plantas medicinais: o enfoque popular no mercado

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PLANTAS MEDICINAIS: O ENFOQUE POPULAR NO MERCADO
PÚBLICO DAS MALVINAS NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE,
PARAÍBA
Larrissa Araújo Santos (1); Éricka Araújo Santos (1); Jamyle Maria Santos de Medeiros(2).
Jessika Rafhaelly Freire de Oliveira(3).
(Universidade Federal de Campina Grande – Pb, [email protected])
RESUMO:
A experiência sobre plantas medicinais faz parte do cotidiano da população para tratamento de doenças, mas
com a expansão da indústria farmacêutica a tradição de utilizar plantas medicinais para tratar doenças
diminuiu. O objetivo da pesquisa é mostrar as diversidades de plantas medicinais mais populares e o grau de
conhecimento dos consumidos do Mercado Público das Malvinas. As coletas de dados foram obtidas por
meio de entrevistas semiestruturadas através de um questionário, com 30 consumidores de ambos os sexos,
apresentando entre 25 à 50 anos, no período de Janeiro de 2015. A técnica de listagem livre foi utilizada para
cada informante, possibilitando a obtenção de informações sobre as espécies, como principais indicações
terapêuticas e partes dos vegetais utilizadas. Após colher os dados, estes, foram analisadas no software
Microsoft Excel 365 e foram tratados por meio da estatística descritiva. Foram citadas 16 espécies diferentes
de plantas, a morfologia da planta mais utilizada foram as folhas, usadas como terapêuticos para diversos
tipos de doenças. Das pessoas questionadas 16 eram homens entre 25 e 50 anos. A facha etária entre 43 à 50
anos apresentou 33% de conhecimento sobre o assunto. Os que tinham entre os de 25 à 37 tiveram 67% de
desconhecimento do assunto. Dessa forma a população de consumidores do Mercado Público das Malvinas
que foram avaliadas apresentou um conhecimento regular sobre plantas medicinais.
Palavras-Chave: Diversidade, Plantas Naturais, Popularização.
INTRODUÇÃO
O conhecimento de plantas medicinais faz parte do cotidiano da população para o tratamento
de doenças. Devido à falta de acesso a saúde pública o uso de plantas medicinais é mais comum nas
comunidades rurais (BESSA et al., 2013). O estudo sobre a popularização das plantas medicinais é
importante no processo de informação, identificação de espécies e para o crescimento econômico e
medicinal das plantas existente no bioma (SILVA et al., 2010). As observações dada pelos
populares em relação ao uso das plantas, vai poder ajudar na produção de medicamentos
(SANTANA et al., 2014).
A cultura de utilização das plantas medicinais para fins fitoterápico vem sendo transmitida
desde o início da civilização (HALBERSTEIN, 2005). Essa prática do uso das plantas para
tratamento de doenças foram transmitidos entre as pessoas por informações não registradas e por
meio da comunicação oral (TOLEDO; BARRERA-BASSOLS, 2009). A utilização de plantas
medicinais é cultural no Nordeste brasileiro (ANSELMO et al., 2012).
A prática de uso de plantas medicinais é tão antiga quanto à existência humana (SANTANA
et al., 2014). No Brasil, os pioneiros dessa tradição, foram a interação entre os povos indígenas com
europeus e africanos que colonizaram o nosso país. No Nordeste a diversidade de culturas é
representada por diversos povos indígenas (ALBUQUERQUE et al., 2010).
A modernização cultural, o crescimento das cidades e a modificação de comunicação entre
as pessoas, pode afetar o conhecimento e a popularização das plantas e provocar a perda da cultura
medicinal (ROQUE; ROCHA; LOIOLA, 2010). O trabalho em busca de conhecimento sobre as
plantas, viabiliza o saber e a conservação de espécies ameaçadas e/ou vulnerais a extinção.
A etnobotânica é caracterizada pelo estudo das relações entre espécies animal e vegetal
dentro de um determinado ecossistema, da ênfase na utilização fitoterápica desses vegetais pelo
homem e se preocupa com a preservação do conhecimento popular (ALBUQUERQUE, 2005). As
plantas medicinais apresentam diversos princípios ativos e são bastante conhecidas no bioma
caatinga, pois, em alguns lugares são a única maneira existente de eliminar várias patogenias do
nosso corpo (ALBUQUERQUE et al., 2010).
Os estudos etnobotânicos é importante para popularização da ciência, valorização da
economia, benefícios a sociedade e para conservação da vegetação em diversas regiões brasileiras,
pois é aqui que se tem a maior diversidade florística do mundo (GOTTLIEB et al., 1998.). O
objetivo geral desse trabalho é mostrar as diversidades de plantas medicinais mais populares e o
grau de conhecimento dos consumidos da Feira Central situada na cidade de Campina Grande –
Paraíba.
METODOLOGIA
O presente trabalho foi realizado em Janeiro de 2015, com 30 pessoas, no Mercado Público
das Malvinas na cidade de Campina Grande, Paraíba. As pessoas que participaram da pesquisa
tinham entre 25 e 50 anos. Foi aplicado um questionário onde as pessoas respondiam: quais tipos de
plantas medicinais eles conheciam e se já usaram para tratamento fitoterápico.
Na abordagem para realização da pesquisa, os populares se mostraram dispostos e
interessados. No questionamento foram determinados e objetivos nas respostas. A análise das
respostas foram realizadas de modo qualitativo e quantitativo. Foi realizado o levantamento de
todas as espécies citadas e suas frequências relativas. Verificaram-se quais espécies são mais
conhecidas e para quais tipos de doenças foram utilizadas. Os dados foram analisados no software
Microsoft Excel 365 e foram tratados por meio da estatística descritiva.
A cidade de Campina Grande – Paraíba está localizada no bioma caatinga, apresenta uma
área de em 594 km², com população estimada em 402 mil habitantes (IBGE, 2010). O Mercado
Público (Figura 1 A e B), situado no bairro das Malvinas, fica localizado na Zona Oeste de cidade
(IBGE, 2010).
Figura 1: A - Mapa da cidade de campina grande, destacando o
bairro das Malvinas onde está localizado o Marcado Público. B
– Imagem do Mercado Público das Malvinas.
Fonte: A – Adaptado de (MAIA, 2010). B – imagem do
Google Earth.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa realizada no Mercado público das Malvinas, possibilitou observar a dificuldade
de conhecimento das pessoas mais jovens sobre plantas e sua fitoterapia. No total foram descritas
16 espécies diferentes. Das 16 plantas medicinais mencionadas pelos consumidores, oito delas
utiliza-se as folhas para o preparo do chá, Carqueja e Hortelã usam a folha e o caule, do Alecrim
prepare-se a folha e a raiz, do Matruz utilizam a folha e a flor, da Rumã usa-se a casca e a semente,
do Louro se prepara o caule e do Juá se usa a parte interna da planta. As plantas medicinais são
mais usadas para: acalmar, dores estomacais, gripe, cólicas menstruais, inflamações e como
diurético. (Tabela 1.).
Tabela 1. Relações de espécies citadas pela população participante da pesquisa.
NOME
CITADO
AGRIÃO
ALECRIM
ARRUDA
Sisymbrium nasturtium
Rosmarinus officinalis
Ruta Graveoleons
BOLDO
Coleus barbatus
CAMOMILA
Matricaria chamomilla
CAPIM SANTO
CARQUEJA
CHÁ PRETO
COLONIA
EVA
CIDREIRA
EVA DOCE
HORTELÃ
JUÁ
Cymbopogon citratus
Baccharis trimera
Cammelia sinensis
Alpinia zerumbet)
Melissa officinalis
LOURO
MASTRUZ
NOME CIENTÍFICO
Foeniculum vulgare
Mentha piperita
Ziziphus joazeiro
MORFOLOGIA
PATOLOGIAS
UTILIZADA
Folha
Gripe
Folha, Raiz
Dores estomacais, Hematoma
Folha
Cólicas menstruais e dor de
ouvido
Folha
Calmante, dores estomacais,
diurético
Folha
Calmante, cólicas menstruais,
diurético
Folha
Calmante
Folha, casca
Digestão e gases
Folha
Dores estomacais
Folha
Inflamações
Folha
Calmante, cólicas menstruais,
diurético
Folha
Calmante
Folha, casca
Gripe, dieta para emagrecer
Parte interna da Seborréia
planta
Caule
Dores estomacais, diuretico
Folha e flor
Gripe, gastrite
Laurus nobilis
Chenopodium
Ambrosioides.
RUMÃ
Punica granatum
Fruto e casca
Fonte: STEFFEN, 2010; MARTINELLI; MORAIS, 2013;
Inflamação das amídala
http://www.jardimdeflores.com.br/floresefolhas/a20alpinia.htm
Dentre essas espécies de plantas, as mais frequentes citadas foram, Erva doce (n=10), Boldo
(n=8), Erva Cidreira e Camomila (n=6), Hortelã (n=5), Rumã (n=4), Capim Santo e Mastruz (n=3),
Chá preto e Alecrim (n=2), Arruda, Louro, carqueja, Agrião, Juá e Colônia com apenas (n=1),
(Figura 2 e 3).
Figura 2. Frequência de citação de algumas plantas citadas pela
população (n>2) (N=30).
Figura 3 - As seis plantas mais citada pelos consumidores do
Mercado Público.
Os consumidores demonstraram utilizar as plantas medicinais para fins de tratamentos
terapêuticos. Alves et al. (2008) apresenta o mesmo pensamento quando afirma que a população usa
essas espécies para vários achaque. Segundo Gomes et al. (2008) essa pratica vem sendo empregada
desde a antiguidade e evoluiu até a atualidade.
Dentre as espécies citadas uma está listada no livro vermelho (Figura 4) como vulnerável a
extinção, está é a Arruda (Aechmea muricata).
Figura 4 – Arruda vulnerável a extinção.
Fonte: MARTINELLI; MORAIS, 2013.
Das 30 pessoas entrevistas, 16 foram homens entre 25 e 50 anos. Observamos que o
conhecimento dos homens com fachearia entre 43 e 50 anos apresentam 33% de conhecimento e
utilização de plantas medicinais para fins terapêuticos. Os homens com 25 a 37 anos não tinham
conhecimento algum sobre plantas medicinais. Nesse caso foi observado uma variação significativa
de conhecimento. Os homens mais velhos apresentavam um nível mais elevado de entendimento
sobre plantas medicinais (Figura 5).
Figura 5. Frequência percentual de conhecimento entre
homens com idades entre 25 e 50 anos.
O trabalho de Luca et al. (2014), realizado em Santa Catarina/RS contatou também a
demonstração de dificuldade em questionar pessoas do gênero masculino com conhecimento sobre
plantas medicinas, isso demostra que a cultura de utilizar plantas medicinais para tratamento
terapêutico está se perdendo e um dos motivos é o crescimento da indústria farmacêutica.
CONCLUSÕES
A população de consumidores do Mercado Público das Malvinas que foram avaliadas
apresentou um conhecimento regular sobre plantas medicinais. Foram citados no total 16 espécies
diferentes. Da maioria das espécies citadas, a morfologia mais utilizada pelos consumidores e a
folha, que é usada para curar gripe, dores de estomago e para acalmar.
De acordo com as plantas citadas, observou-se que as plantas com maior conhecimento são
as utilizadas para acalmar e para curar gripe. Ouve uma variação significativa entre os homens. Os
que apresentaram um maior conhecimento foram a minoria 33 %, enquanto 67% que formaram a
maioria mais jovem, não apresentaram conhecimento algum sobre plantas medicinais.
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