Patologia Molecular Carlos Alberto Pereira Vaz Técnico Superior de Laboratório [email protected] O que é a Patologia Molecular? A Patologia Molecular foi definida como a aplicação clínica e laboratorial da tecnologia dos ácidos nucléicos na elucidação, diagnóstico e monitorização de estados patológicos e na avaliação das condições não patológicas Objectivos da Patologia Molecular? • Técnicas e princípios básicos do diagnóstico molecular assim como a organização dos laboratórios de diagnóstico molecular; • Oncologia molecular incluindo ensaios de DNA para estudos dos rearranjos genéticos dos linfócitos T e B, análise de translocações, estudos de oncogenes, mutações genéticas em vários tipos de cancros (mama e cólon); • Testes moleculares para doenças genéticas Objectivos da Patologia Molecular? • Patologia molecular das doenças infecciosas (necessidade cada vez mais frequente de testes rápidos para vírus latentes como HIV e HCV, bem como organismos de crescimento lento como o bacilo da tuberculose; • Testes de grupos sanguíneos e histocompatibilidade molecular (tipologia do DNA para os antigénios MHC utilizados nos estudos e histocompatibilidade e transplantes); Objectivos da Patologia Molecular? • Testes de identidade forense por análise do DNA. DNA Replicação do DNA Mutações no DNA • Pontual – Substituição de um único par de bases (Anemia falciforme) • Deleção/Inserção – Remoção/adição de codões de aa em múltiplos de três (Distrofia muscular de Beker) • Deleção/Inserção – de codões de aa sem múltiplos de três; resulta na modificação do molde de leitura e uma sequência de codificação do aa completamente diferente a partir da mutação Mutações no DNA • Amplificação – Aumento no numero de sequências de repetição no DNA (Síndrome do X frágil) • Translocação – Troca intercromossómica de grandes segmentos cromossómicos (Leucemia mielocítica crónica) Técnicas de análise de DNA aplicadas a diagnóstico PCR • A PCR (Reacção de Polimerização em Cadeia) é uma metodologia que se baseia na amplificação exponencial selectiva de uma quantidade reduzida de DNA de uma única célula. • Esta técnica revolucionou o mundo científico e as suas aplicações são imensas: é usada no diagnóstico médico, mapeamento genético, detecção de doenças hereditárias, clonagem de genes, testes de paternidade, identificação de “impressões digitais” genéticas… PCR • Os resultados da PCR são úteis no diagnóstico, prognóstico, determinação da terapia a ser utilizada, e até mesmo na avaliação da susceptibilidade a doenças. • A PCR é frequentemente utilizada na detecção de polimorfismos, mutações pontuais e infecção por microrganismos bacterianos ou virais antes da exteriorização patológica da sua presença. PCR • É particularmente importante na detecção do SIDA, pois consegue detectar o vírus HIV nas primeiras semanas após a infecção e mais rapidamente do que o método normalmente utilizado, o teste ELISA. DGGE • A electroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE) é um método de separação electroforético baseado em diferenças no comportamento de desnaturação de fragmentos de DNA de cadeia dupla. • A DGGE é uma poderosa técnica de análise genética que pode ser usada para detectar directamente modificações de uma única base e polimorfismos em DNA genómico, DNA clonal e DNA amplificado por PCR. DGGE • Algumas das mais valiosas utilidades da DGGE na genética humana são a detecção directa de mutações numa única base causadoras de doença, a detecção de polimorfismos com sondas de DNA e a descoberta dos pontos de desnaturação de fragmentos de DNA. • A DGGE é também um dos métodos de pesquisa genética de mutações responsáveis pelo síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo1 (MEN1), uma doença autossómica dominante, caracterizada por tumores endócrinos da glândula pituitária anterior, glândulas paratiroides e pâncreas. RFLP • RFLP (Restriction Fragment Length Polymorfism) é uma técnica em que os organismos podem ser diferenciados pela análise de padrões derivados da clivagem do seu DNA. • Para a detecção de RFLP’s, pode ser usada a metodologia de “Shouthern Blotting”, descrita em 1975 por Edmund Southern. Após restrição enzimática os fragmentos de DNA genómico são sujeitos a electroforese em gel e posteriormente transferidos para um suporte sólido de nitrocelulose através do arrastamento por capilaridade RFLP • Após hibridação com sondas radioactivas este processo possibilita a identificação, entre milhares de fragmentos de restrição obtidos, de sequências bem determinadas. • Com o aumento da informação da sequência genética um grande número de doenças genéticas podem ser determinadas através da análise do RFLP Hibridação in situ • A hibridação in situ é um método que permite identificar o locus cromossómico onde se localiza uma determinada sequência de DNA previamente clonada. Este método tem como princípio a complementaridade das bases que reage a organização de DNA. • O DNA de um esfregaço metafásico e o DNA de uma sonda são transformados em sequências monocatenares através da desnaturação e posteriormente são postos em contacto em condições de hibridação. Hibridação in situ • Assim a sonda vai hibridizar com a sequência cromossómica onde se localizam as bases complementares. Visto que a sonda é previamente marcada (com um fluorocromo), o local de ligação torna-se visível o que permite identificar especificamente o local do cromossoma onde se localiza o gene ou a sequência não codificadora em causa. VNTR • O VNTR (Variable Number of Tandem Repeats) é uma metodologia que se baseia na existência de uma sequência repetitiva específica activa em diferentes indivíduos de uma população ou nos dois homólogos diferentes do cromossoma num indivíduo diplóide. • Permite auxiliar no diagnóstico de determinadas doenças, nomeadamente: diabetes tipo I, fenilcetonúria, cancro, entre outras. Constitui um contributo na investigação forense na análise de impressões digitais. Doenças Genéticas • Foram até à presente data identificadas 6000 a 7000 doenças genéticas…. Bibliografia • Arneson, W., Brickell, J. Clinical Chemistry A Laboratory Perspective. F. A. Davis Company 1st edition (2007) • Burnett, D., Crocker, J. The Science of Laboratory Diagnosis. John Wiley & Sons Ldt, 2nd edition (2005) • Burtis, Carl A. Tietz, Fundamentals of Clinical Chemistry. Saunders Elsevier, 6th edition (2008) • Guyton, A. C. Textbook of Medical Physiology. Saunders Elsevier, 11th edition (2006) • Henry, J. B. Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais. Editora Manole Lda, 19ª edição (1999) • Ravel, R. Laboratório Clínico: Aplicações Clínicas dos Dados Laboratoriais. Guanabara Koogan, 6ª edição (1997) • Wallach, J. Interpretation of Diagnostic Tests. Lippincott Williams & Wilkins, 8th edition (2007)