Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso

Propaganda
Instituto Educativo do Juncal
Psicologia B
DOENÇAS DEGENERATIVAS DO SISTEMA
NERVOSO
Docente:
António Miguel Trindade
Alunas:
Daniela Costa Louro nº 4_12ºA
Inês Louro dos Santos nº7_12ºA
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 4
NOÇÕES BÁSICAS DO SISTEMA NERVOSO .................................................................... 5
DOENÇAS DEGENERATIVAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL.............................. 9
ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM) .............................................................................................. 10
1.
CAUSAS ........................................................................................................................ 11
2.
SINTOMAS .................................................................................................................... 12
3.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO............................................................................. 13
4.
DADOS ESTATÍSTICOS............................................................................................. 13
ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA) ................................................................. 14
1.
CAUSAS ........................................................................................................................ 15
2.
SINTOMAS .................................................................................................................... 16
3.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO............................................................................. 17
4.
DADOS ESTATITICOS ............................................................................................... 19
5.
CURIOSIDADES .......................................................................................................... 20
ESCLEROSE TUBEROSA ..................................................................................................... 21
1.
CAUSAS ........................................................................................................................ 22
2.
SINTOMAS .................................................................................................................... 22
3.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO............................................................................. 23
4.
DADOS ESTATÍSTICOS............................................................................................. 24
5.
CURIOSIDADES .......................................................................................................... 24
SÍNDROME DE PARKINSON ................................................................................................ 25
1.
CAUSAS ........................................................................................................................ 26
2.
SINTOMAS .................................................................................................................... 27
3.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO............................................................................. 28
4.
DADOS ESTATÍSTICOS............................................................................................. 29
5.
CURIOSIDADES .......................................................................................................... 29
2
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
DOENÇA DE ALZHEIMER (DA) ............................................................................................ 30
1.
CAUSAS ........................................................................................................................ 31
2.
SINTOMAS .................................................................................................................... 32
3.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO............................................................................. 34
4.
DADOS ESTATÍSTICOS............................................................................................. 36
5.
CURIOSIDADES .......................................................................................................... 37
6.
QUESTÕES FILOSÓFICAS ....................................................................................... 38
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 40
WEBGRAFIA ............................................................................................................................. 41
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 43
3
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
INTRODUÇÃO
Sobre o tema doenças degenerativas do sistema nervoso escolhemos
desenvolver os nossos conhecimentos sobre vários tipos de Esclerose,
Síndrome de Parkinson e Doença de Alzheimer, pois são as que mais se
destacam.
A grande conquista do século XX foi o aumento da esperança média de
vida, traduzida num crescente da população idosa.
O envelhecimento populacional tem como consequência imediata um
aumento das doenças degenerativas do sistema nervoso com maior
prevalência nos idosos.
Estas
doenças
afectam
a
vida
do
doente,
incapacitando-o
progressivamente.
Achámos de todo o interesse conhecer as causas, sintomas e possíveis
tratamentos, para que de alguma forma pudéssemos contribuir para alertar a
sociedade sobre estas problemáticas doenças.
4
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
NOÇÕES BÁSICAS DO SISTEMA NERVOSO
 Neurónio
o Os neurónios são as células do sistema nervoso especializadas em
desencadear e transmitir o impulso nervoso.
o Num neurónio típico (fig.1) distingue-se:
 O corpo celular, onde se encontra o núcleo e o citoplasma, e que
se ramifica em dois tipos de prolongamentos, as dendrites e o axónio.
 As dendrites são os prolongamentos por onde entra o impulso
nervoso até o corpo celular.
 O axónio é o prolongamento que transmite o impulso nervoso desde
o corpo celular até outros neurónios ou outras partes do organismo.
o Os axónios encontram-se revestidos pela bainha de mielina, formada
pelo enrolamento das células de Shwann, em redor da fibra nervosa.
Esta bainha não é contínua, tendo interrupções, os nódulos de Ranvier.
o A transmissão de um impulso nervoso de um neurónio para outro
designa-se por sinapse (fig.2), que é desencadeada devido aos
neurotransmissores, que são substâncias químicas sintetizadas nos
neurónios, que têm a capacidade de modificar a permeabilidade da
membrana neuronal, permitindo a transmissão do impulso nervoso.
Dendrites
Núcleo
Sinapse
Bainha de mielina
Axónio
Célula de
Shwann
Nucléolo
Corpo
celular
Axónio
Fig.1 – esquema
de um neurónio
típico.
Nódulo de
Ranvier
Fig.2 – transmissão do
impulso nervoso – sinapse.
5
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
 O sistema nervoso (fig.3) subdivide-se:
o
Sistema nervoso central (SNC)
 Composto pelo encéfalo e pela espinal medula que são formados pela
substância branca (constituída pelas fibras nervosas cobertas de
mielina) e substância negra (constituída pelos corpos celulares).
 Como se trata de um sistema vital para o correcto funcionamento do
organismo, o encéfalo e a espinal medula encontram-se protegidos por
estruturas ósseas, cavidade craniana e vértebras da coluna vertebral,
respectivamente; e pelas meninges, que são três membranas (duramáter, aracnóide e pia-máter). O encéfalo e a espinal medula estão
assim protegidos de substâncias prejudiciais que podem estar
presentes no sangue e de traumatismos.
SNC (encéfalo e
espinal medula)
SNP (nervos motores
e sensoriais
Fig.3 – sistema nervoso
central e periférico.
6
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
 O encéfalo (fig. 4) é a porção superior do SNC e divide-se em cérebro,
cerebelo e tronco cerebral.
O cérebro é a zona mais volumosa do encéfalo. A zona mais
externa do cérebro é o córtex cerebral, composto por substância
negra (pars compacta). A zona interior do cérebro é composta por
substância branca. É no cérebro que é controlado todo o meio
interno, as funções voluntárias e involuntárias, onde são
elaboradas as respostas mais complexas e interpretadas as
sensações. É também no cérebro que se encontra a memória, a
inteligência e a consciência.
O cerebelo é formado por pars compacta e fica situado por baixo
do cérebro. É constituído por dois hemisférios cerebelosos unidos
por uma zona intermédia, o vérmix. O cerebelo é responsável pela
coordenação dos movimentos voluntários, pelo controlo do
equilíbrio e do tonos muscular1.
O tronco cerebral é constituído pelo mesencéfalo, pela
protuberância anular e pelo bolbo raquidiano. É composto
principalmente pelas fibras nervosas que sobem e descem do/para
o cérebro e cerebelo. Todas as subdivisões do tronco cerebral têm
uma estrutura semelhante: substância branca na parte externa e
substância negra em pequenas porções espalhadas por toda a
superfície. Além destas zonas o tronco cerebral contém a
formação reticular, uma mistura de substância branca e negra.
Protuberância anular
Bolbo raquidiano
1
Fig.4 – esquema da
constituição do encéfalo.
Contracção muscular que permite manter a postura corporal erecta e firme.
7
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011

Espinal Medula
Parte do SNC que se encontra no canal raquidiano da coluna
vertebral.
É da espinal medula que partem todos os nervos do organismo
que constituem o sistema nervoso periférico
A espinal medula apresenta os neurónios responsáveis pela
resposta automática (reflexos) e serve como órgão condutor da
informação nervosa.
o
Sistema nervoso periférico

É formado pelos nervos que se encontram fora do encéfalo
e da Espinal medula e gânglios.

O SNP divide-se em duas redes distintas:
Sistema Nervoso Somático/Cerebrospinal – encarregado
de ligar os receptores do corpo ao SNC, e, este com os
órgãos efectores, transmitindo sensações e respostas de
forma voluntária e consciente.
Sistema Nervoso Autónomo/Vegetativo – encarregado do
controlo do funcionamento do interior do organismo, sendo a
sua actividade inconsciente e involuntária.

Os nervos que constituem o SNP são formados por uma grande
quantidade de fibras nervosas, formadas pelos axónios dos
neurónios, cujos corpos celulares se localizam, segundo o tipo de
impulso que transmitem, na substância negra dos órgãos centrais
e nos gânglios situados fora dos órgãos centrais.
8
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
DOENÇAS DEGENERATIVAS DO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL
Existem vários factores que podem causar morte e degeneração celular.
Esses factores podem ser mutações genéticas, infecções virais, drogas
psicotrópicas, intoxicação por metais, poluição, etc. As doenças degenerativas
do sistema nervoso mais comuns são:
Esclerose Múltipla
Esclerose Lateral Amiotrófica
Esclerose Tuberosa
Síndrome de Parkinson
Doença de Alzheimer
9
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM)
A esclerose múltipla é uma doença crónica do sistema nervoso que afecta
os jovens e os adultos de meia-idade. Apenas nas últimas décadas passou a
ser melhor compreendida.
É uma doença auto-imune, o que significa que o sistema imunitário, que
normalmente defende o organismo contra corpos estranhos como vírus e
bactérias, reage contra o próprio corpo. Na EM, as células-T e os monócitos
(tipos especializados de leucócitos do sangue) atacam as bainhas de mielina
do sistema nervoso central – desmielinização.
Quando as bainhas de mielina que rodeiam os
nervos do cérebro e da espinal medula são lesionadas,
a função dos nervos fica afectada, uma vez que o
impulso
nervoso
passa
a
ser
transmitido
mais
lentamente. Esta destruição ocorre geralmente sob a
forma de placas (tecido endurecido) ou lesões na
substância branca do cérebro ou na espinal medula,
local onde se encontram os axónios.
10
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
1. CAUSAS
A causa para a esclerose múltipla ainda que não seja bem conhecida, pensa
tratar-se de uma reacção anormal do sistema imunitário contra o próprio
organismo
(doença
auto-imune),
com
destruição
da
mielina
por
autoanticorpos2.
Esta doença pode também estar relacionada com factores genéticos. O meio
ambiente pode também contribuir para o desenvolvimento da doença, pois a
doença é mais comum em zonas temperadas.
2
Anticorpos que reage contra o próprio organismo.
11
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
2. SINTOMAS
A doença evolui por surtos. Os primeiros sintomas da doença costumam
ocorrer entre os 20 e os 40, mais frequentemente por volta dos 30 anos de
idade. Embora não seja fatal, a EM compromete significativamente a qualidade
de vida dos pacientes, devido às inúmeras restrições que impõe.
Sintomas sensitivos
Alterações da sensibilidade (sintoma mais comum);
Distúrbios emocionais;
Diminuição da visão e da audição;
Visão dupla;
Tonturas;
Defeitos na pronúncia da linguagem;
Obstipação (incontinência fecal e urinária);
Sudorese intensa.
Sintomas motores (alterações na função muscular)
Fraqueza muscular (principal sintoma);
Marcha instável e lenta com tremores nas extremidades;
Movimentos rápidos e involuntários dos olhos;
Debilidade;
Rigidez;
Instabilidade;
Cansaço anormal;
Distúrbios e dores pelo corpo;
Fraqueza e perda da coordenação motora dos membros
superiores e inferiores;
Dificuldades em andar ou manter o equilíbrio, podendo
ocorrer perda da capacidade de andar.
12
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
3. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
O diagnóstico é feito a partir do conjunto de sinais e sintomas relacionados
com a EM, que necessitam de ser adequadamente interpretados pelo médico,
já que podem ocorrer noutras patologias. A observação de imagens de placas
degenerativas no sistema nervoso central, obtidas por tomografia e
ressonância magnética também contribuem para o diagnóstico.
Não existem ainda medidas eficientes de prevenção. A doença atinge jovens
e adultos, no auge da vida produtiva, limitando-os severamente ao longo dos
anos. Resta à família e aos pacientes procurar ajuda médica assim que forem
identificados sintomas que possam estar relacionados com a EM, como
alterações da marcha, da coordenação motora e diminuição da força muscular
sem causa aparente.
A cura também não foi ainda encontrada. Os doentes são encorajados a
adoptar uma perspectiva optimista e a levar uma vida tão activa quanto
permitirem as suas incapacidades.
Podem ser receitados fármacos para abreviar os sintomas de uma crise
aguda ou para controlar outros sintomas como a incontinência e a depressão.
A fisioterapia ajuda muitas vezes a fortalecer os músculos, e instrumentos
auxiliares podem ajudar os doentes a manter a mobilidade e uma relativa
autonomia.
O tratamento visa proporcionar conforto ao paciente e, ao mesmo tempo
torná-lo independente e produtivo.
4. DADOS ESTATÍSTICOS
Manifesta-se por volta dos 20 a 30 anos de idade e é mais frequente entre
as mulheres, em relação aos homens e, embora possa ocorrer em toda a
população, ocorre mais entre pessoas de origem caucasiana.
Os descendentes de pessoas afectadas têm oito vezes mais probabilidade
de contrair a doença.
13
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA)
A esclerose lateral amiotrófica (ou doença de Lou Gehrig) é uma doença
rara do sistema nervoso, que resulta de uma degeneração progressiva das
células nervosas do encéfalo e da espinal medula. É uma doença que pode ser
adquirida ou hereditária.
É uma doença que afecta os neurónios motores superiores (células
nervosas do cérebro) e os neurónios motores3 inferiores (células nervosas da
espinal medula), que controlam toda a actividade dos músculos responsáveis
pelos movimentos voluntários e involuntários.
Devido à morte dos neurónios, estes deixam de transmitir o impulso nervoso
para os músculos, o que leva a uma alteração na estrutura dos músculos e a
uma paralisia muscular progressiva.
Formas de esclerose lateral amiotrófica:
Forma espinal: afecta as células nervosas da região dorsal da
espinal medula. Afecta em primeiro lugar os nervos dos membros
superiores,
geralmente,
primeiro
é
afectado
um
dos
lados
e
posteriormente o outro.
Forma bulbar (forma mais agressiva de ELA): ataca as células
nervosas do tronco cerebral e os nervos cranianos que ligam o cérebro
aos vários órgãos. Os nervos afectados mais frequentemente são os
que comandam os músculos da língua, da face, da laringe e dos olhos.
3
Neurónios do SNC responsáveis pelos movimentos de contracção e relaxamento
muscular – movimentos voluntários.
14
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
Os pacientes com esclerose lateral amiotrófica, uma vez que não perdem
as suas capacidades intelectuais raramente ficam deprimidos. São pessoas
que procuram esclarecimento e novas possibilidades de tratamento para a
doença, e, principalmente, lutam constantemente pela dignidade de vida.
No entanto, como deixam de poder desenvolver todas as suas actividades
básicas do dia-a-dia, tornam-se dependentes de ajuda.
1. CAUSAS
As causas da esclerose lateral amiotrófica ainda não são bem conhecidas,
sabe-se que se trata de um processo de morte celular que afecta sobretudo os
neurónios motores. Embora se conheçam bem os mecanismos de morte
neuronal, permanece por descrever a razão primária que provoca a rápida e
progressiva morte neuronal.
A morte neuronal deve-se ao excesso de glutamina4 na fenda sináptica5,
obstruindo-a levando à morte dos neurónios motores. A glutamina é um
neurotransmissor, que após transmitir o impulso nervoso de um neurónio para
outro, deveria ser absorvida pelas proteínas da membrana celular. No entanto,
os pacientes com ELA produzem esta proteína muito escassamente, levando à
morte neuronal.
Existe a possibilidade de causas relacionadas com factores genéticos, com a
idade e a exposição a algumas substâncias do meio ambiente. Mas, a
princípio, não se conhece nenhum factor que predisponha à esclerose lateral
amniotrófica, nem como é possível prevenir o desenvolvimento da doença.
Experiências realizadas em ratos têm permitido entender melhor o porquê da
lesão das células nervosas. Pensa-se que a falta da proteína parvalbumina é a
principal causa de morte celular.
4
5
Aminoácido que actua como neurotransmissor.
Espaço entre as terminações nervosas onde ocorre a sinapse.
15
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
2. SINTOMAS
Os principais sintomas apresentados pelos doentes com esclerose lateral
amiotrófica são:
Fraqueza progressiva;
Atrofia muscular;
Diminuição da força muscular;
Cãibras musculares;
Tremor involuntário das mãos;
Perda de equilíbrio;
Fasciculação (pequena contracção involuntária e descoordenação
dos músculos)
Hiperreflexia (reflexos muito activos/reflexos exagerados)
Disartria (dificuldade de articular as palavras de maneira correcta)
Disfagia (dificuldade na deglutição – engolir a saliva e os
alimentos)
Perda de peso;
Paralisia da função respiratória, que poderão levar a queixas de
cansaço.
Os doentes perdem a capacidade de se vestir, alimentar, sentar, andar ou
simplesmente falar em muito pouco tempo, devido à progressão rápida da
doença.
Os neurónios sensoriais6 não são afectados, e, deste modo, a visão, a
audição, o olfacto, o paladar, e o tacto mantêm-se funcionais. Também as
funções intestinais e urinárias costumam permanecer normais. Os doentes de
esclerose lateral amniotrófica também não perdem as faculdades intelectuais e
a memória, assistindo a toda a progressão da doença e à deterioração das
suas capacidades funcionais de forma lúcida.
6
Neurónios que reagem a estímulos exteriores e que desencadeiam a reacção a esses estímulos.
16
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
3. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
A realização do diagnóstico deve ser feita o mais rapidamente possível,
devido à rápida evolução da doença. No entanto, a ELA quase nunca é
diagnosticada na sua fase inicial. Normalmente leva cerca de 10 a 11 meses
entre o aparecimento do primeiro sintoma e a confirmação do diagnóstico. Um
dos principais motivos pelo qual este processo é tão demorado é devido ao
escasso ou nulo conhecimento sobre a doença, por parte dos pacientes.
A ausência de um sintoma específico que facilita a identificação da doença
obriga os médicos a uma série de averiguações para o reconhecimento do
quadro clínico típico. Também é necessário eliminar a possibilidade de outras
doenças que apresentem semelhantes manifestações. Na realização do
diagnóstico, é necessário afastar-se a possibilidade de compressões
medulares7, seja por tumores da medula espinal ou patologias raquidianas,
miopatias8, atrofia por escoliose cervical9, disco intervertebral10 danificado,
malformações congénitas da coluna cervical e esclerose múltipla como causa
da atrofia muscular.
No diagnóstico são feitos exames, para confirmar dados clínicos:
Tomografia
Computorizada
ou
tomografia
axial
computorizada (TAC) – obtenção de uma imagem que representa o
encéfalo através do processamento por computador de informação
recolhida após expor o corpo a uma sucessão de raios X;
Ressonância Magnética (RM) Raquidemular e Encefálica;
Electroneuromiografia (ENMG), que consiste na análise
dos nervos e dos músculos;
Estudo do Líquido encefalorraquidiano
Para completar estes exames ainda são realizados exames de sangue, urina
e, muitas vezes, biópsia muscular.
7
Compressões da medula espinal e alteração da sua função normal.
Doenças musculares.
9
Desvio lateral da coluna vertebral.
10
Disco de cartilagem fibrosa presente entre as vértebras.
8
17
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
De modo a facilitar o diagnóstico clínico e o tratamento de ELA foi definido
um documento, de acordo com a Federação Mundial de Neurologia, em que o
diagnóstico clínico de ELA pode ser classificado em diferentes graus de
certeza, dependendo da presença de sinais de disfunção dos neurónios
motores superiores e inferiores na mesma região anatómica: tronco cerebral
(neurónios motores bulbares) e medula cervical, torácica e lombossacra
(neurónios motores do corno anterior).
Os termos “clinicamente definitiva” e “clinicamente provável” descrevem os
níveis de certeza, baseando-se somente em critérios clínicos.
Clinicamente definitiva: sinais de disfunção dos neurónios motores
superiores e inferiores em três regiões;
Clinicamente
provável:
evidência
clínica
de
disfunção
de
neurónios inferiores e de neurónios motores superiores em pelo menos
duas regiões;
Clinicamente provável com apoio laboratorial: sinais clínicos de
disfunção de neurónios motores inferiores e neurónios motores
superiores apenas numa região.
Actualmente não existe tratamento específico. Embora na última década
tenham sido verificados avanços significativos nas pesquisas sobre Esclerose
Lateral Amiotrófica, esta doença permanece sem cura ou eficaz tratamento
para combatê-la.
O único fármaco aprovado para tratamento de ELA, é o Rilutek, que
apresenta um preço muito elevado. Actualmente, o emprego do Rilutek tem
aumentado a sobrevivência de pacientes com ELA entre 3 a 5 meses, em
média. Este medicamento atenua a morte neuronal, diminuindo a produção de
glutamina e atrasando a altura em que é necessário utilizar o ventilador ou
efectuar uma traqueotomia11.
11
Procedimento cirúrgico no pescoço que estabelece um orifício artificial na traqueia, abaixo da laringe,
por onde o paciente passa a respirar.
18
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
O único tratamento que se faz aos pacientes com ELA é com o objectivo de
retardar e de se adaptar à realidade imposta pela doença, preocupando-se
manter a qualidade de vida dos pacientes. Para isso, recorre-se ao trabalho
multidisciplinar de profissionais de várias áreas:
Enfermagem
Fisioterapia: objectivo de prolongar a estabilidade da função
motora, flexibilidade e independência funcional do paciente. A actividade
auxilia na manutenção da amplitude articular, evita retracção dos
músculos e tendões e previne o surgimento de trombose venosa
profunda. Assim, reeduca-se a postura, aplicam-se alongamentos,
exercícios passivos, activos leves ou assistidos. O uso de cargas é
desaconselhado.
Foniatria:
fundamental
importância
em
decorrência
da
desintegração da comunicação oral. A criação de novas formas de
comunicação apresenta-se favorável para o paciente e para os que o
rodeiam. O paciente pode também demonstrar problemas na deglutição,
o que o contacto com o foniatra possibilita o desenvolvimento de
alternativos métodos de alimentação.
Nutrição: auxilia a família na melhor escolha e preparação de
alimentos. Em grande parte dos casos, o uso de sondas é inevitável.
Psicologia: muito importante quer para o paciente quer para os
seus familiares.
4. DADOS ESTATITICOS
O aparecimento desta doença verifica-se com maior percentagem em
pessoas do sexo masculino, entre os 55 e 60 anos.
A ELA é uma doença rara, com uma incidência de 1 a 3 casos por 100 000
indivíduos por ano.
Entre 5 a 10% dos casos de ELA são hereditários, com herança
autossómica dominante.
19
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
5. CURIOSIDADES
Alguns factores de risco, que aumentam a possibilidade de desenvolver
ELA:
Pertencer ao sexo masculino (de acordo com as estatísticas a
ELA afecta maioritariamente os homens);
Desempenhar actividade física intensa;
Ter sofrido algum tipo de trauma mecânico;
Ter sido vítima de choque eléctrico.
Os pacientes tendem a consultar, em média, três ou quatro especialistas até
chegar a um profissional de neurologia. Em geral, ortopedistas são os primeiros
a serem procurados. Este tempo pode pôr em causa o diagnóstico.
É uma doença que se inicia, normalmente, depois dos 50 anos, progredindo
rapidamente e, em média, após um percurso de três a seis anos é fatal,
geralmente associada a uma falência respiratória. Apesar de actualmente já
estarem disponíveis meios para compensar a falência respiratória e, deste
modo, auxiliar os doentes a não estarem em sofrimento respiratório,
esporadicamente acontece uma complicação que provoca a morte.
O cantor Zeca Afonso foi vítima de esclerose lateral amiotrófica.
Stephen Hawking, grande físico, sofre actualmente com esta doença.
Encontra-se actualmente paralisado numa cadeira de rodas.
20
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
ESCLEROSE TUBEROSA
A Esclerose Tuberosa (ET) é uma doença genética rara caracterizada pelo
crescimento
de
tumores
benignos
em
vários
sistemas
de
órgãos,
principalmente o cérebro, os rins, o coração, os olhos, os pulmões e a pele. O
crescimento de tumores benignos nas várias partes do corpo perturba o seu
funcionamento normal.
A Esclerose tuberosa é herdada de uma linha autossómica12 dominante,
causada por uma troca ou alteração particular num gene (mutação genética).
As proteínas que são afectadas devido às mutações são a hamartina e a
tuberina, que têm como função o controlo do crescimento celular e divisão
celular. Daqui resulta uma perda do controlo do crescimento das células e da
sua divisão celular, levando consequentemente à formação de tumores.
No caso de o crescimento dos tumores benignos se verificar no cérebro, isto
levará a um descontrolo ao nível dos neurónios, comprometendo todo o
funcionamento do organismo.
A ET é uma doença que começa a manifestar-se logo em crianças, devido à
sua causa genética.
Ao primeiro sinal de depressão apresentado pela criança, os pais devem
acolher a criança e encaminhá-la a um profissional o mais rápido possível. Na
maioria das vezes, o apoio da família e a psicoterapia são suficientes. Só a
partir dos 6 anos de idade, é que é necessário, em alguns casos, intervir com
medicamentos. A depressão infantil desencadeia várias outras doenças tais
como: anorexia, bulimia, entre outras.
12
Linha autossómica – pares de cromossomas não sexuais.
21
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
1. CAUSAS
A esclerose tuberosa tem como causa o aparecimento de tumores
benignos (divisão descontrolada de tipos de células em locais que não é
normal serem encontradas).
O aparecimento destes tumores tem uma causa genética, devido a
mutações que ocorrem ao nível da formação das proteínas hamartina e
tuberina.
2. SINTOMAS
Os principais sintomas da Esclerose Tuberosa são o aparecimento de
tumores benignos em um ou mais sistemas de órgãos, sendo o sistema
nervoso central, a retina, a pele, o coração e os rins os mais comuns de serem
afectados.
A Esclerose Tuberosa aparece no sistema nervoso central através de
tumores benignos e nódulos, apresentando várias manifestações físicas, que
evoluem com o progredir da doença:
Hamartia (tecido mal formado)
Hamartomas
(crescimento
de
tumores
benignos)
Hamartoblastomas cancerosas
Os sintomas variam bastante de paciente para paciente, sendo os mais
comuns:
Crises epilépticas;
Deficiência Mental;
Convulsões de difícil controlo;
Ataque apopléctico, isto é a formação de um coágulo num
dos vasos sanguíneos cerebrais;
Problemas de comportamento (agressividade, explosões
de comportamento);
22
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
Dificuldades de aprendizagem, classificada em vários
graus, desde moderado a profundo;
Alguns indivíduos afectados atingem os critérios do
diagnóstico para autismo;
Q.I. baixo, associado com uma maior área do cérebro
afectado;
Aparecimento de manchas brancas na pele.
3. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Para a realização do diagnóstico a primeira pista é a presença de ataques
apoplécticos, atraso no desenvolvimento ou manchas brancas na pele.
Um diagnóstico clínico, para constatação e acompanhamento da ET,
envolve várias etapas:
Levantamento do histórico familiar;
Exame da pele (debaixo das máculas hipomelanóticas, ou seja,
das manchas brancas da pele), dos dedos do pé, da face, e da boca
(covas dentais e fibroma gingival);
Realização de exames genéticos do Cariótipo;
Tomografia craniana computorizada;
Ressonância Magnética Nuclear;
Craniografia.
Existe uma larga variedade de mutações que conduzem à esclerose
tuberosa, não existindo, ainda, nenhum teste genético simples disponível para
identificar casos novos, nem existe qualquer marcador bioquímico para
detectar os defeitos do gene.
23
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
No entanto, a uma pessoa que seja diagnosticada clinicamente esclerose
tuberosa, a mutação genética pode normalmente ser detectada. Embora seja
um processo demorado e com um risco de fracasso de 15%, caso seja
detectada a mutação essas informações poderão ser utilizadas para identificar
familiares afectados, incluindo o diagnóstico pré-natal.
O tratamento para a esclerose tuberosa não é ainda conhecido actualmente.
No entanto já se encontra em fase de desenvolvimento uma terapia
medicamentosa para algumas das manifestações da esclerose tuberosa.
4. DADOS ESTATÍSTICOS
Normalmente, os tumores benignos ou nódulos aparecem antes dos 20 anos
de idade do paciente.
A deficiência mental pode estar ausente em cerca de 30% dos casos;
As convulsões de difícil controlo aparecem em cerca de 80% dos casos,
começando antes dos 5 anos de idade.
5. CURIOSIDADES
A mutação responsável pela esclerose tuberosa dá-se ao nível dos
cromossomas 9 e 16.
24
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
SÍNDROME DE PARKINSON
A principal forma da Síndrome de Parkinson é a doença de Parkinson que é
uma doença que afecta, principalmente indivíduos de meia-idade. É
caracterizada pela disfunção ou morte dos neurónios produtores de dopamina
no sistema nervoso central. O local mais importante de degeneração celular é a
substância negra presente na base do mesencéfalo, que é responsável pela
produção do neurotransmissor dopamina. No entanto, com o avançar da
doença outras regiões para além da substância negra podem ser afectadas,
levando por isso a anormalidades na produção de outros neurotransmissores
(serotonina, acetilcolina e noroadrenalina).
As zonas afectadas na doença de Parkinson têm funções de controlo motor,
ou seja, controlam movimentos inconscientes (movimento dos músculos da
face ou das pernas quando o indivíduo está de pé), ficando por isso os
movimentos do paciente comprometidos.
Para além da doença de Parkinson existem ouros tipos de parkinsonismo,
menos comuns, como por exemplo o parkinsonismo genético. Os doentes
portadores desta doença apresentam mutações nos genes de parkina e
alfanucleina. Sendo as consequências desta doença semelhantes à doença de
Parkinson.
25
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
1. CAUSAS
A doença de Parkinson é idiopática, ou seja, é uma doença que na grande
maioria dos casos, não apresenta causas específicas. Alguns especialistas
dizem que esta doença pode estar relacionada com o envelhecimento, que leva
à degeneração dos neurónios. No entanto sabe-se que muitos dos casos
devem-se à degeneração ou morte dos neurónios responsáveis pela produção
de dopamina.
No entanto existem outros tipos de parkinsonismo em que as causas são
conhecidas:
Parkinsonismo
relacionadas
com
a
genético:
mutação
de
as
suas
genes
causas
responsáveis
estão
pela
codificação de algumas proteínas (enzimas) responsáveis pela
degradação de outras proteínas.
Parkinsonismos secundários: têm como causa outras
doenças degenerativas ou a exposição a algumas substâncias
tóxicas, factores que poderão levar à degeneração/morte dos
neurónios.
Doenças tal como encefalite, doença de Wilson ou doença de Huntington13
podem levar à síndrome de Parkinson.
13
Doença de Huntington: Começa a manifestar-se por volta dos 40 anos de idade. A
pessoa perde progressivamente a coordenação dos movimentos voluntários, a
capacidade intelectual e a memória. Esta doença é causada pela morte dos neurónios do
corpo estriado. Pode ser hereditária, causada por uma mutação genética.
26
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
2. SINTOMAS
Os principais sintomas da Doença de Parkinson são:
Rigidez
dos
músculos,
que
aumenta
progressivamente. Esta rigidez poderá em alguns pacientes
conduzir a uma sensação de dor, principalmente nos braços
e ombros.
Tremor, que principalmente se começa por sentir apenas
num dos lados do corpo. É mais pronunciado com as extremidades
em repouso interferindo com algumas acções como segurar um
copo.
Bradicinesia
(lentidão
dos
movimentos),
que
é
caracterizada por um atraso em iniciar os movimentos, causados
pela demora do cérebro em transmitir as instruções necessárias às
partes apropriadas do corpo. E quando as instruções são recebidas,
o corpo responde lentamente.
Este é o sinal mais utilizado para distinguir a doença de Parkinson de outras
alterações
motoras.
Corresponde
a
uma
lentidão
dos
movimentos,
especialmente os automáticos, havendo uma pobreza geral da movimentação.
Instabilidade postural:
o Tendência progressiva a inclinar-se para a frente com perda de
equilíbrio, obrigando-o a dar pequenos passos rápidos arrastando os
pés;
o Perda de reflexos posturais.
Para além destes, o doente pode apresentar outros sintomas, tais como
expressão inexpressiva e voz pouco modelada.
27
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
3. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
O diagnóstico é feito pelos sintomas e sinais que o paciente apresenta e
pelo exame clínico que o médio realiza.
Infelizmente não há nenhum tipo de exame complementar que confirme o
diagnóstico.
Exames de tomografia ou ressonância servem para afastar alguma dúvida
quanto à possibilidade de diagnóstico de outras doenças que podem ser
confundidas com a Doença de Parkinson.
A doença de Parkinson e outras variantes primárias, após diagnosticadas,
são irreversíveis, fatais e não existe cura nem tratamento efectivo para esta
doença. Com a ajuda da família e a organização de uma assistência médicosocial diversificada é possível retardar a progressão da doença utilizando
várias medidas terapêuticas que podem proporcionar a melhoria e alívio dos
sintomas.
Nem todos os doentes necessitam de
medicamentos, estes estão
reservados para aqueles cujos sintomas são muito intensos e de grande
influência negativa na sua vida diária.
Nem todos os indivíduos reagem da mesma forma à medicação, é
necessário tempo e paciência para se alcançar a dose para o indivíduo em
causa. Por vezes, não se consegue aliviar todos os sintomas por completo.
Existem alguns casos que são resolvidos com operação ainda que muito
reduzidos. O tratamento cirúrgico é indicado para controlar alguns sintomas,
como tremores ou rigidez muscular.
28
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
4. DADOS ESTATÍSTICOS
A prevalência da SP é estimada em cerca de 85 a 187 casos por 100.000
habitantes.
A faixa etária mais afectada situa-se entre os 50 e 70 anos, com o pico aos
60 anos.
A incidência em homens é ligeiramente maior que em mulheres (3:2).
5. CURIOSIDADES
O papa João Paulo II sofreu da doença de Parkinson.
29
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
DOENÇA DE ALZHEIMER (DA)
A Doença de Alzheimer é progressivamente incapacitante. A característica
principal da doença é a morte de neurónios no cérebro.
A nível molecular, a doença de Alzheimer é uma doença caracterizada pela
morte dos neurónios associada à acumulação e deposição cerebral de dois
tipos de aglomerados proteicos (beta-amilóide, que se encontra fora das
células, e as tranças que se encontram dentro dos neurónios e são formadas
pela proteína tau). Estes aglomerados proteicos estão associados à doença,
pelo que muita da investigação se tem focado no seu estudo, e em formas de
evitar a sua formação.
As fábricas de energia (mitocôndrias) das células parecem ter o seu
funcionamento alterado na doença de Alzheimer. Se por um lado, isto leva à
falta de energia nos neurónios, comprometendo o seu funcionamento, leva
também ao chamado stress oxidativo, pela acumulação de espécies reactivas
de oxigénio, que, como o nome indica, reagem com, e danificam, moléculas
importantes nas células.
Outro aspecto importante na doença consiste no aumento dos processos
inflamatórios no cérebro, resultantes da activação excessiva de alguns tipos de
células. Estas células desempenham um papel importante no cérebro pois
produzem substâncias necessárias para o normal funcionamento dos
neurónios. Se forem activadas em demasia, deixam de desempenhar a sua
função normal e levam a processos inflamatórios crónicos que acabam por
contribuir para a morte neuronal. A massa cerebral passa a sofrer uma
redução.
Nas fases mais avançadas da doença, a perda neuronal é muito mais severa
e afecta regiões corticais especializadas em funções nobres, como a
linguagem, o cálculo, a orientação no espaço, a capacidade de organização e
decisão…
30
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
A doença de Alzheimer não afecta apenas os doentes, mas também todos
os que os rodeiam e os que deles cuidam.
É uma doença muito relacionada com a idade, afectando pessoas com mais
de 50 anos.
Não se entenda contudo que a DA representa uma consequência inevitável
do envelhecimento – há múltiplos exemplos de centenários que mantêm um
bom desempenho intelectual.
1. CAUSAS
As causas da doença de Alzheimer ainda não são conhecidas, identificandose como principal factor a idade.
Todas as causas ainda são consideradas hipóteses. Por esta razão, não
existe uma prevenção possível para esta doença.
No entanto, é aceite pela comunidade científica que se trata de uma doença
geneticamente determinada, embora não seja necessariamente hereditária.
Isto é, não implica que se transmita entre familiares, nomeadamente de pais
para filhos.
A prevenção é um assunto que interessa a todos, comunidade científica e
sociedade em geral. A doença de Alzheimer tem origem não só em factores de
índole genética, mas também educacional e cultural, cuja inter-relação é ainda
mal conhecida e entendida, dificultando a sua prevenção. Múltiplos estudos
indicam que uma maior estimulação cognitiva, hábitos de vida saudável, a
actividade física e o controlo dos factores de risco vascular (hipertensão arterial
e diabetes) podem ser determinantes para um envelhecimento saudável.
31
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
2. SINTOMAS
Caracteriza-se por uma deterioração psíquica grave, acompanhada de
sintomas
neurológicos
focais,
desorientando
a
pessoa
que
perde
progressivamente a memória, as capacidades de aprender e de falar.
Quando falamos de Doença de Alzheimer pensamos em problemas de
memória
e
desempenho
funcional.
Pensamos
em
pessoas
idosas,
incapacitadas e dependentes. A realidade, porém, é muito mais do que isso.
Os doentes mantêm as suas memórias e relações familiares mais antigas e
esquecem mensagens, acontecimentos triviais ou importantes do dia-a-dia,
relações temporais, ou o conhecimento dos elementos mais novos da família.
A perda gradual de memória, de capacidades e de autonomia tem
consequências devastadoras pelo grau de dependência que geram e que se
torna total nos estádios mais avançados. A comunicação do diagnóstico,
quando existe, é geralmente tardia e feita numa fase avançada da doença, o
que dificulta o acesso a todos os benefícios de algumas formas de intervenção,
como a medicamentosa.
Cérebro
saudável
Cérebro de
paciente com
Alzheimer
32
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
No princípio da doença, observam-se inicialmente pequenos esquecimentos,
perdas de memória, normalmente aceites pelos familiares como parte do
processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente.
Segue-se a perda progressiva de outras capacidades intelectuais (ex.
orientação,
cálculo, linguagem).
A
estas manifestações
associa-se
a
incapacidade crescente no desempenho das actividades da vida diária – desde
as actividades instrumentais (ex. incapacidade para usar electrodomésticos,
esquecimento de obrigações e pagamentos), até às pequenas tarefas básicas
como o vestir ou a higiene pessoal – tornando o doente cada vez mais
dependente da ajuda de outra pessoa.
Os doentes acabam por não reconhecer os rostos dos próprios familiares e
até os seus quando colocados frente a um espelho, ficam incontinentes e
acabam, quase sempre, acamados.
Nas fases mais avançadas, os pacientes tornam-se confusos e são
frequentes as alterações da personalidade, do comportamento (agitação,
agressividade) e do sono.
Existem então comportamentos observáveis, como agitação, agressão,
deambulação, perturbações do sono, do comportamento alimentar e sexual,
mas também sintomas psicológicos experienciados pelo próprio indivíduo,
depressão, ansiedade, delírios e alucinações.
33
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
3. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
O diagnóstico precoce permite:
Identificar causas que se manifestam por alterações do
comportamento, da memória ou da comunicação.
Reduzir a incerteza sobre o diagnóstico e que doentes e
familiares
comecem
automaticamente
a
lidar
com
a
situação,
a
quanto possível nesta fase da
viver
tão
doença, e
aproveitem para realizar projectos que estavam há muito planeados
para um futuro mais distante.
Encaminhar precocemente para consultas de outras
especialidades ou centros de apoio onde a família tenha um
acompanhamento diferenciado mais adequado.
Avaliar as necessidades individuais ou da família como um
todo, face aos seus contextos social, familiar, laboral.
Reduzir riscos (de acidentes, de maus-tratos, de prejuízos
económicos/materiais, de exaustão).
Diminuir a prevalência dos sintomas.
Prevenir crises (fornecendo ao doente e à família
informação útil sobre o que esperar em cada fase da doença).
Garantir o apoio de profissionais de saúde que podem
facultar informação à família (como lidar com as crises e viver o diaa-dia, preservar a autonomia possível do doente e dos seus
cuidadores), o que pode permitir ao doente viver com dignidade,
desde as fases mais iniciais.
Planear o futuro (deixar o doente, em conjunto com a sua
família decidir atempadamente onde e como será cuidado nas fases
mais avançadas da doença; adaptação da residência ou mudança de
casa para outra mais adequada ou mais próxima de familiares que
no futuro possam prestar apoio; escolher um instituição de
acolhimento caso seja essa a opção; nomear um gestor de bens
pessoais).
34
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
O diagnóstico da Doença de Alzheimer, na prática clínica, implica a escuta
atenta do que é dito, uma avaliação multidimensional clínica do doente no
consultório e inicia-se por uma avaliação dos sintomas, através de uma história
clínica completa. O diagnóstico clínico provável (definitivo só com estudos de
cérebro) tem mais dois passos obrigatórios – a realização de um estudo formal
de capacidades cognitivas (Estudo Neuropsicológico) e a exclusão, por
imagens de laboratório, de outras doenças que também podem causar
demência (múltiplos enfartes cerebrais, por exemplo).
Os testes neuropsicológicos avaliam as funções cognitivas (a memória, a
linguagem, o cálculo, etc.) e permitem confirmar e actualizar a perda
intelectual. Esses testes estão normalizados ou aferidos (têm pontuações que
se consideram normais para determinada idade e escolaridade), permitindo
verificar se um indivíduo perdeu capacidades.
Para diagnosticar a doença, pode-se recorrer ainda a dois tipos de exames:
Ressonância
magnética:
imagem
detalhada
da
estrutura
cerebral.
TAC: revelam a diminuição do volume do cérebro.
Não havendo ainda um tratamento eficaz, que consiga evitar ou reverter o
processo degenerativo, a doença segue um curso irreversível. É possível
contudo minimizar alguns problemas com as terapêuticas já disponíveis e há
boas expectativas de que a situação se possa alterar num futuro próximo.
35
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
A terapia é iniciada assim que o paciente reporte diminuição da qualidade de
vida devido aos sintomas.
Portanto, deve-se ter alguns cuidados especiais, tais como:
Cuidados de acompanhamento e de assistência social, tanto ao
doente como aos familiares.
Manter a vítima bem alimentada, bem exercitada e ocupada para
aliviar a ansiedade do doente.
Medicamentos tranquilizantes podem melhorar o comportamento
difícil do doente e ajudá-lo a dormir. As intervenções farmacológicas não
provocam uma melhoria nos sintomas cognitivos, apenas atrasam.
4. DADOS ESTATÍSTICOS
A doença de Alzheimer (DA) é responsável por cerca de 2/3 das demências
na população mais idosa.
A prevalência da doença de Alzheimer aumenta exponencialmente a partir
dos 65 anos, atingindo cerca de 50% das pessoas com mais de 85 anos. A
cada 70 segundos, uma pessoa desenvolve Alzheimer.
A Doença de Alzheimer (DA) afecta cerca de 70 mil portugueses, geralmente
os mais idosos e poderá duplicar nos próximos 20 anos. No mundo existem
muitos milhões de pessoas com DA. Partindo desta realidade e a manter-se o
envelhecimento demográfico, podemos facilmente concluir que o problema
tenderá a aumentar. Alguns estudos estimam que em 2050 o número de
doentes possa quadruplicar, anunciando-se como a epidemia para o século
XXI.
Das fases iniciais até ao diagnóstico do doente passam-se, em média,
muitos meses e por vezes anos, com múltiplos recursos aos serviços de saúde
ou, pelo contrário, sem que o doente ou os seus familiares valorizem a doença.
36
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
A perda de memória é uma das queixas que mais frequentemente (88%)
leva alguém a procurar um médico por suspeita de doença de Alzheimer.
Algumas outras queixas, como alterações comportamentais (51%), a
dificuldade em realizar tarefas habituais (49%), a alteração da personalidade
(39%) e a depressão (37%), podem também levar um doente ou um familiar
preocupado a procurar orientação clínica.
Os cuidados a prestar são por vezes extenuantes e chegam a ocupar 10
horas diárias. No entanto, não existe estatuto para os cuidadores familiares,
que se vêem assim obrigados a conciliar esta tarefa com a sua própria vida.
O impacto social e económico é enorme gerando a nível europeu custos de
mais de 55 biliões de Euros/ano.
A estimativa média de vida para os pacientes situa-se entre os 2 e os 15
anos, embora actualmente muitos pacientes sobrevivam por mais tempo.
5. CURIOSIDADES
A doença de Alzheimer constitui uma causa crescente de mortalidade em
todo o Mundo, a par do aumento da esperança de vida da população. Portugal
não é excepção.
Em Portugal, vários grupos de investigação têm feito contribuições
importantes para o esclarecimento das causas e para o desenvolvimento de
possíveis terapêuticas. Estes grupos não fazem só investigação fundamental
em organismos modelo, no laboratório, mas também investigação científica,
nos doentes de Alzheimer. É desta combinação, chamada investigação de
translação, que se espera que possam surgir os tão desejados avanços.
Pela incapacidade que provoca e a mortalidade acrescida que lhe está
associada, a doença de Alzheimer é hoje em dia considerada como um
importante problema de saúde pública e uma das mais temidas pela
população.
37
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
6. QUESTÕES FILOSÓFICAS
Será justo que sejam gastas anualmente quantias de dinheiro tão
elevadas nesta doença, visto que os doentes de Alzheimer têm uma
duração de vida entre os 2 e os 15 anos?
A população mundial tem vindo a assistir a um aumento progressivo da
esperança média de vida, resultante da combinação entre as melhorias de
cuidados de higiene e novas e mais eficazes terapêuticas.
Portugal tem acompanhado esta tendência, como seria de esperar, sendo
evidente um “envelhecimento” da população, que resulta também do facto de
se ter verificado uma acentuada quebra na taxa de natalidade. Várias doenças,
ditas do envelhecimento, têm emergido, abalando as actuais estruturas de
saúde pública em diversos países.
O dinheiro gasto anualmente é um problema prioritário de Saúde Pública.
Tal como o parlamento europeu recomendou, para além do apoio à
investigação, é preciso que cada estado membro desenvolva uma rede de
cuidados adequados para estes doentes.
Existem muitas pessoas que morrem por motivos de muito mais fácil e
menos dispendiosa resolução. Existem também crianças que morrem de
doenças ou de fome, que nem chegam a alcançar metade do tempo de vida
que os portadores de Alzheimer tiveram a oportunidade de viver.
Contudo, todos têm direito a viver o máximo de tempo possível. Assim, por
acharmos a quantia gasta demasiado elevada, pensamos que uma boa medida
para resolver este difícil problema ético seria os ministros da saúde dos países
com maior prevalência da Doença de Alzheimer acordarem um valor (não tão
elevado) para ser gasto em investigação e tratamento.
38
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
Quem irá ocupar o lugar de prestador de cuidados?
Poderemos assistir, a curto ou a médio prazo, à exaustão do modelo em que
os cuidadores são, em regra, familiares, uma vez que os potenciais cuidadores
estarão também em idade avançada e a carecer de cuidados.
Resta planear o envelhecimento e responder à necessidade de cuidadores
profissionais que possam garantir a continuidade do trabalho dos familiares.
Num país que se debate com a baixa qualificação, a criação de novas
categorias de profissionais representa uma necessidade.
39
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
CONCLUSÃO
Com a realização deste trabalho podemos concluir que no sistema
nervoso podem existir vários tipos de doenças como por exemplo
esclerose (vários tipos), Parkinson e Alzheimer.
Estas doenças atacam fortemente o sistema nervoso e podem levar a
distúrbios mentais, as pessoas perdem a capacidade de aprender e de
falar, como é o caso do Alzheimer. Noutros casos as pessoas apresentam
movimentos lentos, rigidez corporal, tremor incontrolável o que se verifica
na doença do Parkinson. Estas doenças são muito complexas e exigem o
respectivo tratamento.
Gostámos de realizar o trabalho, uma vez que ainda não tínhamos
falado sobre este tema pelo qual tínhamos alguma curiosidade e pouco
conhecimento.
40
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
WEBGRAFIA
Http://autoimunes.blogspot.com/2009/03/esclerose-multipla.html
Http://pt.wikipedia.org/wiki/Parkinsonismo
Http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?153
Http://emedix.uol.com.br/doe/reu012_1g_esclerosesist.php
Http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/doencas/
doencas+reumaticas/drs.htm
Http://www.apurologia.pt/acta/4-2007/esclerosetuberosa.pdf
Http://www.chc.min-saude.pt/servicos/Genetica/esclerosetuberosa.htm
Http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/cienciasnaturais/
ciencias_trab/doencassistnervoso.htm
Http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Doen%C3%A7as+Neur
odegenerativas&lang=3
Http://www.webciencia.com/11_29disturbios.htm
Http://pt.wikipedia.org/wiki/Parkinsonismo
Http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080725165707AAtElvu
Http://www.cafeesaude.com.br/cafeesaude/doencas_neuro.htm
Http://sistemanervoso2010.blogspot.com/2010/03/doencas-degenerativas-dosistema.html
Http://www.labormed-sso.com.br/lab_news_artigo6.htm
Http://www.manualmerck.net/?id=95&cn=887
Http://www.tudosobreela.com.br/abrela/portaria.html
Http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_glut%C3%A2mico
41
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
Http://pt.wikipedia.org/wiki/Mal_de_Alzheimer
Http://www.minsaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/doencas/doencas+degenera
tivas/oqueeadoencadealzheimer.htm
42
Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso
2010 / 2011
BIBLIOGRAFIA
(2005) A Evolução do Homem; O Cérebro, Lisboa, Planeta deAgostini
DIAS, Alexandra; MIRANDA, Antonieta (2000), Era uma vez o Corpo Humano;
O cérebro, Lisboa, Planeta de Agostini
DIAS, Alexandra; MIRANDA, Antonieta (2000), Era uma vez o Corpo Humano;
A Saúde Mental I, Lisboa, Planeta de Agostini
DIAS, Alexandra P; MIRANDA, Antonieta (2000), Era uma vez o Corpo
Humano; A Saúde Mental II, Lisboa, Planeta de Agostini
BRITES, Manuela Lisboa (2006), Manual de Apoio ao Estudante Anatomia,
Matosinhos: Quidnovi
BRITES, Manuela Lisboa (2006), Manual de Apoio ao Estudante Fisiologia,
Matosinhos: Quidnovi
GRAHAM, Nick (2002), HUMAN BODY, Lisboa: Dinalivro
DAVIDSON, Sue; MORGAN, Ben (2002), Human Body Revealed, Barcelos:
Civilização
ROCA, Núria; SERRANO, Marta (1999), El Sistema Nervioso – Nuestro
Proceso de Datos, Barcelona: Parrámon
BARROSO, Eduardo (2001), Guia prático saúde de A-Z volume 1, Rio de
Mouro: Abril/Controljornal
BARROSO, Eduardo (2001), Guia prático saúde de A-Z volume 2, Rio de
Mouro: Abril/Controljornal
BARROSO, Eduardo (2001), Guia prático saúde de A-Z volume 5, Rio de
Mouro: Abril/Controljornal
43
Download