UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Curso de Física NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA EM BANDAS MILITARES NO DF Autor: César Diniz Roldão Orientador: Prof. Dr. Sérgio L. Garavelli BRASÍLIA 2008 CÉSAR DINIZ ROLDÃO NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA EM BANDAS MILITARES NO DF Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Católica de Brasília para obtenção do Grau de Licenciado em Física. Orientador: Dr. Sérgio L. Garavelli BRASÍLIA NOVEMBRO DE 2008 NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA EM BANDAS MILITARES NO DF RESUMO O presente trabalho tem o objetivo de avaliar os níveis de pressão sonora a que os músicos e regentes estão expostos nas principais bandas militares do Distrito Federal: Corpo de Bombeiros Militar, Batalhão da Guarda Presidencial, Força Aérea Brasileira, Grupamento de Fuzileiros Navais, Batalhão de Polícia do Exército, Polícia Militar, Regimento de Cavalaria e Guarda- RCG- Exército. E também fazer como segundo objetivo uma análise da percepção de tais músicos sobre os efeitos causados pela elevada intensidade de ruído e sintomas que sentem, através da aplicação de questionário. Em cada banda foi medido com o auxílio dos medidores de pressão sonora o tempo de reverberação e o nível de pressão sonora equivalente, para depois calcular o percentual de ruído, o nível de exposição diária e o tempo máximo de exposição tolerado. Todos esses valores medidos mostraram-se acima do limite tolerado, indicando insalubridade do trabalho dos músicos. Foi medido também o espectro de freqüências de uma das bandas. Palavras Chaves: bandas militares, níveis de pressão sonora, qualidade de vida. 1. INTRODUÇÃO O ser humano sempre encontrou na música um modo de trazer à tona alguns sentimentos e lembranças agradáveis que estão guardados. Mas antigamente não desconfiavam que mesmo sendo prazeroso, podiam ser prejudiciais de acordo com o tempo e intensidade que a ouviam. Desde a época medieval já tinham algum conhecimento sobre os efeitos dos sons, uma vez que quando tropas inimigas estavam se aproximando, utilizavam tambores para fazerem barulho alto e os assustarem. Preparavam também alguns tipos de sons que serviam para encorajar os soldados, quando estavam na batalha. O coliseu do Império Romano foi construído de modo que a pessoa que fosse falar para a multidão no centro, não necessitava de instrumentos para amplificar a voz, como exemplo atual o microfone, para que o escutem. Os povos indígenas para saberem se alguém se aproximava, encostavam o ouvido no chão para ouvirem o barulho das suas pisadas. Pois tinham uma noção intuitiva de que no sólido o som chega primeiro que no ar. Muitas pessoas ao serem questionadas se determinado som as incomodam, respondem que inicialmente se sentem perturbadas, mas depois com o tempo se acostumam e nem percebem seus efeitos. Acontece também de ficarem expostos por curto tempo em alta intensidade, como em um show de rock e sofrerem seus efeitos sem perceberem qual foi o motivo. Esse foi o motivo pelo qual a música foi considerada como uma possível fonte de poluição por volta de 1960, quando pesquisadores começaram a desconfiar dos seus efeitos na audição de pessoas expostas por um determinado período a sons altamente amplificados. Data esta na qual a música sofreu uma revolução com o surgimento do rock-and-roll. Essa demora foi ocasionada também, pelo fato do ruído 2 ser um “inimigo” invisível e seus efeitos aparecerem na maioria das vezes em longo prazo. (ANDRADE et al, 2002, p.715). No meio do século XIX, iniciou-se nos instrumentos musicais o uso de cordas de aço, substituindo aquelas feitas de intestino animal, tornando o timbre mais áspero. Na construção destes aparelhos utilizaram-se madeiras mais duras, os metálicos tiveram perfuração interna maior e os de percussão tiveram materiais mais modernos, aumentando a intensidade e freqüência do som. Atualmente nos shows de rock os amplificadores são de 20 e 30 kWatts, já os alto-falantes chegam a 100 e 500 kWatts. (MENDES e MORATA, 2007). Esse avanço da tecnologia que ocorreu durante a Revolução Industrial e da eletrônica contribuiu para um maior nível de perdas auditivas entre músicos e ouvintes. A exposição contínua a altas intensidades sonora pode causar: fadiga, distúrbios do sono, perda de concentração, dor de cabeça, impotência sexual, distúrbios do intestino, estresse, nervosismo, zumbido, perda temporária ou definitiva da audição, etc. O primeiro efeito é a perda auditiva temporária, mas se o sujeito ficar mais tempo exposto antes da recuperação total, pode-se desencadear perdas irreversíveis. (WHO, 1999; MARQUES-FAVRE, PREMAT and AUBRÉE, 2005). Vivendo nas grandes cidades é quase impossível não ficar exposto a níveis elevados de ruído, seja no trânsito, em festas, no trabalho, em casa e em vários outros lugares. Um fator que contribui para isto é a própria cultura brasileira, cujas músicas representativas: samba, frevo, maracatu, forró e outras, tem de ser tocadas com intensidade alta uma vez que estão presentes grande número de pessoas. No Brasil como em outros países, não existem normas específicas que estabeleçam para músicos e regentes, limites diários de exposição para uma dada intensidade de ruído. Isso acontece, porque para estabelecer esses limites é necessário conhecer variáveis que são subjetivas, uma vez que para alguns, determinados sons são agradáveis e para outros um incômodo. E também pelo fato da preocupação com os efeitos do ruído na audição e na saúde do indivíduo serem muito recentes. (LEE et al, 2005) Por esse motivo é que adotou a Norma Regulamentadora 15 (NR 15) como referência, que estabelece limite diário máximo de exposição para trabalhadores expostos a uma determinada pressão sonora, sem proteção auditiva. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3 2.1. Som e Ruído O som é uma perturbação no meio (Gás, Líquido ou Sólido) que se propaga longitudinalmente, causando diferenças de pressão transmitidas ao longo do fluido, tendo origem na vibração com dada freqüência de algum material. Essa propagação ocorre devido ao choque entre as moléculas que compõem o meio, sendo por isso chamada de ondas mecânicas. Quando ouvimos algo significa que essa onda se propagou até a membrana do nosso ouvido fazendo-a vibrar também. É importante perceber que não há transporte de moléculas, somente de energia e momento. A figura 1 mostra a propagação de onda numa mola, que é substituída pelo ar no caso do som. Figura 1: Onda longitudinal Fonte: http://www.prof2000.pt/users/mrsd/8ano/ondas.htm Segundo, Marcela Pfeiffer et al.(2007), todos os sons tem o potencial de serem descritos como ruído. A classificação do ruído é subjetiva e sua distinção se refere ao fato de ser ou não desejável. Todavia a denominação ruído é utilizada para descrever um sinal acústico aperiódico, originário da superposição de vários movimentos de vibração, com diferentes freqüências, as quais não apresentam relação entre si. O modo como o ouvido humano interpreta as vibrações sonoras que chegam até ele, pode ser descrito por uma função logarítmica, que segundo Resnick, Halliday e Krane (2003) está descrito na equação 1: NIS = 10 log I I0 (1) O NIS é o nível de intensidade sonora captado pelo ouvido, e é definido com base em uma intensidade de referência I0, que é adotada como 10-12 W/m2 (limiar da audição humana) e também em termos de I, que é a intensidade do som captado. Os níveis de intensidade sonora são medidos em unidades chamadas decibels (dB). Para quantificar este som utiliza-se o medidor de pressão sonora, que pode “ponderar” o nível em diferentes freqüências. Ou seja, atenuar ou amplificar o som, dependendo da freqüência que se queira analisar. De acordo com a figura 2, a ponderação “A” atenua as baixas freqüências, dá maior ganho para 1 a 5 kHz e volta a atenuar de maneira mais leve as freqüências maiores. Essa curva representa bem a sensibilidade do ouvido humano e é usada 4 para ruídos contínuos. A ponderação “B” atenua menos as freqüências baixas, simula pouco o ouvido humano e também é usado para ruído contínuo. A ponderação “C ” pode ser usada para ruído de impacto, quando se quer medir todo o som ambiente com pouquíssima atenuação ou para verificar a presença de sons com freqüência muito baixa, pois essa curva é quase plana. O filtro “D” é utilizado quando as freqüências e intensidades são altas, como por exemplo o motor de um avião. As curvas de ponderação utilizadas nesta pesquisa foram a “A” e a “C”. (FERNANDES, 2002, p.104). Figura 2: NIS em função da freqüência para cada ponderação A, B,C e D. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Weighting_curves.png 2.2. Nível sonoro equivalente O nível sonoro equivalente (Leq) é definido como um ruído contínuo, que no mesmo intervalo de tempo possui energia igual aos ruídos flutuantes medidos. É uma única intensidade que substituem todas as outras. O princípio da mesma energia assegura a precisão do método para avaliação dos efeitos do ruído sobre o aparelho auditivo. O Leq pode ser definido segundo Gerges (2000), pela equação 2: Leq = 10 × log 1 P 2 (t ) dt T ∫ P0 2 (2) onde: T é o tempo de integração; P(t) é a pressão acústica instantânea; P0 é a pressão acústica de referência (2 x 10 −5 N/m 2 ). Quando se deseja calcular a média de vários Leqs, utiliza-se a expressão 3: 5 Li 1 n Leq m = 10 × log × ∑i =110 10 n (3) onde: n é o número de dados que se quer calcular a média; Li é o valor de cada intensidade. 2.3. Tempo máximo de exposição tolerada É o tempo máximo que o indivíduo pode ficar exposto sem protetor auricular a uma determinada intensidade de ruído, sem ter prejuízo auditivo. Na expressão 4 está exposto esta grandeza dada em horas: Tt = 8 × 2 (Lcrít −Leq ) / q (4) onde, Leq é o nível de pressão sonoro equivalente; Lcrít é o nível de pressão sonora crítico que segundo a NR-15 vale 85 dB(A), pois é o mínimo valor para ter um tempo de exposição estipulado de no máximo 8 horas; q é o fator de troca que conforme a NR-15 vale 5. 2.4. Nível de exposição Diária O nível de exposição diária (Lexp) é a intensidade sonora que o indivíduo está exposto durante o dia. Para a equação 5 deve ser considerado: Texp = Tempo médio de exposição diária, que é 3 horas; T0 = Tempo da jornada de trabalho, 8 horas. L exp = Leq + 10 × log( T exp ) T0 (5) 2.5. Dose de ruído A dose (D) de ruído representa a intensidade absorvido pelo ouvido, dependendo da intensidade equivalente de exposição. O valor máximo permitido é 100% por exposição diária, pois se for maior significa que o indivíduo ficou mais tempo exposto que o estipulado pela NR 15 na tabela 1. De acordo com Gerges (2000), pode ser calculado de acordo com a expressão 6: D= Texp 8 × 2 (Leq −Lcrít ) / q × 100% (6) onde: Texp, Lcrít, Leq e q foram definidos com seus valores nas equações: 4, 3, 2 e 3 respectivamente . Um exemplo para podermos entender o que é o incremento de dose (q) é o seguinte: se utilizarmos o fator q = 5, que é o valor utilizado no Brasil e nos 6 EUA, para um Leq de 90 dB (A) e uma exposição diária de 8 horas, tem uma dose diária de 200%, caso utilize-se um fator q = 3, que é o valor utilizado nos países europeus, para o mesmo Leq de 90 dB (A) e tempo de exposição diária de 8 horas, teremos uma dose diária de 317%. (NORONHA, 2007, p.9). Além da NR 15 existe a FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de segurança e medicina do trabalho, que é uma das entidades preocupadas com a segurança. Não possui poder de regulamentar e estipula critérios mais rígidos para a avaliação da exposição pessoal ao ruído. Ela recomenda, que de acordo com o valor constatado pela medição de ruído, sejam adotadas medidas para preservação auditiva dos trabalhadores. A tabela 1 apresenta estas medidas em função da dose (%) e como estes valores podem ser considerados tecnicamente (CREPPE e PORTO, 2001). Tabela 1: Critério de tomada de decisão (FUNDACENTRO) Dose - % Consideração técnica Atuação recomendada 0 – 50 Aceitável No mínimo manutenção da condição existente 50 – 80 Acima do nível de ação Adoção de medidas preventivas 80 – 100 Região de incerteza Adoção de medidas preventivas e corretivas Acima de 100 Acima do limite de exposição Adoção de medidas corretivas 2.6. Tempo de Reverberação O som em um ambiente fechado sofre sucessivas reflexões, interferindo no som original. Isto faz com que haja dificuldade no entendimento acústico. Uma variável importante a ser considerada numa sala é o tempo de reverberação (RT), que é o tempo necessário para que o som decaia de 60 dB a partir do valor inicial (BENJAMIN, 2002). Esta grandeza é importante, porque mede o tempo que ficamos ouvindo algo depois que a fonte foi desligada. O ideal é que o RT não tenha valor alto e nem baixo, mas sim dentro do recomendado. A expressão 7 indica o tempo de reverberação: RT (60) = 0,161 × V ∑ Si × α i (7) i onde: RT (60) é o tempo de reverberação em segundos; V é o volume do local dado m 3 ; S a área superficial em m 2 ; α é o coeficiente de absorção dos materiais em uma dada freqüência. 2.7. Norma Regulamentadora 15 (NR 15) Esta norma estabelece critérios para exposição de funcionários à condições insalubres no trabalho, para evitar que o indivíduo tenha comprometimento na sua saúde física e mental. 7 Segundo a NR 15, condição insalubre significa estar acima dos limites de tolerância para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto, exposição ao calor, radiações ionizantes, trabalhos em condições hiperbáricas, radiações não-ionizantes, vibrações, exposto a locais frios, exposto a local com umidade, exposição a poeiras minerais, agentes químicos, agentes biológicos. Segundo esta mesma norma: Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente - Ruído contínuo ou intermitente é aquele que não é de impacto. - Ruído contínuo ou intermitente, deve ser medido com um medidor de pressão sonora no modo de compensação “A”, em resposta lenta (SLOW) e deve estar próximo ao ouvido do trabalhador. - Não podem ser ultrapassados 115 dB (A) e nem os limites de tempo para cada intensidade, sem o uso de protetor auricular, correndo risco grave e iminente. Na tabela 2, está explicitado a máxima exposição diária permissível para cada nível de intensidade, considerando que o ruído seja contínuo ou intermitente. Tabela 2: Máxima Exposição Diária Permissível Nível de Ruído dB (A) Máxima Exposição Diária Permissível 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 98 100 102 104 105 8 horas 7 horas 6 horas 5 horas 4 horas e 30 minutos 4 horas 3 horas e 30 minutos 3 horas 2 horas e 40 minutos 2 horas e 15 minutos 2 horas 1 hora e 45 minutos 1 hora e 15 minutos 1 hora 45 minutos 35 minutos 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos Nota: O equipamento de proteção individual (EPI) é indicado para tempos e níveis superiores ao da tabela, segundo as normas trabalhistas. 8 2.8. Bandas de Freqüência O medidor do nível de pressão sonora fornece o valor da intensidade total do som daquele ambiente, de acordo com o tempo de medição. Como esse valor é único, não há informação de como a energia se comporta em cada freqüência. Muitos aparelhos de medição possuem o filtro passa – banda, como mostra a figura 3, e serve para fazer essa análise. Figura 3: Filtro passa – banda para análise do espectro de freqüências Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Largura_de_banda adaptado Os filtros passa – banda normalmente utilizados são filtros de 1/n oitava. Estes filtros se caracterizam pela freqüência central da banda (fc), pela freqüência de corte inferior da banda (f1), equação 8 e pela freqüência de corte superior da banda (f2), equação 9. A largura da banda dos filtros de 1/n oitava (∆f), é dada por ∆f = f2 – f1, equação 10. As freqüências centrais dos filtros adjacentes estão expressas na equação 11. As relações entre as freqüências características dos filtros de 1/n oitava são: • f1 = (2-1/2n)×fc; (8) • f2 = (21/2n)×fc; (9) • ∆f = f2 – f1 = (21/2n – 2-1/2n)×fc; (10) • fci+1 = (21/n)×fci; (11) Para a freqüência de 1kHz e banda de 1 oitava, fc = 1kHz e n = 1: f1 = 707 Hz, f2 = 1414 Hz, ∆f = 707 Hz e ∆f × 100% = 71% . fc Isto significa que a largura da banda é 707 Hz e representa 71% de 1kHz. Para a freqüência de 1kHz e banda de 1/3 oitava, fc = 1kHz e n = 3: f1 = 891 Hz, f2 = 1122Hz, ∆f = 231 Hz e ∆f × 100% = 23% . fc 9 Isto quer dizer que a largura da banda é 231 Hz e representa 23% de 1kHz. A largura da banda 1 oitava é três vezes maior que 1/3 oitava e à medida que fc aumenta a largura diminui. (BISTAFA, 2006, p.80) 3. METODOLOGIA As medições foram feitas nas sete principais bandas militares do Distrito Federal: Corpo de Bombeiros Militar, Batalhão da Guarda Presidencial, Força Aérea Brasileira, Grupamento de Fuzileiros Navais, Batalhão de Polícia do Exército, Polícia Militar, Regimento de Cavalaria e Guarda- RCG- Exército. Cada corporação tinha uma média de 40 músicos, que atuavam em torno de 3 horas por dia entre ensaios e apresentações para uma jornada de trabalho de 8 horas. Nestes locais foram medidos: tempo de reverberação e nível de pressão sonora equivalente. A partir destes foi calculado o nível de exposição diária, a dose percentual de ruído absorvida diariamente e o tempo máximo de exposição diária tolerado. Para coleta de dados foram utilizados três tripés, calibrador acústico, 2 medidores de pressão sonora (decibelímetro) da marca Minipa, modelo MSL 1352 A (Figura 4), 1 medidor de pressão sonora SIP 95 Tipo1, da 01dB, com filtros de oitava (Figura 5), 1 medidor de pressão sonora da marca SOLO (Figura 6) e protetores de vento. Os equipamentos foram ajustados com antecedência para gravar a cada 1 segundo, no modo de compensação A, em resposta lenta (SLOW), no intervalo 30 a 130 dB e com tempo de gravação de 10 minutos. Figura 4: Medidor do nível de pressão sonora da marca Minipa 10 Figura 5: Medidor do nível de pressão sonora SIP 95 Figura 6: Medidor do nível de pressão sonora SOLO Para calibrar, os equipamentos foram colocados na horizontal com o calibrador na ponta e em ambiente silencioso, o valor ajustado foi de 94 dB para o Minipa, o SIP e o SOLO. O tripé encaixado no medidor de pressão sonora foi colocado a uma altura correspondente ao ouvido dos músicos sentados, aproximadamente 1,20m. Inicialmente, colocou-se o SIP em um dos pontos da sala que representavam onde se localizavam melhor os músicos e longe dos instrumentos, e estourava-se um balão no local correspondente ao do maestro. Isso foi feito para três pontos diferentes da sala e servia para medir o tempo de reverberação (TR) daquele local. Esse procedimento foi feito com a sala vazia, conforme indica a NR-15. Para esse caso o aparelho foi ajustado para captar ruído impulsivo e calcular o TR, além dos outros ajustes já citados. E o programa utilizado para descarregar os dados foi o dBBATI, da 01dB. Utilizando os 2 medidores da marca Minipa simultaneamente, em 2 pontos que representavam melhor a posição dos músicos na sala, mediu-se o nível de pressão sonora de três músicas mais tocadas no meio militar durante ensaios e apresentações: Hino Nacional, Hino da instituição, Dobrado Batista de Melo. São exemplos de Hino da Instituição: Marinha - Cisne Branco, Exército - Canção do exército. Estas últimas 11 medidas também foram feitas, quando as músicas estavam sendo tocadas no ambiente externo e o medidor utilizado foi o mesmo. Utilizando o SIP e o SOLO ao mesmo tempo e em pontos que representam melhor a posição dos músicos, foi medido também o espectro de bandas de freqüência em 1/3 de oitava apenas no Batalhão de polícia do exército, pois como as intensidades são próximas basta medir em um local para se ter uma idéia dos outros. Esses dados foram colhidos com o mesmo procedimento que os demais. Foi aplicado o questionário, que foi elaborado por nós mesmo, para conhecer a opinião dos músicos e regentes, sobre o que sabem acerca dos danos que o ruído pode causar à saúde física e mental de quem está sujeito a ele. E também para fazer um levantamento dos sintomas que percebem relacionados a tal exposição. A quantidade de músicos que responderam o questionário foi 191, considerando as sete bandas militares. Destes, 99% são do sexo masculino e 1% do sexo feminino, estão na profissão em média há 14 anos. Quanto ao grau de escolaridade, estão no ensino fundamental, médio, superior e pós – graduação: 6,6%, 67%, 6,6% e 0,5% respectivamente. Todos esses procedimentos foram feitos nas sete bandas militares citadas. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para simplificar, representaremos as canções mais tocadas no meio militar por: (1) Hino Nacional, (2) Hino da instituição, (3) Dobrado Batista de Melo. E também: Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (banda 1), Batalhão da Guarda Presidencial ( banda 2), Força Aérea Brasileira ( banda 3), Grupamento de Fuzileiros Navais (banda 4), Batalhão de Polícia do Exército (banda 5), Polícia Militar do Distrito Federal (banda 6), Regimento de Cavalaria e Guarda – RCG (banda 7). 4.1. TABELAS PARA CADA BANDA ESPECÍFICA Da tabela 3 a tabela 9, estão expressos os níveis equivalentes de pressão sonora para cada tipo de música e para ensaios em local fechado e em ambiente aberto. O valor geral expressa a média logarítmica das três músicas. Tabela 3 - Nível Equivalente de Pressão Sonora em dB (A), da banda 1 Música Leq dB (A) - Interno Leq dB (A) - Externo 1 96,6 98,9 2 102,9 97,8 3 100,4 99,5 Geral 101,3 98,9 12 Na tabela 3, as medidas internas vão de 96,6 dB para a música 1 a 100,4 dB para a música 3. Externamente vai de 97,8 dB para a música 2 a 99,5 dB para a 3. Comparando as duas colunas, a da esquerda possui valores maiores, com exceção da música 1. No valor geral, isso também acontece. Tabela 4: Nível Equivalente de Pressão Sonora em dB (A), da banda 2 Música Leq dB (A) - Interno Leq dB (A) - Externo 1 101,4 98,1 2 104,9 98,1 3 103,6 97,4 Geral 103,3 98,9 Na tabela 4, as medidas internas vão de 101,4 dB (A) na música 1 a 104,9 dB (A) na 2 e externamente 97,4 dB(A) na música 3 e 98,1 dB(A) na 1 e 2. Comparando as 2 colunas, a que apresenta maior intensidade é a da esquerda. Tabela 5: Nível Equivalente de Pressão Sonora em dB (A), da banda 3 Música Leq dB (A) - Interno Leq dB (A) - Externo 1 105,3 105,5 2 101,4 107,0 3 103,9 110,5 Geral 104,1 106,8 Na tabela 5, as medidas internas vão de 101,4 dB (A) na música 2 a 105,3 dB (A) para a 1 e no ambiente externo, de 105,5 dB (A) para a 1º e 110,5 na 3º. A que apresenta maiores valores é a coluna da direita. Tabela 6: Nível Equivalente de Pressão Sonora em dB (A), da banda 4 Música Leq dB (A) - Interno Leq dB (A) - Externo 1 111,2 106,5 2 109,3 105,7 3 107,4 108,7 Geral 109,4 106,7 Na tabela 6, a medida interna foi de 107,4 dB (A) na música 3 a 111,2 dB(A) na 1 e no ambiente aberto foi de 105,7 dB(A) na música 2 a 108,7 dB(A) na 3. As maiores intensidades estão na coluna da esquerda, exceto na música 3. Tabela 7: Nível Equivalente de Pressão Sonora em dB (A), da banda 5 Música Leq dB (A) - Interno Leq dB (A) - Externo 1 104,3 97,3 2 108,8 99,4 3 109,4 101,8 Geral 107,4 99,4 13 Na tabela 7, os dados obtidos internamente vão de 104,3 dB (A) na música 1 a 109,4 dB (A) na música 3 e externamente de 97,3 dB(A) na música 1 a 101,8 dB (A) na 3. Os maiores valores obtidos estão na coluna da esquerda. Tabela 8: Nível Equivalente de Pressão Sonora em dB (A), da banda 6 Música Leq dB (A) - Interno Leq dB (A) - Externo 1 97,1 102,6 2 105,2 105,3 3 100,7 108,8 Geral 101,9 106,8 Na tabela 8, as intensidades obtidas internamente foram de 97,1 dB (A) na música 1 a 105,2 dB(A) na 2º e no ambiente externo foi de 102,6 dB(A) na música 1 a 108,8 dB(A) na música 3. Os maiores níveis estão na coluna da direita. Tabela 9: Nível Equivalente de Pressão Sonora em dB (A), da banda 7 Música Leq dB (A) - Interno Leq dB (A) - Externo 1 109,5 105,3 2 109,8 105,2 3 107,8 104,9 Geral 108,1 106,2 Na tabela 9, os valores coletados internamente vão de 107,8 dB (A) na música 3 a 109,8 dB (A) na música 2 e externamente vão de 104,9 dB(A) na música 3 a 105,3 dB(A) na 1. Os valores mais altos estão na coluna da esquerda. Nas sete tabelas analisadas a intensidade mínima foi 96,6 dB (A) e a máxima foi 111,2 dB (A). Considerando o valor geral, o mais elevado foi 109,4 dB (A) do ambiente interno da banda 4. Na maior parte dos dados o valor das medidas internas foram maiores, porque no ambiente fechado ocorre mais reflexões do som. Algumas vezes no ambiente externo a intensidade foi maior, uma explicação é que os músicos não estavam em local fechado então tocaram mais alto. 4.2. TABELAS E GRÁFICO PARA AS SETE BANDAS MILITARES JUNTAS Tabela 10: Nível Equivalente de Pressão Sonora em dB (A) Música B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 Média 1 98,0 100,1 105,4 109,5 102,1 100,7 107,9 105,2 2 101,1 102,7 105,0 107,9 106,3 105,3 108,1 105,8 3 100,0 101,5 108,3 108,1 107,1 106,4 106,6 106,3 Geral 99,9 101,5 106,5 108,6 105,6 104,7 107,5 105,7 14 A tabela 10 expõe a média logarítmica (interna e externa) para cada banda e a de todas juntas. Nas sete corporações os maiores valores encontrados em dB (A) foram: 101,1, 102,7, 108,3, 109,5, 107,1, 106,4 e 108,1 respectivamente para as músicas 2, 2, 3, 1, 3, 3, 2. Indicando que, individualmente a banda 4 toca a música 1 mais alta que todos os outros grupos. Para cada banda o valor geral em dB (A) foi: 99,9; 101,5; 106,5; 108,6; 105,6; 104,7 e 107,5, indicando maior nível para a banda 4. A média das sete bandas foi em dB(A): 105,2, 105,8, 106,3 e 105,7, mostrando que os valores estão muito próximos e elevados independendo da música tocada. Todas essas médias foram calculadas com o auxílio da equação 3. Tabela 11: Leq, nível de exposição diária Lexp, dose e tempo de exposição máximo Banda Leq dB (A) Lexp dB (A) Dose (%) Tt ( min.) 1 99,7 95,4 288 64 2 100,7 96,4 331 55 3 105,5 101,2 643 28 4 108,1 104,5 1076 20 5 103,4 99,1 481 37 6 104,3 100,0 545 33 7 107,2 102,9 814 22 De acordo com a tabela 11, na primeira coluna estão os níveis de pressão sonora equivalente (Leq), onde o nível mais elevado e o menor são 108,1 e 99,7 dB (A), correspondente à banda 4 e 1 respectivamente. Esses valores estão altos e acima de 85 dB (A), indicando a necessidade de que tenha um tempo máximo de exposição Tt (min.), como mostrado na última coluna. Observa-se que quanto maior o Leq menor o tempo máximo de exposição sem proteção auditiva. Para os níveis mais e menos elevado de intensidade sonora equivalente, os valores para o tempo máximo são 20 e 64 minutos, 104,5 e 95,4 dB (A) para o nível de exposição diária (Lexp) e 1076 e 288% para a dose, respectivamente. O máximo valor permitido para a dose é 100% e como se podem observar, todos estão acima deste limite. Uma vez que esses valores foram calculados para o tempo de exposição de 3 horas. De acordo com a FUNDACENTRO (1999) na tabela 1, para a dose todos podem ser classificados como acima do limite de exposição e deve-se fazer a adoção de medidas corretivas para diminuir esses valores. Considerando o tempo máximo mostrado na tabela, observa-se que os músicos estão expostos diariamente em um tempo muito maior que o recomendado, 3 horas. Tais dados mostram que estão em condições insalubres de trabalho. 15 Figura 7: Tempo de reverberação em segundos dos locais de ensaio A figura acima apresenta o tempo de reverberação (TR) em função de cada banda, para as freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. Os valores máximo e mínimo dos (TR) para as freqüências citadas foram: 1,32 e 0,45 segundos, 1,34 e 0,54 segundos, 1,25 e 0,47 segundos e 1,08 e 0,23 segundos, respectivamente. Que correspondem aos locais: 1 e 7, 1 e 2, 1 e 2 e 1 e 2, respectivamente. Em todas as freqüências, os valores mais elevados do TR são do local 1, significando que lá o som demora mais tempo para decair até 60 dB(A) e os menores são do local 2 para as 3 últimas freqüências. O tempo de reverberação depende do volume, da área do ambiente de ensaio e da absorção dos materiais, como já foi citado. A explicação para os maiores valores estarem no local 1, é que apresenta maior volume que os outros e os materiais que é feito a sala apresenta menor absorção. Para os valores mínimos, o volume é o menor e os materiais constituintes são mais absorvedores que os outros. Segundo a Sociedade Americana de Acústica (SEEP B, 2002), para 1000 Hz o tempo de reverberação deve ser de 0,6 a 1,2 segundos em locais de ensaios musicais. Apenas o local 1 está acima do recomendado com 1,34 segundos e o local 2 abaixo do valor com 0,54 segundos. 4.3. QUESTIONÁRIOS De acordo com a tabela 11 e 12, A, B, C, D e E significam: Concordo Totalmente, Concordo em Parte, Discordo Totalmente, Discordo em Parte e Sem Opinião, respectivamente. 16 Tabela 12: Opinião dos músicos sobre os danos á saúde que os ruídos podem causar Opinião Sobre... A B C D E 99,0 0,5 _ _ 0,5 No meu trabalho o barulho não é um fator de risco 78,5 4,2 10,0 6,3 1,0 O barulho pode provocar perda de capacidade auditiva 96,9 2,1 _ _ 1,0 Barulho muito alto pode ser perigoso para a saúde O barulho pode provocar dores de cabeça 94,8 5,2 _ _ _ O barulho pode provocar estresse 93,2 4,7 _ _ 2,1 O barulho pode provocar irritação 91,1 7,3 _ _ 1,6 O barulho pode provocar mau humor 85,3 11,5 _ 1,0 1,6 O barulho pode provocar indisposição 72,3 17,3 1,6 3,6 5,2 O barulho pode provocar distúrbios do sono 88,0 7,3 0,5 1,0 3,1 O barulho pode provocar perda de concentração 92,1 6,8 _ _ 1,0 O barulho pode provocar distúrbios cardiovasculares 64,9 17,3 _ 1,0 16,7 O barulho pode provocar distúrbios gastrointestinais 60,7 18,3 2,1 2,1 16,7 Na tabela acima quando questionados sobre o que o ruído pode causar: 99% acham que pode ser perigoso para a saúde, 78,5% não é um fator de risco, 96,9% perda de capacidade auditiva, 94,8% dores de cabeça, 93,2% estresse, 91,1% irritação, 85,3% mau humor, 72,3% indisposição, 88% distúrbios do sono, 92,1% perda de concentração, 64,9% distúrbios cardiovasculares, 60,7% distúrbios gastrointestinais. Com esses valores, percebe-se que bem mais da metade dos músicos está ciente dos efeitos nocivos que o alto nível de intensidade pode causar, com exceção do grupo de 78,5% que respondeu que no seu trabalho o barulho não é um fator de risco. Uma minoria não tem opinião, discorda em parte, discorda totalmente ou concorda em parte. Tabela 13: Sintomas acusados pelos músicos e regentes Até que ponto você concorda com as seguintes afirmações A B C D E A exposição ao barulho afetou minha saúde 71,7 19,4 5,8 2,6 0,5 Sinto que minha capacidade auditiva foi afetada 76,7 16,5 3,2 2,0 0,5 Sofro de dores de cabeça com freqüência 47,6 30,2 12,7 4,2 5,3 Frequentemente fico irritado sem motivo aparente 54,3 26,1 10,1 2,7 6,9 Sinto os sintomas de estresse 65,3 25,3 4,7 1,6 3,2 Fico de mau humor frequentemente 44,4 36,9 5,9 6,4 6,4 A qualidade de meu sono não é adequada 60,4 20,9 8,0 6,4 4,3 Frequentemente perco a concentração 59,7 26,3 7,0 4,3 2,7 Com freqüências os meus batimentos cardíacos são alterados 37,6 30,2 14,8 5,8 11,6 Frequentemente sofro com problemas de má digestão 41,5 21,3 20,7 6,4 10,1 Para conseguir ouvir bem aumento o volume da televisão 71,5 17,2 2,7 4,3 4,3 Após as apresentações e ensaios sinto um zumbido 71,7 18,2 3,2 3,2 3,7 Meus familiares dizem que ouço mal 59,6 21,3 7,4 4,3 7,4 Após as atividades ouço mal, mas depois recupero a audição. 47,1 26,2 8,6 7,5 10,7 17 De acordo com a tabela 12 sobre os sintomas percebidos pelos músicos e regentes: 71,7% afirmam que o ruído afetou sua saúde, 76,7% teve sua audição afetada, 47,6% tem dores de cabeça com freqüência, 54,3% ficam irritados com freqüência sem motivos aparente, 65,3% estresse, 44,4% tem mau humor com freqüência, 60,4% qualidade do sono não adequada, 59,7% com freqüência perde a concentração, 37,6% batimento cardíaco alterado, 41,5% problemas de má digestão, 71,5% tem que aumentar o volume da televisão, 71,7% zumbido após apresentação, 59,6% ouve mal, 47,1% ouve mal mas logo recupera a audição. A porcentagem mais alta foi 76,7%, onde o efeito é de prejuízo auditivo. A porcentagem menor foi 0,5%, aos quais não tem opinião se a audição foi afetada. A maior parte dos músicos e regentes sente os efeitos apresentados, necessitando urgentemente de medidas preventivas para que esses efeitos não se prolonguem ainda mais. Uma minoria diz que discordam totalmente desses efeitos. Nesses sintomas apresentados, não está descartada a hipótese de que outras atividades fora da banda tenham influenciado este resultado. 4.4. GRÁFICOS DO ESPECTRO DE FREQUÊNCIAS Tanto a figura 8 quanto a 9, expressam a intensidade equivalente das 3 músicas em função das bandas de freqüências. Ambas as medidas foram feitas na Polícia do Exército. Como pode ser observado, para cada freqüência central existem outras duas, uma de cada lado, mostrando que se trata de bandas de 1/3 de oitava. Como já foi explicado na revisão bibliográfica, para a freqüência de 1kHz a banda de 1 oitava tem largura de 707 Hz e a de 1/3 oitava 231 Hz, a segunda é o triplo da primeira. Propiciando maior número de dados e uma análise mais detalhada e precisa dos espectros. 18 #1 [Média] 100 25Hz 52.5dB 20 kHz 56.6dB 90 80 70 60 50 40 30 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k Figura 8: Espectro de Freqüências, medida 1 A figura 8 representa as medidas feitas com o medidor de pressão sonora SOLO. A freqüência de 63 Hz apresenta maior intensidade 95,7 dB e a de 25 Hz tem menor pressão sonora 55 dB. Considerando o nível de pressão sonora de todas essas freqüências, sem filtro ponderador, a intensidade foi de 99,7 dB(LINEAR) e com filtro A, a intensidade sonora equivalente foi 95,9 dB (A). #7 Hz;(dB[2.000e-05 Pa], POT) 12.5 67.7 20 k 66.2 110 105 100 95 90 85 80 75 70 65 60 16 31.5 63 125 250 500 1k 2k 4k 8k 16 k Figura 9:Espectro de Freqüências, medida 2 A figura 9 representa as medidas feitas com o SIP 95. A freqüência de 80 Hz é a que está com a maior intensidade 104,1 dB e a de 40 Hz tem a menor pressão sonora 64,7 dB. O valor para a intensidade de todas as freqüências, sem filtro ponderador é 110 dB e considerando o filtro A, o nível sonoro equivalente é 105,6 dB. 19 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos dados apresentados na tabela 11 e figura 7 sobre nível de pressão sonora equivalente, nível máximo de exposição diária, tempo de exposição máximo tolerado, dose e tempo de reverberação, que estão todos acima do limite, conclui-se que os músicos e regentes estão trabalhando em condições de insalubridade. Na tabela 12, os dados mostram que mais de 60% dos músicos estão cientes dos possíveis danos que o ruído pode causar. Na tabela 13 grande parte dos músicos afirmam que sentem os efeitos apresentados pela elevada exposição. Mas para efeito de providência a ser tomada, deve-se fazer um estudo mais detalhado para que se tenha certeza de que esses efeitos sejam causados exclusivamente pela banda. De acordo com esse quadro, algumas medidas podem ser adotadas para que esses sintomas não se tornem ainda mais graves e causem perda auditiva total e danos físicos e mentais: Exames audiométricos e de saúde periódicos; Em função do nível de ruído e do tempo de exposição, fazer o uso de protetor auditivo; Implementação de um programa de controle e preservação da qualidade de vida dos músicos e regentes; De acordo com a NR 15, item 15.2, o exercício de trabalho em condições de insalubridade, assegura ao trabalhador a percepção de adicional. 6. AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por ter me dado forças durante toda a faculdade. Agradeço aos meus pais pelo apoio moral e financeiro, aos meus familiares, ao Bento Marçal que me auxiliou nas medições, ao Cléber, aos técnicos do laboratório Cláudio e Márcio por sempre estarem com boa vontade de ajudar. Agradeço ao meu orientador Sérgio Luiz Garavelli pela paciência que teve em ler, reler meu trabalho e corrigir os erros. E também agradeço à Ariane e aos meus irmãos que leram meu trabalho, apontaram erros e corrigiram minha apresentação. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE I.A. Ana; RUSSO C.P., LIMA Ieda; L.L.T., OLIVEIRA Maria; C.S., Luiz. Avaliação auditiva em músicos de frevo e maracatu, Rev Bras Otorrinolaringol. V.68, n.5, 714-20. 2002. BENJAMIN Seep. et al. Acústica das salas de aula: um recurso para criar ambientes de aprendizado com condições desejáveis de audibilidade. Acústica e vibrações, 29: 2 – 22, 2002. 20 BISTAFA, S.R. Acústica aplicada ao controle de ruído, 1 ed. São Paulo, Brasil, Edgard Blucher, 2006, p.80. CREPPE, R. C.; PORTO, Luiz Gonzaga C. Utilização do dosímetro nas avaliações de Ruído Ocupacional. In: VIII Simpósio de Engenharia de Produção, 2001, Bauru. Anais do VIII Simpósio de Engenharia de Produção. FERNANDES, João Candido. Acústica e ruídos. UNESP – Faculdade de Engenharia. Bauru, São Paulo, 2002, p.104. – Apostila Disponível em <http://pessoas.feb.unesp.br/jcandido /graduacao/acustica-e-ruidos/ > Acesso em 19 nov. 2008 FUNDACENTRO. Avaliação da exposição ocupacional ao ruído. Norma de Higiene Ocupacional NHO 01, São Paulo, 1999. GERGES, S.N.Y. Ruído: fundamentos e controle, 2 ed. Florianópolis, Brasil, NR, 2000. LEE J. et al. Musicians noise exposure in orchestra pit. Applied Acoustics, 66, 919 – 931, 2005. MARQUES – FAVRE C.; PREMAT E. and AUBRÉE D. Noise and its Effects – A review on Quantitative Aspect of Sound. Part II: Noise and Annoyance, Acta Acustica, 91 626 – 642, 2005. MENDES, Maria Helena; MORATA, Thaís Catalani. Exposição profissional à música: uma revisão. Rev Soc Bras Fonoaudiol, 63-9,2007. NORMA REGULAMENTADORA – NR 15. Atividades e operações insalubres, Ministério do trabalho. NORONHA, E.H. Qualificação e quantificação dos níveis de ruído em ambientes laborais no distrito federal. 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