Plantas Medicinais como Recurso Terapêutico

Propaganda
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
Plantas Medicinais como Recurso Terapêutico em Comunidade do Entorno da
Reserva Biológica do Tinguá, RJ, Brasil – Metabólitos Secundários e Aspectos
Farmacológicos.
Luciana Santos de Oliveira1
Farmacêutica Bioquímica (UFRJ)
Michelle Frazão Muzitano2
Doutora em Ciências (UFRJ)
Marcela Araújo Soares Coutinho3
Mestre em Ciências (UFRJ)
Giany Oliveira de Melo4
Doutora em Ciências (UFRJ)
Sônia Soares Costa5*
Doutora em Química (Université Paris XI)
Resumo
A Reserva Biológica do Tinguá, no centro-sul do Estado do Rio de Janeiro, possui uma rica
biodiversidade de Mata Atlântica. Um levantamento foi realizado em uma comunidade do entorno desta
Reserva, de forma a contribuir para o resgate e a preservação da sabedoria popular da região sobre o uso
de plantas medicinais. Observou-se que a maioria da comunidade recorre às plantas para cuidar da saúde.
Foram repertoriadas 72 espécies medicinais, suas formas de acesso, modo de preparo, dentre outras
informações relevantes. Os dados indicam que as plantas medicinais representam um importante recurso
terapêutico para a comunidade. A presença de metabólitos secundários bioativos nas espécies parece
justificar o seu uso. Adicionalmente, algumas dessas plantas medicinais são de interesse ao SUS.
Palavras-chave: Plantas Medicinais; Reserva Biológica do Tinguá; Mata Atlântica; Produtos Naturais.
1
Farmacêutica Bioquímica (UFRJ). Atualmente é professora da Faculdade de Farmácia da Universidade Severino Sombra (USS, Vassouras,
RJ). Contato: [email protected]
2
Farmacêutica e Doutora em Ciências (UFRJ). Atualmente é professora da UFRJ, Campus Macaé. Contato: [email protected]
3
Farmacêutica Industrial e Mestre em Ciências (UFRJ). Atualmente é doutoranda no Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais (NPPNUFRJ). Contato: [email protected]
4
Farmacêutica e Doutora em Ciências (UFRJ). Atualmente é pesquisadora do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Contato:
[email protected]
5*
Farmacêutica Bioquímica (UFMG), Doutora em Química (Université Paris XI, França) e Pós-Doutorado em Química de Produtos Naturais
(Muséum National d´Histoire Naturelle, França). Atualmente é professora e pesquisadora no Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais
(NPPN-UFRJ). Contato: [email protected]

Endereço para correspondência: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 21941-902, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Tel/Fax: (55) (21) 25626791
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
Abstract
The Biological Reserve of Tinguá, in the center-south of the State of Rio de Janeiro, represents a
significant portion of the Atlantic Forest’s biological diversity. A survey of medicinal plants was carried
out in a surrounding community of this Reserve with the aim of recording and preserving its traditional
knowledge. Most of the inhabitants is dependent on plants for the treatment of illnesses. From the
interviews, 72 medicinal species have been listed as well as their origin and herbal preparations, among
other relevant information. The data collected indicate that medicinal plants are an important therapeutic
resource for the community. The presence of bioactive secondary metabolites in these species seems to
justify their use. Additionally, some of these medicinal species are of interest to SUS.
Key Words: Medicinal Plants; Biological Reserve of Tinguá; Atlantic Forest; Natural Products.
Introdução
Ao longo dos tempos a sabedoria popular vem sendo transmitida de forma empírica entre as gerações. O
conhecimento tradicional sobre o uso das plantas é vasto e, em muitos casos, é o único recurso disponível
que a população rural de países em desenvolvimento tem ao seu alcance (PASA et al., 2005; AGRA et al.,
2008; DE JESUS, 2009). Porém, atualmente, observa-se que as novas gerações não demonstram tanto
interesse por este conhecimento, fato que contribui para o seu consequente desaparecimento.
Diante desta situação, torna-se necessário uma maior valorização desta cultura e a recuperação do
conhecimento que a população detém sobre o uso dos recursos naturais. O resgate de tais informações
assume um papel indispensável, impedindo a sua perda com o passar dos anos, além de contribuir para a
ciência contemporânea (VENDRUSCOLO et al., 2005; LEITÃO et al., 2009). Trabalhos de campo
intensos, com o registro de todas as informações possíveis acerca da utilização das plantas medicinais de
uma determinada região, devem ser realizados para que esses conhecimentos possam ser preservados
(MARODIN & BAPTISTA, 2002).
A Organização de Saúde Mundial (OMS) estima que 65% da população mundial incorporam o uso de
plantas da medicina tradicional aos cuidados médicos. Diversos estudos ao longo dos anos permitiram
fazer uma associação entre diferentes espécies medicinais e suas respectivas atividades biológicas a partir
da observação, descrição e investigação experimental. Tais estudos, apoiados principalmente nos
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
conhecimentos de botânica, química, bioquímica e farmacologia, contribuíram amplamente para a
descoberta de produtos naturais bioativos (FARNSWORTH, 1994).
A Reserva Biológica do Tinguá é uma das maiores Unidades de Conservação da Mata Atlântica do
Estado do Rio de Janeiro. A riqueza de sua flora e fauna torna-a uma das mais importantes áreas de vida
silvestre do centro-sul do Estado (BRAZ et al., 2004). As plantas medicinais aparecem com grande força
no interior da Reserva. Segundo Dias et al. (2002), estão presentes: Annona cacans (Warm.) - “Cortição”,
utilizada como purgante; Geissospermum vellosii (Allemão) - “Pau-pereira”, para problemas estomacais;
Sparattosperma leucanthum (Vell.) Schum. - “Cinco-chagas”, como depurativo do sangue; Salacia
grandifolia (Peyr.) - “Castanha-mineira”, para problemas renais; Copaifera trapezifolia (Hayne) “Copaíba”, cicatrizante e antiofídica; Hymenaea courbaril L. - “Jatobá-rosa”, em casos de cistite e
blenorragia; Sorocea guilleminiana (Gaud.) - “Falsa espinheira”, empregada contra gastrite e Ottonia
jaborandi (Vell.) - “Jaborandi”, utilizada como anestésico, dentre outras espécies.
Em torno da reserva, habitam diversas comunidades, praticamente rurais e de baixa renda (DIAS et al.,
2002). Geralmente, neste tipo de localidade, não existem farmácias comerciais e o suprimento de
medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS) é irregular. Este conjunto de fatores faz com que o
conhecimento e a utilização de plantas medicinais pela população destas áreas sejam de grande valor,
pois, muitas vezes, constituem a única opção no tratamento das enfermidades (DE JESUS, 2009).
As plantas são capazes de biossintetizar determinadas substâncias, denominadas metabólitos secundários,
que desempenham diversas funções, como por exemplo: proteção contra predadores, atratores voláteis,
fornecimento de cor às plantas - facilitando a polinização, dentre outras (DEWICK, 2002). Os metabólitos
secundários são, portanto, importantes para a adaptação e a propagação das espécies vegetais. Ao
contrário dos metabólitos primários, como exemplo os carboidratos e os ácidos graxos, os metabólitos
secundários não são necessariamente produzidos sob todas as condições. Como exemplo de metabólitos
secundários, temos os alcaloides, os terpenos e os flavonoides. Estes últimos representam uma classe
química de larga ubiquidade no grupo das substâncias fenólicas de origem vegetal (DEWICK, 2002). Um
vasto leque de atividades biológicas é descrito para estas classes de metabólitos secundários, como por
exemplo, ação antitumoral, anti-inflamatória, antioxidante, antibacteriana, antiparasitária, antiviral, dentre
outras (COWAN, 1999; MIDDLETON et al., 2000; SIMÕES et al., 2004; COUTINHO et al., 2009).
Estima-se que 40% dos medicamentos disponíveis na terapêutica atual foram desenvolvidos a partir de
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
fontes naturais, sendo que dentre os fármacos aprovados no período entre 1981 e 2002, cerca de 60%
eram produtos naturais ou foram desenvolvidos a partir destes (CALIXTO, 2003; NEWMAN & CRAGG,
2007).
Com base no exposto, este trabalho visou repertoriar as plantas medicinais mais utilizadas em uma das
comunidades localizadas no entorno da Reserva Biológica do Tinguá, seus respectivos usos terapêuticos,
forma de obtenção e preparo. De forma integrada, buscou-se também apresentar alguns aspectos
relacionados à farmacologia e aos metabólitos secundários já descritos para as espécies, bem como
demais necessidades da comunidade em termos de acesso à medicação.
Materiais e Métodos
Descrição da área de estudo - O estudo foi realizado em uma comunidade que habita o entorno da
Reserva Biológica do Tinguá (REBIO do Tinguá). Esta reserva foi criada pelo Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), através do Decreto Federal nº 97.780 (23 de maio de
1989) e apresenta uma rica biodiversidade de Mata Atlântica nativa (BRAZ et al., 2004). O clima é
tropical úmido, com temperaturas variando entre 15,7° C a 27,7° C. Está situada entre os municípios de
Duque de Caxias, Petrópolis, Miguel Pereira e Nova Iguaçu, abrangendo uma área de 26.260 ha e 150 km
de perímetro (Figura 1). A REBIO do Tinguá tem uma importância social incontestável, por conter
mananciais de abastecimento de água que atendem a esses municípios. Também estão presentes em seus
limites, reminiscências históricas importantes, que datam do século passado, como por exemplo, o
caminho do ouro (trecho de 18 km construído por escravos para o transporte de ouro) e aquedutos. O
nome da reserva advém do Maciço do Tinguá, que é formado por tinguaíto, uma rocha alcalina
descoberta e descrita pela primeira vez na Serra do Tinguá. A palavra é de origem Tupi Guarani, Tin-gua
- Tin-qua, que significa pico em forma de nariz (DIAS et al., 2002).
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
Figura 1: Mapa de localização da Reserva Biológica do Tinguá (RJ, Brasil). A região onde a Reserva se
situa está em verde no destaque (SOUZA, 2003).
Pesquisa de campo - Foram entrevistadas 30 famílias, em um total de 800 famílias, de uma comunidade
habitante do entorno da REBIO do Tinguá. Os dados coletados apresentam nível de significância () de
5% e erro amostral (e) de 3%. O questionário foi elaborado de forma a abranger os seguintes itens:
identificação do entrevistado, plantas medicinais utilizadas e suas aplicações, procedência do material
vegetal (cultivo caseiro, horto ou aquisição em feiras livres), preparo e forma de utilização das plantas e
uso do Sistema Único de Saúde (SUS). As entrevistas foram conduzidas durante visitas domiciliares, no
período compreendido entre abril e agosto de 2005. A abordagem foi realizada de forma a não interferir
nas respostas.
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
Resultados e Discussão
Plantas utilizadas pela comunidade e aplicação terapêutica - A partir das entrevistas foram repertoriadas
72 espécies medicinais, distribuídas em 38 famílias botânicas, sendo a família Asteraceae a mais
representativa neste estudo, com nove espécies citadas pela população (Tabela 1), assim como em um
relato de Macía et al. (2005), sobre pesquisa realizada em comunidade latino-americana.
Tabela 1: Espécies medicinais repertoriadas durante as entrevistas em comunidade do entorno da Reserva
Biológica do Tinguá (RJ, Brasil).
Família
Espécie Botânica
Nome popular
Alismataceae
Echinodorus grandiflorus Mitch
Anacardium occidentale L.
Mangifera indica L.
Schinus terebinthifolia Raddi
Annona muricata L.
Ageratum conyzoides L.
Artemisia verlotorum Lamotte
Baccharis trimera (less.) DC
Bidens pilosa L.
Chamomilla recutita (L.) Rauschert
Elephantopus mollis Kunth
Mikania glomerata Spreng.
Solidago chilensis Meyen
Vernonia polyanthes Less
Bixa orellana L.
Bauhinia forficata Link
Senna bicapsularis (L.) Roxb.
Maytenus aquifolium Mart.
Chenopodium ambrosioides L.
Terminalia catappa L.
Cuscuta racemosa Mart.
Costus spicatus (Jacq.) SW.
Kalanchoe brasiliensis Camb.
Momordica charantia L.
Sechium edule (Jacq.) SW.
Equisetum hiemale L.
Phyllanthus niruri L.
Ricinus communis L.
Cajanus cajan (L.) Mill sp.
Erythrina velutina Willd
Alpinia zerumbet(Pers.)B.L.Burtt & R.M.Sm.
Leonurus sibiricus L.
Melissa officinalis L.
Mentha piperita L.
Chapéu-de-Couro
Caju
Manga
Aroeira
Graviola
Erva-de-São-João
Novalgina
Carqueja
Picão
Camomila
Erva-grossa
Guaco
Arnica
Assa-Peixe
Urucum
Pata-de-Vaca
Sene
Espinheira-Santa
Erva-de-Santa-Maria
Amendoeira
Cipó-Chumbinho
Cana-do-Brejo
Saião
Melão-de-São-Caetano
Chuchu
Cavalinha
Quebra-Pedra
Mamona
Guandu
Mulungu
Colônia
Erva-Macaé
Melissa
Hortelã-Pimenta
Anacardiaceae
Annonaceae
Asteraceae
Bixaceae
Caesalpiniaceae
Celastraceae
Chenopodiaceae
Combretaceae
Convolvulaceae
Costaceae
Crassulaceae
Cucurbitaceae
Equisetaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
Giberaceae
Lamiaceae
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
Lauraceae
Liliaceae
Lithraceae
Loranthaceae
Malvaceae
Myrtaceae
Moraceae
Musaceae
Oxalidaceae
Arecaceae
Passifloraceae
Phytolaccaceae
Plantaginaceae
Poaceae
Punicaceae
Rosaceae
Rutaceae
Solanaceae
Urticaceae
Mentha pulegium L.
Ocimum gratissimum L.
Plectranthus barbatus Andrews
Laurus nobilis L.
Persea americana Mill
Allium cepa L.
Allium sativum L.
Cuphea carthagenesis (Jacq.) J.F. Mac Br.
Phoradendron affine Nutt
Malva sylvestris L.
Eucalyptus globulus Labill
Eugenia uniflora L.
Psidium guajava L.
Artocarpus incise L.
Morus alba L.
Musa paradisiaca L.
Averrhoa carambola L.
Cocos nucifera L.
Passiflora edulis Sims
Petiveria alliacea L.
Plantago major L.
Bambusa vulgaris Schr.
Cymbopogon citratus (DC) Stapf
Eleusine indica (L.) Gaertn
Gymnopogon filiosus Wild
Zea mays L.
Punica granatum L.
Rosa sp.
Citrus aurantium L.
Datura stramonium L.
Lycopersicon pipinellifolium Mill
Solanum americanum Mill
Solanum cemuum Vell
Phenax sonneratii (Poir) Wedd
Poejo
Alfavaca
Boldo
Louro
Abacate
Cebola
Alho
Sete-Sangria
Erva-de-Passarinho
Malva
Eucalipto
Pitanga
Goiaba
Fruta-Pão
Amora
Banana-Ouro
Carambola
Coco-da-Bahia
Maracujá
Guiné
Tanchagem
Bambu
Capim-Limão
Capim Pé-de-Galinha
Grama-Barbante
Milho
Romã
Rosa-Branca
Laranja-da-Terra
Trombeta
Tomate
Erva-Moura
Panaceia
Parietaria
Dentre as nove espécies da família Asteraceae citadas pela comunidade da REBIO do Tinguá, destacamse as espécies Vernonia polyanthes Less, Baccharis trimera Less e Mikania glomerata Spreng. Também
foi possível observar que os usos mais frequentes de plantas medicinais pela comunidade no entorno do
Tinguá se aplicam às infecções respiratórias, problemas digestivos (afecções hepáticas), problemas renais
e ansiedade. As famílias botânicas mais significativas para a comunidade da REBIO do Tinguá estão
dispostas na Figura 2.
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
11%
Asteraceae
26%
6%
Lamiaceae
10%
Poaceae
Costaceae
Verbenaceae
Rutaceae
15%
17%
7%
8%
Myrtaceae
Crassulaceae
Figura 2: Famílias botânicas mais significativas do levantamento de uso de plantas medicinais, em
termos de número de citações, na comunidade do entorno do em comunidade do entorno da Reserva
Biológica do Tinguá (RJ, Brasil).
Dentre as 72 espécies medicinais repertoriadas, as dez mais citadas pela comunidade estão dispostas na
Tabela 2, com destaque para Lippia alba (Mill) N.E. Br. (12 citações), Plectranthus barbatus Andrews.
(11 citações), Kalanchoe brasiliensis Camb. (8 citações) e Citrus aurantium L. (7 citações) - em ordem de
importância de uso pela comunidade. Algumas ações farmacológicas referentes ao uso popular das
espécies citadas são comprovadas cientificamente.
A espécie mais citada, Lippia alba (Verbenaceae), é conhecida pela comunidade como erva-cidreira,
alecrim-selvagem e salva-limão, dentre outros nomes. Suas folhas são utilizadas na forma de infusão em
casos de cólica e má digestão (PASCUAL et al., 2001; HENNEBELLE et al., 2008). Há relatos na
literatura de atividade analgésica, espasmolítica e antibacteriana para esta espécie (LORENZI & MATOS,
2002; AGUIAR & COSTA, 2005; HENNEBELLE et al., 2008), que apresenta como constituintes
químicos vários terpenos como limoneno, carvona, linalol, safrol, geranial, mirceno, neral, dentre outros.
Também estão presentes flavonas glicosiladas e biflavonoides (HENNEBELLE et al., 2008). Segundo
Oliveira et al. (2006), seu uso na medicina popular pode ser explicado, parcialmente, pela ocorrência
desses constituintes voláteis bioativos. Estudos científicos relatam o potencial terapêutico desta espécie na
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
prevenção de ulcerações gástricas (PASCUAL et al., 2001) e sua influência no comportamento e bemestar (VALE et al., 1999).
A segunda espécie mais utilizada é Plectranthus barbatus (Lamiaceae), conhecida como falso-boldo,
malva-santa e boldo silvestre. Suas folhas são utilizadas na forma de infusão em casos de má digestão,
controle de gastrite, afecções do fígado, bronquite e pneumonia, dentre outras patologias (LUKHOBA et
al., 2006). Apresenta como constituintes químicos os terpenos β-cariofileno (anti-inflamatório), ferruginol
(antimicrobiano) e barbatusina (analgésico), dentre outros compostos. Estudo científico recente relata a
atividade inibitória da bomba H+, K+-ATPase gástrica por plectrinona A, um constituinte diterpênico
isolado desta espécie (SCHULTZ et al., 2007). Além disso, também já foi comprovado
experimentalmente, em animais de laboratório, que ambos os extratos aquosos e hidroalcoólicos das
partes aéreas dessa espécie reduzem consideravelmente o volume e a acidez da secreção gástrica,
protegendo contra úlceras induzidas por estresse e etanol (LORENZI & MATOS, 2002;
VENDRUSCOLO et al., 2005).
A espécie Kalanchoe brasiliensis (Crassulaceae), também muito usada pela comunidade, é conhecida
popularmente como saião, coirama-branca e folha-da-costa. Suas folhas são empregadas na forma de
sumo para tratamento de afecções pulmonares, queimaduras e feridas na pele. A partir do sumo das folhas
de K. brasiliensis foi possível isolar e identificar os componentes bioativos, especialmente flavonoides,
dentre os quais se incluem os acetil-ramnosídeos de patuletina (COSTA et al., 1994), que se mostraram
potentes inibidores da proliferação de linfócitos humanos. Dessa forma, observa-se que a composição
química de K. brasiliensis justifica o seu comportamento imunomodulador (IBRAHIM et al., 2002).
Por sua vez, a espécie Citrus aurantium (Rutaceae), conhecida pela população como laranja-da-terra e
laranja-amarga, tem suas folhas, flores e frutos utilizados nas formas de infusão e xarope. É indicada em
casos de má digestão, resfriados, dores estomacais, como calmante, dentre outros. Espécies do gênero
Citrus são ricas em flavonoides, óleos voláteis (limoneno, linalol, nerol), cumarinas e pectinas. Sua
atividade farmacológica é comprovada cientificamente na literatura. A atividade sedativa e hipnótica foi
demonstrada para o óleo volátil da casca do fruto e o efeito antiespamódico para o extrato alcoólico da
casca dos frutos. Atividade antimicrobiana in vitro (CARVALHO-FREITAS & COSTA, 2002;
VENDRUSCOLO et al., 2005) e ação sobre o bem-estar e o comportamento (PULTRINI et al., 2006)
também já foram evidenciadas.
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
Tabela 2: Espécies medicinais mais citadas, seu respectivo uso popular e os metabólitos secundários
bioativos. Em destaque, as quatro espécies mais utilizadas pela comunidade do entorno da Reserva
Biológica do Tinguá (RJ, Brasil).
.
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
Plantas Medicinais
Mais Citadas
Número
De
Citações
Uso
Popular
Formas
De
Utilização
Assa-Peixe
Vernonia polyanthes
Less.
(Asteraceae)
6
Tosse
Sumo
Boldo
Plectranthus barbatus
Andrews (Lamiaceae)
11
Afecções
hepáticas,
gástricas e
pulmonares
Infusão
Folhas
Capim-Limão
Cymbopogon citratus
Stapf.
(Poaceae)
6
Resfriado
Infusão/
Xarope
Folhas
Cana-do-Brejo
Costus spicatus (Jacq)
Sw. (Costaceae)
5
Afecções renais
Infusão
Partes aéreas
Carqueja
Baccharis trimera
(Less) DC.
(Asteraceae)
6
Afecções
hepáticas
Infusão
Erva-cidreira
Lippia alba (Mill)
N.E. Br.
(Verbenaceae)
12
Cólicas, afecções
gástricas e
ansiedade
Infusão
Guaco
Mikania glomerata
Spreng. (Asteraceae)
6
Tosse
Laranja-da-Terra
Citrus aurantium L.
(Rutaceae)
Pitanga
Eugenia uniflora L.
(Myrtaceae)
Saião
Kalanchoe brasiliensis
Camb.
(Crassulaceae)
Parte Vegetal
Utilizada
Atividades
Farmacológicas
Comprovadas
Substâncias
Bioativas
Referências
Folhas
Vasodilatador,
afecções
pulmonares
Óleos essenciais,
flavonoides,
alcaloides
DA SILVEIRA et al., 2003
Afecções
hepáticas
e gástricas
Terpenos,
alcaloides
LORENZI & MATOS, 2002;
LUKHOBA et al., 2006;
SCHULTZ et al., 2007;
VENDRUSCOLO et al., 2005
Antimicrobiano,
antioxidante
Óleos essenciais,
taninos, ácidos
fenólicos e
flavonoides
FIGUEIRINHA et al., 2008;
PEREIRA et al., 2008
Antifúngico,
afecções renais
Flavonoides,
saponinas
Afecções
hepáticas e
gástricas
Terpenos,
flavonoides
JANUARIO et al., 2004
Folhas
Afecções
gástricas,
ansiedade,
antimicrobiano
Óleos essenciais,
terpenos,
flavonoides
AGUIAR & COSTA, 2005;
HENNEBELLE et al., 2008;
LORENZI & MATOS 2002;
OLIVEIRA et al., 2006;
PASCUAL et al., 2001;
VALE et al., 1999
Xarope
Folhas
Antibacteriano
Óleos essenciais,
cumarinas
OLIVEIRA et al., 2007
SOARES DE MOURA et al.,
2002
7
Afecções gástricas
e pulmonares,
resfriados,
ansiedade
Infusão/
Xarope
Folhas, flores e
frutos
Afecções
gástricas,
antimicrobiano,
sedativo
Terpenos,
flavonoides
4
Resfriado
Infusão
Folhas e frutos
Antibacteriano,
antioxidante
Flavonoides,
óleo essencial
AURICCHIO et al., 2007;
OLIVEIRA et al., 2008
8
Afecções
pulmonares,
queimaduras,
feridas na pele
(inflamações)
Sumo
Folhas
Antiinflamatório,
imunossupressor
Flavonoides
COSTA et al., 1994;
IBRAHIM et al., 2002
Partes aéreas
DE SOUZA et al., 2004;
SILVA et al., 2008
CARVALHO-FREITAS &
COSTA, 2002;
PULTRINI et al., 2006;
VENDRUSCOLO et al., 2005;
Assim, observa-se que o grande número de citações relatado para estas espécies pode ser justificado por
suas ações frente às patologias mais frequentes e às necessidades da comunidade, tais como problemas
respiratórios, digestivos e ansiedade. Observa-se que além de Citrus aurantium L. (laranja-da-terra),
Plectranthus barbatus Andrews. (falso-boldo) e Kalanchoe brasiliensis Camb. (saião), plantas medicinais
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
mais significativas na relação obtida durante a entrevista, a comunidade também tem acesso a quatro
outras espécies, muito utilizadas no tratamento de problemas pulmonares, como resfriados e tosses:
Vernonia polyanthes Less. (assa-peixe), Cymbopogon citratus (DC) Stapf. (capim-limão), Mikania
glomerata Spreng. (guaco) e Eugenia uniflora L. (pitanga). Os principais constituintes químicos, que
justificam o uso das espécies medicinais citadas, são mostrados na Figura 3.
Terpenos
Flavonoides
OH
OH
O
O
O
O
carvona
limoneno
safrol
Me
O
HO
MeO
HO
OR2
O
O
OH O
Me
O
R1O
OH OH
Cumarinas
O
O
Kalambrosídeo A
Kalambrosídeo B
Kalambrosídeo C
R1
Ac
H
Ac
R2
Ac
Ac
H
Figura 3: Estruturas dos principais metabólitos secundários bioativos presentes nas espécies medicinais
citadas pela comunidade do entorno da Reserva Biológica do Tinguá (RJ, Brasil).
Plantas de interesse ao SUS - O Ministério da Saúde vem realizando no Brasil importantes ações
relacionadas ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS). As diretrizes
deste projeto preconizam o apoio às pesquisas que visem o aproveitamento do potencial terapêutico da
flora nacional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
Atualmente, a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS) apresenta uma
lista de 71 espécies medicinais. Entre as plantas listadas, encontram-se a alcachofra, a aroeira da praia e a
unha-de-gato, usadas pela sabedoria popular e confirmadas cientificamente, para distúrbios de digestão,
inflamação vaginal e dores articulares, respectivamente (PHARMACIA BRASILEIRA, 2009).
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
Algumas das plantas repertoriadas durante entrevista na comunidade do entorno da Reserva Biológica do
Tinguá (REBIO-Tinguá) também estão incluídas na listagem do RENISUS, como por exemplo,
Plectranthus barbatus (boldo), Mikania glomerata (guaco) e Eugenia uniflora (pitanga), confirmando o
seu potencial terapêutico. Inclusive, atualmente, o SUS já oferece fitoterápicos derivados de guaco,
indicados em casos de tosses e gripes (PHARMACIA BRASILEIRA, 2009).
Assim, outras espécies repertoriadas durante a entrevista à comunidade poderiam possivelmente ser
incluídas na atual listagem, visto a sua importância medicinal e o seu uso popular no tratamento de
doenças, como por exemplo, Kalanchoe brasiliensis (saião) e Lippia alba (erva-cidreira).
Procedência do material vegetal - A população entrevistada mostrou obter as espécies medicinais em sua
maioria através de cultivo caseiro (66%), em relação à obtenção direta do habitat natural (34%). A
comunidade da REBIO do Tinguá usa preferencialmente plantas medicinais que não fazem parte da flora
típica da região (INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO, 2010),
mas que são cultiváveis em hortas e são comuns a diversas regiões do país. Desta forma, o maior número
de citações encontrado para as espécies da Tabela 2, pode ser justificado por essa facilidade em cultivar e
coletar as plantas medicinais, levando em consideração, inclusive, a sua disponibilidade em feiras
populares. Algumas das espécies constantes da Tabela 1 são plantas medicinais encontradas em região de
mata da REBIO e não se adaptam facilmente ao cultivo caseiro, como por exemplo: mulungu (Erythrina
velutina Willd.; Fabaceae) e espinheira-santa (Maytenus aquifolium Mart.; Celastraceae), o que também
justifica seu baixo número de citações.
O quintal, além de ser um espaço que colabora para a subsistência da família, é utilizado para o cultivo
das espécies medicinais, desempenhando um considerável papel econômico, assim como observado por
Pasa et al. (2005) durante estudo em comunidade do interior do Mato Grosso, Brasil. Dessa forma, a
população mantém a baixa dependência de produtos adquiridos externamente, pois os quintais são aptos a
fornecer produtos para uso local, bem como contribuir para a conservação dos recursos vegetais e da
diversidade cultural, fundamentada no saber e na cultura dos moradores locais (PASA et al., 2005).
Modo de preparo - Em relação ao modo de preparo do material vegetal foi possível observar que a
maioria da comunidade (70%) utiliza a forma de infusão (chá). O xarope, composto por mais de uma
espécie medicinal, é empregado por 10% da comunidade, enquanto os dois tipos de formulação – infusão
e xarope – são utilizados por 20% da população. A infusão também foi um dos modos de preparo mais
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
citados em estudo realizado em comunidade latino-americana por Macía et al. (2005). Estes autores
observaram que a maioria das formulações era preparada a partir de uma simples espécie. Entretanto,
algumas aplicações eram preparadas a partir de uma mistura de plantas medicinais - o mesmo observado
durante o nosso levantamento botânico na comunidade da REBIO do Tinguá. Borba & Macedo (2006)
também relatam o uso preferencial das espécies na forma de chá, em estudo realizado na Chapada dos
Guimarães (Mato Grosso, Brasil). Além disso, também se pode observar que as partes da planta mais
frequentemente utilizadas pela população da REBIO do Tinguá são as folhas, assim como observado em
demais estudos realizados em comunidades rurais (MACÍA et al., 2005; TOGOLA et al., 2005; BORBA
& MACEDO, 2006; LIMA & SANTOS, 2006).
Dose, duração do tratamento e outras informações obtidas - Em relação à dosagem e à duração do
tratamento, a população entrevistada demonstrou não possuir conhecimento sobre as possíveis
consequências da ingestão de altas doses ou do uso prolongado das espécies medicinais utilizadas. Este
fato foi evidenciado através de afirmações, dentre as quais se pode citar: “a gente usa até enquanto tem
ou a gente vai usando até ficar curado...”.
Além disso, foi possível observar uma grande parcela da população (80%) faz uso das plantas medicinais
como forma de tratamento de diversas patologias, antes de consultar um especialista da área médica. A
comunidade apresenta um grande déficit na área de saúde, pois conta com um único posto de saúde, cujo
funcionamento é bastante precário (DIAS et al., 2002). No que diz respeito à utilização dos serviços do
SUS, foi possível verificar que 63,3% das famílias recorrem ao atendimento médico.
Através das entrevistas também foi possível constatar que os habitantes do entorno da REBIO do Tinguá
não tem acesso a cursos, palestras ou outras fontes de informações, que visem uma melhor orientação no
que diz respeito à utilização das plantas medicinais. Além disso, durante o processo de pesquisa de
campo, os entrevistados fizeram algumas reivindicações, tais como o apoio de um profissional da saúde
capacitado, a fim de orientar a comunidade em relação ao uso e a dosagem das plantas medicinais e em
relação às plantas antiofídicas para atendimento de emergência. A comunidade não possui conhecimento
dessas plantas e sofre com a ocorrência de acidentes ofídicos, principalmente com crianças.
Uma maior interação entre os conhecimentos de um profissional da saúde capacitado, juntamente aos
conhecimentos da população local, poderia levar a um máximo de aproveitamento em relação ao que o
material vegetal é capaz de oferecer, prevenindo também questões relativas à dose e tempo de tratamento
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
com as plantas medicinais. Esta medida propiciaria melhoria da saúde através do uso de material de fácil
acesso à população, auxiliando a comunidade em relação às possíveis interações e toxicidade proveniente
do uso de altas concentrações, visto que esta já detém o conhecimento empírico. Desta forma, haveria
uma integração de conhecimentos e o resgate dos valores da cultura popular. Importante ressaltar que a
participação social é muito importante no resgate dessa cultura, pois só o respeito ao conhecimento e a
sua valorização poderá manter vivo o conhecimento através das gerações.
Conclusões
Através deste estudo foi possível repertoriar as espécies medicinais de maior importância para a
comunidade do REBIO do Tinguá. A análise das informações obtidas permitiu verificar que o uso
popular das espécies está de acordo com a literatura. Diversos estudos já comprovam a presença de
metabólitos secundários potencialmente terapêuticos nas plantas citadas, o que nos leva a sugerir que
estas substâncias possam estar relacionadas, de maneira benéfica, com o uso popular das espécies
vegetais pela comunidade. Este é o primeiro relato de levantamento botânico, relacionando aspectos
químicos e farmacológicos, realizado em uma comunidade que vive no entorno da região desta Reserva
biológica.
Agradecimentos
À comunidade visitada durante o projeto e a todos os entrevistados por suas sábias informações; à
entidade ambientalista Onda Verde por sua colaboração durante as pesquisas de campo; à raizeira
Luciene Alves Santos de Jesus pelo apoio e dedicação durante o projeto; ao raizeiro Dionísio Brives de
Carvalho pela colaboração como guia da localidade; à CAPES pelo suporte financeiro.
Referências
AGRA, M.F.; SILVA, K.N.; BASÍLIO, I.J.L.D.; FRANÇA, P.F.; BARBOSA-FILHO, J.M. Survey of
medicinal plants used in the region Northeast of Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.18, n.3,
p.472-508, 2008.
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
AGUIAR, J.S.; COSTA, M.C.C.D. Lippia alba (Mill.) N.E. Brown (Verbenaceae): levantamento de
publicações nas áreas química, agronômica e farmacológica, no período de 1979 a 2004. Revista
Brasileira de Plantas Medicinais, v.8, n.1, p.79-84, 2005.
AURICCHIO, M.T.; BUGNO, A.; BARROS, S.B.M.; BACCHI, E.M. Antimicrobial and antioxidant
activities and toxicity of Eugenia uniflora. Latin American Journal of Pharmacy, v.26, n.1, p.76-81,
2007.
BORBA, A.M.; MACEDO, M. Plantas medicinais usadas para a saúde bucal pela comunidade do bairro
Santa Cruz, Chapada dos Guimarães, MT, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.20, n.4, p.771-782, 2006.
BRAZ, D.M.; MOURA, M.V.L.P.; ROSA, M.M.T. Chave de identificação para as espécies de
Dicotiledôneas arbóreas da Reserva Biológica do Tinguá, RJ, com base em caracteres vegetativos. Acta
Botanica Brasilica, v.18, n.2, p.225-240, 2004.
CALIXTO, J.B. Biodiversidade como fonte de medicamentos. Ciência e Cultura, v.55, p.37-39, 2003.
CARVALHO-FREITAS, M.I.R.; COSTA, M. Anxiolytic and sedative effects of extracts and essential oil
from Citrus aurantium L. Biological & Pharmaceutical Bulletin, v.25, n.12, p.1629-1633, 2002.
COSTA, S.S.; JOSSANG, A.; BODO, B.; SOUZA, M.L.M.; MORAES, V.L.G. Patuletin
acetylrhamnosides from Kalanchoe brasiliensis as inhibitors of human lymphocyte proliferative activity.
Journal of Natural Products, v.57, p.1503-1510, 1994.
COUTINHO, M.A.S.; MUZITANO, M.F.; COSTA, S.S. Flavonoides: Potenciais agentes terapêuticos
para o processo inflamatório. Revista Virtual de Química, v.1, p.241-256, 2009.
COWAN, M.M. Plant products as antimicrobial agents. Clinical Microbiology Reviews, v.12, p.564-582,
1999.
DA SILVEIRA, R.R.; FOGLIO, M.A.; GONTIJO, J.A.R. Effect of the crude extract of Vernonia
polyanthes Less. on blood pressure and renal sodium excretion in unanesthetized rats. Phytomedicine,
v.10, p.127-131, 2003.
DE JESUS, N.Z.T.; LIMA, J.C.S.; DA SILVA, R.M.; ESPINOSA, M.M.; MARTINS, D.T.O.
Levantamento etnobotânico de plantas popularmente utilizadas como antiúlceras e antiinflamatórias pela
comunidade de Pirizal, Nossa Senhora do Livramento - MT, Brasil. Revista Brasileira de
Farmacognosia, v.19, n.1A, p.130-139, 2009.
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
DE SOUZA, A.M.; LARA, L.D.; PREVIATO, J.O.; LOPES, A.G.; CARUSO-NEVES, C.; DA SILVA,
B.P.; PARENTE, J.P. Modulation of sodium pumps by steroidal saponins. Zeitschrift Fur Naturforschung
C - A Journal of Biosciences, v.59, p.432-436, 2004.
DEWICK, P.M. Medicinal Natural Products – A Biosynthetic Approach. West Sussex: John Wiley &
Sons, 2002.
DIAS, C.S.P.M.; DIAS, M.A.M.; XAVIER, M.L. Reserva Biológica do Tinguá - Guia do Educador.
IBAMA, 2002.
FARNSWORTH, N. R. Ethnopharmacology and drug development. Ciba Foundation Symposium, v.185,
p.42–51, 1994.
FIGUEIRINHA, A.; PARANHOS, A.; PEREZ-ALONSO, J.J.; SANTOS-BUELGA, C.; BATISTA,
M.T. Cymbopogon citratus leaves: Characterisation of flavonoids by HPLC-PDA-ESI/MS/MS and an
approach to their potential as a source of bioactive polyphenols. Food Chemistry, v.110, n.3, p.718-728,
2008.
HENNEBELLE, T.; SAHPAZ, S.; JOSEPH, H.; BAILLEUL, F. Ethnopharmacology of Lippia alba.
Journal of Ethnopharmacology, v.116, p.211-222, 2008.
IBRAHIM, T.; CUNHA, J.M.T.; MALDI, K.; FONSECA, L.M.B.; COSTA, S.S.; KOATZ, V.L.G.
Immunomodulatory
and
anti-inflammatory
effects
of
Kalanchoe
brasiliensis.
International
Immunopharmacology, v.2, p.875-883, 2002.
INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO. Projeto Paisagem e Flora
da
Reserva
Biológica
do
Tinguá:
subsídios
ao
monitoramento
da
vegetação.
http://www.jbrj.gov.br/pesquisa/projetos_especiais/tingua (Acessado em março de 2010).
JANUARIO, A.H; SANTOS, S.L.; MARCUSSI, S.; MAZZI, I.V.; PIETRO, R.C.L.R.; SATO, D.N.;
ELLENA, J.; SAMPAIO, S.V.; FRANCA, S.C.; SOARES, A.N. Neo-clerodane diterpenoid, a new
metalloprotease snake venom inhibitor from Baccharis trimera (Asteraceae): anti-proteolytic and antihemorrhagic properties. Chemico-Biological Interactions, v.150, n.3, p.243-251, 2004.
LEITÃO, F.; DA FONSECA-KRUEL, V.S.; SILVA, I.M.; REINERT, F. Urban ethnobotany in
Petrópolis and Nova Friburgo (Rio de Janeiro, Brazil). Revista Brasileira de Farmacognosia, v.19, n.1B,
p.333-342, 2009.
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
LIMA, M.R.; SANTOS, M.R.A. Aspectos Etnobotânicos da Medicina Popular no Município de Buritis,
Rondônia. Revista Fitos, v.2, n.2, p.36-41, 2006.
LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. São Paulo: Nova
Odessa, 2002.
LUKHOBA, C.W.; SIMMONDS, M.S.J.; PATON, A.J. Plectranthus: A review of ethnobotanical uses.
Journal of Ethnopharmacology, v.103, p.1-24, 2006.
MACÍA, M.J.; GARCÍA, E.; VIDAURREB, P.J. An ethnobotanical survey of medicinal plants
commercialized in the markets of La Paz and El Alto, Bolivia. Journal of Ethnopharmacology, v.97, n.2,
p.337-350, 2005.
MARODIN, S.M.; BAPTISTA, L.R.M. Plantas medicinais do Município de Dom Pedro de Alcântara,
Estado do Rio Grande do Sul, Brasil: espécies, famílias e usos em três grupos da população humana.
Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.5, n.1, p.1-9, 2002.
MIDDLETON, E.; KANDASWAMI, C.; THEOHARIDES, T.C. The effects of plant flavonoids on
mammalian cells: Implications for inflammation, heart disease, and cancer. Pharmacological Reviews,
v.52, p.673-751, 2000.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, Brasília, 2007.
(disponível em http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/politica_plantas_medicinais_fitoterapia.pdf).
NEWMAN, D.J.; CRAGG, G.M. Natural Products as Sources of New Drugs over the Last 25 Years.
Journal of Natural Products, v.70, p.461-477, 2007.
OLIVEIRA, D.F.; PEREIRA, A.C.; FIGUEIREDO, H.C.P.; CARVALHO, D.A.; SILVA, G.; NUNES,
A.S.; ALVES, D.S.; CARVALHO, H.W.P. Antibacterial activity of plant extracts from Brazilian
southeast region. Fitoterapia, v.78, n.2, p.142-145, 2007.
OLIVEIRA, D.R.; LEITÃO, G.G.; SANTOS, S.S.; BIZZO, H.R.; LOPES, D.; ALVIANO, C.S.;
ALVIANO, D.S.; LEITÃO, S.G. Ethnopharmacological study of two Lippia species from Oriximina,
Brazil. Journal of Ethnopharmacology, v.108, n.1, p.103-108, 2006.
OLIVEIRA, M.D.L.; ANDRADE, C.A.S.; SANTOS-MAGALHÃES, N.S.; COELHO, L.C.B.B.;
TEIXEIRA, J.A.; CARNEIRO-DA-CUNHA, M.G.; CORREIA, M.T.S. Purification of a lectin from
Eugenia uniflora L. seeds and its potential antibacterial activity. Letters in Applied Microbiology, v.46,
n.3, p.371-376, 2008.
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
PASA, M.C.; SOARES, J.J.; GUARIM, G.N. Estudo etnobotânico na comunidade de Conceição-Açu
(alto da bacia do rio Aricá Açu, MT, Brasil). Acta Botanica Brasilica, v.19, n.2, p.195-207, 2005.
PASCUAL, M.E.; SLOWING, K.; CARRETERO, M.E.; VILLAR, A. Antiulcerogenic activity of Lippia
alba (Mill.) N. E. Brown (Verbenaceae). Il Farmaco, v.56, p.501-504, 2001.
PEREIRA, A.D.; CARDOSO, M.D.; DE ABREU, L.R.; DE MORAIS, A.R.; GUIMARÃES, L.G.D.;
SALGADO, A.P.S.P. Chemical characterization and inhibitory effect of essential oils on the growth of
Staphylococcus aureus and Escherichia coli. Ciência e Agrotecnologia, v.32, n.3, p.887-893, 2008.
PHARMACIA BRASILEIRA. Saúde elabora Relação de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS. Ano
XII, N° 70, p.77-78, 2009.
PULTRINI, A.M.; GALINDO, L.A.; COSTA, M. Effects of the essential oil from Citrus aurantium L. in
experimental anxiety models in mice. Life Sciences, v.78, p.1720-1725, 2006.
SCHULTZ, C.; BOSSOLANI, M.P.; TORRES, L.M.B.; LIMA-LANDMAN, M.T.R.; LAPA, A.J.;
SOUCCAR, C. Inhibition of the gastric H+,K+-ATPase by plectrinone A, a diterpenoid isolated from
Plectranthus barbatus Andrews. Journal of Ethnopharmacology, v.111, n.1, p.1-7, 2007.
SILVA, D.N.; GONÇALVES, M.J.; AMORAL, M.T.; BATISTA, M.T. Antifungal activity of a
flavonoid-rich fraction from Costus spicatus leaves against dermatophytes. Planta Medica, v.74, n.9,
p.961-961, 2008.
SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK,
P.R. Farmacognosia da Planta ao Medicamento. Santa Catarina: Editora da UFSC, 2004.
SOARES DE MOURA, R.; COSTA, S.S.; JANSEN, J.M.; SILVA, C.A.; LOPES, C.S.; BERNARDOFILHO, M.; NASCIMENTO DA SILVA, V.; CRIDDLE, D.N.; PORTELA, B.N.; RUBENICH, L.M.;
ARAUJO, R.G.; CARVALHO, L.C. Bronchodilator activity of Mikania glomerata Sprengel on human
bronchi and guinea-pig trachea. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v.54, n.2, p.249-56, 2002.
SOUZA, J.C. Reserva Biológica do Tinguá, RJ - Discutindo o processo de co-gestão a partir de uma
iniciativa local. Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Ciências Estatísticas/
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ENCE/ IBGE, 2003.
TOGOLA, A.; DIALLO, D.; DEMBÉLÉ, S.; BARSETT, H.; PAULSEN, B.S. Ethnopharmacological
survey of different uses of seven medicinal plants from Mali, (West Africa) in the regions Doila,
Kolokani and Siby. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v.1, p.7, 2005.
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Ano 4 - Nº 17 Abril /Junho – 2011
VALE, T.G.; MATOS, F.J.A.; DE LIMA, T.C.M.; VIANA, G.S.B. Behavioral effects of essential oils
from Lippia alba (Mill.) N.E. Brown chemotypes. Journal of Ethnopharmacology, v.67, n.2, p.127-133,
1999.
VENDRUSCOLO, G.S.; RATES, S.M.K.; MENTZ, L.A. Dados químicos e farmacológicos sobre as
plantas utilizadas como medicinais pela comunidade do bairro Ponta Grossa, Porto Alegre, Rio Grande do
Sul. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.15, n.4, p.361-372, 2005.
www.interscienceplace.org
páginas 54-74
Download