A lepra (hanseníase ou mal de Hansen), é uma doença infecciosa[1

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Lepra
A LEPRA é uma doença crónica também conhecida como doença de
Hansen - nome que presta homenagem a Gerhard Hansen, médico
norueguês que descobriu o Mycobacterium leprae, o
microorganismo causador da doença.
A LEPRA lesa principalmente os nervos periféricos, a pele, a
membrana mucosa do nariz, os testículos e os olhos.
A forma de transmissão da LEPRA não é conhecida.
Quando um enfermo não tratado e gravemente doente espirra, as
bactérias Mycobacterium leprae dispersam-se no ar. Cerca de
metade das pessoas com lepra contraíram-na, provavelmente,
através do contacto estreito com uma pessoa infectada. A infecção
com Mycobacterium leprae poderá também ter origem da terra, do
contacto com tatus e mesmo com mosquitos e percevejos. Algumas
espécies de macacos, coelhos e ratos são também susceptíveis à
lepra.
Cerca de 95 % dos indivíduos expostos ao Mycobacterium leprae
não contraem a doença porque o seu sistema imunitário combate a
infecção. Naqueles em que isso acontece, a infecção pode ser de
carácter ligeiro (lepra tuberculóide) ou grave (lepra lepromatosa).
A forma ligeira, ou seja a lepra tuberculóide, não é contagiosa.
A LEPRA ataca ainda hoje, mais de 11 milhões de pessoas em todo
o mundo. Segundo as estatísticas da “Organização Mundial da
Saúde” no ano 2007 foram registados 254.525 novos casos de lepra.
No entanto em países desenvolvidos é quase inexistente. A OMS
referencia 91 países afectados, sendo que a Índia, a Birmânia, o
Nepal totalizam 70% dos casos.
Na Europa existem ainda alguns focos da doença em países como
Espanha, Itália, Grécia e Turquia.
Apesar de em Portugal a LEPRA não constituir um perigo para a
saúde pública, há países onde a situação continua a ser
verdadeiramente dramática. Falta de condições de higiene e alguma
promiscuidade tornam esta doença infecciosa de "baixa
mortalidade" numa verdadeira maldição para quem não a detecta e
cura, atempadamente.
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Apesar de considerada erradicada, os casos de LEPRA duplicaram
em Portugal em 2006, relativamente a 2005. Neste ano foram
registados 16 novos casos ou seja tantos casos de lepra como os
ocorridos entre 2002 e 2005. Estes dados oficiais divulgados pela
Direcção-Geral de Saúde, confirmam uma tendência de aumento
explicada pela imigração de pessoas oriundas de países onde a
doença é endémica. Existem, à data 1400 doentes registados em
Portugal (DGS).
A nível mundial, o ano 2000 foi declarado como o de eliminação da
lepra como problema de saúde pública, tendo como premissa que
os casos são inferiores a um por dez mil habitantes.
Em termos de profilaxia ainda não existe uma vacina eficaz, sendo
o efeito protector da BCG controverso, já que não existem dados
concretos.
Muitos dos casos de LEPRA nos países desenvolvidos afectam
pessoas que emigraram de países em vias de desenvolvimento.
A infecção pode começar em qualquer idade, mais frequentemente
entre os 20 e os 30 anos. A variedade de LEPRA grave, a chamada
lepra lepromatosa, é duas vezes mais frequente entre os homens do
que entre as mulheres, ao passo que a forma mais ligeira,
denominada tuberculóide, é de igual frequência num e noutro sexo.
Devido ao facto de as bactérias causadoras da LEPRA se
multiplicarem muito lentamente, os sintomas não começam
habitualmente antes de, pelo menos um ano, após a pessoa se ter
infectado; o usual é mesmo surgirem de 5 a 7 anos mais tarde e
muitas vezes muitos anos depois. Os sinais e sintomas da lepra
dependem da resposta imunológica do doente.
Durante a evolução da LEPRA não tratada ou mesmo naquela que,
pelo contrário, recebe tratamento, podem verificar-se certas
reacções imunológicas que por vezes produzem febre e inflamação
da pele, dos nervos periféricos e, com menor frequência, dos
gânglios linfáticos, das articulações, dos testículos, dos rins e dos
olhos.
O Mycobacterium leprae não afecta o cérebro nem a espinal-medula.
É a única bactéria que invade os nervos periféricos e quase todas as
suas complicações são a consequência directa desta invasão.
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Um dos primeiros efeitos da LEPRA, devido à agressão dos nervos,
é a supressão da sensação térmica, ou seja, a incapacidade de
diferenciar entre o frio e o calor no local afectado. Mais tardiamente
pode evoluir para diminuição da sensação de dor no local.
Devido ao facto de diminuir a capacidade de sentir o tacto, a dor, o
frio e o calor, os doentes com lesão dos nervos periféricos podem
queimar-se, cortar-se ou ferir-se sem se darem conta. Além disso, a
lesão dos nervos periféricos pode causar debilidade muscular, o que
por vezes faz com que os dedos adoptem a forma de garra e se
verifique o fenómeno do «pé pendente». Por tudo isso, os leprosos
podem ficar desfigurados.
Os afectados por esta doença também podem ter úlceras nas
plantas dos pés. A lesão que sofrem os canais nasais pode fazer
com que o nariz esteja cronicamente congestionado. Em certos
casos, as lesões oculares produzem cegueira. Os homens com lepra
lepromatosa podem ficar impotentes e inférteis, porque a infecção
reduz tanto a quantidade de testosterona como a de esperma.
Certos sintomas, como as erupções cutâneas características que
não desaparecem, a perda do sentido do tacto e as deformações
particulares derivadas da debilidade muscular, constituem as
chaves que permitem diagnosticar a LEPRA. O exame ao
microscópio de uma amostra de tecido infectado confirma o
diagnóstico. As análises de sangue e as culturas não se mostram
úteis para estabelecer o diagnóstico.
O diagnóstico é, pois, clínico-epidemiológico e laboratorial. Com o
auxílio de laboratório faz-se biópsia da lesão e colhe-se a linfa
cutânea dos lóbulos das orelhas e dos cotovelos (baciloscopia). Mas,
em regiões em que a lepra é endémica e quando não se dispõe de
recursos laboratoriais, o diagnóstico é clínico (pelos sintomas).
No passado, as deformações causadas pela LEPRA conduziam ao
ostracismo e os doentes infectados costumavam ser isolados em
instituições e colónias. Em alguns países esta prática continua a ser
frequente. Apesar de o tratamento precoce poder evitar ou corrigir
a maioria das deformações mais importantes, as pessoas com
LEPRA estão propensas a sofrer de problemas psicológicos e sociais.
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O isolamento, contudo, é desnecessário. A LEPRA só é contagiosa
na forma lepromatosa quando não recebe tratamento, e mesmo
nesses casos não se transmite facilmente. Além disso, a maioria das
pessoas tem uma imunidade natural face à LEPRA e só aquelas que
vivem próximo de um leproso durante muito tempo correm o risco
de contrair a infecção. Os médicos e as enfermeiras que tratam dos
doentes com LEPRA não parecem estar mais expostos do que as
restantes pessoas.
Em termos de Saúde Pública são feitos esforços para a prevenção
voltada principalmente para evitar a disseminação, para o
diagnóstico precoce e tratamento dos doentes e desenvolvimento
de próteses para pacientes curados mas com deformações.
Apesar de não mortal, a LEPRA pode acarretar invalidez severa e/ou
permanente se não for tratada a tempo. Hoje em dia, a LEPRA é
tratada com antibióticos. A OMS recomenda desde 1981 uma
poliquimioterapia composta de três medicamentos: a dapsona, a
rifampicina e a clofazimina. Essa associação destrói o agente
patogénico e cura o paciente. O tempo de tratamento oscila entre 6
e 24 meses, de acordo com a gravidade da doença.
Quando as lesões já estão constituídas, o tratamento baseia-se,
além da poliquimioterapia, em próteses, em intervenções
ortopédicas, em calçados especiais, etc. Além disso, uma grande
contribuição à prevenção e ao tratamento das incapacidades
causadas pela LEPRA é a fisioterapia.
Desde que a escrita existe, há registo de como a LEPRA representou
uma ameaça, e os leprosos foram isolados da sociedade. No Egipto
antigo, há referências à LEPRA com mais de 3000 anos em
hieróglifos (de 1350 AC). A Bíblia contém passagens fazendo
referência à LEPRA, sem que se possa saber se se trata da doença,
pois este termo foi utilizado para designar diversas doenças
dermatológicas de origem e gravidade variáveis.
A LEPRA foi durante muito tempo incurável e muito mutiladora,
forçando o isolamento dos pacientes em leprosários, principalmente
na Europa na Idade Média, onde eram obrigados a carregar sinos
para anunciar a sua presença. A LEPRA deu nessa altura origem a
medidas de segregação, algumas vezes hereditárias, como no caso
dos Cagots no sudoeste da França.
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Citando, as afirmações no passado Domingo do CARDEAL JAVIER
L. BARRAGÁN: «Esta 56ª Jornada Mundial dos doentes de lepra é
uma ocasião oportuna para oferecer a comunidade uma correcta,
abrangente e capilar informação sobre a lepra, sobre os efeitos
devastadores que pode causar no organismo se não tratada a
tempo, sobre os efeitos na família e na sociedade, e suscitar o
dever pessoal e colectivo de uma activa solidariedade fraterna.
(…)
O mundo leigo católico tem como seu modelo a Raoul Follereau,
idealizador e promotor desta “Jornada Mundial”, que continua a sua
benéfica acção através da “Associação dos Amigos” a ele dedicada.
A ele e a quantos lhe seguem no tempo dirigimos o nosso aplauso
particular e a nossa gratidão por tantas iniciativas promovidas, com
o objectivo de ter sempre viva a atenção aos doentes de Hansen,
sensibilizando a opinião publica e suscitando o comprometimento de
outros na promoção de programas e na arrecadação de recursos
financeiros.
É belo e consolador constatar que nesta luta contra a Doença de
Hansen estão presentes também Associações e Organizações não
Governamentais que vão mais alem do vínculo religioso, ideológico
ou cultural, encontrando-se todas na comum finalidade de portar a
quem está doente a oportunidade de reencontrar um estado de
bem-estar social, sanitário, espiritual.»
É neste contexto, que o NSF decidiu organizar a presente palestra,
dando o seu contributo na difusão e sensibilização de uma doença
estigmática, que parecendo tão longínqua continua tão próxima.
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