volume ii - SEED - Estado do Paraná

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ISBN 978-85-8015-053-7
Cadernos PDE
VOLUME I I
Versão Online
2009
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS
DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
Produção Didático-Pedagógica
A MÚSICA NOSSA DE CADA DIA...
Qual é seu gênero musical favorito?
Rock, pop, funk, pagode, axé, MPB...
E em música clássica ou música erudita, você já ouviu falar?
Então vamos conversar um pouco sobre o imenso mundo da música.
Música é a arte dos sons, combinados de acordo com as variações da
altura, proporcionados segundo a sua duração e ordenados sob as leis
de estética.
(Maria Luiza de Mattos Priolli, 1989, p. 6)
Variação de altura? Duração? Leis da estética? O que é isso?
Vamos com calma, uma coisa de cada vez.
Primeiro vamos conhecer um pouco da história da música, que é tão
antiga quanto o homem.
A palavra música vem do grego – musiké téchne – que significa a arte
das musas.
De batidas com bastões, passando pelos gritos e imitação dos sons da
natureza, dos instrumentos feitos de pedra, madeira e ossos... à criação em
bronze e cobre que permitiram um avanço na arte musical de algumas
civilizações, muita água rolou, ou melhor, muita música foi executada.
Na Antiguidade, as primeiras atividades musicais estavam associadas à
magia, a rituais religiosos, a festas ou a guerras e, atualmente, não se tem
referência de nenhum povo ou civilização que não tenha manifestações
musicais.
Na Antiguidade, para egípcios, gregos e romanos, a música era
fundamental em todas as atividades do dia.
Na civilização egípcia havia música tanto para o faraó como para os
trabalhadores no campo; na Grécia, foi inventado o órgão e os teatros eram
acompanhados por músicas, aliás, a música era disciplina obrigatória na
formação dos jovens e, em Roma, as pessoas que detinham maior poder
financeiro aprendiam música e realizavam concertos em suas casas.
A música medieval foi marcada pelo cristianismo, pois os monges
desenvolveram a teoria e a escrita musical, que evoluiu durante os mil anos de
Idade Média, período em que começou a haver separação entre música
religiosa e popular ou profana, cuja principal diferença está nos instrumentos
utilizados: a música religiosa usava órgão, enquanto a popular ou profana
utilizava a rabeca, o saltério, o alaúde, a sanfona e o realejo.
No Renascimento, os governantes e pessoas influentes, com poder
aquisitivo elevado, promoviam festas e cediam espaço aos compositores para
que mostrassem suas obras à sociedade, contribuindo dessa forma para
evolução da música.
Foi no período Barroco que a música instrumental atingiu a mesma
importância que a musica vocal. Nessa época, a orquestra se estruturou e
surgiram a ópera e o ballet. É uma música exuberante, de frases melódicas
longas, diferente da música clássica, cujas frases melódicas são curtas.
Os compositores clássicos se concentravam em Viena, considerada
como a capital da música clássica.
No Romantismo, período da liberdade de expressão e de sentimentos,
Roma e Viena tornaram-se os principais centros da música, onde apareceram
grandes salas de espetáculos, as obras eram grandiosas e a orquestra atingiu
grandes dimensões.
O século XX e seus avanços tecnológicos contribuíram para popularizar
a música, que, teoricamente, não era e não é mais privilegio dos ricos. Alguns
compositores
exploram
as
possibilidades
sonoras
com
instrumentos
improvisados e outros eletrônicos. No final do século XX e começo do século
XXI, intensificou-se a exploração dos sons produzidos por objetos e pelo
próprio corpo, assim como faziam os nossos antepassados pré-históricos,
porém, com conhecimento científico.
Hermeto Pascoal é um dos grandes nomes da música brasileira que
inova e produz música com instrumentos aliados aos sons da natureza e
objetos, alguns inimagináveis. É o que vocês jovens chamam hoje de uma
composição “irada”, “muito doida”, mas com uma qualidade invejável.
ATIVIDADE
Acesse o site www.hermetopascoal.com.br e leia mais sobre a vida e a
obra de Hermeto Pascoal. Ao ler, perceba as possibilidades sonoras
propostas em suas composições. Você vai perceber que fazer música pode
ser muito divertido.
Após este breve passeio histórico pelo mundo da música, percebemos
que ela sempre fez parte tanto dos momentos especiais como no cotidiano das
pessoas. A música tem o poder de envolver a mente, de liberar emoções, de
provocar mudanças de comportamento ou atitudes e é uma necessidade do
indivíduo, que, através dela, supera e ultrapassa seus próprios limites. O
cantor Jessé escreveu, sobre isso, em sua composição “Cantar”.
Eu canto um tanto pra você dançar
E outro tanto pra me divertir
Eu canto alto pra deixar voar
Um canto forte pra você ouvir
Eu canto alto pra deixar voar... Para Jessé, compor criativamente,
escrever sobre os sentimentos de modo que os outros entendessem e
sentissem o que estava expresso em sua música era a superação de seus
limites. Do mesmo modo, um alpinista supera seus limites quando sobe uma
montanha mais alta, o maratonista melhora seu tempo de corrida, ou
simplesmente quando uma pessoa compra algo que desejava muito. Quanto a
essa superação de limites, o educador Paulo Freire diz que “a vocação
ontológica do ser humano é ser mais e não menos”, ou seja, é da natureza do
indivíduo estar sempre buscando sua humanização. Justamente por se
considerar um ser inacabado, cada ser humano deseja “ser mais”.
Entendendo melhor!
Ontológica
ontos = ser (grego)
Logo, a vocação do ser humano é sempre ser mais, mesmo quando
tentam lhe negar a liberdade, a humanidade, pois, na consciência de se
perceber desumanizado, encontra possibilidade de lutar para ser mais – ser
mais feliz, mais criativo, mais participativo, protagonista da sua história,
mesmo diante da realidade opressora imposta pelo sistema social e político,
disseminado pelas mídias.
O poeta Fernando Pessoa diz que “A realidade é sempre mais ou menos
do que aquilo que a gente quer”. É mais quando ela nos proporciona momentos
de intensa alegria, quando superamos nossos desafios para além do que
esperávamos, atingindo uma felicidade impensada, plena. Momentos como
esses alimentam a alma para toda uma existência, nos transmitem a sensação
de que nada falta, assim como conseguir a realização de um sonho, de um
desejo a mais do queríamos ou esperávamos conseguir.
A realidade é menos quando o sujeito está aprisionado a uma realidade
que ele não quer, quando forças antagônicas o impedem de ultrapassar as
barreiras que lhe são impostas, entrando em estado de agonia, muitas vezes
desprovido de forças para recomeçar.
Leia abaixo, parte da música “Agonia”, escrita por Mongol e interpretada
por Oswaldo Montenegro, que retrata esse sentimento:
Se fosse resolver
Iria te dizer
Foi minha agonia
Se eu tentasse entender,
Por mais que eu me esforçasse
Eu não conseguiria
E aqui no coração
Eu sei que vou morrer
Um pouco a cada dia.
Você percebeu a ligação entre as palavras protagonista, antagônica e
agonia?
Ágon é um termo grego, que, segundo o dicionário Houaiss, significa:
luta, competição, disputa, conflito, discussão, combate, jogo.
ATIVIDADE
O texto diz que devemos ser protagonistas de nossa história.
Pesquise: O que é protagonista?
Você é protagonista de sua própria história? Enfrenta seus
ágons?
Semiótica é uma ciência que estuda os signos ou significações
culturais, como a música, a dança, o teatro, as artes visuais, os gestos, os
gostos, enfim, os fenômenos da natureza.
Alguns estudiosos analisam a relação entre a música e o ser humano
através da semiótica e através dela explicam as conjunções e as disjunções
de nossos ágons, ou seja, nossas vitórias, nossas derrotas e a luta para
recomeçar, pois a vocação do ser humano é mais e não menos.
Porque uma pessoa pode cantar
Como falar, como amar e respirar
A minha voz é mais uma voz no ar
Afinada no mar da canção popular.
Jessé
O grande escritor Érico Veríssimo, em seu romance “Música ao Longe”,
escreveu: “O amor é como música ao longe, você consegue ouvi-la, mas não
consegue defini-la”. E Caetano Veloso compôs:
Alguém Cantando
Alguém cantando longe daqui
Alguém cantando ao longe, longe
Alguém cantando muito
Alguém cantando bem
Alguém cantando é bom de se ouvir
Alguém cantando alguma canção
A voz de alguém nessa imensidão
A voz de alguém que canta
A voz de um certo alguém
Que canta como quer pra ninguém.
A literatura, em geral, está repleta de exemplos que comprovam que a
música faz parte da vida. Fique atento!
Talento e dedicação...
Todas as pessoas nascem com potencialidades para a música, porém
nem todas as desenvolvem. Algumas são incentivadas ao estudo musical
desde a infância, por isso ampliam mais a sensibilidade auditiva e acabam se
destacando de outras, que, por motivos culturais ou financeiros, não têm as
mesmas oportunidades de crescerem musicalmente.
Desenvolver a sensibilidade auditiva é importante para que o aspirante a
músico perceba a variação e a combinação de sons produzidos pelo
instrumento musical. Dessa forma ele conseguirá tocar mesmo sem ter todo o
conhecimento científico para tal. A isso chamamos “tocar de ouvido”. Então
popularmente se acredita que tais pessoas têm dom natural para música, são
talentosas, como se fosse o talento, um presente dos deuses, mas isso é mito.
Dom ou habilidade artística sem dedicação não é suficiente para ser um bom
músico.
Mozart, compositor clássico, tocava desde muito cedo, porém suas
composições mais elaboradas surgiram após dez anos de prática. Ele estudou
muito para aperfeiçoar seus conhecimentos. Era filho de uma família muito rica,
o pai também era compositor e seu mundo familiar e social era sempre repleto
de muita música, o que contribuiu para que tenha se tornado um grande
mestre.
Como vimos anteriormente, para o aprendizado musical é necessária
muita dedicação, com uma boa dose diária de estudos teórico-práticos.
Mozart, Johann Chrysostom Wolfgang Amadeus Mozart, nasceu em
27 de janeiro de 1756 em Saltszburgo, na Áustria, e faleceu em 1791. Aos 3
anos já estudava música e com 5 anos fez suas primeiras composições. Seu
pouco tempo de vida foi suficiente para que ele fosse considerado um dos
maiores nomes da música clássica. Compôs mais de 600 obras entre
sinfonias, óperas, composições para piano e câmara e influenciou
profundamente a música ocidental.
Ludwig van Beethoven (1770-1827), em suas primeiras obras, seguiu
ou passos de Mozart, que, por sua vez, inspirou-se no compositor barroco
Johan Sebastian Bach (1685-1750).
“A posteridade não verá um talento como esse em 100 anos” – disse
Josefh Haydn (1732-1809) sobre Mozart.
O músico amador ou aquele que “toca de ouvido” precisa estudar e ouvir
muitas vezes a mesma melodia para aprender a tocá-la.
O músico profissional, além do ouvido sensível e apurado, necessita do
conhecimento científico da teoria musical para ler as partituras e/ou elaborar
suas composições.
A TEORIA MUSICAL
Como a teoria musical é muito ampla, vamos estudar apenas alguns
princípios básicos necessários para analisar composições de diferentes épocas
e realizar alguns exercícios musicais, como leitura de partituras simples e canto
em coro, que é o mesmo que cantar em grupo ou canto coletivo.
Música é a arte de combinar sons...
A palavra som vem do latim sonus e significa a vibração de um corpo
percebida pelos ouvidos.
Exemplo: Bata com o lápis na carteira, ela vibra e a vibração se propaga
pela madeira, provocando o som.
As vibrações regulares produzem os sons musicais, mas, quando
irregulares, produzem ruídos, e estes, normalmente, nos incomodam, pois
causas desconforto auditivo.
Estamos rodeados de sons. Alguns agradáveis e outros desagradáveis,
dependendo do ouvido e das experiências de cada um. O som do vento pode
ser agradável ou provocar medo, assim como a explosão de fogos de artifício.
Sons ou ruídos muito altos podem ser maléficos aos ouvidos,
principalmente em tempo prolongado, podendo matar células fundamentais
para a audição.
Quando
convivemos
com
um
alto
índice
de
sons
e
ruídos
simultaneamente, vindos das mais diferentes fontes – rádios, alto falantes,
buzinas dos carros, vozes de pessoas falando ao mesmo tempo – dizemos que
estamos sob uma forte poluição sonora. Já observou como, em alguns casos,
você se acostuma com o barulho de modo a não percebê-lo?
Elementos fundamentais da música
Os elementos fundamentais que compõem a música são: o ritmo, a
melodia e a harmonia.
O ritmo é o movimento dos sons, que podem ter maior ou menor
duração.
A palavra ritmo provém do indo-europeu, Sreu (fluir) e do grego
Rhytmos (medida, movimento, recorrente e regular, ritmo,
rima). O ritmo foi percebido na Pré-História quando o homem
notou que algo batia dentro do próprio corpo (o coração) e quis
externalizá-lo. O homem primitivo, utilizando seus próprios
meios, imitou os sons de sua experiência com a natureza,
ouvindo o quebrar dos ramos quando caminhava pelas matas,
o sussurrar do vento nas árvores, o ruído das águas no regato,
a percussão da maré batendo regularmente na praia e, assim,
passou a conhecer o ritmo por meio da natureza.
Galway (1987)
A palavra melodia vem do grego Meloidia – melos: canção + oidia:
cantante/ Aoidein: cantar.
Consiste na sucessão de sons formando sentido musical, com
características essenciais que nos permitem cantar. Toda melodia combina
tons altos e baixos, graves e agudos, fortes e fracos, de intensidade alta ou
baixa, criando vários ritmos.
A harmonia consiste na combinação simultânea de dois ou mais sons
de modo coerente. Desde o século passado, o termo harmonia é usado para
designar “acordes”, que é o conjunto de notas tocadas ao mesmo tempo. É
complexa e intelectual, uma qualidade da audição que poucos conquistam.
.
AS QUALIDADES OU PROPRIEDADES DO SOM
As propriedades do som formam a estrutura musical. São os elementos
formais da música.
Timbre:
É a qualidade do som que permite reconhecer sua origem. São
características que nos permitem perceber se o som vem de uma voz feminina
ou masculina, de um piano ou de um violão.
Curiosidade...
Pesquisas modernas estão tentando provar que todos os homens têm vozes
diferentes. Haveria, assim, uma impressão vocal, da mesma maneira que existe uma
impressão digital. (Chaves Júnior, 1989 apud ARTAXO e MONTEIRO, p. 27).
Intensidade:
É a propriedade de o som ser mais forte ou mais fraco em relação a
outros sons. Na música, essas variações de força dos sons são chamadas de
dinâmica e transmitem maior expressividade.
Exemplo: Uma pessoa aplaudindo uma apresentação musical é menos
intensa do que 100 pessoas aplaudindo. Neste caso, o aplauso de uma pessoa
é fraco e o aplauso de 100 pessoas é forte.
Altura:
Em música, altura é a diferença entre os sons musicais. É determinada
pela frequência dos sons, ou seja, pelo número de vibrações que cada onda
sonora emite em determinado intervalo de tempo. Dizemos que a altura do som
pode ser grave ou agudo. Quanto menor o número de vibrações, mais grave
será o som e, quanto maior o número de vibrações sonoras, mais agudo será o
som.
Exemplos:
- O canto do pássaro é um som agudo em relação ao som grave de um
trovão.
- A voz masculina, geralmente é mais grave que a voz feminina.
Duração:
É o tempo de produção do som que pode ser longo ou curto.
Exemplo: O canto da cigarra é longo em relação ao estouro de um
balão.
Atividade
Vamos utilizar nossa voz para fazer alguns exercícios envolvendo
alguns elementos e propriedades do som:
- A turma deve selecionar uma frase, um verso ou pequeno poema;
- Pedir à turma que diga a frase algumas vezes: gritando,
cochichando, falando baixo, em voz alta, falando grosso (grave) e falando
fino (agudo), falando sorrindo, chorando, zangado.
- Podemos variar a duração dos sons, recitando a frase
normalmente, lentamente, depois mais rápido, mais rápido, mais rápido...
- Outra variação possível: escolher uma ou mais palavras para
recitar com mais força e outra com menos força.
Não force a voz para não prejudicar suas cordas vocais!
Como surgiu a escrita musical?
A escrita musical surgiu com a invenção do papel e o nosso ponto de
partida para estudar a música como nos interessa neste momento é o período
medieval, quando os monges europeus, trancados em mosteiros, pesquisavam
combinações de sons para aperfeiçoar os cantos em cerimônias religiosas,
pois esses cantos se tornavam cada vez mais elaborados. Eles desenvolveram
um modo de registro através de símbolos
-- símbolos que em nada se
parecem com os símbolos atuais, aos quais nós chamamos de escrita musical.
Frei Guido D’Arezzo, músico importante do século Xl, foi quem deu
nome aos sons musicais. Ele utilizou a primeira silaba de cada verso do hino
cantado a São João Batista, protetor das cordas vocais.
UT queant Laxix
RE sonare Fibris
MI ra gestorum
FA muli Tuorum
SOL ve polluti
LA bri Reatum
Sanctre Ioannes.
Tradução do poema:
Purificai, bem-aventurado João, os nossos lábios polutos, para
podermos cantar dignamente as maravilhas que o Senhor realizou em ti.
Dos altos céus vem um mensageiro a anunciar a teu Pai, que serias um
varão insigne e a glória que terias.
Notas Musicais: UT, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ e SI.
Difícil de ser cantada, a sílaba UT foi substituída por DÓ.
O SI foi formado com a primeira letra de Sanctre e com a
primeira letra de Ioannes.
ATUALMENTE...
Notas Musicais: DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI
Veja como as notas estão dispostas no teclado
Ilustração: Hugo Leonardo Alves Mattje
AS FIGURAS DAS NOTAS
Originalmente, as figuras das notas tinham forma de losangos. Com a
invenção da imprensa, os símbolos quadrados foram substituídos por bolinhas,
pois as formas quadradas se misturavam no momento da impressão,
prejudicando a leitura.
Ilustração: Hugo Leonardo Alves Mattje
AS PAUSAS
Você já deve ter ouvido, em algumas canções, um momento em que
cessam os sons dos instrumentos, permanecendo, por alguns instantes, o
silêncio. Na escrita musical, o silêncio é representado pela figura da pausa.
Cada nota tem uma pausa diferente, assim como está representado no
quadro abaixo.
Ilustração: Hugo Leonardo Alves Mattje
A DUUUURRRAAAÇÇÇÇÃÃÃÃOOOO DOOO SOOOMM!
O sistema de duração é baseado na semibreve, a mais longa figura em
uso. Definido o tempo de duração da semibreve, as demais notas são as suas
frações. Cada uma das figuras vale a metade do valor da anterior e o
dobro da nota seguinte.
Observe o quadro abaixo:
Ilustração: Hugo Leonardo Alves Mattje
Atividade
Um breve exercício: Conte, compassadamente, até 4, o que
significa contar cada tempo (1-2-3-4, 1-2-3-4...), até que tenha se
acostumado com o ritmo.
- Agora pronuncie o som do “A” e conte mentalmente até 4, como fez
anteriormente. Pronto, esta é a duração do som de uma semibreve, em
nossos estudos.
No mesmo tempo de duração de uma semibreve, cabem 2 mínimas
ou 4 semínimas, 8 colcheias, 16 semicolcheias, 32 fusas ou 64 semifusas.
Pauta:
Pauta ou pentagrama é um conjunto de 5 linhas e quatro espaços,
contados de baixo para cima, usado para escrever as notas:
5ª linha________________________________________________
4ª linha________________________________________________4º espaço
3ª linha________________________________________________3º espaço
2ª linha________________________________________________2º espaço
1ª linha________________________________________________1º espaço
Outros símbolos ou elementos musicais são escritos na pauta para que
o músico saiba exatamente como executar a composição.
A clave é um sinal bem conhecido por todos. A clave é utilizada para dar
nome à nota. É através dela que o músico sabe se o som a ser produzido é um
dó ou ré por exemplo.
Ilustração: Hugo Leonardo Alves Mattje
A clave de sol é escrita na 2ª linha
A clave de fá é escrita na 3ª e na 4ª linha
A clave de dó é escrita na 1ª, na 2ª, na 3ª e na 4ª linha
A mais usual é a clave de sol e a menos utilizada é a clave de dó.
Ilustração: Hugo Leonardo Alves Mattje
No desenho acima, a clave de sol dá seu nome à nota escrita na 2ª
linha, assim como os dois pontinhos da clave de fá escrita na 4ª linha dá
nome à nota escrita na 4ª linha.
Compassos
Compasso musical é a pulsação rítmica da música que se repete
regularmente, dividindo-a em partes iguais, em sequências de 2, 3, 4 ou mais
tempos. Cada grupo de notas é separado por um travessão – uma linha
vertical.
Abaixo temos um compasso binário, ternário e quaternário:
Ilustração: Hugo Leonardo Alves Matjje
Observe o compasso binário, por exemplo, ele tem duas divisões, sendo
que as duas possuem o mesmo tempo – a primeira divisão apresenta duas
semínimas, cada uma delas tem duração de um tempo e somadas, equivalem
à duração de 2 tempos. A segunda divisão apresenta uma mínima que tem
duração também de dois tempos.
Atividade
Observe a partitura abaixo e identifique os elementos estudados
até agora. Trata-se de uma partitura adaptada da obra de Beethoven.
Ilustração: Hugo Leonardo Alves Mattje
MÚSICA ERUDITA
Agora que você tem o mínimo de conhecimento sobre a teoria musical,
vamos analisar outros aspectos. Neste texto vamos priorizar composições
eruditas. Aliás, qual é a diferença entre erudito e popular?
O termo erudito vem do latim eruditus e significa “educado”, “instruído”.
A música erudita é, portanto, fruto de pesquisas, de conhecimentos
científicos e não de tradições populares ou folclóricas. Ela se desenvolveu nos
moldes da música secular e da liturgia ocidental, historicamente a partir do
século IX até a atualidade. Entre 1550 e 1900, suas regras essenciais foram
estruturadas e se diferenciam das demais pela variação de instrumentos
musicais que utiliza.
Basicamente, música clássica e música erudita é a mesma coisa.
A expressão “música clássica” foi utilizada a partir do século XIX, com a
intenção de delimitar uma era, o chamado período de ouro, que se iniciou com
Bach e foi até Beethoven, referindo-se à produção musical de alto nível, hoje
também se referindo à música erudita. Ela tem várias modalidades, como: as
fugas, as operetas e a sonata.
Espere aí...
-- Fuga? Opereta? Sonata?
-- Dá pra explicar melhor?
Fuga é palavra grega que significa várias vozes. Então fuga é um estilo
de composição polifônica, ou seja, com duas ou mais vozes que se
desenvolvem mantendo o caráter melódico e rítmico. Essa modalidade música
se originou na música barroca. Nesse estilo, o tema principal é repetido várias
vezes por vozes diferentes, ou melhor, em outras tonalidades, entrelaçadas. Na
prática, imagine a classe dividida em três grupos e cada grupo cantando a
mesma música, porém cada grupo começa a cantar em momentos diferentes
dos demais. É o que chamamos de cânone, porém Bach elaborou mais este
estilo.
Opereta ou “pequena ópera” é uma modalidade de música mais curta
que a ópera e mais leve. É encenada e o elenco é formado por cantores de
ópera ao estilo clássico. Surgiu da ópera cômica no século XIX na França e,
por isso, é precursora da “Comédia Musical”, uma peça teatral cantada,
encenada por atores que são também cantores. No início do século XX, ela
deu lugar às sonatas.
A palavra sonata vem do latim sonare e designava uma música para
“soar”. Trata-se de uma forma musical muito rígida, dividida em três partes
distintas, chamadas de tempos ou de movimentos. A sonata clássica obedece
à seguinte ordem:
1º movimento: allegro – movimento rápido, no qual se desenvolvem os
dois temas principais;
2º movimento: movimento lento - andante;
3º movimento: dançante - Minueto ou scherbo.
Algumas sonatas clássicas tinham o quarto movimento, definido como
rondo ou final.
Anterior às técnicas de gravação, a audição musical só era possível ao
vivo. Tocar um instrumento musical era sinônimo de cultura e, principalmente,
riqueza. Os nobres tinham iniciação musical ainda crianças e, durante as
reuniões festivas, promoviam apresentações para os convidados.
Observe, no quadro abaixo, alguns dos compositores eruditos que
se destacaram.
COMPOSITOR
Claudi Giovanni Antonio Monteverdi
Johann Sebastian Bach
Antonio Lucio Vivaldi
Pyotr Ilyich Tchaikovsky
Johann Chrysostom Wolfgang Amadeus Mozart
Frederic Chopin
Giuseppe Verdi
Antônio Carlos Gomes
Heitor Villa-Lobos
Claude Debussy
PERÍODO
RENASCIMENTO
BARROCO
BARROCO
CLASSICISMO
CLASSICISMO
ROMANTISMO
ROMANTISMO
ROMANTISMO
MODERNISMO
MODERNISMO
Na Idade Média e nos períodos que se seguiram até o Classicismo,
somente a nobreza, além dos padres, tinha acesso ao conhecimento formal.
Quanto mais instruído fosse o homem, maior o seu poder político ou
influência na sociedade, pois somente quem tinha muito dinheiro podia pagar
professores para educar os filhos e a música era disciplina obrigatória na
educação formal.
A música clássica se desenvolveu em um momento histórico em que os
comerciantes adquiriram poder financeiro e status de ricos. Eles almejavam
fazer parte de um seleto grupo de pessoas que frequentavam as altas rodas da
sociedade, aumentar seu prestígio e a comercialização. Como o acesso ao
conhecimento era demonstração de poder, o caminho que encontraram foi o da
cultura. Encomendavam composições a grandes músicos para apresentá-las
em recitais.
Para agradar aos financiadores de suas obras -- os comerciantes e os
músicos elaboraram composições mais simples, ao gosto do cliente, como se
diz hoje em dia. A composição menos complexa musicalmente facilitava seu
aprendizado pelas senhoritas emergentes (filhas dos comerciantes), para
posterior exibição em público, o que aumentava o prestigio da família. Dessa
forma, a música se popularizou, porém a música clássica não deve ser
considerada como uma música menor, mas uma música mais leve, suave.
MÚSICA POPULAR
A música popular tem presença constante em nossa vida. Está nos
bares, restaurantes, clubes, reuniões de amigos, enfim, ouvimos música quase
o tempo todo.
Feita para atender ao gosto de uma determinada camada social, a
música popular se diferencia da música erudita pela menor complexidade
musical da composição. Isso, porém, não é regra geral, pois o jazz, por
exemplo, utiliza alguns acordes pouco usuais e alguns sambas apresentam
variações rítmicas mais elaboradas.
Por fazer parte do cotidiano das pessoas, atualmente a música popular
está vinculada a negócios com fins lucrativos. As empresas selecionam
composições que atendam a algumas exigências do mercado consumidor,
investem em recursos tecnológicos e midiáticos para que a composição
selecionada atinja grandes índices de audiência, sugestionando o consumo
pelo expectador ou ouvinte.
Os jovens músicos são impulsionados, geralmente, a expressar, de
forma criativa, seus sentimentos e o modo como percebem o mundo que os
rodeia através de suas composições. A necessidade de subsistência obriga-os,
porém, a ceder às exigências impostas pelo mercado de consumo, entre as
quais comumente não encontramos intenções humanistas, tais como o
desenvolvimento da sensibilidade para tornar o ser humano um ser sociável,
capaz e em paz consigo mesmo e com os outros, um ser que se emociona com
as delicadezas da natureza, como o canto dos pássaros, o barulho do vento, o
despertar em um dia ensolarado ou o barulho da chuva que, em sua natureza,
faz produzir o alimento para o nosso corpo.
E, por falar em alimento, a música pode ser o alimento da alma. Para o
filósofo Nietzsche, a música possibilita que a gente reencontre nosso equilíbrio
interior quando ele sai dos gonzos. Pense nisto!
No Brasil e no mundo são muitos os gêneros musicais, geralmente
associados à determinada faixa etária. É comum que o gênero que agrada a
uma faixa etária não agrade a outra pessoa. Por exemplo, quem aprecia
música sertaneja pode não gostar de rock ou de axé, o que é absolutamente
normal e deve ser respeitado. Afinal, o que seria da música popular se todos
gostassem da música clássica?
ATIVIDADE
Faça uma pesquisa entre seus familiares, amigos e vizinhos.
É necessário selecionar as pessoas por idade. O objetivo da pesquisa
é saber qual é o gênero musical mais apreciado pelos entrevistados.
Confronte o resultado da sua pesquisa com a de seus colegas e
registre os gêneros citados. Em grupos, pesquisem, na internet ou
emissoras de rádio, os gêneros que vocês desconhecem. Gravem em
aparelho celular, em pendrive ou outro recurso tecnológico disponível
e, posteriormente, apresenterm para a turma o resultado do trabalho.
INDÚSTRIA CULTURAL
O termo indústria cultural é utilizado para definir um conjunto de
empresas, de emissoras de rádio e de televisão, entre outras mídias, que se
apropriaram da cultura, transformando-a em mercadoria e incentivando o
consumo da produção cultural e intelectual de modo incessante. Através das
mídias, a indústria cultural dita regras, estabelece padrões de beleza,
comportamento e valores, não se preocupa com o caráter crítico do expectador
enquanto ser humano capaz de pensar, sentir e agir, considerando o homem
apenas como objeto de trabalho e de consumo.
A indústria cultural é fruto do capitalismo e, para este sistema
econômico, o objetivo maior é o lucro. O ter se sobrepõe ao ser e a realização
pessoal do indivíduo não se vincula mais às necessidades básicas, como a
educação e a saúde.
A música não escapa aos interesses da indústria cultural. Todos os dias
somos surpreendidos com produções musicais que menosprezam os valores
humanos, como o respeito próprio e ao outro.
Se traçarmos uma linha do tempo, perceberemos que a música foi
utilizada não somente para elevar o espírito em oração, como no canto
gregoriano, mas para cumprir papel social determinante de poder. A música
barroca, a exemplo da medieval e da renascentista, era de difícil execução,
feita para quem entendia de música – igreja e nobres. O povo não tinha acesso
à cultura. Posteriormente, com a ascensão dos comerciantes, também
chamados de burgueses fidalgos, passaram a financiar a cultura e a música,
além de agradável aos ouvidos do contratante, passou a ser de mais simples
execução, para que as jovens emergentes aprendessem a tocar com mais
facilidade e pudessem se apresentar em reuniões sociais oferecidas aos
amigos, o que determinava prestígio. Esse período, conhecido como clássico,
não produziu uma música menor, mas uma música equilibrada e suave.
Percebe-se, portanto, que a música e outras manifestações culturais há
muito tempo estão servindo a interesses do mercado capitalista, fenômeno que
se acentuou no século XX.
ATIVIDADE
Tente se lembrar de uma música que não lhe agrada e outra que lhe
agrada. Escreva a parte da letra que mais lhe chama atenção de cada uma
das composições. Analise: Qual é o tema principal da história descrita na
música? Que valores essa história lhe transmite?
Registre suas
impressões sobre cada uma das composições, referindo-se à letra e não à
melodia.
Referências Bibliográficas
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