65 pessoas já morreram de gripe

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Brasil em alerta contra pandemia de gripe
País lança ações de prevenção e controle da doença. Medidas destacam
fortalecimento da vigilância e da rede de laboratórios para detectar vírus
O Brasil já se prepara para a pandemia de gripe em humanos, que pode
ocorrer nos próximos anos, segundo previsões de cientistas e da Organização
Mundial da Saúde (OMS). Em entrevista coletiva na quarta-feira (19), o ministro da
Saúde, Saraiva Felipe, e o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa,
anunciaram as principais medidas que serão tomadas, dentro do Plano de
Contingência para uma Pandemia de Influenza, que será lançado no Rio de
Janeiro, em novembro. O ministro viajará amanhã para Ottawa, no Canadá, para
discutir a cooperação global para preparação contra a possível pandemia. O
encontro será promovido pela OMS e vai reunir ministros da Saúde de diversos
países. Da América do Sul, Brasil e Argentina foram os convidados.
Entre as principais ações adotadas pelo governo federal está o
fortalecimento da vigilância epidemiológica para monitoramento da doença e da
rede de laboratórios para a detecção do vírus que causa a gripe. O Ministério da
Saúde também pretende adequar as instalações do Instituto Butantan, em São
Paulo, para produção de uma vacina nacional e destinou R$ 193 milhões para a
compra do anti-viral Oseltamivir (Tamiflu), o mais eficaz no combate à gripe.
O Brasil ainda não registrou nenhum caso da chamada gripe aviária. Com
117 casos em humanos e a morte de 65 pessoas em quatro países da Ásia, desde
2003, a doença, causada pelo vírus influenza H5N1 já chegou à Europa.
Descobriu-se a presença do vírus em aves na Rússia, Turquia, Romênia e Grécia.
O maior medo das autoridades de saúde de todo o mundo é de que esse vírus,
hoje transmitido apenas de aves para humanos, sofra uma mutação. A partir daí,
poderia haver o contágio entre pessoas, o que provocaria uma epidemia em
escala global.
O ministro da Saúde, Saraiva Felipe, afirmou que o Brasil não será
surpreendido pela pandemia de gripe e que o país terá um Plano de Contingência
para Pandemia de Influenza (gripe) já em novembro. "O Brasil está tomando todas
as medidas sanitárias que os países mais desenvolvidos do mundo têm tomado. O
Ministério tem orçamento e não será por falta de recursos que nós deixaremos de
fazer a detecção ou de tratar doentes", declarou. O orçamento do governo para
proteger o país de uma pandemia de gripe chega R$ 1 bilhão.
Segundo Saraiva Felipe, criou-se uma estratégia entre essa pasta e outros
órgãos do governo, principalmente o Ministério da Agricultura, para prevenção da
pandemia. “É preciso um rigoroso controle do fluxo de aves migratórias, que
podem trazer a doença para o país”, afirma Saraiva Felipe. O controle é feito por
unidades sentinelas, que capturam amostras das aves migratórias e fazem
exames para detectar se há contaminação pelo vírus H5N1.
O Ministério da Agricultura vai implementar, em breve, laboratórios
especializados na identificação do vírus. O governo quer estimular os fazendeiros
a isolar as cercas que protegem as aves de criação o máximo possível, para evitar
que haja contato delas com pássaros migratórios.
Aves exóticas – Entre as medidas de vigilância, o governo também pretende
fiscalizar portos e aeroportos para barrar a entrada de animais contaminados,
como aves ornamentais. “Uma das hipóteses da chegada da Síndrome
Respiratória Aguda (Sars) aos Estados Unidos é que isso tenha acontecido por
meio da importação de aves exóticas da região do Nilo”, explica Saraiva Felipe.
O ministro da Saúde e o secretário de Vigilância em Saúde reforçam o nível
de segurança da indústria aviária brasileira, fator que dificultaria a chegada do
vírus ao nosso território. “O Brasil é um país exportador, e não importador de
aves”, observa o ministro. Jarbas Barbosa ressalta, ainda, que não é possível a
contaminação pela ingestão da carne do frango contaminado. “O processo de
assar e cozinhar o frango mata qualquer tipo de vírus”, diz.
Dentre as ações realizadas pelo governo está o fortalecimento da vigilância
epidemiológica da influenza, inclusive com a ampliação da capacidade laboratorial
para o diagnóstico rápido da doença em situações de surto e identificação das
cepas circulantes. O Sistema de Vigilância da Influenza no Brasil existe em 21
Unidades Federadas e conta com uma rede de 46 unidades sentinelas. Essa rede
atendeu cerca de 210 mil casos de síndrome gripal, em 2004, e coletou 2.269
amostras para identificação de vírus. “O Brasil possui uma das maiores redes para
detecção de novas cepas (tipos) de vírus da gripe”, assinala Jarbas Barbosa.
Tamiflu – Para proteger a população do risco de uma pandemia de gripe, o
governo brasileiro também vai adquirir um estoque estratégico do anti-viral
Oseltamivir (Tamiflu) para ser utilizado em situações especiais. Nos próximos dias,
a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) receberá a resposta do Laboratório
Roche, atualmente único produtor mundial da droga, sobre o cronograma de
entrega do medicamento. Os recursos usados na compra do medicamento são
suficientes para atender cerca de 9 milhões de pessoas.
De acordo com a secretário de Vigilância em Saúde, entre as pessoas que
contraírem a doença, apenas 25% apresentarão complicações. Desse total, cerca
de 8% necessitarão ser internadas. “A maior parte das pessoas que pegarem a
doença se comportarão como se adquirissem uma gripe comum, ou seja, uma
doença benigna”, explica Barbosa.
O Instituto Butantan já se prepara para a produção da vacina contra a cepa
pandêmica. O Ministério da Saúde repassou R$ 3,1 milhões para acelerar a
preparação de uma instalação emergencial, que estará pronta para fabricação já
no início de 2006, uma vez que a nova fábrica de vacinas que está sendo
construída com recursos do Ministério da Saúde e do Governo Estadual de São
Paulo só ficará pronta no final de 2006.
É importante lembrar que a produção mundial de vacinas contra uma
pandemia de influenza depende de qual será efetivamente o tipo de vírus
pandêmico. O H5N1 é uma cepa aviária que, excepcionalmente, tem causado
infecções em humanos e que, mesmo que esta venha a adquirir condições
biológicas para uma transmissão ampliada na população humana, poderá ter
características que impliquem ajustes na formulação de uma vacina.
O Ministério da Saúde alerta que não há motivo para pânico entre a
população. “Os brasileiros podem ficar tranqüilos, pois o governo está tomando as
medidas necessárias para proteger o país da pandemia”, assegura Saraiva Felipe.
Além da preocupação com o cenário nacional, Saraiva Felipe e Jarbas
Barbosa defenderam a criação de um fundo internacional para combater a gripe
aviária na Ásia e para reparar prejuízos que os avicultores possam ter por conta
da doença. Na opinião do ministro e do secretário, isso evitaria que produtores
não denunciassem casos da doença com medo de terem problemas financeiros.
“Quanto mais combatermos a doença na Ásia, menor será o risco do vírus se
espalhar e causar uma pandemia no resto do mundo”, defende Jarbas Barbosa.
Doença será discutida em grande evento
A possibilidade de uma pandemia de gripe será tema de um evento que
será promovido pelo Ministério da Saúde na cidade do Rio de Janeiro, nos dias
16, 17 e 18 de novembro. Participarão autoridades em saúde e especialistas do
Brasil e do exterior. O Plano de Contingência para a Pandemia de Gripe, em fase
final de elaboração, será apresentado. O encontro servirá para intercâmbio de
experiências internacionais sobre a prevenção a pandemias de gripe.
Antes disso, na próxima segunda e terça-feira (24 e 25), o ministro
participa, em Ottawa, no Canadá, do Encontro Internacional de Ministros de Saúde
sobre Pandemia de Gripe. Na ocasião, representantes de países de todos os
continentes discutirão a preparação para a possível pandemia e trocarão
experiências na elaboração de seus respectivos planos de contingência.
Em agosto deste ano, o ministro determinou a criação de um grupo de
trabalho para acelerar a elaboração do Plano, que terá aprovação do Comitê
Técnico Brasileiro de Preparação do Plano de Contingência para a Pandemia de
Gripe, criado em 2003 e liderado pela pasta da Saúde.
Influenza – A influenza ou gripe é uma doença infecciosa aguda do sistema
respiratório, que pode ser provocada por um dos três tipos do vírus influenza,
denominados A, B ou C. Além dos seres humanos, este vírus também pode ser
encontrado em outros animais, como aves, porcos e eqüinos.
Os dois primeiros tipos, em particular os vírus influenza A, devido às
pequenas mutações periódicas na estrutura do seu genoma, têm a capacidade de
gerar novas cepas, que vão produzir novos casos da doença na população. Este
fenômeno é o que explica a ocorrência de surtos ou epidemias, em especial entre
os idosos. Em 2005, o Brasil atingiu um dos maiores índices mundiais de
vacinação, com 86% de cobertura vacinal nos maiores de 60 anos.
As mutações podem produzir uma cepa completamente nova, à qual toda a
população é vulnerável, gerando condições para a ocorrência de uma epidemia
em escala internacional, denominada pandemia. Geralmente, esse fenômeno
acontece quando uma cepa, que originalmente só infectava animais, como as
aves, atravessa a barreira das espécies, passa a infectar diretamente os seres
humanos e, posteriormente, adquire a capacidade de transmissão entre pessoas.
No Século XX ocorreram quatro pandemias de influenza: a Gripe Espanhola
de 1918, com impacto importante mortalidade, a Gripe Asiática de 1957, a Gripe
de Hong Kong de 1968 e a Gripe Russa de 1977. Essas três últimas tiveram um
impacto maior na morbidade do que na mortalidade, sendo esta última
considerada uma "pandemia benigna", pelo baixo impacto na saúde das
populações.
Sugestão de numerária
Desde o surgimento da chamada gripe aviária, 117 pessoas contraíram a doença
e 60 morreram em quatro países do sudeste de Ásia: Vietnã (41), Tailândia (12),
Camboja (4) e Indonésia (3).
40 milhões de aves foram sacrificadas na Tailândia
40% dos 192 países membros estão preparados para enfrentar uma pandemia,
segundo a ONU.
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