oportunistas pulmonares a
tuberculose e as pneumonias bacterianas são mais frequentes (COSTA, 2010). Três
(6,6%) pacientes apresentaram infecções pulmonares.
De acordo com Brasil (2013a), a TARV inicial deve incluir três antirretrovirais
combinados, sendo dois Inibidores da Transcriptase Reversa Análogos de
Nucleosídeo/ Nucleotídeo (ITRN ou ITRNt), e um Inibidor da Transcriptase Reversa
Não Análogo de Nucleosídeos (ITRNN) . A adoção desse esquema antirretroviral foi
feita em 35 (44,3%) pacientes.
Entre os pacientes que fazem uso da TARV, 14 (17,7%) fazem uso da primeira
linha de tratamento. A segunda linha de tratamento, composta por dois ITRNs e um
Inibidor de Protease (IP), é utilizada por 43 (54,4%) pacientes. Os esquemas
medicamentosos adotados para o Grupo 3, cuja terapia inicial foi alterada, o esquema
mais recomendado foi a segunda linha de tratamento (3TC+AZT/ATV/RTV), sendo
utilizado por 11 (28,2%) dos pacientes.
O uso da TARV pode potencializar algumas síndromes metabólicas como:
resistência insulínica, anormalidade na distribuição da gordura corporal e hipertensão
arterial sistêmica e dislipidemia (BRASIL, 2013a).
Dados indicativos de peso e perfil lipídico estavam incompletos na maioria dos
prontuários. Apenas 42 pacientes possuíam informações completas sobre o perfil
lipídico. 21 (50%) apresentaram alterações lipídicas, sendo que destes 28 (66,7%)
utilizavam os inibidores de proteases RTV e LPV.
De acordo com Júnior et al., (2005) a incidência dislipidemias entre os
pacientes que fazem uso de inibidores de protease varia de 60% a 75%.
CONCLUSÃO
A análise dos prontuários constatou que:
Prevalência da infecção pelo HIV no sexo masculino.
Faixa etária 20 a 49 anos.
Residentes em Itumbiara.
Contaminação ocorreu por relação sexual.
Contagem de LTCD4+ abaixo de 500 cel/mm3: na maioria dos pacientes.
Doenças oportunistas: houve prevalência de alterações dermatológicas.
Segunda linha de tratamento foi a mais utilizada: dois ITRNs e um IP.
Comorbidade constatada: dislipidemia associada ao uso de IP.
“Interdisciplinaridade, Saberes e Práticas”
Itumbiara, GO, Brasil – 06 a 09 de outubro de 2014.
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“Interdisciplinaridade, Saberes e Práticas”
Itumbiara, GO, Brasil – 06 a 09 de outubro de 2014.
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