Zika Vírus – Cobertura pelo ROL- ANS Cobertura E

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Zika Vírus – Cobertura pelo ROL- ANS
Cobertura E Codificação
A partir Resolução Normativa n° 407/2016, vigente a partir de 06/07/2016, os exames
diagnósticos para detecção de Zika Vírus passam a ter cobertura obrigatória. O Anexo II da RN
387/2015, passa a vigorar acrescidos das Diretrizes de Utilização n° 111 (Vírus Zika por PCR),
112 (Vírus Zika - IGM) e 113 (Vírus Zika - IGG).
Código TUSS
Descritivo
40314561
VÍRUS ZIKA - POR PCR (COM DIRETRIZ DE UTILIZAÇÃO)
40324605
VÍRUS ZIKA - IGM (COM DIRETRIZ DE UTILIZAÇÃO)
40324591
VÍRUS ZIKA - IGG (COM DIRETRIZ DE UTILIZAÇÃO)
Diretrizes De Utilização:
111. Vírus Zika – por PCR
Cobertura obrigatória para realização de PCR para vírus Zika em gestantes com quadro
sugestivo de infecção pelo vírus Zika até o quinto dia do início dos sintomas.
Para fins de utilização dessa diretriz considera-se quadro sugestivo de Infecção pelo
vírus Zika:
Pacientes que apresentem exantema maculopapular pruriginoso acompanhado de dois
ou mais dos seguintes sinais e sintomas:
•
Febre
•
Hiperemia conjuntival sem secreção e prurido
•
Poliartralgia
•
Edema periarticular
112. Vírus Zika – IgM
Cobertura obrigatória de Pesquisa de anticorpos IgM para Infecção pelo vírus Zika
para:
I.
Gestantes com quadro sugestivo de Infecção pelo vírus Zika que realizaram
teste de PCR cujo resultado foi negativo, a partir do sexto dia dos sintomas.
II.
Gestantes com quadro sugestivo de Infecção pelo vírus Zika cujos sintomas
se iniciaram há mais de cinco dias.
III.
Gestantes com quadro sugestivo de Infecção pelo vírus Zika cujo resultado da
primeira pesquisa de IgM foi negativa.
IV.
Gestantes assintomáticas no início do pré-natal e no segundo trimestre de
gestação.
V.
Gestantes em que foi detectada a presença de microcefalia fetal ou de
calcificações intracranianas em qualquer etapa da gestação
VI.
Recém-nascidos cujas mães tenham apresentado teste diagnóstico (PCR ou
pesquisa de anticorpos IgM) com resultado positivo para infecção pelo vírus
Zika durante a gestação.
VII.
Recém-nascidos
com
microcefalia
e/ou
outras
alterações
do
SNC
possivelmente relacionadas à infecção pelo vírus Zika durante a gestação.
Para fins de utilização dessa diretriz considera-se quadro sugestivo de
Infecção pelo vírus Zika:
Pacientes que apresentem exantema maculopapular pruriginoso acompanhado de dois
ou mais dos seguintes sinais e sintomas:
• Febre
• Hiperemia conjuntival sem secreção e prurido
• Poliartralgia
• Edema periarticular
113. Vírus Zika – IgG
Cobertura obrigatória de Pesquisa de anticorpos IgG para Infecção pelo vírus Zika para:
I.
Gestantes ou recém-nascidos que realizaram pesquisa de anticorpos IgM cujo
resultado foi positivo.
II.
Para fins de utilização dessa diretriz considera-se quadro sugestivo de
Infecção pelo vírus Zika:
Pacientes que apresentem exantema maculopapular pruriginoso acompanhado de dois
ou mais dos seguintes sinais e sintomas:
•
Febre
•
Hiperemia conjuntival sem secreção e prurido
•
Poliartralgia
•
Edema periarticular
FUNDAMENTOS TÉCNICOS
HISTÓRICO
Em 1947, durante um estudo sobre a Febre Amarela, Zika vírus foi isolado de uma
espécie de macaco Rhesus. Como este macaco era originário da Floresta de Zika, em Uganda,
o vírus recebeu esta denominação.
O Zika virus permaneceu relativamente obscuro durante cerca de 70 anos, porém em
meados de 2014, foi introduzido no Brasil originário das ilhas do pacífico (Na Polinésia
Francesa, houve um surto entre 2013 e 2014, onde se estima que 32.000 pessoas foram
infectadas).
Em setembro de 2015, investigadores brasileiros observaram um aumento do número
de casos de Microcefalia em determinadas áreas do país, onde sabia-se ser as mais afetadas
pelo vírus. Subsequentemente, investigadores da Polinésia francesa identificaram também um
aumento no número de casos de microcefalia
TRANSMISSÃO
A transmissão do vírus está ligada principalmente a dois subgêneros do mosquito
AEDES — O Aedes Aegypti e, com menos importância, o Aedes Albopictus. Embora também
tenham sido identificados em outras espécies de mosquitos, parecem ter baixo grau de
transmissibilidade para humanos.
As evidências atuais demonstram que há também a transmissão para o feto durante a
gravidez. O vírus tem sido identificado no líquido amniótico de mães que tiveram seus filhos
diagnosticados com microcefalia, bem como em tecido cerebral de natimortos previamente
diagnosticados com mal formações neurológicas. A frequência e os fatores de risco para este
tipo de transmissão ainda não estão definidos.
A transmissão sexual tem sido reportada, porém os fatores de risco e o tempo de
transmissibilidade não se encontram definidas. Há documentação da presença de RNA viral,
em grande quantidade, no esperma, até 62 dias após a infecção. Quanto a contaminação por
transfusão de sangue, a mesma parece provável, visto que em outras espécies de flavivírus,
acontece. Na infecção da Polinésia francesa, 3% dos doadores de sangue eram positivos para
Zika vírus, testado por RT- PCR. A transmissão pelo leite materno não foi documentada, até o
momento.
QUADRO CLÍNICO
O período de incubação da infecção é de três a dez dias, sendo os sintomas mais
comuns, eritema maculopapular pruriginoso (cerca de 90% dos pacientes), febre baixa e de
curta
duração (65%),
artrite/artralgia(65%), conjuntivite(55%),
mialgia(48%), dor de
cabeça(45%), dor retro-orbital(39%),edema(19%) e vômitos(10%). Foi também observada
uma correlação entre a infecção causada pelo Zika Virus e presença de Síndrome de Guillain
Barré
(o
subtipo
eletroneuromiografia
neuropatia
axonal
realizados).
motora
Também
foi
o
existem
mais
relatos
comum
nos
de
mielite
estudos
aguda
de
e
meningoencefalite associadas.
ACOMETIMENTO FETAL
De acordo com estudos observacionais realizados no Brasil e na Polinésia Francesa, o
maior risco para más-formações fetais é quando a infecção materna ocorre no primeiro
trimestre, embora haja relatos de microcefalia em fetos de mães com infecção documentada
entre sete e até 18 semanas de gestação.
Alguns fetos podem ser detectados com microcefalia ou outras más-formações já em
uma fase tardia da gestação, como ausência de corpo caloso, calcificações cerebrais, dilatação
ventricular, atrofia cerebral, hidrópsia fetal, retardo crescimento uterino.
Um estudo brasileiro evidenciou presença de alterações ultrassonográficas em 29% dos
fetos de mães infectadas com o Zika Virus durante a gravidez. (Brasil P, Pereira JP Jr, Raja
GabagliaC, et al. Zika virus infection in pregnant women in Rio de Janeiro — preliminary
report. N Engl J Med. DOI: 10.1056/NEJMoa1602412.)
Em outro estudo, alterações oftalmológicas foram encontradas em 10 de 29 pacientes
com microcefalia, sendo comum a presença de anormalidades do nervo ótico e atrofia
coriorretiniana (de Paula Freitas B, de Oliveira Dias JR, Prazeres J, et al. Ocular findings in
infants with microcephaly associated with presumed Zika virus congenital infection in Salvador,
Brazil. JAMA Ophthalmol 2016 February). A ocorrência de alterações oculares em crianças sem
microcefalia ainda não está definida.
DIAGNÓSTICO
Atualmente, o diagnóstico laboratorial de infecção pelo Zika vírus pode ser realizado em
amostra de sangue obtida por punção venosa, indiretamente pela detecção de anticorpos
circulantes ou diretamente, pela detecção do vírus propriamente dito utilizando, metodologia
molecular. A detecção dos anticorpos circulantes pode ser feita por diferentes metodologias,
tais como ELISA, imunofluorescência indireta ou imunocromatografia (teste rápido). A
presença de anticorpos da classe IgM caracteriza a infecção aguda, podendo ser detectáveis
após 4 dias de infecção até 2-12 semanas, na fase de convalescença. Um teste sorológico
negativo após 12 semanas da suposta exposição, como viagens para locais com epidemia,
descarta a infecção. É importante ressaltar que as metodologias indiretas podem apresentar
resultados falso-positivos, devido às reações cruzadas com outros vírus da mesma família, em
particular os Flavivírus, como são os casos dos vírus da Dengue e da Febre Amarela. Na
interpretação dos resultados obtidos é muito importante levar em consideração a sensibilidade
(capacidade
do
teste
se
apresentar
positivo
em
uma
amostragem
de
pacientes
verdadeiramente doentes) e a especificidade (capacidade do teste se apresentar negativo em
uma amostragem de pessoas que não apresentam a doença pesquisada) do teste que está
sendo utilizado. Esses parâmetros variam de teste para teste e devem ser relatados pelos
fabricantes. A sensibilidade e especificidade dos kits de sorologia para Zika disponíveis e com
registro na ANVISA estão em torno de 96,8% - 100% e 96,6% - 100%, respectivamente.
Os testes moleculares são testes diretos, isto é, detectam a presença do vírus no
sangue ou na urina do paciente por meio de amplificação do seu material genético, o RNA. A
metodologia é denominada PCR (Polimerase-Chain-Reaction ou Reação em Cadeia da
Polimerase) e é capaz de detectar a presença do vírus nos primeiros 7 dias de infecção, sendo
o tempo ideal de detecção, no sangue, até 4 dias após a infecção. Após este período, o
resultado pode ser negativo, o que não exclui a infecção pelo Zika vírus. Em amostras de
urina, o Zika vírus pode ser detectado, por PCR, por um período maior de tempo, até 15 dias
após a infecção. Um teste molecular negativo não exclui isoladamente a infecção, sendo
necessário realizar a pesquisa de anticorpos, no caso de suspeita clínica.
TRATAMENTO
Até o momento, não existe vacina, nem tratamento específico disponível para a
infecção por Zika vírus.
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Em 2016, até a Semana Epidemiológica 16 (3/1/2016 a 23/4/2016), foram notificados
120.161 casos prováveis de febre pelo vírus Zika no país (taxa de incidência de 58,8
casos/100 mil hab.), distribuídos em 1.605 municípios, dos quais 39.993 foram confirmados. A
análise da taxa de incidência de casos prováveis (/100 mil hab.), segundo regiões geográficas,
demonstra que a região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência: 130,2 casos/100
mil hab. Entre as Unidades da Federação, destacam- se Mato Grosso (532,6 casos/100 mil
hab.), Tocantins (238,4 casos/100 mil hab.), Bahia (227,0 casos/100 mil hab.) e Rio de
Janeiro (195,2 casos/100 mil hab.) Em relação às gestantes, foram notificados 9.892 casos
prováveis, no mesmo período, sendo 3.598 confirmados por critério clínico-epidemiológico ou
laboratorial.
Quanto ao número de casos com microcefalia (a visão foi direcionada para microcefalia
associada a infecções congênitas), até 26 de março de 2016 (Semana epidemiológica 12),
6.776 casos foram notificados, segundo as definições do Protocolo de vigilância (recémnascido, natimorto, abortamento ou feto). Desses, 4.291 (63,3%) casos permanecem em
investigação e 2.485 casos foram investigados e classificados, sendo 944 confirmados para
microcefalia e/ou alteração do SNC sugestivos de infecção congênita e 1.541 descartados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2016/maio/17/2016-016---Dengue-SE16-publica----o.pdf
2.http://combateaedes.saude.gov.br/images/sala-de-situacao/informe_microcefalia_epidemiologico19.pdf
3.http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMra1602113#t=article
4. http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/sbpcml_posicionamento_zika_virus.pdf
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