Capítulo 16 - Pensamento

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CAPÍTULO 16 - PENSAMENTO
O COMPORTAMENTO DE TOMAR UMA DECISÃO
No autocontrole os cursos de ação alternativos são adiantadamente especificáveis, e a
questão pode ser resolvida antes que o controle seja exercido. Técnicas de controle podem
ser eficientemente planejadas para a obtenção de um determinado estado de coisas. Há
instâncias da manipulação por alguém de seu próprio comportamento, contudo, nas quais o
resultado não precisa ser previsto. Certo tipo de “auto determinação” está envolvido, por
exemplo, na decisão de qual dentre dois cursos de ação deve ser seguido. A tarefa não
consiste em simples mente tornar provável um curso de ação selecionado, mas em decidir
uma questão. Ãs vezes o indivíduo faz isso manipulando algumas das
variáveis das quais seu comportamento é função. As técnicas são mais limitadas que no
autocontrole porque as conseqüências não podem ser previamente especificadas.
Ao tomar uma decisão, como no autocontrole, freqüentemente as variáveis manipuladas são
eventos privados dentro do organismo. Como tais apresentam um problema especial, ao
qual retornaremos no capítu lo XVII. Exemplos familiares nos quais as variáveis são
acessíveis a todos serão aqui o bastante. O processo parece ser o mesmo quer as variáveis
sejam públicas, quer sejam privadas. “Tomar uma decisão” também se assemelha ao
autocontrole por usar algumas das técnicas essencialmente da mesma maneira que no
controle do comportamento de outrem. Isto não é verdadeiro quando persuadimos alguém a
se comportar em uma dada maneira, pois nossas variáveis operam em favor de uma única
alternativa, não acarretando nenhuma decisão. Quando tentamos auxiliar alguém a se
decidir sem preferência por nenhum curso de ação, entretanto, empregamos as técnicas que
o indivíduo pode usar sobre si mesmo para chegar a uma decisão.
Embora variáveis dos campos da motivação e condicionamento sejam usadas ao se tomar
uma decisão, são menos específicas e muitas vezes seu efeito é retardado. Para resultados
mais diretos recorremos à manipulação de estímulos. Se todos os cursos importantes de
ação mostram alguma probabilidade de emissão antes de nos decidirmos entre eles, técnicas
consistem em encontrar fontes suplementares de probabilidade as quais, uma vez aplicadas
ao comportamento de outros, seriam classificadas como deixas ou dicas (capítulo XIV). Ao
decidir entre passar as férias nas montanhas ou no litoral, por exemplo, pode mos
esquadrinhar revistas de turismo e folhetos de viagens, verificar para onde estão indo
nossos amigos, e qual a previsão do tempo para cada lugar, etc. Esse material, se
estivermos com má sorte, pode simples mente manter o equilíbrio entre os dois cursos de
ação, mas o mais provável é que leve à emergência preponderante de um deles. “Decidir”,
como o termo será usado aqui, não é a execução do ato decidido, mas o comportamento
responsável por ele.
O processo de decisão pode terminar antes que o ato seja executa do quando for iniciado
algum passo relativamente irrevogável — por exemplo, podemos decidir a respeito das
férias fazendo um pagamento antecipado para garantir uma reserva. Uma conclusão comum
é simples mente anunciar a decisão. Dizendo que estamos indo para o litoral, asseguramos
conseqüências aversivas se essa previsão de nosso compor tamento futuro não for
cumprida. A nova variável pode evitar o restabe
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O indivíduo como um todo
Pensamento
lecimento de qualquer conflito e por isso evitar qualquer comportamen to de decisão
posterior. A decisão também se completa quando as técnicas começam a ser aplicadas em
direção a uma única conseqüência
— quando jogamos fora os folhetos que descrevem o litoral e continua mos a trabalhar para
aumentar a probabilidade de emissão do comporta mento de ir para as montanhas. Estamos
assim nos comportando como se tivesse sido recomendado ir para as montanhas por razões
de saúde e estivéssemos simplesmente acumulando material para ser possível cumprir a
ordem (talvez em competição com variáveis aversivas que aumentam a probabilidade de
ficar em casa ou ir para outro lugar).
ORIGEM E MANUTENÇÃO DO COMPORTAMENTO DE DECIDIR
O indivíduo manipula variáveis relevantes ao tomar uma decisão, porque se assim o fizer
tem certas conseqüências reforçadoras. Uma dessas é simplesmente fugir da indecisão. As
alternativas em conflito levam a uma oscilação entre formas incompletas de respostas as
quais, ocupando boa parte do tempo do indivíduo, podem ser poderosamente aversivas.
Qualquer comportamento que termine com o conflito será positivamente reforçado. Aquilo
que podemos distinguir como “delibe ração devida” tem outras conseqüências. Quando
examinamos cuidado samente uma situação, o tomar uma decisão, presumivelmente,
aumenta a probabilidade de que a resposta finalmente feita consiga reforço máximo. A
longo prazo o resultado líquido pode ser o bastante para manter a probabilidade de emissão
do comportamento de examinar a situação.
Fugir da indecisão ou a vantagem líquida de uma resposta delibera da podem parecer
inadequados para explicar a origem e a manutenção do comportamento de decidir.
Certamente são reforçadores deficientes por serem muito retardados e com conexão
obscura com a resposta. Entretanto aceitamos essas deficiências prontamente, pois o
comporta mento de tomar decisões também é geralmente deficiente. Não está presente em
nenhum grau no comportamento de organismos inferiores ou de muitas pessoas. Quando
presente, geralmente é o resultado de reforços especiais aplicados pela comunidade.
Embora os indivíduos possam encontrar acidentalmente, várias maneiras de decidir, é mais
provável que as técnicas relevantes lhes sejam ensinadas. Ensinamos uma criança a “parar e
pensar” e a “considerar todas as conseqüências” for necendo reforços adicionais, e até certo
ponto irrelevantes ou espúrios (capítulo XXVI). Mesmo esses podem não ser bemsucedidos. A criança
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pode ainda achar difícil decidir e ocasionalmente, pode experimentar a condição patológíca
da foi/e du doute ou alguma versão dos apuros do asno de Buridan.
O COMPORTAMENTO DE LEMBRAR
Ao tomar uma decisão os cursos de ação alternativos podem ser previamente especificados,
mesmo que a conseqüência não seja antevis ta. Haverá circunstâncias sob as quais um
indivíduo manipule variáveis para afetar uma resposta que não pode ser identificada antes
que seja emitida? Á primeira vista isto pode parecer não apenas improvável, mas também
impossível. Não obstante acontece — e acontece extensivamen te. Vamos supor que
esquecemos o nome de um homem que devemos apresentar para alguém. Como a resposta
não pode ser especificada adiantadamente, as técnicas usuais da autodeterminação podem
parecer inaplicáveis. Contudo, não há nada que possamos fazer a menos que tenhamos uma
direção de algum tipo. Mas não ser capaz de identificar uma resposta não significa que não
possamos emití-la. Podemos dizer, por exemplo, que é um nome que sabíamos, que é um
nome que será correto para a apresentação de uma determinada pessoa, que provavel mente
o reconheceremos como correto, ou que é o nome de um homem que encontramos em certa
ocasião e com o qual discutimos um determi nado assunto. Com essas especificações extras
não é impossível para aumentar a probabilidade de emissão da resposta. As técnicas disponí
veis seriam classificadas como autodeixas (capítulo XIV). (Uma auto preparação pressupõe
que conhecemos a resposta.)
As técnicas são familiares. Usamos deixas temáticas quando recor damos uma conversa que
tivemos com o homem em questão, quando descrevemos as circunstâncias sob as quais
fomos apresentados a ele, ou quando passamos em revista classificações temáticas (era um
nome alemão, irlandês, pouco comum, etc.?). Usamos deixas formais quando tentamos
vários padrões de acento tônico — tá-dá-tá-dac/á — ou percor remos o alfabeto
repetitjvamente na forma de uma soma verbal. Pode mos mesmo estabelecer uma condição
aversiva da qual podemos escapar apenas pela emissão do nome. Faz-se isso ao repetir uma
apresentaçaO formal — “Gostaria de apresentar-lhe o Sr “ — ou arriscando-se a
apresentação real, contando com a poderosa pressão que se originara quando for alcançado
o ponto apropriado para a lembrança do nome. Se, como resultado de qualquer desses
procedimentos, o nome repen tinamente estala na cabeca”, então foi aumentada a
probabilidade de emissão de uma resposta que não poderia ser especificada previamente.
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O indivíduo como um todo Pensamento
PROBLEMAS E SOLUÇÕES
Ao lembrar um nome se supõe que a resposta existe com alguma probabilidade de emissão
e que se dispõe de outra informação como fonte de estimulação suplementar. São aspectos
essenciais de uma ativi dade mais ampla e geralmente mais complexa comumente
denominada “resolução de problemas”, “pensamento”, ou “raciocínio”. Desta for ma a
análise da lembrança de um nome serve de prefácio para um campo muito mais importante
do comportamento humano.
A linguagem na qual geralmente se discute a resolução de proble mas não difere muito do
vocabulário leigo. Os métodos e os conceitos rigorosos desenvolvidos em outras áreas do
comportamento humano são comumente abandonados quando se chega a este campo. É
fácil dar exemplo de um problema, mas é difícil definir o termo rigorosamente. Parece não
haver problema para o organismo que não está em estado de privação ou de estimulação
aversiva, mas há também algo mais. O organismo faminto que devora o alimento talvez
esteja resolvendo um problema, mas apenas no sentido trivial. Na verdadeira “situação
problema”, o organismo não tem um comportamento imediatamente disponível que reduza
a privação ou forneça um meio de fuga da esti mulação aversiva. Essa condição pode ser
expressa de forma mais geral. Não será necessário especificar a privação ou a condição
aversiva se for possível demonstrar que existe uma resposta com certa probabilidade de
emissão que não pode ser emitida. Talvez seja necessária uma estimu lação discriminativa
para determinar a forma ou a direção da resposta (o jogador de golfe não pode percorrer o
gramado antes de encontrar o campo); ou a resposta pode requerer apoio externo ou
instrumentos que estejam faltando (o jogador de golfe não pode percorrer o gramado
enquanto não tiver a bola). Podemos demonstrar a probabilidade de emissão de uma
resposta de diversos modos, mas geralmente o fazemos mostrando que ocorre tão logo a
ocasião o permita.
Uma gaveta trancada apresenta um problema quando o comporta mento que requer uma
gaveta aberta é forte e quando o indivíduo não tem a chave ou outros meios de abrí-la.
Infere-se da presença de respos tas que anteriormente abriram a gaveta, ou do aparecimento
do com portamento tão logo tenha sido aberta, a probabilidade de emissão do
comportamento. Podemos dizer que um automóvel enguiçado apresenta um problema se
nenhum comportamento que resulte na partida for disponível no momento e se o
comportamento que anteriormente foi bem-sucedido ao dar partida for forte ou se tivermos
outros indícios de
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o comportamento que depende do carro em funcionamento for forte. Aros de metal
intercruzados serão um problema se o comportamento de separá-los for forte e se nenhuma
resposta disponível o conseguir. Um assassinato misterioso representa um problema se
estivermos forte mente inclinados a descobrir o assassino, a mostrar que um nome preenche
consistentemente todos os requisitos da história — e não o pudermos fazer. Comprar papel
de parede para uma sala será um pro blema se não pudermos dizer quantos rolos serão
precisos; será outro tipo de problema se tivermos medido a sala mas sem converter o resulta
do em rolos de papei. A Matemática é rica em problemas, mas a motiva ção do matemático
freqüentemente é obscura. A privação ou a estimu lação aversiva responsável pela
probabilidade de emissão de escrever uma fórmula que sempre gere um número primo está
longe de ser clara.
Em todo caso, a solução de um problema é simplesmente uma resposta que altera a situação
de forma que a resposta com grande pro babilidade de emissão possa ser emitida. Achar a
chave da gaveta tranca da, pôr gasolina no carro, torcer os aros de metal de uma dada
maneira, emitir um nome que preencha todos os requisitos do assassino misterio so, e
escrever uma fórmula que sempre gere um número primo são soluções desse tipo. Uma vez
ocorrida a solução, entretanto, o problema desaparece porque a condição essencial foi
eliminada. (Não é provável que o mesmo problema venha a ocorrer novamente, pois a
situação já não será nova. No futuro, a resposta que já tiver surgido como solução ocorrerá
por ter sido reforçada em circunstâncias semelhantes.)
Simplesmente emitir uma solução, contudo, não é resolver um problema. Preocupamo-nos
aqui com o processo de “achar a solução”. A soluç5o de problemas pode ser definida como
qualquer comporta mento que, através da manipulação de variáveis, torne mais provável o
aparecimento de uma solução. Esta definição parece englobar as ativi dades mais
comumente descritas como resolução de problemas, e permite uma análise razoavelmente
rigorosa dos procedimentos ou técnicas. Podemos resolver os problemas de outras pessoas
do mesmo modo, mas aqui limitaremos a discussão para o caso no qual o indiví duo resolve
seus problemas.
O aparecimento de uma solução não garante que a resolução do problema tenha ocorrido
Muitas vezes uma mudança acidental no ambiente provoca um resultado semelhante — a
chave por ser encontra da ou o carro repentinamente responde à pressão no botão de
partida. Um exemplo mais sutil, que já foi mencionado, é a explicação dada por Descartes,
do comportamento do organismo vivo. O problema sugiu de
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O indivíduo como um todo Pensamento
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uma forte disposicão de emitir observações explicativas referentes a operacão dos corpos
vivos. Devemos supor a probabilidade de emissão desse comportamento mesmo que hoje já
não possamos descrevê-la. A explicação era metafórica; uma resposta baseada em certas
figuras existentes próximo às fontes, construídas de modo a parecer organis mos vivos, foi
aplicada por extensão, através de indução de estímulos, ao próprio organismo vivo. Não
precisamos supor que no momento em que isso ocorreu, Descartes estava ativamente
preocupado em resolver o problema. A disponibilidade da informação a respeito das figuras
da fonte pode ter sido totalmente acidental. Portanto, não necessitamos tratar nenhuma
parte do comportamento de Descartes como resolução de problema. Foi apenas um
exemplo de “deparar com uma solução”.
Pela mesma razão, a chamada aprendizagem por ensaio e erro não é resolução de problema.
O estado de privação ou a estimulação aversiva requeridos por um problema implicam na
alta probabilidade de muitas respostas. Algumas delas podem ser emitidas porque a
situação se asse melha a outras situações as quais foram reforçadas. E possível que uma
delas venha a ser uma solução — que resolva o problema satisfazendo condição essencial.
Mas isto não requer tratamento especial. Outro tipo de comportamento igualmente provável
de ser observado é exploração ao acaso. Na presença de um problema o organismo fica
simplesmente ativo. Neste caso, novamente, a solução pode sugir por acidente.
Um exemplo de resolução de problema no sentido de encontrar uma solução aparece em
conexão com a aprendizagem de ensaio e erro quando o organismo “aprende como tentar”.
Emite respostas em gran de número por causa do sucesso anterior e talvez de acordo com
certas características do problema. Suponha que desafiamos um indivíduo a identificar uma
palavra selecionada de uma lista. Nosso desafio fornece estimulação aversiva, e a afirmação
de que escolhemos uma palavra de uma lista particular provê um estímulo discrimiriativo
que aumenta a probabilidade de um conjunto de respostas correspondentes. A única saída
do indivíduo é emitir as palavras da lista até que acerte com a resposta adequada.
Entretanto, talvez descubra meios de ordenar seu comportamento para evitar repetição, para
evitar omissões, etc. Pode progredir rapidamente para uma solução se reforçarmos com
categorias descritivas. Talvez então percorra o alfabeto em busca da letra inicial (“E uma
palavra que começa com. . .?“), depois em busca da segunda letra, e assim por diante. Uma
deixa formal em breve terá sido gerada que irá aumentar a probabilidade de emissão de
respostas que terão uma “chance” razoável de acerto. Ou pode arriscar categorias gramati
cais ou temáticas — animal ou vegetal, substantivo ou verbo, etc. A aproximação da
solução poderá ser muito hábil uma vez que as catego rias úteis tenham sido reforçadas.
Mas a despeito do fato de que se aprende a usar essa técnica e a despeito da direção
aparente do proces so, o comportamento é pouco mais que um desempenho de tentativa e
erro. Podemos explicar a emergência de cada resposta em termos da ocasião presente e da
história passada do indivíduo. Há apenas um mínimo de “autodeterminação”.
Um meio de encorajar a emissão de resposta que talvez prove ser a solução é a manipulação
de estímulos. Um exemplo simples cobre a situação problema. Freqüentemente este é o
efeito do comportamento exploratório casual e portanto se costuma agrupá-lo sem mais na
apren dizagem por ensaio e erro. Mas o efeito não é emitir uma resposta que provará ser
uma solução, mas descobrir os estímulos que possam con trolar essa resposta. Aperfeiçoar
ou ampliar a estimulação disponível é especialmente eficiente; aumentamos as
probabilidades de uma solu ção quando examinamos cuidadosamente um problema, quando
consi deramos todos os fatos, ou quando apontamos estímulos relevantes colocando o
problema em seus termos mais claros. Um passo além é arranjar ou rearranjar estímulos.
No jogo de anagramas, por exemplo, o problema é compor palavras a partir de uma
miscelânea de letras; a solução simplesmente é soletrar uma palavra aceitável. E útil
arranjar as letras disponíveis, pois alguns arranjos podem se assemelhar a partes de palavras
existentes no repertório do indivíduo e por isso servem como deixas formais. O jogador de
anagramas experiente aprende a agrupar as letras com eficiência, especialmente em certos
subgrupos que o habilitam a formar grupos maiores e produtivos. Aprende a colo car juntos
“q” e “u”, a tentar várias combinações de “1h”, “nh”, “Is”, etc.
O silogismo lógico é um modo de dispor estímulos, O lógico possui um repertório verbal
no qual certas conclusões têm maior probabilidade de serem feitas a respeito do enunciado
de certas premissas, mas um determinado problema pode não se apresentar na ordem
requerida. Resolver o problema consiste em arranjar o material em forma silogís tica. Se a
solução for obtida inteiramente pela aplicação de uma fórmu la (Barbara ce/arent. . .), o
arranjo não apenas facilita uma resposta, mas realmente a determina, e o processo não é o
de resolução de problema como aqui definido. Mas há casos menos mecânicos nos quais o
arranjo se faz principalmente para encorajar o aparecimento de uma resposta que tenha
outras fontes de probabilidades. Desse modo o matemático
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O indivíduo como um todo Pensamento
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é treinado para transpor, faturar, simplificar frações, etc., até que uma expressão apareça em
uma forma que sugira uma solução. Muito disto pode ser relativamente mecânico, mas na
verdadeira resolução de pro blema usam-se os procedimentos para encorajar o
aparecimento de uma nova resposta que tenha outras fontes de probabilidade de emissão.
Muitas vezes o conhecimento científico progride como resultado do arranjo de esti’mulos.
A classificação das espécies de Lineu foi uma disposição de dados que levou, entre outros
resultados, à solução de Darwin, ao problema da origem das espécies. A tabela dos
elementos de Mendeleiev foi um arranjo dos dados da Química que precedeu necessa
riamente à moderna teoria atômica. A ordenação de informações rele vantes é agora um
passo tão óbvio para a solução de qualquer problema que é questão de rotina onde os
problemas devam ser resolvidos por grupos e onde as diferentes funções na resolução de
problemas são delegadas a pessoas diferentes, O “pesquisador de fatos” é uma figura
familiar na resolução organizada de problemas na ciência e na indústria.
Outra técnica de resolução de problemas consiste essencialmente em dar-se deixas.
Tentativas de solução, talvez reunidas com esse propó sito, são sistematicamente revistas.
Há também certos procedimentos que não devem ser desprezados mesmo que não sejam
diretamente dirigidos para soluções específicas e portanto não são ordinariamente incluídos
na resolução de problemas. Exemplo, é um certo tipo de deixas que se dá a si próprio que é
tão geral que deve ser usado repetiti vamente como o somador verbal. A repetição auxilia, é
claro, aumen tando o efeito de técnicas mais específicas, como quando fazemos
levantamentos repetidos do material importante ou o enunciamos novamente, muitas vezes
seguidas. Mas algo como uma deixa formal, sem referência específica a uma dada solução,
parece ser exemplificada nas pessoas que podem “pensar melhor” em um ambiente
barulhento ou que distraia de alguma outra forma. Aspectos de fundo ruidoso parecem
operar como os padrões de fala do somador verbal para contri buir para o aumento da
probabilidade de emissão de soluções. Materiais visuais sob a forma de borrões de tinta,
rabiscos, ou a estimulação ambígua de uma bola de cristal contribuem para algumas
espécies de soluções.
A pessoa que é hábil em “como pensar” muitas vezes manipula seus níveis de privação.
Saberá como gerar interesses relevantes para o problema. Poderá gerar um nível adequado
de energia, arranjando um programa satisfatório de sono ou descanso. Poderá arranjar
esquemas aversivos que mantenham seu comportamento em um ritmo eficiente.
Poderá obedecer a uma ri’gida rotina para conseguir o mesmo resultado. A resolução de
problema pode também ser facilitada pela eliminação de respostas que entrem em conflito
com a solução. As técnicas para conseguir isso dependem, é claro, de uma determinada
solução. Ao lembrar um nome, por exemplo, um nome errado pode parecer se colocar no
caminho do verdadeiro. Neste caso a resposta a ser controla da, a resposta inoportuna, pode
ser identificada, e qualquer dos recursos empregados no enfraquecimento do
comportamento, descritos no capítulo XV, poderão ser usados.
A “dificuldade” de um problema é a disponibilidade da resposta que constitui a solução.
Talvez não seja preciso aumentar muito a pro babilidade de emissão. É o caso em que o
problema se assemelha muito com um anterior: o quebra-cabeças com os aros de metal se
parece com um que anteriormente foi resolvido; o assassino misterioso usa uma trama
padrão; e o problema científico se compara a um problema outrora existente em outro
campo. Ã medida que a semelhança com exemplos prévios aumenta, e com ela a
disponibilidade de uma resposta adequada, chega-se a um ponto no qual é impróprio falarse de resolu ção de problema. No outro extremo, pode haver pouco ou nada na situação
presente que aumente a probabilidade de emissão das respostas apropriadas, e nesse caso o
indivíduo deve manipular engenhosamente as variáveis das quais o comportamento é
função. Se nenhum comporta mento for possível, não importando o que seja feito para
alterar as variáveis, o problema é insolúvel.
“TER UMA IDÉIA”
O resultado do solver um problema é o aparecimento de uma solu ção na forma de uma
resposta. A resposta altera a situação de maneira que o problema desaparece. A relação
entre o comportamento prelimi nar e o aparecimento da solução é simplesmente a relação
entre a mani pulação de variáveis e a emissão de uma resposta. Enquanto as relações
funcionais no comportamento não forem analisadas, isto não pode ser claramente
entendido; entrementes foram inventados muitos e grandes processos fictícios. Exemplos
proeminentes são os “processos do pensa mento”, chamados reflexão e raciocínio. Uma
análise funcional remove muito do mistério que cerca esses termos. Não precisamos
inquirir, por exemplo, “de onde vem uma solução”. Uma solução é uma resposta que existe
com alguma probabilidade de emissão no repertório do indiví duo, se o problema para ele
for solúvel. O aparecimento de uma respos
w
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O indivíduo como um todo
Pensamento
ta no seu próprio comportamento n é mais surpreendente que o aparecimento de qualquer
resposta no comportamento de qualquer organismo. N tem sentido, ou é impróprio,
perguntar onde reside a resposta até que reúna bastante forças para mostrar-se em aberto.
Pode mos também mostrar com facilidade as atividades em virtude das quais o pensador
tem uma idéia ao menos na medida em que o comporta mento for aberto. Problemas
especiais surgem indubitavelmente quando o comportamento for encoberto, mas n s
peculiares à análise do pensamento.
Descreveram-se exemplos nos quais um matemático abandona um problema depois de
trabalhar nele durante longo tempo, apenas para ter a solução “estalando em sua cabeça”,
muito inesperadamente algum tempo depois. tentador supor que continuou a trabalhar no
problema “inconscientemente”, e que sua solução seguiu-se imediatamente a alguma
manipulação bem-sucedida das variáveis. Mas as variáveis mudar
-se-ao automaticamente durante um período de tempo. As variáveis que interferiram com a
solução podem ter-se enfraquecido, e as variáveis de apoio poderâo emergir. N
necessitamos, portanto, supor que qual quer resolução de problema tenha ocorrido depois
que o trabalho aber to no problema tenha sido interrompido. O fato de que a solução venha
como uma surpresa para o próprio indivíduo n altera essa conclusão. Veremos no capítulo
XVIII que a genuína resoiuç de problemas pode perfeitamente acontecer quando o próprio
indivíduo n pode observá
-la, mas muitos exemplos do “pensamento inconsciente” podem ser explicados
simplesmente como mudanças que levam a uma solução, que sobrevem com a passagem do
tempo.
N é apenas na resolução de problemas que se “tem repentina- mente uma idéia”, no sentido
de emitir uma resposta. Em uma metáfo ra, por exemplo, vimos que uma resposta é
evocada por um estímulo que compartilha apenas algumas das tênues propriedades do
estímulo originalmente controlador. Repentinamente “percebe-se a semelhança” entre o
fracasso repetido e o repetido assalto das ondas contra uma costa rochosa, no sentido de que
uma resposta apropriada a um, agora é feita para outro. Isto pode ocorrer com ou sem ajuda
externa. A metá fora pode “vir a nós” quando estamos falando ou escrevendo, ou pode mos
percebê-la quando alguém emite a resposta transferida. Em uma escala maior “tiramos
novas idéias de um livro”, no sentido de que adquirimos muitas respostas a uma situação,
as quais não possuíamos antes de lê-lo. Neste sentido o livro pode “esclarecer nosso
pensamen
245
Freqüentemente manipulamos materiais no mundo que nos cerca para gerar “novas idéias”
quando nenhum problema definido está presente. Uma criança de seis anos, brincando com
um baldinho de areia e uma bola de borracha, coloca a bola apoiada na abertura do balde.
Isso “dá a ela uma idéia”. Começa a lamber a bola como se o conjunto todo fosse um
sorvete, e imediatamente refere-se a ele como tal. Não há nada misterioso a respeito deste
“ato de pensamento”. As respostas verbais e manipulativas apropriadas a um sorvete foram
evoca das por aspectos geométricos semelhantes do balde e da bola. N hou ve um problema
significativo: uma manipulaçâo ociosa da natureza simplesmente gerou um novo padrão, o
qual, através da indução de estímulos, evocou uma resposta caracteristicamente com
alguma proba bilidade de emissão em uma criança de seis anos.
O artista pode manipular o meio, simplesmente para gerar idéias quase do mesmo modo. É
verdade que pode misturar ou substituir cores em uma paleta ou na tela, para resolver um
problema específico — por exemplo, o de produzir uma parecença. O artista experiente já
resolveu alguns dos problemas subsidiários e possui um repertório, se melhante àquele
discutido no capítulo VII, que gera padrões que se assemelham às propriedades do objeto a
ser copiado. Também podem existir novos aspectos no objeto os quais requerem o
comportamento preliminar que aqui designaríamos como resolução de problemas.
Entretanto, a exploração artística de um meio pode se desenvolver na ausência de qualquer
problema específico. Esse comportamento é mais óbvio quando se delega a tarefa a
recursos mecânicos. O artista pode gerar novos esboços geométricos seguindo uma fórmula
arbitrária, como as da “simetria dinâmica”, ou “rabiscando”. Da mesma forma o escritor
pode gerar novas tramas manipulando personagens padrões em situa ções padronizadas,
assim como o compositor pode gerar novas melodias ou ritmos, alterando a marcação em
um instrumento mecânico ou mani pulando símbolos no papel ou deixando seu gato passear
pelo teclado. Tudo isso, pode ser feito, não para resolver um problema específico, mas para
aumentar um repertório artístico. O problema geral é sim plesmente conseguir algo novo.
ORIGINALIDADE NAS IDÉIAS
Vimos que o autocontrole se apóia em última instância nas variá veis ambientes que geram
o comportamento controlador e, portanto, originadas fora do organismo. Haverá um tema
paralelo no campo das idéias? Haverá idéia original?
to” a respeito de uma dada situação.
O indivíduo como um todo
Eventos privados em uma ciência natural
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