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GABRIEL FIGUEIREDO
CARACTERÍSTICA DE PORTADORES DA SÍNDROME DO RESPIRADOR ORAL
SUBMETIDO À CIRURGIA DE ADENOAMIGDALECTOMIA
Tubarão, 2006
GABRIEL FIGUEIREDO
CARACTERÍSTICA DE PORTADORES DA SÍNDROME DO RESPIRADOR ORAL
SUBMETIDO À CIRURGIA DE ADENOAMIGDALECTOMIA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Graduação em Fisioterapia, como
requisito à obtenção do grau de Bacharel em
Fisioterapia.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Orientadora Profª. Esp. Dayane Montemezzo
Tubarão, 2006
DEDICATÓRIA
Aos meus avós, Sebastião e Izelda, por serem
meus pais e a minha esposa Mirelle por ser a
mulher que amo, e também por eles serem a
minha principal razão de viver.
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente aos meus avós paternos, por terem sido os melhores pais
do planeta.
Agradeço a minha esposa Mirelle por ter me compreendido nos momentos difíceis
nesta longa jornada acadêmica e por sempre estar ao meu lado com seu amor e sua beleza.
Agradeço minhas tias Eliana e Sandra pelo carinho e apoio.
Agradeço em especial a minha orientadora Dayane Montemezzo, que se
empenhou sempre com muita dedicação, paciência e companheirismo.
Agradeço ao professor Fernando Mendes Massignam, pelos ensinamentos
passados e por ter aceitado compor a banca do Trabalho de Conclusão de Curso.
Agradeço ao professor Paulo Madeira pela atenção e ajuda nas dúvidas referentes
a cálculos estatísticos.
Agradeço a fonoaudióloga Anelize Montemezzo pelos materiais emprestados e
cooperação com o estudo.
Agradeço ao fonoaudiólogo Roberto Pacheco por aceitar fazer parte da banca do
Trabalho de conclusão de Curso.
Agradeço aos meus sogros, Lílian, Alexandre, Acácio e Ruti pelo carinho e apoio.
MUITO OBRIGADO!!!
RESUMO
O desvio mais comum que ocorre na respiração costuma ser a respiração oral ou bucal. O
respirador bucal poderá apresentar alterações em todo seu organismo, que vão desde uma
narina diminuída até alterações graves posturais e comportamentais. O tratamento da
respiração bucal deve ser multidisciplinar, tendo em vista a diversidade de sinais e sintomas
presentes nestes indivíduos. A Síndrome do Respirador Oral(SRO) é um problema muito
complexo de se sanar devido aos múltiplos sintomas que surgem, sendo cada vez mais
freqüente de manifestações que solicitam a atuação do fisioterapeuta. Quanto mais
precocemente for detectado a SRO, e mais cedo eliminar a causa e começar o tratamento
multidisciplinar, melhor será o prognóstico do paciente. Esse estudo objetivou avaliar crianças
em pós-operatório imediato de amigdalectomia e/ou adenoidectomia, com o intuito de
reconhecer portadores da síndrome e canalizar para o atendimento fisioterápico. A amostra da
pesquisa foi composta por 8 crianças de 2 a 11 anos, de ambos os gêneros, em pós-operatório
imediato de amigdalectomia e adenoidectomia no Hospital Nossa Senhora da Conceição em
Tubarão, os questionários e o teste da água de 2 minutos foram aplicados dos dias 01 ao dia
30 de abril de 2006. Os achados mais freqüentes na amostra estudada foram resfriados
freqüentes e amigdalites; ronco noturno e baba noturna; preferência por alimentos pastosos e
sólidos; boca entreaberta, todas as crianças foram amamentadas por no mínimo 7 meses. Em
relação ao teste da água de 2 minutos, houve maior ocorrência de tempo de retenção da água
igual há 2 minutos.
Palavras chaves: Síndrome do respirador oral, Teste da água de 2 minutos, Fisioterapia.
ABSTRACT
The shunting line more common than occurs in the breath costuma to be the verbal or buccal
breath. The buccal respirator will be able to all present alterations in its organism, that go
since a nostril diminished until posturais and mannering serious alterations. The treatment of
the buccal breath must be to multidiscipline, in view of the diversity of signals and symptoms
gifts in these individuals. The Syndrome of Respirador Oral (SRO) is a very complex problem
of if curing due to the multiple symptoms that appear, being each more frequent time of
manifestations that request the performance of the physiotherapist. The more precociously the
SRO will be detected, and more early to eliminate the cause and to start the treatment to
multidiscipline, better will be the prognostic of the patient. Ones of the consequence of the
SRO is the hipertrofia exaggerated of amigdalas and vegetations adenoids, where the study it
objectified to evaluate children in postoperative immediate of amigdalectomia and/or
adenoidectomia, with the intúito to recognize carriers of sindrome and to canalize for the
fisioterápico attendance. The sample of the research was composed for 8 children of 2 the 11
years, of both the sorts, in postoperative immediate of amigdalectomia and adenoidectomia in
the Hospital Nossa Senhora da Conceição in Tubarão, the questionnaires and the test of the
water of 2 minutes had been applied of days 01 to day 30 of April of 2006. The findings most
frequent in the studied sample had been cooled frequent and amigdalites; nocturnal snore and
nocturnal dribble; preference for pastosos and solid foods; half-opened mouth, all the children
had been suckled by at least 7 months. In relation to the test of the water of 2 minutes, it had
greater occurrence of time of retention of the equal water has 2 minutes.
Words keys: Sindrome of the verbal respirator, Test of the water of 2 minutes, Fisioterapia.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................08
2 A SÍNDROME DO RESPIRADOR ORAL ..........................................................11
2.1 Respiração nasal..................................................................................................11
2.2 Respiração oral....................................................................................................12
2.2.1 Causas da respiração oral ...................................................................................13
2.2.2 Alterações fisico-funcionais e faciais do respirador oral .....................................13
2.3 Tratamento ..........................................................................................................15
2.3.1 Tratamento cirúrgico ..........................................................................................15
2.3.2 Tratamento conservador e multidisciplinar na síndrome do respirador oral .........17
2.4 Abordagem fisioterapêutica na síndrome do respirador oral ...........................18
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA......................................................................20
3.1 Tipo de pesquisa ..................................................................................................20
3.2 Caracterização dos sujeitos da pesquisa.............................................................20
3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados ....................................................21
3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados .....................................................21
3.4.1 Pesquisa no Prontuário .......................................................................................22
3.4.2 Aplicação do Questionário .................................................................................22
3.4.2.1 Anamnese............................................................................................................22
3.4.2.2 Inspeção da criança.............................................................................................22
3.4.2.3 Teste da água de 2 minutos.................................................................................23
3.5 Procedimentos para análise e interpretação de dados .......................................23
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS.............................................................25
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS......................................................................30
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................35
REFERÊNCIA...............................................................................................................37
ANEXOS.........................................................................................................................40
8
1 INTRODUÇÃO
A respiração oral é um dos sintomas mais freqüentes na infância. Várias são as
causas e os distúrbios respiratórios associados podem variar desde pequenos processos
alérgicos até quadros mais exuberantes, como a apnéia do sono, sendo dessa forma, de uso
comum denominar-se a Síndrome do Respirador Oral (SRO), (COSTA, 1999). A respiração
oral ocorre quando existe algum impedimento, independente da causa, para que a respiração
nasal possa ser realizada. Considera-se um paciente como respirador oral quando apresenta
um padrão de respiração nasal insuficiente, e portanto passa a ser substituído pela suplência
oral ou mista.
A SRO tem como causa mais freqüente a obstrução nasal, em decorrência de
rinites, sinusites, resfriados freqüentes, pólipos nasais, desvio de septo, otites recorrentes,
hipertrofia de tecidos adenoideanos e amigdalianos; e também os hábitos orais (MARINS,
2001).
A respiração nasal é o fator de equilíbrio fundamental para a manutenção da
organização dos sistemas ósseodentário, muscular e postural. O tipo de respiração, oral ou
nasal, pode influenciar na propriocepção corporal, no desenvolvimento do sistema
musculoesquelético, no ritmo respiratório, na mastigação, na fala e também nos aspectos
psicológicos do indivíduo. A manutenção da respiração bucal acaba modificando a postura
corporal por ações compensatórias musculares e esqueléticas, acarretando ao indivíduo
alterações corporais, respiratórias, miofaciais, craniofaciais e dentárias (SANT’ANA, 1999).
9
O primeiro passo para um bom e eficiente tratamento é o diagnóstico precoce e
correto, vale destacar a importância do atendimento por uma equipe interdisciplinar, na qual o
objetivo é a qualidade de atendimento, a promoção da saúde e a prevenção da síndrome,
estabelecendo uma terapêutica possível e desejável. A família tem importante participação,
prestando atenção a algumas características, como dormir com a boca aberta, ronco e baba
noturnos, sono agitado, déficit de atenção, boca entreaberta freqüentemente, cansaço físico,
bruxismo; rinites, otites, amigdalites e resfriados freqüentes, pois são características
freqüentemente observadas nos portadores da SRO (CARVALHO, 1999).
Baseado na atuação do fisioterapeuta na assistência aos portadores da SRO, tendo
em vista, que muitas crianças apresentam esta disfunção e são submetidas a procedimentos
cirúrgicos para correção e/ou retirada do fator causal, é muito comum, a partir disso,
considerar o problema como solucionado. Neste contexto, as crianças, na maioria das vezes,
não são encaminhadas para a avaliação das múltiplas particularidades associadas a esta
disfunção, sendo estas complicações significativas e comprometedoras da capacidade
funcional do indivíduo como um todo, reforçando a presença do fisioterapeuta na equipe de
assistência aos portadores da SRO.
Pelo exposto, através deste estudo, buscamos como objetivo geral identificar as
características compatíveis a SRO nas crianças submetidas a cirurgias de adenoidectomia e
amigdalectomia. Para contemplar este propósito, foram desenvolvidos os seguintes objetivos
específicos: verificar o tempo de teste da água; analisar a influência das características da
SRO no tempo do teste da água.
Para a realização da pesquisa foi utilizado um questionário, considerando os
aspectos clínicos geralmente encontrados nos portadores da SRO, através do qual foi realizada
uma entrevista com os pais ou responsáveis pelas crianças que se encontravam no pós-
10
operatório imediato de cirurgia de amigdalectomia e adenoidectomia, internadas na
enfermaria pediátrica do Hospital Nossa Senhora da Conceição de Tubarão SC.
O presente estudo descreve sobre a SRO e está subdividido em 6 capítulos.
Inicialmente a introdução geral do trabalho, justificativa e objetivos do estudo. No segundo
capítulo foram abordados assuntos pertinentes a temática em questão, sendo subdividido em o
respirador oral; respiração nasal; respiração oral; causas da respiração oral; alterações fisicofuncionais e faciais do respirador oral; tratamento cirúrgico, conservador e multidisciplinar; e
abordagem fisioterapêutica na SRO. No terceiro capítulo foi exposto o delineamento da
pesquisa, que inclui estruturação metodológica, instrumentos e procedimentos utilizados para
a coleta e tratamento dos dados. No quarto capítulo foram apresentados os dados seguidos de
sua descrição. No quinto capítulo foi realizadas a análise e discussão dos resultados, e por
fim, no sexto capítulo foram apontadas as considerações finais decorrentes da realização do
estudo.
11
2 A SÍNDROME DO RESPIRADOR ORAL
O presente capítulo apresenta uma breve revisão da literatura especializada sobre
o tema a ser estudado, contribuindo para um melhor embasamento para a discussão dos
resultados.
2.1 Respiração nasal
Conforme Sant´Anna (1999), a respiração é uma função vital, instintiva e reflexa,
que desde os primeiros momentos de vida se faz principalmente pela via nasal, necessitando
assim da integridade anatômica e funcional das vias aéreas para garantir o aquecimento,
umidificação e a purificação do ar inspirado. Essas funções são permitidas uma vez que o
nariz possua um complexo sistema de resistência nasal, não só por sua anatomia
característica, mas por meio do mecanismo fisiológico do aumento e diminuição dos cornetos.
Para Dangelo e Fattini (1998), o sistema respiratório pode ser divido em duas
partes: a porção de condução e a de respiração. A primeira porção tem função de levar o ar
inspirado até a porção respiratória, representada pelos pulmões, e deste conduzir o ar
expirado. Esse sistema leva o ar para os alvéolos onde ocorre a hematose.
As fossas nasais são o início da árvore condutora e desempenham, através de uma
membrana mucosa, papel relevante na fisiologia respiratória, constituindo uma barreira
protetora das vias respiratórias inferiores, além de promover a ventilação de regiões vizinhas.
12
Para tanto, um bom funcionamento dos órgãos que compõe a fisiologia respiratória é
fundamental, pois qualquer alteração das suas funções, seja por fatores exógenos ou
endógenos, implicam necessariamente, em compensações negativas ao quadro geral do
indivíduo (COSTA, 1997 ; COSTA, 1999).
Carvalho (1999), acrescenta que a fisiologia nasal é muito dinâmica e de variável
resposta segundo estímulos externos ou internos. As cavidades nasais apresentam amplas
superfícies de mucosa que recobre as saliências determinadas pelos cornetos e septo nasal.
2.2 Respiração oral
A criança pode começar a desenvolver respiração oral logo nos primeiros dias de
vida, como uma respiração auxiliar para suprir as necessidades da vida extra-uterina. No
desenvolvimento neurofisiológico do recém nascido inclui a habilidade de respirar pela boca
em momentos de obstrução nasal, a criança tem capacidade de controlar a passagem de ar
pela boca e faringe, palato mole, lábios e língua. Quando o modelo de respiração nasal for
substituído por outro complementar, bucal ou misto (buconasal), origina uma série de
sintomas que trazem conseqüências para o indivíduo, sendo esta uma função adaptativa que
necessita de alterações estruturais que permita sua instalação e funcionalidade. O ar ao entrar
diretamente pela boca, sem a ação das narinas; de filtragem, aquecimento e umidificação, é
ingerido e a outra parte chega aos pulmões, mas como chega “frio” e “sujo”, provocando
complicações pulmonares e a hematose fica reduzida (SANT´ANNA, 1999; CONTI e LEITE,
2003; JUNQUEIRA, 2002; ARAGÃO,1988).
Ribeiro, Alviano e Antunes (2000), consideram que a respiração oral diminui a
pressão do ar e seu volume, diminuindo a oxigenação sanguínea; alterando a respiração
normal, quanto a sua profundidade e intensidade. Os respiradores orais apresentam maiores
13
chances de serem portadores de alergias, bronquite e/ou asma e de aumentar o número de
crises. Isso acontece devido à redução da quantidade de ar inspirado que pode levar a
traumatização das vias aéreas, pelo ressecamento e ao ar frio, aumentado o risco de infecções
de partículas maiores, que seriam barradas na filtragem do nariz.
2.2.1 Causas da respiração oral
Para Santos et al (2003), a respiração oral é uma doença multifatorial e crescente,
visto que, hábitos como amamentação e alimentação, patologia das vias aéreas superiores,
vem se alterando ao longo dos anos e dificultando a qualidade de vida e o desenvolvimento do
indivíduo como um todo.
As principais causas de respiração oral são problemas orgânicos como sinusites,
rinites, hipertrofia de amígdalas faríngeas ou palatinas, hipotonia da musculatura elevadora da
mandíbula, devido à alimentação pastosa, ou simplesmente postura viciosa, sendo que o
paciente
não
apresenta
nenhum
empecilho
funcional
ou
mecânico.
Para
ele,
independentemente de qualquer patologia, o tamanho transversal do nariz influência na
capacidade de respiração nasal, bem como na postura viciosa. Além disso, há crianças e
adultos que, apesar de possuírem vias aéreas adequadas, são respiradores predominantemente
orais, indicando que, não só alterações morfológicas são prejudicais a respiração, mas outras
que envolvem hábitos e costumes, portanto, o aprendizado também pode influenciar no modo
de respiração (COSTA, 1997; OLIVEIRA, 2001; PETRELLI;1994).
2.2.2 Alterações fisico-funcionais e faciais do respirador oral
14
Na compreensão das alterações oromiofuncioanis, se tratando de respiradores
orais, deve-se ter em mente a função respiratória como um todo, englobando aspectos
fisiológicos, anatômicos, funcionais e até ambientais (TESSITORE, 2004).
Para Oliveira (2001), alterações crâniofaciais e dentárias incluem crescimento
crâniofacial vertical, desvio do septo, mordida cruzada, protusão dos incisivos superiores,
palato inclinado e hipodesenvolvimento dos maxilares; alterações dos órgãos fonoarticulórios:
hipotrofia, hipotonia e hipofunção dos lábios, bochechas, lábios ressecados e rachados,
gengivas hipertrofiadas, anteriorização da língua e propriocepção bucal alterada.
Quanto às alterações posturais, acrescenta ainda, deformidades torácicas,
musculatura abdominal flácida, cabeça mal posicionada, com alteração para coluna, ombros
caídos, protusão abdominal.
O mesmo autor considera ainda como alterações possíveis: sinusites, otites,
halitose e diminuição do paladar e do olfato, alteração do apetite, sede constante, sono
perturbado, dificuldade de concentração e atenção, gerando dificuldades escolares em
crianças, olheiras, diminuição da audição e assimetria facial visível; alterações das funções
orais, como mastigação e deglutição ineficiente, levando a engasgos pela incoordenação da
respiração com a mastigação, deglutição e problemas digestivos; fala imprecisa, com excesso
de saliva, sem sonorização e voz rouca.
Costa (1999), aponta que a respiração oral rompe o equilíbrio do sistema
estomatognático, a criança começa a adquirir uma nova postura muscular na face que, com o
passar do tempo, traz séries conseqüências ao seu desenvolvimento.
Para Sant’Anna (1999), as principais características faciais do paciente portador
da SRO são o desenvolvimento assimétrico dos músculos, ossos do nariz, lábios e bochechas
provocando efeitos na face como nariz curto e pequeno, bochechas pálidas e baixas, lábio
superior curto, mandíbula posicionada para trás e com pouco desenvolvimento. Além de
15
afetar as estruturas faciais, a respiração oral pode afetar o indivíduo como um todo. Sua
postura pode ficar seriamente comprometida, ao respirar pela boca diminui a pressão subatmosférica durante a deglutição com lábios abertos, a criança leva o pescoço para frente,
aumentando o espaço oro-naso-farígeo para tornar possível respirar pela boca, alterando as
funções musculares. Os pacientes apresentam o pescoço projetado para frente, alterando sua
musculatura e também a musculatura escapular. Os ombros também são curvados para frente
comprimindo o tórax e o peito afundado; os músculos abdominais ficam flácidos e os braços e
pernas assumem uma nova postura em relação à gravidade. Toda esta alteração muscular faz
com que a respiração seja rápida e curta, e os movimentos dos músculos do diafragma fiquem
alterados.
Para Marins (2001), a respiração de padrão oral ou mista jamais se apresenta de
forma isolada vindo sempre acompanhadas de alterações da língua, da mandíbula, da maxila,
postura axial, diminuição da irrigação sanguínea no lábio superior, redução do apetite e
gustação, alteração do humor, da inspiração e expiração, da deglutição, sendo assim
necessário à interação interdisciplinar no tratamento desses pacientes.
2.3 Tratamento
2.3.1 Tratamento cirúrgico
A adenoidectomia e a amigdalectomia são historicamente os procedimentos
cirúrgicos mais realizados na especialidade otorrinolaringológica, tendo incidência principal
sobre a população pediátrica. A maioria dessas crianças terá sua primeira intervenção
cirúrgica dentro da otorrinolaringologia. Entre as indicações de adenoidectomia encontra-se
hiperplasia intensa do tecido linfóide, com conseqüente respiração bucal e otite secretora
16
incontrolável, otite média aguda de repetição e infecções nasossinusais de difícil controle
(FUKUCBI et al, 2005; WIIKMANN et al; 2004).
Wiikmann et al (2004), relatam que são procedimentos seguros, que não requerem
internação prolongada. Os pacientes submetidos a esta cirurgia, se não apresentam
complicações, recebem alta hospitalar no mesmo dia e são acompanhados ambulatorialmente
após uma semana e um mês de pós-operatório.
Para Kliegman, Behrman e Jenson (2005), a amigdalectomia isolada geralmente é
realizada para o tratamento da faringoamigdalite recorrente ou crônica. A amigdalectomia
mostrou-se eficaz na redução do número de infecções e sintomas de amigdalite crônica, como
halitoses, irritações persistentes ou recorrentes da garganta, e adenite cervical recorrente. Já a
adenoidectomia isolada, pode ser indicada para o tratamento da infecção nasal crônica,
infecção crônica dos seios que não responderam ao tratamento clínico. A adenoidectomia
isolada pode ser curativa no tratamento de pacientes com obstrução nasal, respiração crônica
pela boca, roncos altos sugestivos de um sono prejudicado pela respiração. Por outro lado, a
outra grande indicação para a realização de ambos os procedimentos em conjunto, que as
obstruções das vias aéreas superiores secundária a uma hipertrofia adenotonsilar que resulta
em distúrbios do sono secundários à respiração, falha de desenvolvimento, anormalidades
craniofacial ou oclusiva e anormalidades da fala.
Um fator muito importante para a realização das cirurgias de amigdalectomia e
adenoidectomia, é o fato de a não realização delas pode acarretar na obstrução das vias aéreas
superiores, provocando a alteração da respiração nasal para a respiração oral, o que leva ao
aparecimento de alterações anatomofisiológicas nas crianças.
Apesar de ser um procedimento seguro, conforme Wiikmann et al (2004), as
complicações pós-operatórias, quando ocorrem, podem oferecer risco de vida ao paciente,
como no caso de hemorragia pós-operatória.
17
Kliegman, Behrman e Jenson (2005), complementam que pode ocorrer
sangramento no período pós-operatório imediato ou pode haver uma separação retardada da
escara. Já o edema da língua e do palato mole pode levar a uma obstrução aguda das vias
aéreas nas primeiras horas após a cirurgia.
2.3.2 Tratamento conservador e multidisciplinar na síndrome do respirador oral
A
relação
interdisciplinar
entre
a
otorrinolaringologia,
fisioterapia,
fonoaudiologia, ortopedia funcional e ortodontia devem estar em harmonia para um melhor
diagnóstico (RIBEIRO, 2000).
O primeiro aspecto abordado, na terapêutica com o Respirador Oral, segundo
Tessitore (2004), é a conscientização do que é esta terapêutica, como se desenvolve a função
respiratória, quais as conseqüências do bloqueio respiratório e do hábito respiratório
inadequado. Recursos didáticos e pedagógicos são empregados para facilitar a compreensão
do paciente.
A prevenção, quanto mais precoce melhor é, pois evita as alterações observadas
no respirador oral e tratada de forma correta a causa desse padrão alterado da respiração, torna
o prognóstico mais favorável para o paciente. O tratamento deve consistir na equipe
multidisciplinar,
composta
por
dentistas,
fonoaudiólogos,
fisioterapeutas,
alergistas,
otorrinolaringologistas e psicólogos (BREDA e MOREIRA, 2003).
Conforme Sant’Anna (1999), os profissionais que assistem o portador da SRO
buscam, enquanto equipe, evitar a sua instalação. A principal ação para promover a prevenção
inicia muito cedo, desde o nascimento, está intimamente relacionada ao aleitamento materno.
18
Para Carvalho (2003), em razão do desconforto constante e do quadro clínico
diversificado apresentado pelos portadores de respiração oral, torna-se importante o
tratamento multiprofissional que restabeleça a função normal de respiração.
2.4 Abordagem fisioterapêutica na síndrome do respirador oral
A fisioterapia atuará, inicialmente, através da prevenção da SRO desde a
assistência a gestante no pré-natal e puerpério. Quando instalada a síndrome, a fisioterapia
baseia-se em métodos que avaliam as adaptações posturais e os distúrbios da função
pulmonar, sobretudo aqueles de ordem mecânica, com prejuízo da expansão torácica e
alterações da ventilação, para, posteriormente desenvolver o tratamento adequado conforme
as necessidades de cada indivíduo.
Para tessitore (2004), o tratamento fisioterapêutico na síndrome do respirador oral
tem como objetivo, de modo geral, orientar quanto à prevenção e o tratamento dos sintomas
da síndrome, corrigindo os desvios posturais, melhorando a mecânica ventilatória e o
condicionamento aeróbico dos músculos respiratórios, influenciando de maneira significativa
na qualidade de vida desses indivíduos.
O principal meio de prevenção da SRO para Sant’Ana (1999), seria a
amamentação, pois além de suprir as necessidades nutritivas e emocionais das crianças fazem
com que esta desenvolva de maneira adequada as estruturas faciais e orais. Durante a
amamentação a criança estabelece o padrão correto de respiração, mantém corretamente as
estruturas orais facilitando a evolução do sugar para o mastigar, ela não executa o simples
movimento de sucção, ela faz sim uma série de movimentos chamados movimentos de
"ordenha" que são estímulos neurofuncionais para o correto desenvolvimento da musculatura
19
perioral para estabelecer um bom vedamento labial, além de estímulo para o correto
posicionamento mandibular corrigindo o retrognatismo natural após o nascimento.
Bethelm (2000), enfoca que o princípio básico que rege o tratamento de
reabilitação respiratória é o de adaptar ou readaptar o indivíduo para uma vida social e
laborativa compatível com seu grau de disfunção.
O tratamento fisioterapêutico na SRO, de acordo com Costa (1997), consiste na
fisioterapia respiratória, através da cinesioterapia respiratória e reeducação funcional
respiratória, para fornecer ao paciente suporte muscular e melhor mobilidade tóracoabdominal,
prevenindo
complicações
reincidentes,
sobretudo
pneumonias e outras
complicações pulmonares e torácicas.
Para Aragão (1988), a reabilitação do respirador oral tem como enfoque principal
adaptar ou readaptar o individuo para uma vida social, de acordo com a idade da criança e o
grau de disfunção apresentado.
20
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Neste capítulo são apresentados os aspectos metodológicos do estudo no que
tange, respectivamente, ao tipo de pesquisa, a população e amostra, aos instrumentos e
procedimentos utilizados para análise e interpretação dos dados.
O delineamento da pesquisa, segundo Gil (1999), “[...] refere-se ao planejamento
da mesma em sua dimensão mais ampla [...]”, ou seja, neste momento, o investigador
estabelece os meios técnicos da investigação, prevendo-se o tipo de estudo, a população, os
instrumentos e os procedimentos necessários utilizados para a coleta de dados.
3.1 Tipo de pesquisa
A presente pesquisa caracteriza-se como de levantamento, onde segundo Gil
(1999), este tipo de pesquisa caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer e, através da análise qualitativa, obter-se as conclusões
correspondentes aos dados coletados.
3.2 Caracterização dos sujeitos da pesquisa
Nesta pesquisa, a amostra foi constituída por oito pacientes, internados no setor
21
pediátrico do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) em Tubarão - SC, submetidos a
amigdalectomia e adenoidectomia, no período de 01 a 30 de abril de 2006. As crianças que
compuseram a amostra compreenderam ambos os gêneros encontravam-se na faixa etária de 2
a 11 anos.
Foi considerado critério de inclusão da amostra: os pais ou responsáveis assinarem
um termo de consentimento, anexo B, para que as crianças participassem da amostra; estarem
internadas no setor pediátrico do HNSC no período de 01 a 30 de abril de 2006; terem
realizado cirurgia de amigdalectomia e/ou adenoidectomia.
3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados
Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram o prontuário do paciente
fornecido pelo HNSC; cronômetro para controle do tempo do teste da água e um questionário
semi-estruturado com questões abertas e fechadas (anexo A), utilizado para triagem de
pacientes pelo Projeto de Extensão “Abordagem Interdisciplinar na Síndrome do Respirador
Oral”, do curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul, Campus
Regional Sul, Tubarão – SC.
3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados
Os procedimentos de coleta de dados foram realizados no intervalo de 01 a 30 de
abril de 2006, no setor pediátrico do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) em
Tubarão – SC. Procedeu-se a coleta de dados no pós-operatório imediato das crianças
submetidas à cirurgia de amigdalectomia e adenoidectomia, no período matutino ou
22
vespertino. Segue a descrição dos procedimentos para coleta de dados na seqüência
sistemática.
3.4.1 Pesquisa no Prontuário
Nesta etapa foram agrupados os dados referentes ao prontuário do paciente
fornecido pelo HNSC com o intuito de coletar os dados de identificação do paciente,
conforme o instrumento de pesquisa (item I), (nome, data de nascimento, idade, tipo de
cirurgia, gênero, peso, estatura, cor, nome dos pais ou responsáveis e telefone).
3.4.2 Aplicação do Questionário
Foram colhidos os dados no pós-operatório imediato, ou seja, nas primeiras oito
horas, tendo em vista que as crianças tinham alta hospitalar no mesmo dia.
3.4.2.1 Anamnese
A anamnese foi realizada mediante resposta dos pais ou responsáveis pela criança,
na qual corresponde ao item II do questionário.
3.4.2.2 Inspeção da criança
23
A inspeção da criança ocorreu sempre no leito, sendo o prontuário preenchido
mediante constatação do pesquisador, onde aborda o aspecto geral do respirador oral que
corresponde ao item III do questionário.
3.4.2.3 Teste da água de 2 minutos
O teste da água foi realizado ao final, onde foi pedido para a criança colocar um
gole de água na boca e segurá-la com a boca fechada por 2 minutos, sendo solicitado para que
a criança respirasse pelo nariz. Segundo Ferreira (1989), este teste é utilizado para verificar se
a respiração oral é viciosa ou patológica, onde é solicitando que a criança mantenha uma
quantidade de água na boca pelo tempo de 2 minutos.
3.5 Procedimentos para análise e interpretação de dados
O dados coletados foram analisados e interpretados através de tabelas, a fim de
identificar as características compatíveis a SRO nas crianças submetidas a cirurgias de
adenoidectomia e/ou amigdalectomia.
Foi utilizado software STATDISK, versão 7.0 do Password, Inc, copyright de
1998 de Addison – Wesley Longman, para interpretação das variáveis. Os procedimentos
estatísticos adotados foram: (a) regressão múltipla para determinação de uma função que
permitisse observar a eventual variação no tempo decorrente do aumento/diminuição do
número de cada variável apresentada e pesquisada da população; (b) coeficiente de regressão
de Pearson, simples para determinação de reta de regressão que permitisse estabelecer uma
24
magnitude do tempo em função de cada variável apresentada e pesquisada da população
(TRIOLA, 1998).
Os dados foram separados em tabelas, onde a primeira contia gênero, tipo de
cirurgia e idade, a segunda contia os antecedentes fisiopatológicos, a terceira contia os hábitos
orais, a quarta contia os hábitos diários, a quinta contia a preferência pela consistência do
alimento e a sexta contia o aspecto geral do respirador oral.
25
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
No presente capítulo serão apresentadas as variáveis deste estudo referentes ao
gênero, ao tipo de cirurgia e a idade, os antecedentes fisiopatológicos, hábitos orais, hábitos
diários, preferência pela consistência do alimento e aspectos gerais do respirador oral.
A amostra deste estudo foi constituída por oito (8) pacientes, internados no
Setor Pediátrico do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) de Tubarão/SC,
submetidos à cirurgia otorrinolaringológicas. A seguir, serão apresentados os dados
pertinentes a gênero, tipo de cirurgia e a idade.
Na análise da tabela 1, com relação ao gênero da amostra obteve-se 5 (62,5%)
indivíduos do gênero masculino e 3 (37,5%) do gênero feminino, onde 2 (25%) realizaram
cirurgia de adenoidectomia, 5 (62,5%) realizaram cirurgia de adenoidectomia e
amidalectomia e 1 (12,5%) indivíduo realizou cirurgia de adenoidectomia e raspagem de
cornetos. A faixa etária da amostra variou entre indivíduos de 2 a 11 anos.
INDIVÍDUO
1.................
2.................
3.................
4.................
5.................
6.................
7.................
8.................
GÊNERO
M
F
M
M
M
F
M
F
TIPO DE CIRURGIA
adenoidectomia
adenoidectomia
adenoidectomia + amidalectomia
adenoidectomia + cornetos
adenoidectomia + amidalectomia
adenoidectomia + amidalectomia
adenoidectomia + amidalectomia
adenoidectomia + amidalectomia
IDADE
2
11
2
8
6
6
4
7
Tabela 1 – Distribuição da amostra conforme gênero, tipo de cirurgia e idade.
A amostra foi dividida conforme o tempo do teste da água, sendo exposta nas
tabelas como T ≤ 2 (tempo de zero até um minuto e 59 segundos) e T=2 (tempo de dois
26
minutos). A amostra foi de 8 crianças, sendo que 3 apresentaram resultado menor que 2
minutos e 5 apresentaram resultado de 2 minutos, resultados estes do teste da água de 2.
ANTECEDENTES
FISIOPATOLÓGICOS
RINITE......................................
SINUSITE.................................
OTITE.......................................
RESFRIADOS FREQUENTES
AMIGDALITES........................
TOTAL
T>0<2
1
2
0
0
1
4
T=2
2
1
2
4
3
12
TOTAL
3
3
2
4
4
16
Tabela 2 – Distribuição da amostra quanto aos antecedentes fisiopatológicos.
A amostra foi dividida conforme o tempo do teste da água de 2 minutos, sendo exposta
nas tabelas como T>0<2 (tempo de zero até um minuto e 59 segundos) e T=2 (tempo de dois
minutos). A amostra foi de 8 crianças, sendo que 3 apresentaram resultado menor que 2
minutos e 5 apresentaram resultado de 2 minutos, resultados estes do teste da água de 2
minutos.
A análise da tabela 2, mostra que 3 crianças apresentaram rinite, sendo 1 com
teste da água até 1 minuto (T1) e 2 crianças com teste da água igual ou superior a 2 minutos
(T2); 3 crianças apresentaram sinusite, onde 2 com T1 e 1 com T2; 2 crianças apresentaram
otite, ambos com T2, 4 crianças apresentaram resfriados freqüentes, onde toda com T2; e 4
crianças apresentaram amigdalites, sendo 1 com T1 e 3 com T2.
HÁBITOS ORAIS
HÁBITO DE APOIO........................
ONICOFAGIA..................................
BRUXISMO......................................
MORDEDURA DE LÁBIOS E BOCHECHAS........
LAMBEDURAS DE LÁBIOS..........
SUCÇÃO DE DEDOS.......................
SUCÇÃO DE LÍNGUA.....................
SUCÇÃO DE CHUPETA..................
AMAMENTAÇÃO............................
SUCÇÃO DE MAMADEIRA............
TOTAL
T>0<2
0
0
0
0
0
1
0
2
3
2
8
Tabela 3 – Distribuição da amostra quanto aos hábitos orais.
T=2
0
0
1
1
0
0
0
3
5
3
13
TOTAL
0
0
1
1
0
1
0
5
8
5
21
27
A amostra foi dividida conforme o tempo do teste da água de 2 minutos, sendo
exposta nas tabelas como T>0<2 (tempo de zero até um minuto e 59 segundos) e T=2 (tempo
de dois minutos).
A análise da tabela 3, considerou-se a amamentação como hábito fisiológicoe os
demais como maus hábitos, onde a tabela mostra que nenhuma criança apresentou hábitos
orais, como por exemplo, hábitos de apoio, onicofagia, lambedura de lábios e sucção de
língua. Das 8 crianças avaliadas, uma criança apresentou bruxismo em T2; uma criança
apresentou mordedura de lábios e bochechas em T2; uma criança apresentou sucção de dedos,
sendo 1 em T1; 5 crianças apresentaram sucção de chupeta, sendo 2 em T1 e 3 em T2. Todas
as
crianças da amostra foram amamentadas, sendo 3 em T1 e 5 em T2 e 5 crianças
apresentaram sucção de mamadeira, sendo 2 em T1 e 3 em T2.
HÁBITOS DIÁRIOS
DIFICULDADE DE RESPIRAR PELO NARIZ
SEDE CONSTANTE.............................
RONCO NOTURNO.............................
BABA NOTURNA................................
PRÁTICA DE EXERC. FÍSICO...........
HALITOSE............................................
DIFICULDADE DE ATENÇÃO..........
CANSAÇO............................................
SONO AGITADO.................................
MASTIGAR COM BOCA ABERTA...
OLHEIRA.............................................
TOTAL
T>0<2
2
1
2
3
1
1
1
1
3
0
1
16
T=2
3
2
5
4
5
3
1
0
3
2
2
30
TOTAL
5
3
7
7
6
4
2
1
6
2
3
45
Tabela 4 – Distribuição da amostra quanto aos hábitos diários.
A amostra foi dividida conforme o tempo do teste da água de 2 minutos, sendo
exposta nas tabelas como T>0<2 (tempo de zero até um minuto e 59 segundos) e T=2 (tempo
de dois minutos).
A análise da tabela 4, mostra que 5 crianças apresentaram dificuldade de respirar
pelo nariz, sendo 2 em T1 e 3 em T2; 3 crianças apresentaram sede constante, sendo 1 em T1
e 2 em T2; 7 crianças apresentaram ronco noturno, sendo 2 em T1 e 5 em T2; 7 crianças
apresentaram baba noturna, sendo 3 em T1 e 4 em T2; 6 crianças apresentaram prática de
28
exercício físico, sendo 1 em T1 e 5 em T2; 4 crianças apresentaram halitose, sendo 1 em T1 e
3 em T2; 2 crianças apresentaram dificuldade de atenção, sendo 1 em T1 e 1 em T2, 1 criança
apresentou cansaço, sendo 1 em T1; 6 crianças apresentaram sono agitado, sendo 3 em T1 e 3
em T2 e 2 crianças apresentaram mastigação com a boca aberta, sendo todas em T2 e 3
crianças apresentaram olheiras, sendo 1 em T1 e 2 em T2.
PREFERÊNCIA PELA CONSISTÊNCIA DO ALIMENTO
LÍQUIDO..............................................
PASTOSO............................................
SÓLIDO...............................................
TOTAL
Tabela 5 – Distribuição da amostra quanto aos hábitos diários.
T>0<2
1
1
0
2
T=2
0
2
3
5
TOTAL
1
3
3
7
A amostra foi dividida conforme o tempo do teste da água de 2 minutos, sendo
exposta nas tabelas como T>0<2 (tempo de zero até um minuto e 59 segundos) e T=2 (tempo
de dois minutos).
A análise da tabela 5, mostra que 1 criança apresenta preferência por alimentos de
consistência líquida, sendo esta em T1; 3 crianças apresentaram preferência por alimentos de
consistência pastosa, sendo 1 em T1 e 2 em T2; 3 crianças apresentaram preferência por
alimentos de consistência sólida, sendo estas em T2.
ASPECTO GERAL DO RESPIRADOR ORAL
T>0<2
T=2
ATRESIA MAXILAR...........................
0
0
LÁBIO SUPERIOR CURTO................
1
0
CONTRAÇÃO DE MENTALIS...........
0
0
BOCA ENTREABERTA......................
3
3
LÁBIO INFERIOR EVERTIDO...........
1
0
FACE HIPOTÔNICA............................
0
0
FACE LONGA......................................
0
0
TOTAL
5
3
Tabela 6 – Distribuição da amostra quanto ao aspecto geral do respirador oral.
TOTAL
0
1
0
6
1
0
0
8
A amostra foi dividida conforme o tempo do teste da água de 2 minutos, sendo
exposta nas tabelas como T>0<2 (tempo de zero até um minuto e 59 segundos) e T=2 (tempo
de dois minutos).
29
A análise da tabela 6, mostra que nenhuma criança apresentou atresia de maxilar,
contração de mentalis, face hipotônica e face longa, tanto em T1 quanto em T2; 1 criança
apresentou lábio superior curto, sendo uma em T1; 6 crianças apresentaram boca entreaberta,
sendo 3 em T1 e 3 em T2 e 1 criança apresentou lábio inferior evertido, sendo esta em T1.
30
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quanto à caracterização da amostra, no que se refere à idade, ao gênero e ao tipo
de cirurgia as quais os indivíduos deste estudo foram submetidos, na primeira tabela, podemos
observar que a amostra foi composta de 8 indivíduos de ambos os gêneros, sendo 5 (62,5%)
masculino e 3 (37,5%) feminino, com idade média de 5,75 anos (variando de 2 a 11 anos). De
acordo com Fukucbi (2005), em relação às cirurgias otorrinolaringológicas, existe uma
prevalência maior do gênero masculino quando comparado ao feminino. Em 2 (25%) dos
casos do grupo deste estudo, foram submetidas à cirurgia de adenoidectomia, as maiorias,
correspondente a 5 (62,5%), foram submetidas à cirurgia de adenoidectomia e amidalectomia
e 1 (12,5%) da amostra foi submetida à cirurgia de adenoidectomia associada à raspagem de
cornetos. Conforme os resultados obtidos, houve maior freqüência de cirurgias de adenóides e
amigdalas; resultados que vão ao encontro com estudos de Vieira et al (2003) onde afirma que
as cirurgias otorrinolaringológicas mais realizadas são aquelas de adenoidectomia e
amidalectomia associadas.
No que se refere aos antecedentes fisiopatológicos, a segunda tabela mostrou que,
3 (37,5%) dos indivíduos da amostra apresentaram rinite e sinusite, não havendo correlação
entre as variáveis e o tempo de retenção da água, segundo o cálculo de regressão múltipla pelo
coeficiente de Pearson; 2 (25%) dos indivíduos tiveram otite, não tendo correlação; 4 (50%)
dos indivíduos foram acometidos por resfriados freqüentes, tendo este correlação desta
variável e o tempo de retenção da água segundo o cálculo pelo coeficiente de Pearson; 4
31
(50%) dos indivíduos tiveram amigdalites, onde esta variável não teve correlação. Fernandes
(2004), em seu estudo, chegou a resultados aproximados; e Delanni (2005), considera estes
antecedentes fisiopatológicos mais freqüentes na amostra estudada como fatores etiológicos
da síndrome do respirador oral.
Em relação aos hábitos orais, conforme relatos dos pais ou responsáveis pelas
crianças, quadro 03 mostra que uma criança apresentou bruxismo, sucção de chupeta e
mamadeira e foi amamentada; duas crianças apresentaram sucção de chupeta e mamadeira e
foram amamentadas; uma criança apresentou mordedura de lábios e bochechas, sucção de
chupeta e mamadeira e foi amamentada; uma criança apresentou sucção de dedos, chupeta e
mamadeira e foi amamentada; e três crianças apresentaram apenas história de amamentação.
Considerando todos os indivíduos deste estudo os achados mais freqüentes, numa ordem
decrescente, foram à amamentação, sucção de chupetas e sucção de mamadeira, mordedura de
lábios e bochechas, bruxismo e sucção de dedos, hábito de apoio, onicofagia, lambedura de
lábios, sucção de língua. Segundo Tessitore (2004), estes hábitos orais são possíveis
alterações que ocorrem em crianças respiradoras orais; situação confirmada pelo estudo de
Fernandes (2004), que na amostra do seu estudo houve respiradores orais que apresentavam
estes hábitos.
Bruxismo e sucção de dedos tiveram baixa freqüência na amostra deste estudo,
onde apenas um paciente apresentou bruxismo e outra sucção de dedos, condição contrária
aos achados do estudo de Fernandes (2004), que apresentou índices mais elevados desses dois
hábitos. Da amostra deste estudo, 5 (62,5%) crianças apresentaram sucção de chupeta e
mamadeira, de acordo com o estudo de Carvalho e Amábile (1998) estes hábitos apresentam
um alto índice em respiradores orais, desse modo, há a concordância entre os dois estudos.
Quanto à amamentação, todas as crianças apresentaram história de ter recebido
leite materno, porém, neste estudo, não houve correlação positiva entre amamentação e o teste
32
da água, segundo o coeficiente de Pearson. Ressaltamos que a amamentação é um dos
principais meios de prevenção da respiração oral. De acordo com Carvalho (2001), a
amamentação é um dos meios de prevenção da Síndrome do Respirador Oral, das doenças do
aparelho respiratório, evita a deglutição atípica, previne a má-oclusão e as disfunções crâniomandibulares. Explica ainda que, ao sugar o seio materno, a criança estabelece o padrão
correto de respiração nasal e postura adequada da língua, isto é, sobre a papila.
Carvalho e Amábile (1998), acrescentam que durante a amamentação a língua fica
no assoalho da cavidade oral para pressionar o osso do palato, formando um movimento
peristáltico, ritmado, como uma onda. Os mesmos autores ainda alertam que o uso de bicos
artificiais leva ao fenômeno "confusão de bicos", sendo uma forma errônea posicionar a
língua e sugar o peito, levando-o ao desmame precoce. Não foi objetivo deste estudo avaliar o
tempo de amamentação das crianças da amostra, a fim de identificar o desmame precoce, uma
vez que o uso de chupetas e mamadeiras foi freqüente em 62,5% da amostra, correspondendo
a 5 crianças.
De acordo com os dados referentes aos hábitos diários, a quarta tabela permite
considerar que das 8 crianças da amostra, 5 (62,5%) apresentaram dificuldade de respirar pelo
nariz. Conforme Carvalho (2003), a obstrução das vias aérea superiores provocada por fatores
como infecções de vias aérea superiores, rinite alérgica, ou até mesmo um traumatismo facial,
podem fazer com que as crianças passem a ter uma respiração completamente oral.
Na mesma amostra, 3 crianças (37,5%) apresentaram sede constante. Onde
segundo Toschi (2005), a passagem do ar pela boca provoca nos lábios o ressecamento e
conseqüente rachadura, e sobre a língua e céu da boca provoca secura, com isso, o indivíduo
tem a necessidade de ingerir líquido a todo o momento.
33
Sete crianças deste estudo (87,5%) apresentaram ronco e baba noturno, o que vem
ao encontro com o estudo de D’Avila et al (1999), onde encontrou a babação e roncos
noturnos como principais queixas na amostra estudada.
Em relação à prática de exercício físico, 6 (75%) indivíduos apresentaram este
hábito, sendo assim, embora Carvalho (2004), considera que as crianças que apresentaram
sono agitado geralmente tem inaptidão física, no estudo em questão dos 6 (75%) dos
indivíduos que apresentaram sono agitado e apenas um deles apresentou cansaço. Segundo
Tessitore o cansaço freqüente é um dos possíveis alterações do portador da SRO. Além disso,
o cansaço foi o único dos hábitos diários que apresentou correlação de Pearson positiva com o
teste da água.
Da amostra estudada, 4 (50%) crianças apresentaram a halitose, de acordo com
Hungria (2000), a principal causa da halitose são as amígdalas, pois, devido a sua forma
anatômica especial, podem transformar-se em depósito de detritos alimentares e produtos de
descamação do próprio epitélio amigdaliano, levando ao mau cheiro. Este achado não
apresentou correlação positiva com o teste da água, segundo o coeficiente de Pearson.
O hábito de mastigar com a boca aberta, neste estudo, acometeu 2 (25%) crianças
apresentaram este hábito. Este hábito ocorre provavelmente porque o indivíduo consegue
respirar melhor ou precisa respirar pela boca em conseqüência de uma obstrução das vias
aéreas superiores
No mesmo estudo, 3 (37,5%) crianças apresentaram olheiras, onde segundo
D’Avila et al (1999), as olheiras são provocadas pela diminuição da vascularização.
No que se refere à preferência pela consistência dos alimentos, a quinta tabela
deixa explícito que uma criança apresentou preferência por alimentos líquidos, 3 (37,5%)
crianças preferiram alimentos pastosos e 3 (37,5%) também preferiram alimentos de
consistência sólida. Pelas características morfológicas e funcionais dos portadores de
34
respirador oral, Carvalho (2004) considera que a alimentação é totalmente prejudicada, com
preferência pela dieta pastosa ou líquida; e quando forçada uma dieta fibrosa, esta é
acompanhada de muito líquido para auxiliar a deglutição. Não houve correlação positiva em
relação ao teste da água, segundo o coeficiente de Pearson.
Quanto ao aspecto geral dos portadores da síndrome do respirador oral, a sexta
tabela esclarece que os indivíduos da amostra estudada não apresentaram atresia de maxilar,
contração de mentalis, face hipotônica e face longa. Estas características encontram-se em
divergência com o estudo de Fernandes (2004), onde estes aspectos tiveram um alto índice
66,66%, 100%, 83,33%, 50% respectivamente em sua amostra. No estudo em questão, apenas
1 (12,5%) criança apresentou lábio superior curto e outra apresentou lábio inferior evertido,
segundo D´Avila (1999) em seu estudo refere que a principal queixa evidenciada foi o hábito
da boca aberta, não tendo correlação entre as variáveis e o tempo de retenção da água,
segundo o coeficiente de Pearson.
35
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo procurou identificar características compatíveis com a SRO nas
crianças submetidas a cirurgias de adenoidectomia e amigdalectomia, com faixa etária entre 2
e 11 anos, de ambos os gêneros, internadas na enfermaria pediátrica do Hospital Nossa
Senhora da Conceição de Tubarão - SC.
A partir dos resultados obtidos as principais características encontradas foram:
− Houve prevalência do gênero masculino;
− A cirurgia mais realizada foi a de adenoamigdalectomia;
− A maior parte das crianças da amostra encontrava-se em idade pré-escolar;
− Os achados mais freqüentes na amostra estudada foram resfriados freqüentes e
amigdalites; ronco noturno e baba noturna; preferência por alimentos pastosos e
sólidos; boca entreaberta;
− Todas as crianças foram amamentadas por no mínimo 7 meses.
Em relação ao teste da água de 2 minutos, houve maior ocorrência de tempo de
retenção da água igual há 2 minutos.
Segundo o cálculo de regressão múltipla pelo coeficiente de Pearson, somente as
variáveis resfriados freqüentes e cansaço, tiveram correlação com o tempo de retenção da
água.
Mesmo o estudo sendo realizado no pós-operatório imediato, a maioria (62,5%)
da amostra completou o teste da água de 2 minutos, o que sugere que este teste pode ser usado
36
como instrumento para triagem das crianças, encaminhando-as para o tratamento
fisioterapêutico. Por fim, sugere-se reproduzir este estudo com uma amostra maior.
Tendo em vista que o hábito de amamentação é dito como prevenção para o
aparecimento de hábitos orais, segundo descrito em diversas bibliografias, o presente estudo
diverge, pois na amostra em questão todos apresentaram hábito de amamentação e também
hábitos orais.
Sugere-se assim, estudos direcionados em relação ao hábito de amamentação para
comprovação deste, como prevenção para o aparecimento de hábitos orais.
37
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38
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Paulo. jun/ago 2004.
40
ANEXOS
41
ANEXO A - Questionário
I. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
1. Nome:________________________________________________________N°_______
2. Data de Nascimento:_____/_____/________.Idade_____anos.
3. Tipo de cirurgia:
( ) amidalectomia
( ) adenoidectomia
( ) outra. Qual?_____________________
4. Gênero: ( ) F
( )M
5. Peso:________Kg. Estatura_________ m.
6. Cor____________________________________________________________________
7. Nome dos Pais ou Responsáveis:_____________________________________________
_________________________________________________________________________
8. Telefone:_______________________________________________________________
II. ANAMNESE:
1. Antecedentes fisiopatológicos.
( ) rinite
( ) sinusite
( ) otite
( ) resfriados freqüentes
( ) amigdalites
2. Dificuldade de respirar pelo nariz? ( ) sim
( ) não
3. Hábitos orais.
( ) hábito de apoio
( ) onicofagia
( ) bruxismo
( ) mordedura de lábios e bochechas
( ) lambedura de lábios
( ) sucção de dedos
( ) sucção de língua
( ) sucção de chupeta? Por quanto tempo?_______________________________________
( ) amamentação? Por quanto tempo?__________________________________________
( ) sucção de mamadeira? Por quanto tempo?____________________________________
4. Alimentação: Preferência por algum tipo de alimento (consistência)?
( )sólida
( )pastosa ( ) líquida
5. Sede constante?__________________________________________________________
6. Ronco noturno
( ) sim
( ) não
7. Baba noturna
( ) sim
( ) não
8. Olheiras
( ) presente
( ) ausente
9. pratica ou praticou exercício físico regular?
( ) sim
Qual?_______________________Quanto tempo?_______________ ( ) não
10. ( ) cansaço
11. ( ) sono agitado
12. ( ) halitose
13. ( ) mastiga com a boca aberta
14. ( ) dificuldade na atenção
III. Aspecto geral do respirador oral:
Atresia maxilar
( ) sim
( ) não
Lábio superior curto ( ) sim
( ) não
Contração de mentalis ( ) sim
( ) não
Boca entreaberta
( ) sim
( ) não
Lábio inferior evertido ( ) sim
( ) não
Face hipotônica
( ) sim
( ) não
Face longa
( ) sim
( ) não
IV. Teste da água por dois minutos:
( ) sim. Quanto tempo?___________ min.
( ) não
42
ANEXO B – Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu, ______________________________________________________, cédula de identidade
nº _____________________, declaro que concordo plenamente com os procedimentos a que
serei submetido, conforme explicações que me foram fornecidas pelo responsável da
pesquisa; onde será garantido o sigilo das informações obtidas, sendo que todas as
informações coletadas serão utilizadas exclusivamente para o desenvolvimento da pesquisa,
mantendo minha identidade no anonimato. Informo, outrossim, que estou ciente dos
procedimentos que serão realizados concordando com os mesmos e que posso abandonar, por
livre e espontânea vontade, a qualquer momento a avaliação.
E, para tornar válido o presente instrumento, assino-o conscientemente.
Tubarão (SC) em ___/___/___.
Assinatura dos pais ou representante legal:________________________________
Assinatura do pesquisador:_________________________________________
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