E-Marketing: Análise SWOT de Web sites de

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1º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA AGRO-PECUÁRIA
E-Marketing: Análise SWOT de Web sites de produtos tradicionais
de qualidade e recomendações para a sua construção.
Leonor Queiroz e Mello
Miguel de Castro Neto
José Castro Coelho
Agri-Ciência, Lisboa, Portugal
[email protected]
Resumo
A Internet é hoje uma ferramenta importantíssima em qualquer plano de
marketing. Entre as utilizações potenciais da Internet no plano de marketing, o
sítio Web tem um papel fundamental como ferramenta de comunicação. Um sítio
Web tem três vertentes principais: informar, entreter e comunicar. Dependendo da
natureza da instituição responsável pelo sítio Web e do objectivo que esteve por
trás da sua criação, irá depois ser dado maior ou menor ênfase a cada uma
dessas vertentes. Um sítio Web de uma associação gestora de produtos
tradicionais deverá ser do tipo “infomercial”, ou seja, deverá dar toda a informação
possível sobre o(s) produto(s) que representa e ao mesmo tempo publicitá-los
para levar os visitantes a comprá-los. O estudo apresentado teve como objectivos
a produção de recomendações a ter em conta na construção de sítios Web de
promoção de produtos tradicionais de qualidade. Para isso foi feita inicialmente
uma análise aos pontos fortes e fracos de sítios Web europeus, tendo os
resultados sido apresentados numa matriz SWOT (Pontos Fortes, Pontos Fracos,
Oportunidades e Ameaças). Com base nesses resultados foram feitas
recomendações que poderão ser tidas em conta na construção de sítios Web que
tenham como objectivo a promoção de produtos tradicionais de qualidade.
1. Introdução
As novas tecnologias de informação em geral e a Internet em particular, constituem hoje
ferramentas muito importantes no marketing de qualquer produto. Do ponto de vista dos
consumidores permitem a disponibilização de informação, divertimento, facilidade de
experimentação, satisfação imediata, maior valor e conveniência. Do ponto de vista da
empresa permite a redução de custos, maior interactividade, melhoria dos serviços e pesquisa
de mercado (Hortinha, 2002). A actividade agrícola, desenvolvendo-se a maior parte do tempo
no campo, pode beneficiar muito da utilização da Internet uma vez que esta permite o acesso à
informação a qualquer momento. No caso das associações de agricultores e das cooperativas
a utilização da Intranet tem um papel muito importante, facilitando a comunicação entre
técnicos e associados. A extranet permite uma mais fácil troca de informação entre as
associações/cooperativas e todos aqueles com quem trabalham: fornecedores, clientes, etc.
Entre as utilizações potenciais da Internet como ferramenta de marketing, o sítio Web tem um
papel fundamental. Um sítio Web tem três vertentes principais: informar, entreter e comunicar.
Dependendo da natureza da instituição responsável pelo sítio Web e do objectivo que esteve
por trás da sua criação, irá depois ser dado maior ou menor ênfase a cada uma dessas
vertentes. Um sítio Web de uma associação gestora de produtos tradicionais deverá ser do tipo
“infomercial”, ou seja, deverá dar toda a informação possível sobre o(s) produto(s) que
representa e ao mesmo tempo publicitá-los para levar os visitantes a comprá-los.
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O estudo que aqui se apresenta teve como objectivo a análise e a produção de
recomendações a ter em conta na construção de sítios Web de associações gestoras de
produtos tradicionais de qualidade. As recomendações tiveram como base uma análise SWOT
efectuada a sítios Web europeus de produtos tradicionais de qualidade em que não foram
incluídos sítios portugueses.
2. Metodologia
Quando se planeia uma actividade promocional, como é o caso do lançamento de um sítio
Web, a resposta que se pretende obter é, em última análise a compra do produto ou serviço.
No entanto, até chegar à fase da compra o cliente/consumidor vai passar por uma série de
fases. Estas fases correspondem a um acrónimo anglo-saxónico que se designa por AIDA:
Awareness (Consciência), Interest (Interesse), Desire (Desejo), Action (Acção). O objectivo de
um plano de comunicação para um novo produto é o de levar o cliente/consumidor ao longo de
todas estas fases. O primeiro passo, consiste em levar o cliente/consumidor a tomar
consciência de que o produto/serviço existe. O passo seguinte, consiste em promover o
interesse no cliente/consumidor e levá-lo a procurar mais informação. A partir daqui, começase a fornecer informação de forma a suscitar desejo de ter ou de consumir o produto. Por fim,
importa que estejam disponíveis todas as condições que levem à acção, ou seja, à compra
(Kotler, 1999).
Tendo em atenção estas fases por que passa o cliente/consumidor, e com base numa
publicação da Unidade Missão Inovação e Conhecimento (2002) criaram-se quatro grupos de
parâmetros para avaliação da qualidade dos sítios Web:
•
Acessibilidade: a forma como se encontra o sítio Web permite melhorar/acelerar a
forma como o consumidor toma conhecimento da existência do produto.
•
Navegabilidade: a maior ou menor facilidade com que se navega nas páginas irá
contribuir para a maior ou menor progressão no sítio Web, o que irá permitir criar mais
ou menos oportunidades de suscitar interesse e desejo.
•
Conteúdos: os conteúdos existentes, através da informação que veiculam, têm um
papel primordial na passagem do Interesse a Desejo.
•
Serviços disponíveis on-line: por fim, será através dos serviços disponíveis on-line,
nomeadamente comércio electrónico, permitem então a passagem do Desejo à Acção.
A amostragem dos sítios Web analisados foi feita de forma aleatória com base numa pesquisa
na página da União de Europeia e nalguns motores de busca. Tentou-se que a amostra
incluísse vários países e vários tipos de produtos. Ao todo, foram analisados dezassete sítios
Web que incluíram queijos, produtos à base de carne, carnes e frutas e hortícolas.
A análise dos sítios Web realizou-se no final do mês de Dezembro de 2003 utilizando um
acesso de banda larga (ligação ADSL). Em concreto foram consultados e analisados os
seguintes sítios Web:
ƒ Grana Padano-http://www.granapadano.com/index.html
ƒ Stilton Cheese-http://www.stiltoncheese.com/
ƒ Mozzarella-http://www.mozzarelladop.it/
ƒ Mozzarella-http://www.mozzarelladibufala.org/
ƒ Consejo Regulador de la Denominación de Origen Baena-http://www.dobaena.com/
ƒ CNIEL – Association Nationale des Apellations D’origine Laitiéres Françaiseshttp://www.cniel.com/QuiFait/OrgLias/ANAOF/anaof.html#missions
ƒ Terra di Brisighella – Cooperativa Agrícola di Brisighella-http://www.brisighello.net/
ƒ Schwarzwälder Schinken – Fiambre-http://www.schwarzwaelder-schinken-verband.de/
ƒ Cecina de Leon-http://www.cecinadeleon.org/
ƒ Jamon de Huelva-http://www.jamondehuelva.com/index4.htm
ƒ Ardennes de France-http://www.ardennes-de-france.com/
ƒ Uva del Valle Vinalopó (Consejo Regulador de la Uva de Mesa Embolsada Vinalopó)http://www.uva-vinalopo.org/
ƒ Jersey Royals New Potatoes-http://www.jerseyroyals.co.uk/info/
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ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
Melinda-http://www.melinda.it/
Pomodoro di Pachino (Tomate) -http://www.igppachino.it
Lapin Puikula – The Lapland Potatohttp://www.maaseutukeskus.fi/lappi/puikula/english.html
Consejo Regulador/Associación española raza avileña negra ibericahttp://www.carnedeavila.org/
3. Resultados e discussão
3.1 Acessibilidade
A acessibilidade está relacionada com a maior ou menor facilidade com que se acede ao sítio
Web, quer em termos da pesquisa em motores de busca, quer em termos de descarregamento
da página principal. Na World Wide Web vive-se já na denominada “economia de atenção”, as
alternativas possíveis são imensas e, a menos que se esteja à procura de uma informação
muito específica, as pessoas não perdem muito tempo a pesquisar um mesmo item, desistem
facilmente e, pior que isso, muitas vezes não voltam a tentar.
Os motores de busca utilizados para testar o acesso aos sítios Web foram o Google, o Yahoo e
o Altavista. Utilizou-se também um pequeno software que analisa o sítio Web e nos diz quais
as palavras-chave definidas aquando da sua construção. Não foi possível aplicar o software a
todos os sítios Web pois verificou-se que grande parte deles não apresentava nenhum tipo de
palavras-chave. Na busca efectuada nos referidos motores de busca a palavra-chave usada
foi, regra geral, o nome do produto. De entre os três motores de busca utilizados os que se
revelaram mais eficazes foram o Google e o Yahoo, conforme já tinha sido também constatado
em trabalhos anteriores. Uma vez que a amostra era constituída maioritariamente por sítios
Web europeus optou-se por não testar nenhum motor de busca nacional.
Desta primeira pesquisa concluiu-se que é indispensável a inclusão de algumas
palavras-chave no desenvolvimento do sítio Web. Quando tal não acontece este pode aparecer
apenas a partir do quinto, sexto lugar ou mesmo não ser encontrado.
3.2 Navegabilidade
A navegabilidade consiste na facilidade com que, uma vez encontrado o sítio Web e
descarregada a primeira página, se consegue encontrar a informação. A navegabilidade avaliase quer através da rapidez com que as páginas seguintes são descarregadas, quer pela
facilidade com que se encontra a informação pretendida com a ajuda da barra de navegação
das páginas principal e restantes.
Verificou-se, após a análise, que as barras de navegação das páginas principal e seguintes,
regra geral, são iguais e sem grande informação. Não sendo os sítios Web muito complexos
nem tendo grande quantidade de informação, salvo raras excepções, a navegação foi fácil.
Alguns sítios Web, querendo tornar-se visualmente mais atractivos, tornam-se mais cansativos
e difíceis de consultar.
Esta questão da navegabilidade ganha especial importância com o crescimento do sítio Web,
quer em termos de amplitude, quer em termos de profundidade.
3.3 Conteúdos
Os conteúdos do tipo de sítios Web aqui analisados têm duas funções principais: uma é dar
aos consumidores/clientes toda a informação sobre os produtos; a segunda é
promover/comercializar esses produtos, mesmo que indirectamente. No fundo pretende-se
numa primeira fase criar interesse e, numa segunda fase, suscitar desejo. Quer isto dizer que,
embora a maior parte dos sítios Web não comercializem directamente os produtos, caso os
promovam convenientemente acabam por contribuir para a sua comercialização. Este acaba
por ser o principal objectivo e a razão que justifica que praticamente todos os sítios Web
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disponibilizem as listas de produtores e respectivos contactos (quando não são eles próprios a
fazer a comercialização off line). Embora alguns conteúdos/funcionalidades estejam mais
direccionados para informar e outros para comercializar, a verdade é que por vezes não é
possível distingui-los. A expressão mais correcta para a totalidade dos conteúdos seria
“infomercial”: informativa e comercial simultaneamente.
A mero título de exemplo apresenta-se, de seguida, uma matriz resultante da análise e
avaliação de um sítio Web
URL: http://www.granapadano.com/index.html
Acessibilidade
Presença nos principais motores de busca
Apareceu em primeiro lugar no Yahoo e no
Google, só mais à frente no Altavista
Tempo de carregamento da página inicial
Rápido
Palavras-chave
grana padano, granapadano, formaggio
Navegabilidade
Tempo
páginas
de
carregamento
das
restantes Rápido
Barra de navegação na página principal com Só tem info e pesquisa, a primeira página dá
link para mapa, contactos, motor de busca e uma ideia das várias páginas existentes no
sugestões
site.
Barra de navegação nas restantes páginas Igual à anterior
com link para mapa, contactos, motor de busca
e sugestões
Conteúdos
Notícias
Sim
Associação
Onde estamos
Sim
Quem somos
Sim
Objectivos/Missão
Sim
Serviços prestados
Sim
Pesquisa no site
Sim
História
Sim
Produto
Descrição
Sim
Rastreabilidade
Sim
Marca
Sim
Instruções pós compra
Sim
Lista de produtores
Sim
Publicidade
Sim
Receitas
Sim
Educação
Sim
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Área reservada a associados
Sim
Compras
Não, só contactos de produtores
Versão noutras línguas
Italiano (origem), Inglês, Alemão, Francês,
Espanhol, Japonês.
FAQ
Não
Data da última e próxima actualizações
Não tem, no entanto a ultima notícia era de 23
de Dezembro o que mostra que há
actualizações frequentes
Serviços on-line
Pagamentos on-line
Não tem
Segurança nos pagamentos
Não aplicável
Sugestões/Reclamações/Pedido
informações
de Tem um info
Newsletter
Não tem para o publico, pode ser que tenha na
área reservada aos sócios
Mailing list
Não tem
Sondagens
Tem um cantinho de sondagens onde fazem
perguntas sobre as campanhas publicitárias
Fórum/Chat
Não tem
Tendo em conta as considerações feitas anteriormente, de seguida faremos uma análise de
alguns dos pontos que julgámos mais importantes considerar na construção de um sítio Web,
em termos de conteúdos.
a) Um dos pilares fundamentais da promoção de produtos tradicionais de qualidade é a
conquista da confiança por parte dos consumidores. Embora a existência de uma marca
seja determinante nessa conquista, uma vez que permite a identificação rápida dos
produtos, a presença de uma entidade/associação que dê a cara pela marca não pode
também ser descurada. Verificou-se que, na maior parte dos sítios Web analisados essa
informação é muito incipiente.
b) A totalidade dos produtos cujos sítios Web foram analisados beneficia da protecção do
nome. Para que tal tenha sido possível foi necessária a recolha de informação no que diz
respeito à história do produto, a descrição do produto e do seu modo de produção, etc.
Esse dossier constitui, assim, um manancial de informação que, uma vez devidamente
trabalhada, pode enriquecer muito o sítio Web e torná-lo mais interessante e apelativo. No
que diz respeito à descrição do produto e do seu modo de obtenção não há grandes falhas
a apontar, embora nalguns casos a informação tenha sido melhor explorada que noutros.
Seria importante dar uma maior atenção às definições de denominação de origem
protegida, indicação geográfica de proveniência, etc.
c) Como já se constatou anteriormente em relação ao produto, os conteúdos de um sítio Web
podem ser bastante enriquecidos com informação que já existe na própria associação.
Apenas uma pequena percentagem dos sítios Web analisados disponibiliza on-line a
publicidade que tem feito ao(s) seu(s) produtos. Os benefícios daí decorrentes são vários.
Em primeiro lugar mostra que a entidade/associação tem já um certo estatuto e que
assumiu já publicamente o seu compromisso de oferecer um produto com uma determinada
qualidade. No caso de a publicidade ser a presença em feiras ou a organização de eventos,
quando publicada com a devida antecedência, pode levar potenciais consumidores a querer
conhecer o seu produto “ao vivo e a cores” e ganhar assim um cliente. Por fim, e caso
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queira tirar um maior partido das novas tecnologias, poderá juntar-lhes uma sondagem e
assim realizar um pequeno estudo de mercado sobre a campanha de comunicação. A falta
de informação on-line sobre campanhas publicitárias na maior parte dos sítios Web
analisados reflecte bem o investimento reduzido que é feito na promoção dos produtos
tradicionais um pouco por toda a Europa, salvo raras excepções, mesmo no nosso país.
d) A existência de receitas culinárias, um tipo de conteúdo adoptado por quase todas as
entidades, promove grandemente a visita repetida à página. Para além de permitir tornar o
sítio Web mais apelativo, permite a introdução de novas receitas que levem os “cozinheiros”
a visitar a página mais vezes. A este tipo de conteúdo podem depois ser associadas uma
série de funcionalidades: criação de uma mailing list para notificar da existência de
novidades, concursos de receitas, dicas de cozinheiros célebres, etc.
Os produtos tradicionais são produtos de elevada qualidade e como tal muitas vezes não
devem ser manuseados ou consumidos como os demais. Por esta razão algumas entidades
optaram por incluir nos seus conteúdos informação pós-compra, a qual pretende explicar como
manusear de maneira correcta os produtos, como conservá-los mais tempo, como fruir ou
saborear melhor o seu consumo (ligações entre vinhos e queijos ou outros produtos são
frequentes), etc. Este tipo de conteúdos não só veiculam informação prática, como reforçam a
imagem de qualidade dos produtos aos olhos dos consumidores.
3.4 Serviços on-line
A utilização da Internet tem como uma das principais vantagens permitir uma maior interacção
com o cliente/utilizador. Esta interacção, quando bem explorada, permite criar no utilizador a
ideia de que a sua opinião é tida em conta e, à entidade que gere o sítio Web, a recolha de
uma grande quantidade de informação sobre os seus clientes em tempo real, a qual é a base
de toda a estratégia de marketing de uma qualquer associação, entidade ou empresa.
Algumas das ferramentas já foram mencionadas anteriormente, como sejam a realização de
sondagens ou a criação de mailing lists. Uma das ferramentas mais importantes para obter
informação é a promoção do registo no sítio Web, a qual é já amplamente utilizada. Deixa-se
aqui um alerta para que o processo de registo se faça de forma rápida, perguntando
exclusivamente o necessário, caso contrário as pessoas desistirão. Uma forma de incentivar ao
registo poderá ser mediante a realização de sorteios, entre os utilizadores registados, de
produtos da própria entidade. Uma outra ferramenta que poderá ser muito importante na
promoção de visitas repetidas ao sítio Web é um Fórum, onde as pessoas poderão colocar
questões eventualmente a serem respondidas por especialistas. As questões colocadas serão
respondidas a cada pessoa e dessas questões, serão escolhidas as mais importantes e
colocadas numa lista de FAQ’s (Frequently Asked Questions, Perguntas Mais Frequentes).
Este Fórum poderá ser direccionado para o público em geral ou para os técnicos e associados.
No caso do público em geral poderão haver especialistas a responder a perguntas de nutrição,
gastronomia, ou educação, ou até das informações necessárias a quem quiser tornar-se
produtor de produtos tradicionais de qualidade. No caso dos técnicos e associados o Fórum
poderá ter como finalidade a promoção da troca de experiências ou o esclarecimento de
dúvidas dos associados pelos técnicos.
Embora todas estas ferramentas sejam muito úteis, podem facilmente tornar-se um ponto fraco
da organização. É necessário que, ao disponibilizá-las, elas se mantenham em funcionamento
e dêem resposta, em tempo útil, às questões dos utilizadores. Se a entidade não for capaz de
as manter a funcionar convenientemente então, e à semelhança de um reparo que se fez
anteriormente, mais vale não as implementar.
Esta foi talvez a secção cuja análise se revelou menos boa, sendo que muito poucos sítios
Web exploram convenientemente as potencialidades que a Internet oferece em termos de
interacção com o utilizador e recolha de informação.
Notou-se que praticamente nenhum sítio Web permitia a realização de compras on-line. Duas
razões fundamentais poderão estar por trás deste facto. Primeiro, há produtos para os quais,
devido à sua perecibilidade e às suas características específicas, não é viável a sua venda online. A segunda, prende-se com o facto de que as associações gestoras de produtos
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tradicionais de qualidade não têm como objectivo primário a venda de produtos. De qualquer
forma, é sempre importante recordar que o número de utilizadores a fazer compras on-line tem
vindo a aumentar e que esta é uma forma de os produtores se associarem e venderem os seus
produtos sem recorrer a intermediários, capturando, para si mesmos, a correspondente
margem de rendimento.
Chama-se a atenção para o facto de, segundo dados da Marktest (Caetano & Andrade, 2003),
os consumidores que mais fazem compras na Internet serem indivíduos urbanos das classes
média alta. Este segmento é precisamente aquele que terá poder de compra para comprar
alguns dos produtos passíveis de serem vendidos on-line como os enchidos, os queijos e os
vinhos.
Acrescente-se, ainda, que a Internet pode também ter um papel importante do ponto de vista
do funcionamento interno da entidade ou associação. A criação de uma área reservada a
sócios e/ou clientes especiais permite uma mais fácil e rápida troca de informação a qualquer
hora, o que é particularmente importante para quem trabalha na área agrícola uma vez que
passa a maior parte do dia no campo. Embora muitos produtores não estejam ainda
familiarizados com a Internet e com os computadores a tendência é para que o número de
produtores que a utiliza aumente, sendo que a maior parte dos técnicos utiliza já a Internet com
alguma frequência.
Por último, chama-mos a atenção para o facto de os sítios Web, a par dos seus serviços online, poderem ser aproveitados para a constituição de bases-de-dados de
clientes/consumidores (Database Marketing) que suportem o desenvolvimento de estratégias
de gestão do relacionamento com o consumidor (CRM – Costumer Relationship Management).
3.5 Resultados globais e Análise SWOT
Globalmente, os resultados da análise e avaliação dos dezassete sítios visitados podem ser
sumariados da seguinte forma.
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Conteúdos
Acessibilidade
Navegabilidade
Serviços
on-line
Grana Padano
Stilton Cheese
Mozzarella
Mozzarella
Consejo Regulador de la
Denominación de Origen Baena
Association Nationale des Apellations
D'Origine Laitiéres Françaises
Terra di Brisighella - Cooperativa
Agrícola di Brisighella
Schwarzwälder Schinken*
Cecina de Leon
Jamon de Huelva
Ardennes de France
Uva del Valle Vinalopó
Jersey Royals New Potatoes
Melinda
Pomodoro di Pachino
Lapin Puikula
Carne d’Avila
*
- No caso deste sítio Web toda a informação estava em alemão pelo que não foi possível avaliar os vários
parâmetros
Legenda:
Quase
ausente
Pouco Medianamente
completo
completo
Quase
completo
Completo
As avaliações e considerações gerais sobre a amostra de sítios visitados são de seguida
resumidas através da metodologia de análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities,
Threats).
Pontos Fortes
Pontos Fracos
Actualização dos conteúdos
Descrição do produto
Interactividade com o utilizador
Facilidade de navegação
Informação sobre o promotor do sítio Web
Contactos de produtores
Componente lúdica e educativa
Oportunidades
Ameaças
Resistência, ainda hoje sentida, à compra
Serviços on-line
de produtos alimentares via Internet
Componente lúdica e educativa
Passividade das associações face às novas
Comercialização dos produtos
tecnologias
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4. Recomendações gerais para a construção de um sítio Web
Nos pontos anteriores fez-se uma apreciação geral do que existe em termos de sítios Web
promotores de produtos tradicionais de qualidade. Com base no observado e no nosso
conhecimento de marketing de produtos alimentares, fazemos, agora, um breve resumo dos
pontos a ter em atenção na construção de um sítio Web com estas características.
4.1 Público-alvo
A primeira questão que se põe será qual o público-alvo do sítio Web. O público-alvo vai
depender em grande parte do tipo de produto que se está a promover e de que gama de
preços estamos a falar. Se estivermos a falar, por exemplo, de produtos hortícolas e frutas
frescos, estes são produtos que se consomem diariamente por pessoas de todas as idades e
cujo preço não é substancialmente diferente do preço dos produtos sem denominação. Se
estivermos a falar de um enchido de porco alentejano, o caso é diferente uma vez que o preço
já poderá ser muito mais elevado, não é um produto de consumo diário e não é consumido por
todas as faixas etárias. É importante não esquecer de englobar também no público-alvo os
associados, os técnicos e os distribuidores que trabalham ou que podem vir a trabalhar com os
produtos tradicionais de qualidade.
4.2 Objectivo
A par com a determinação do público-alvo, é também muito importante a definição do objectivo
central visado. Na generalidade dos sítios Web que visitámos e analisámos o que se pretende
é promover os produtos, explicar o conceito de qualidade para que os consumidores passem a
valorizar essa qualidade e estejam dispostos a pagar mais por ela e, em última análise, a
venda dos produtos.
É importante que, periodicamente, se verifique se os objectivos estão a ser atingidos. Isto pode
ser feito directamente através da análise dos resultados da venda pré e pós lançamento do
sítio Web, através da análise das estatísticas das visitas, da inclusão no sítio Web de
sondagens para averiguar as percepções dos consumidores, ou ainda através de estudos de
mercado junto dos centros de distribuição, venda e consumo (hipermercados, supermercados
e outros pontos de venda e/ou consumo).
4.3 Conteúdos
Embora parte dos conteúdos possam variar parcialmente em função do público-alvo, há um
mínimo de informação que deverá estar sempre presente:
ƒ
Sobre a associação responsável pelo sítio Web e pelo produto, quem são, onde estão,
o que fazem, etc.
ƒ
Sobre o produto: o que é; como é feito; a sua história; o que significa ter uma
denominação de origem; etc.
Esta é a informação mínima que se espera encontrar e que se destina a dar a conhecer o
produto, a mostrar que ele existe.
A este conjunto poder-se-á acrescentar mais informação com o objectivo de levar o
cliente/consumidor para as outras fases do processo de compra. São extras que vão contribuir
para criar uma certa imagem da marca na mente do consumidor e que vão suscitar interesse e
desejo. Conforme já foi referido, é importante que o sítio Web seja apelativo e convide o
utilizador a visitá-lo mais vezes. De seguida apresenta-se um exemplo dos conteúdos que
deverão ser incluídos:
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Notícias
Publicidade
Receitas culinárias
Associação
Produto
Educação
Onde estamos
Descrição
Área reservada a associados
Quem somos
Rastreabilidade
Compras
Objectivos/Missão
Marca
Versão noutras línguas
Serviços prestados
Instruções pós compra
FAQ
Pesquisa no site
Lista de produtores
Data da última
actualizações
História
e
próxima
Ao estar disponível na Internet, o sítio Web pode, imediatamente, ser acedido por utilizadores
em todo o mundo, os quais são sempre potenciais clientes, quer nos seus países de origem
quer quando visitam o nosso país. É por isso imprescindível que os seus conteúdos sejam
disponibilizados, pelo menos, também em Inglês.
4.4 Interactividade com o utilizador
Um dos pontos fracos que mais sobressaiu na generalidade dos sítios Web analisados foi a
quase inexistência de interactividade com o utilizador. A utilização de soluções que permitam
algum grau de interactividade com o utilizador é muito importante, uma vez que levam a que
ele se sinta realmente importante e facilita a obtenção de informação que permitirá ajustar os
serviços e os produtos às necessidades dos clientes. Apesar de não ser possível, nem
desejável, fazer alterações ao benefício central do produto, é sempre possível a introdução de
pequenas alterações na embalagem, na apresentação, nos serviços associados e até no
preço. A maior interactividade com o utilizador permite melhorar o conhecimento mútuo,
beneficiando ambas as partes, na medida em que possibilita e orienta o desenvolvimento do(s)
produto(s), tendo em vista a ampliação da sua preposição de valor.
Segundo dados da Marktest (Caetano e Andrade, 2003) quase metade dos utilizadores da
Internet tem idade inferior a 24 anos. Mesmo não sendo eles quem efectivamente compra, têm
em muitos casos um grande poder de influência sobre a decisão de compra. É, assim,
importante ter isto em consideração aquando da construção do sítio Web e, mesmo, ponderar
a hipótese de ter páginas especialmente dedicadas aos mais jovens.
Exemplos de ferramentas que permitem a interactividade são as mailing lists, as newsletters,
as sondagens on-line, os concursos, os jogos, as áreas reservadas a sócios e clientes e as
salas de “chat”.
4.5 Outras funcionalidades
Os sítios Web visitados e analisados lidavam, na sua maioria, com apenas um ou dois
produtos e tinham um volume de informação disponibilizada relativamente pequeno. Pode, no
entanto, haver casos em que, ou porque o número de produtos é maior ou porque a
quantidade de informação é também maior, a navegabilidade no sítio Web se tornar mais
complexa. Neste caso, sugere-se a inclusão de ferramentas adicionais, como um mapa do site,
uma janela de pesquisa, ou uma primeira visita guiada, que permitam encontrar mais
facilmente a informação pretendida.
4.6 Recomendações finais
Segundo a hierarquia de necessidades de Maslow, qualquer consumidor apresenta cinco
níveis de necessidades a satisfazer. O nível mais baixo (de primeira prioridade) refere-se ao
das necessidades fisiológicas básicas (fome, sede, frio, etc.) e no mais alto (de última
prioridade) refere-se a necessidades de realização pessoal de preencher completamente o seu
potencial. Ainda que de um modo não totalmente absoluto, admite-se, segundo a teoria de
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Maslow, que a transição de um nível para o seguinte só acontece, quando o nível anterior está
completamente preenchido. No caso dos produtos tradicionais de qualidade, os consumidores
estarão algures entre o nível das necessidades sociais e o do reforço da auto-estima (níveis
três e quatro). Tendo ultrapassado as necessidades fisiológicas básicas e as necessidades de
segurança (protecção, estabilidade), o consumidor vira-se agora para os afectos, para a
necessidade de pertença e também para uma necessidade mais egoísta de tirar o melhor
partido de tudo o que faz. Os produtos tradicionais de qualidade vêm preencher estas duas
necessidades. Por um lado reforçam a ligação do consumidor às suas raízes e demonstram a
sua preocupação com a preservação das tradições e os valores da terra. Por outro, devido à
sua elevada qualidade proporcionam momentos de enorme satisfação. Assim, uma estratégia
de comunicação para produtos tradicionais de qualidade deverá ter como principal
preocupação fazer sobressair este tipo de sentimento. A utilização do sítio Web como
ferramenta de comunicação pode assim ser muito importante uma vez que tem os benefícios
da publicidade através do design gráfico mas permite também, através dos conteúdos, a
disponibilização de informação que vem reforçar essas imagens. Assim a questão do design e
da concepção não deve, também, ser descurada. O layout das páginas deverá reflectir a
imagem do(s) produto(s) que se estão a divulgar e os conteúdos que se disponibilizam. A falta
de coerência entre a qualidade dos conteúdos e o design do sítio Web, isto é, a sua
consistência interna, pode desencorajar a progressão na consulta e novas visitas, e dificultar o
emergir dos sentimentos anteriormente mencionados.
Deixam-se ainda aqui três recomendações que, embora já referidas anteriormente, nunca é
demais reforçar. A primeira diz respeito à actualização do sítio Web. O desenvolvimento de um
sítio Web não termina quando é disponibilizado on-line, este é apenas o começo. É necessário
depois ir actualizando regularmente as notícias, dar resposta a todas as
sugestões/recomendações/reclamações dos utilizadores em tempo útil, ir introduzindo
pequenas alterações para passar uma ideia de dinamismo. No caso de não ser possível ter
uma pessoa da Associação responsável por isso, sugere-se a entrega dessa tarefa a uma
empresa de serviços. A segunda, tem a ver com o facto de pontualmente, em alguns dos sítios
Web analisados, se ter verificado a existência de grandes floreados na forma como se acedia
aos conteúdos e a forma como estes eram apresentados. Não questionando a dificuldade de,
por vezes, relacionar o tipo de imagens com o produto em causa, o resultado foi o de uma
grande dificuldade em navegar no sítio Web e o cansaço provocado, desencorajando a
continuação da visita. Terceira e última, na construção de um sítio Web com vista à promoção
de um qualquer produto é importante ter em mente uma série de conceitos e conhecimentos de
marketing, sem os quais será difícil construir uma imagem do produto coerente com toda a
restante campanha feita fora da Internet. A ideia generalizada de que qualquer um pode
construir um sítio Web, não é boa, na medida em que pode pôr em perigo toda a estratégia e
imagem de marketing do(s) produto(s) e, mesmo, da organização.
5. Conclusões
A adesão às novas tecnologias, principalmente no que diz respeito a uma presença na World
Wide Web, ainda não está muito generalizada. Na maior parte dos casos visitados e
analisados, não foi possível descortinar, por detrás do sítio Web, um plano de marketing
coerente e estruturado. Este poderá ser um (mau) indício de que também fora da Internet, a
nível da Associação, não existirá nenhuma estratégia de marketing pensada. Lá fora como cá
dentro, salvo algumas boas mas raras excepções, parece continuar-se muito focalizado na
função produção, na convicção de que a simples presença dos produtos nos escaparates, nas
feiras, etc., e um rótulo de produto tradicional são, por si só, suficientes. Sem retirar nenhuma
importância à função produção, cujo papel é fulcral para a qualidade e eficiência com que os
produtos são obtidos, é necessário e urgente dar maior atenção e dedicar mais esforços à
função marketing, cujo papel é vital para a afirmação e competitividade desses mesmos
produtos no mercado. As duas funções, produção e marketing, não são pois antagónicas nem
concorrenciais, mas antes sinérgicas e complementares.
Esperamos com este trabalho ter contribuído um pouco para a melhoria dos actuais e futuros
sítios Web de associações cuja principal função seja a promoção de produtos tradicionais de
qualidade. Aqui apenas deixámos algumas pistas, sendo que cada associação e, dentro
1º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA AGRO-PECUÁRIA
destas, cada produto, têm as suas características próprias e, como tal, o respectivo sítio Web
deverá ser desenvolvido tendo em conta essa especificidade. Não é demais lembrar que o
resultado final será função do empenhamento de todos os que, directa ou indirectamente,
estão envolvidos no seu desenvolvimento e trabalham na associação.
Referências Bibliográficas
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Técnicas. Lisboa.
Hortinha, J. (2002) x-Marketing. Edições Sílabo, Lisboa.
Kotler, P., Armstrong G., Saunders, J. & Wong, V. (1999). Principles of Marketing. European
Edition. Prentice Hall, New Jersey, USA.
Schiffman, L. G. & Kanuk, L.L. (2000). Consumer Behaviour. 7th Edition. Prentice Hall, New
Jersey, USA.
Unidade de Missão Inovação e Conhecimento (2002). Método de Avaliação dos Web Sites dos
Organismos
da
Administração
Directa
e
Indirecta
do
Estado.
http://si.mct.pt/site/file?src=1&mid=2000&bid=1647.
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