a prática dinâmica da leitura e escrita para alunos do 3º ano do

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CENTRO DE EDUCAÇÃO
SEMANA DE PEDAGOGIA 2013
“GESTÃO DA EDUCAÇÃO EM ALAGOAS: AMEAÇAS E DESAFIOS”
A PRÁTICA DINÂMICA DA LEITURA E ESCRITA PARA ALUNOS DO 3º ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL
Camila Vieira da Silva (PIBID/pedagogia/UAB/UFAL)
[email protected]
Jucélia Inácio (PIBID/pedagogia/UAB/UFAL)
[email protected]
Maria de Lourdes (PIBID/pedagogia/UAB/UFAL)
[email protected]
Maria Auxiliadora da Silva Cavalcante (PIBID/Pedagogia/UAB/UFAL)
[email protected]
RESUMO
O presente artigo apresenta uma reflexão sobre o andamento das ações desenvolvidas por
bolsistas do PIBID/UAB/UFAL, com alunos do 3º ano do Ensino fundamental, em uma
escola pública municipal da Educação Básica, localizada na cidade de Santana do IpanemaAL. Tem como objetivo, por um lado, melhorar o processo ensino-aprendizagem de alunos
dos anos iniciais do ensino fundamental e, por outro lado, inserir os bolsistas do
PIBID/Pedagogia/UAB/UFAL, no cotidiano de escolas públicas da Educação Básica, para
que possam planejar, criar e vivenciar práticas inovadoras, que busquem a superação das
dificuldades relacionadas ao processo ensino-aprendizagem, bem como estimular o gosto pela
leitura e consequentemente a escrita dos alunos participantes do PIBID. Para isso, observamos
atividades diversificadas, no intuito de compreender o processo de leitura e escrita de alunos
do 3° ano da instituição, locus dessa pesquisa. As discussões perpassam pelo âmbito escolar,
permitindo uma análise sobre o processo de ensino-aprendizagem da escrita, tendo em vista
que para o desenvolvimento da escrita necessita-se de muita leitura, porém não se pode deter
somente aos livros didáticos, precisa-se encontrar outras fontes/suportes que induzam a escrita
ao leitor (alunos do 3° ano). O estudo foi subsidiado por autores como: Brasil (1997/1998);
Ferreiro (2004); Kleiman (2004); Gomes (2007); entre outros. Os resultados parciais apontam
que, embora ainda estejamos em fase quase inicial de desenvolvimento, jásentimos que os
alunos atendidos por bolsistas do PIBID já apresentam avanços no processo de autonomia e
reflexão, apresentam mais boa vontade de fazer as atividades de leitura e escrita, os alunos
foram envolvendo-se e percebendo que podemos brincar, cantar, desenhar, discutir sobre o
assunto, apontar sugestões, divertirmo-nos e construir novos aprendizados e sobretudo,
aprender de fato a ler e escrever.
PALAVRAS-CHAVE: leitura. Aprendizagem. Atividades.Escrita.
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1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o processo ensino-aprendizagem da leitura e escrita tem sido foco de
muitas discussões, reflexões e inúmeras pesquisas, sobretudo, o processo que se realizanas
escolas públicas, cujos resultados, conforme avaliações nacionais desenvolvidas pelo INEP,
em sua maioria, ainda estão longe de alcançar a aprendizagem esperada para cada ano
cursado. No município de Santana do Ipanema, os índices de alunos que chegam ao terceiro
ano sem estarem alfabetizados têm crescido muito. Nesse sentido, este trabalho relata uma
experiência que está sendo desenvolvida por alunos do PIBID1/UAB/UFAL, como parte de
um projeto maior, que visa melhorar não somente o processo ensino-aprendizagem de alunos
dos anos iniciais do ensino fundamental, mas, sobretudo, inserir alunos de licenciaturas no
cotidiano de escolas públicas da Educação Básica, para que estes possam planejar, criar e
vivenciar práticas inovadoras, que busquem a superação das dificuldades relacionadas ao
processo ensino-aprendizagem.
Na escola em que desenvolvemos o projeto do PIBID/UAB/UFAL (doravante
denominada de Escola da Esperança2), não é diferente da grande maioria das escolas públicas
do País. Lá constatamos quemuitos alunos chegam ao 3º ano sem estarem alfabetizados, não
sabem ler e nem escrever. Temos ainda aqueles que sabem ler e pouco escrevem, entre outras
dificuldades como a produção, interpretação e raciocínio lógico. Tais dificuldades são fatores
que preocupam a escola, as quais refletem no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica), que em 2011 foi menor do 3,0. Índice que requer a busca de novas práticas de leitura
e escrita, com intuito de superar essas dificuldades.
Diante dessa realidade, nós, bolsistas do PIBID/UAB/UFAL, estamos desenvolvendo
atividades de leitura e escrita que, esperamos poder contribuir para o avanço no processo de
alfabetização dos alunos do 3º ano. Através de métodos dinâmicos de leitura e escrita, jogos
diversificados, buscando o desenvolvimento cognitivo e psicomotor dos alunos do 3° ano,
bem como a produção e interpretação de textos de forma significativa e prazerosa. Para além
1
O PIBID é financiado pela Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior-Capes, através do
pagamento de bolsas de estudos para alunos das licenciaturas, professores da Educação Básica Pública, que
atuam como supervisores e formadores nas escolas campo do PIBID e também para os coordenadores de área,
vinculados às Universidade e Institutos Federais de Ensino superior.
2
Denominamos a escola, na qualdesenvolvemos as atividades vinculadas ao PIBID/UAB/UFAL, de Escola da
Esperança, por questões de ética.
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do trabalho com os alunos do 3º ano, temos também como proposta realizar um trabalho de
socialização com os professores e coordenadores pedagógicos, sistematizando as ações
desenvolvidas pelo professor regente da turma com as novas propostas que traremos durante o
período de intervenções.
Desta forma, revela-se a importância de enfatizarmos a prática da leitura e escritanos
anos iniciais do ensino fundamental, tendo como finalidade a preparação debons leitores para
na escola e fora dela, leitores que possam avançar no seu processo de escolarização, mas
também com conhecimento para agir de forma bem sucedida na e em pro da própria vida na
sociedade. Todavia,é necessário conceber as práticas de leitura também como objeto de
aprendizagem de forma sistematizada e rotineira. Para tanto, a leitura deve fazer sentido para
o aluno, para que alcance o seu verdadeiro objetivo que é ler com interpretação e autonomia,
sentindo-se como coautor do processo de compreensão.Acreditamos que, ao trazer algumas
questões centrais sobre as práticas de leitura neste artigo, contribuiremos para a consolidação
de uma visão crítica e questionadora das atividades de comunicação escrita e oral, pois é
através dela que a aprendizagem se concretiza. Trata-se de perceber, que temos o
compromisso de compreender a leitura como um processo no qual o leitor realiza um trabalho
ativo de construção do significado do contexto sócio-cultural que o cerca.
Gomes (2007) quando disserta sobre a aquisição da escrita, afirma que: “o grande desafio do
professor é ensinar uma língua já conhecida e dominada pelos seus alunos. A criança chega à
escola com uma gramática adquirida e com um vocabulário até então suficiente para expressar
suas necessidades” (p. 36-37). Nesse sentido, pode-se dizer que a criança quando chega à
escola já traz consigo uma língua falada que o influenciará na aquisição da leitura e escrita.
Assim sendo, é necessário uma atenção minuciosa do professor ao ensino da linguagem,
tendo a preocupação de considerar a complexidade que o processo envolve, deste modo a
aprendizagem da leitura e escrita requer cuidados, atenção especial, tanto no processo de
aprendizagem, quanto na qualificação de profissionais. Sendo assim, discutiremos propostas
diferenciadas para dinamizar esta etapa.
Percebemos assim, que há uma grande preocupação por parte dos educadores, principalmente,
por parte daqueles que atuam nas escolas do ensino fundamental, em incentivar a criança a ler.
Porém não se percebe a execução das práticas cabíveis para que isso aconteça. Segundo os
PCN da língua portuguesa (1998, p.07) “a leitura, como prática social, é sempre um meio,
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nunca um fim”. Então, devemos exercitar a leitura como uma verdadeira prática social.
2.DESCRIÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
As atividades de leitura e escrita estão sendo desenvolvidas com novealunos do 3º ano
do ensino fundamental,da faixa etária de 8-10 anos, em uma escola da rede pública municipal
na cidade de Santana do Ipanema-AL, cujo IDEB referente ao ano de 2011 foi menor que 3,0.
Para a tomada de decisão do que fazer, como fazer e para quem fazer, em termos de atividade
de leitura e escrita, tomamos por referência as atividades desenvolvida para a turma do 3º ano
de forma completa e após diagnósticos avaliativos, selecionamos alguns alunos que
apresentavam maior dificuldade no processo de alfabetização, para trabalharmos de forma
mais intensiva o processo de leitura e escrita, até mesmo a escrita do seu próprio nome. As
atividades tiveram como pressupostos a leitura interdisciplinar, como parte importante no
aprofundamento do conhecimento dos alunos. Visto a importância de associar o que os alunos
já tinham de conhecimentos com o que estávamos propondo como atividade.
Desse modo,observamos que a prática de leitura escolar não deve surgir casualmente,
mas de uma ação devidamente planejada onde estejam reunidas no seu projeto de exercício as
necessidades, as inquietações e os desejos dos alunos para torná-los bons leitores. O simples
ato de exigir que o aluno leia, não o envolve de forma significativa e democrática nas
situações de leitura. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (1997)
orientam que:
Para tornar os alunos bons leitores para desenvolver muito mais do que a
capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura, a escola terá de
mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender)
requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e
desafiador, algo que se conquistado plenamente, dará autonomia e
independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se
desafiar a aprender fazendo. Uma prática de leitura que não desperte e
cultive o desejo de ler é uma prática pedagógica eficiente (BRASIL, 1998, p.
58).
As primeiras atividades realizadas foram de leitura e interpretação de texto através dos
desenhos. Os alunos tinham que na medida em que fossem observando as ilustrações
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interpretassem o que estava escrito. O objetivo dessa atividade era de fazer com que eles
criassem seu próprio texto, mostrando assim se eles realmente haviam entendido o que estava
exposto. Ao analisarmos os resultados percebemos que alguns não conseguiam escrever quase
nada, então buscamos atividades voltadas para a alfabetização, começando pela leitura do
alfabeto.
Tomando como base tais realidades, entendemos a alfabetização como um processo de
aquisição de habilidades específicas necessárias à compreensão e interpretação da linguagem
escrita, esta, constitui-se como um sistema de representação da linguagem, conforme Ferreiro
(2001). Concebemos o aluno como um sujeito ativo, capaz de aprender e avançar no processo
de escolarização, o qual já detém um conhecimento que precisa ser valorizado e trabalhado,
juntamente com o conhecimento produzido pela ciência ao longo dos séculos.
Com o intuito de contribuirmos para a formação de leitores, tomamos por base a fala de
Morais (1996, p.36), quando afirma que “lemos para saber, para compreender, para refletir.
Lemos também pela beleza da linguagem, para nossa emoção, para nossa perturbação. Lemos
para compartilhar. Lemos para sonhar e para aprender a sonhar (há várias maneiras de
sonhar...). A melhor maneira de começar a sonhar é por meio dos livros”.
3. RELATO DE EXPERIÊNCIAS
Nossa primeira aproximação com a escola, foi um período de observações, conhecimento e
contextualização da realidade, foi quando percebemos a necessidade de direcionar nosso
trabalho ao movimento e as diferentes formas de expressão dos alunos perante as atividades
propostas em sala de aula pelo professor regente da turma.
O trabalho pedagógico foi organizado e pensado de modo a incorporar a exploração do
espaço, as vivências, sensações e percepções de cada aluno. A infância é a etapa mais
importante do processo de construção da personalidade, pois é nessa fase que o aluno tem
contato com as primeiras regras então, quando esta infância está desestruturada fica difícil o
aluno assimilar coerentemente os conteúdos desenvolvidos em sala de aula.
Inseridas no espaço da sala de aula do 3º ano, começamos a vivenciar os momentos e a
observar os movimentos dessa turma. Dispostos em filas, as crianças recebiam a orientação
para colocarem sobre a mesa o caderno e o lápis e realizarem em silêncio a cópia do que
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estava sendo escrito no quadro. Algumas crianças não sabiam escrever e sentavam-se com um
amigo para observar e realizar a leitura após o término da cópia. As crianças recebiam
orientação de tempo para concluírem a cópia e a leitura do texto titulado “A água”, embora
muitas tivessem usado este espaço para conversar com o colega, olhar para além das janelas,
abaixar a cabeça sobre a mesa. No momento seguinte, uma das crianças é indicada para
realizar a leitura em voz alta e as demais deveriam acompanhar. Poucas crianças
acompanharam a leitura, a encarregada de fazê-la oralmente, soletrava palavra por palavra
palavras, fato que comprometia a compreensão do texto como um todo por parte dos demais
alunos que ouviam. Leitura realizada, as crianças eram informadas que deviam adquirir
hábitos de leitura, que seriam cobradas diariamente e que, ao realizar as leituras oralmente,
deviam fazê-las com mais clareza. Nossa inquietação refere-se em tentar compreender o que
precisaria ainda ser desenvolvido para que as crianças se apropriassem do conteúdo,
demonstrando suas dúvidas, mas, também tentativas de resolvê-las com mais confiança e
propriedade. Durante a correção das atividades propostas, sentimos que as dúvidas
apresentadas pelas crianças eram constantes e, muitas delas, embora tendo resolvido o
exercício seguindo orientações para apagar e reescrever, elas permaneciam com as mesmas
dúvidas. Foto que foi constatado em exercícios posteriores.
Sobre o ambiente da sala de aula, acreditamos que este deveria ser mais alfabetizador,
mais colorido, mais atrativo, mais informador. Geraldi (2002) comenta que recuperar a escola
e trazer para dentro dela o que dela se exclui por princípio o prazer, parece o ponto básico
para o sucesso de qualquer esforço honesto de incentivo à leitura.
Ainda no período de observação tivemos a oportunidade de realizar uma dinâmica com a
turma para promover um melhor reconhecimento e entrosamento do/com o grupo de alunos.
Conhecendo as particularidades do grupo poderíamos posteriormente planejar atividades que
atendesse aos seus interesses, já que o grupo é bastante comunicativo. Com base em
Rego(2001) para Vygotsky, o desenvolvimento do sujeito humano se dá a partir das
constantes interações com o meio social em que vive, já que as formas psicológicas mais
sofisticadas emergem da vida social.
Inicialmente sentados em círculo, cada aluno dizia o nome e uma característica/qualidade.
Não foi fácil fazer com que as crianças colocassem suas qualidades, a grande maioria alegava
ser envergonhada ou diziam não saber o que achavam melhor em si. Depois de muitos
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incentivos, todos se manifestaram. Abrimos, então, discussão para as diferentes características
dentro do espaço da sala de aula e para a necessidade de nos respeitarmos para convivermos
de forma mais tranquila. Esse momento foi riquíssimo para nós, pudemos ampliar nossas
relações, estando mais próximas das crianças, ouvindo-as e realizando nossas intervenções.
Nesse sentido concordamos com Freire (1990,p.32), quando refere que “a leitura de mundo
precede mesmo a leitura da palavra. Os alfabetizandos precisam compreender o mundo, o que
implica falar a respeito do mundo”.
Percebemos que poderíamos contribuir com as crianças se, ao conhecermos seus erros,
fossemos junto com elas, constatar o que ainda é necessário compreender para realizar a
leitura e escrita de forma adequada. Desta forma, acreditamos que os conteúdos devem ser
construídos com a participação das crianças. E,após a seleção de nove alunos para as
intervenções no laboratório de informática, iniciamos um trabalho sistemático nas segundas e
quartas-feiras. Logo nas primeiras intervenções, sentíamos que os estudantes estavam mais
participativos, envolvendo-se nas atividades, discutindo os temas propostos, construindo
conosco cada intervenção, o seu processo de aprendizagem.
Salientamos que os alunos têm necessidade de colocar-se durante as aulas, sendo importante
esse espaço de participação, não limitando a participação das crianças na cópia, deixando-as
numa situação de passividade.Destacamos nesse processo a importância da leitura com
gêneros textuais diversos, como fonte de aprendizagem, pois o texto subsidiaa discussão dos
temas, traz novas informações que se aliam aos conhecimentos prévios do aluno, que faz suas
interpretações e tem espaço para discuti-las com os colegas em sala de aula. Desse modo,
concordamos com Soares (2001,p.69) quando defende que:
a leitura estende-se desde a habilidade de traduzir em sons sílabas sem
sentido a habilidades cognitivas e metacognitivas; inclui dentre outras: a
habilidade de captar significados; a capacidade de interpretar sequências de
ideias ou eventos, analogias, comparações, linguagem figurada, relações
complexas, anáforas; e ainda, a habilidade de fazer previsões iniciais sobre o
sentido do texto, de construir significado combinando conhecimentos
prévios e informação textual, de monitorar a compreensão e modificar
previsões iniciais quando necessário, de refletir sobre o significado do que
foi lido, tirando conclusões e fazendo julgamentos sobre o conteúdo
(SOARES, 2001. p.69).
A utilização de atividades diversificadas, reelaborados através datransposição didática
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melhora a relação dos alunos com a leitura dos textos, para que sejam estimulados a buscar
outras fontes de leitura, e vejam nestas uma necessidade do processo de ensino-aprendizagem.
Constatamos a necessidade de desenvolver um projeto que visasse à formação de leitores,
acreditando que esta é a base fundamental para a compreensão, a participação e o
envolvimento no processo de construção do conhecimento de forma mais significativa e
prazerosa. A formação de leitores visa que estes se percebam, sintam-se como sujeitos do
processo ensino-aprendizagem, e que dessa forma interajam no ato de ler, interpretem,
questionem, reflitam, argumentem e formulem suas opiniões acerca das leituras que fazem,
não só da palavra impressa no papel, mas também das leituras de mundo, favorecidas não
apenas por livros, mas por imagens e diferentes linguagens de suas vivências.
Embora ainda estejamos no início do desenvolvimento de nossa participação como bolsistas
do PIBID,já é possível observar, por meio das atividades desenvolvidas pelos bolsistas do
PIBID, que os estudantes participantes do PIBID conseguiram despertar um fazer criativo,
entregando-se, envolvendo-se e mobilizando-se para a reconstrução do fazer, do criar, do
descobrir e do aprender.
Foi nesse sentido que, para além da leitura/escrita, tornou-se
importante instigá-los para algumas reflexões sobre a leitura nos diferentes espaços e tempos
sociais. Percebemos assim, que pensar no gosto pela leitura e escrita nos anos iniciais é
considerar que esta é a maneira que cada criança aprende a se relacionar com o mundo a sua
volta.Paulo Freire (1981, p. 12) complementa esse pensamento, ao dizer que:
Creio que muito de nossa insistência, enquanto professoras e professores, em
que os estudantes "leiam", num semestre, um sem-número de capítulos de
livros, reside na compreensão errônea que às vezes temos do ato de ler. Em
minha andarilhagem pelo mundo não foram poucas às vezes que jovens
estudantes me falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias a
serem muito mais "devorados" do que realmente lidos ou estudados.
A partir desse pensamento de Freire, compreende-se que devemos ler sempre e seriamente
livros que nos interessem que nos leve a mudança na nossa prática, que possamos realmente
ler, procurando nos aprofundar nos textos. O autor deixa bem claro que a leitura não deve ser
memorizada mecanicamente, mas sim, desafiadora, que nos ajude a pensar e observar a
realidade em que vivemos. Desta forma, propomos essa compreensão de leitura aos nove
alunos de uma turma de 3º ano.
No processo criativo, e durante todo o processo de produção das atividades foram
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promovidas diferentes discussões, explorando a construção da escrita, o que eles pensavam
sobre a escrita, sobre a leitura. Nesse contexto de construção e percepção, utilizamos como
meio e suporte materiais impressos no cotidiano escolar e residencial.
Vale ressaltar que, para nós que bolsistas do PIBID/UAB/UFAL, a escolha dos
procedimentos, das atividades e das praticas pedagógicas é uma ação delicada no processo do
planejamento e de atuação, porque estamos na condição alunos bolsistas e como a presença de
alunos de graduação em escolas da rede pública da educação básica, mediada pela
Universidade, ainda é muito recente nos municípios do interior do Estado, isso nos causa uma
certa ansiedade e insegurança. Porém, gostaríamos de ressaltar que a escola, aqui denominada
de Escola da Esperança, na qual desenvolvemos nossas ações do PIBID/UAB/UFAL tem nos
dado bastante apoio para desenvolvermos as nossas atividades, as quais visam nos inserir de
forma sistemática em escolas da Rede Pública da Educação Básica e com isso ampliar nossa
formação inicial, para sermos professores com conhecimento para buscar sempre a superação
dos desafios que todo ocorrem com frequência em sala de aula.
Nesse sentido, acreditamos estar contribuindo para melhorar o processo de alfabetização dos
alunos selecionados, pois a cada dia, realizamos uma atividade diferente, o lúdico, o jogo e as
brincadeiras também fazem parte do planejamento e das intervenções. O trabalho
diversificado tem sido uma das estratégias usadas em nosso fazer pedagógico, proporcionando
aos alunos maior participação nas atividades direcionadas a construção de novos
conhecimentos, de acordo com as dificuldades, e as necessidades de cada um.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo fazer uma reflexão sobre atividades de leitura e escrita que
estão sendo desenvolvidas com alunos do 3º ano,em uma escola da rede pública Municipal de
Santana do Ipanema, especialmente com alunos de uma turma de 3º ano.
Ao analisarmos os pontos positivos e negativos, constatamos que nosso olhar foi ampliado
com a nossa inserção na Escola da Esperança, pois permitiu que refletíssemos sobrea vivência
e participação dos alunos nos momentos e situações criadas para ampliar a autonomia,
ampliando também a construção de saberes sobre a docência nos anos iniciais, bem como, a
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nossa percepção do cotidiano escolar, pois na sala de aula, o professor pode valorizar os usos
da escrita presentes no cotidiano para ensinar os devidos conteúdos que precisam ser
utilizados em sua prática diária.
Durante o processo das práticas de leituras, experienciamos a dinamicidade que o trabalho
com nessa perspectiva pode trazer para a sala de aula. É processo lento, mas significativo, os
alunos foram envolvendo-se e percebendo que podemos brincar, cantar, desenhar, discutir
sobre o assunto, apontar sugestões, divertimo-nos e construindo novos aprendizados e
sobretudo, aprender de fato a ler e escrever.
Portanto, para desenvolver a prática da leitura e escrita é importante redimensionar o conceito
de leitura, que não pode ser apenas mecânico deve ser prático. Estes são aspectos
indispensáveis, mas não suficientes, pois se concebe a leitura também como um processo
interacional entre o leitor e o autor. O aluno carrega consigo uma vasta bagagem de
experiências, o português falado no nosso dia a dia, não é o mesmo português que
encontramos nos livros e nos textos escritos, no entanto cabe a escola, promover atividades
enriquecedoras que assegurem o prazer pela leitura.
Com o início deste projeto, buscou-se estimular nos alunos o gosto pela leitura e
consequentemente a escrita. Porém, é importante salientar que o processo da construção do
hábito de ler é um processo longo, é preciso construir nos alunos o desejo pela leitura desde
seu primeiro ingresso na escola.Sendo assim, é preciso oferecer às crianças a oportunidade de
leitura de forma convidativa e prazerosa. É nesse sentido que o incentivo a leitura
desempenha um importante papel, isto é, conduzir as crianças ao mundo novo e desconhecido
(KLEIMAN, 2004).
Consideramos ainda que a escrita e a leitura caminham juntas no processo de alfabetização,
que não se restringe ao primeiro especificadamente, mas muito antes do aluno entrar na escola
e sendo aperfeiçoadas durante todo o processo escolar de ensino-aprendizagem. Fazendo com
que os alunos sejam sujeitos do seu processo de ensino-aprendizagem, lendo o mundo de
forma crítica, interagindo no ato de ler, formulando suas opiniões, a fim de fazerem suas
inferências a partir do contexto e dos conhecimentos prévios que possuem. Uma prática
constante de leitura na escola deve admitir várias leituras, pois outra concepção que deve ser
superada é a do mito da interpretação única, fruto do pressuposto de que o significado está
dado no texto. O significado, no entanto, constrói-se pelo esforço de interpretação do leitor, a
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partir nãosó do que está escrito, mas do conhecimento que traz para o texto (PCN, 1997, p.
57).
Refletimos finalmente, a partir de nossos objetivos iniciais e de toda a nossa caminhada, que a
escrita e a leitura devem ser encaradas pelos alunos como algo necessário e prazeroso, e que
este processo requer uma ativa participação do professor, tendo clara a sua intencionalidade
desde o momento do planejamento das aulas, a escolha do material, a metodologia didática e
a avaliação contínua de todo o processo educativo.
Ao vermos a concretização de um trabalho pedagógico implantado por nós,
percebemos que todo esforço valeu a pena, principalmente quando notamos uma grande
mudança na atenção dos alunos e nos avanços obtidos ao longo dos meses com o PIBID.
Visto como um processo longo, pois é preciso construir o hábito de ler nos alunos desde
as séries iniciais. Nesta perspectiva continuaremos desenvolvendo novas práticas para
estimular cada dia mais novos alunos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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REGO, Teresa Cristina. Vygotsky- Uma perspectiva histórico-cultural da educação. 12º
Edição. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2001.
SOARES, Magda. Letramento Um tema e três gêneros. 2º Edição. Belo Horizonte:
Autêntica, 2001.
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