o cultivo de plantas medicinais orgânicas como recurso para o

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ISBN 978-85-8015-076-6
Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O CULTIVO DE PLANTAS MEDICINAIS ORGÂNICAS COMO
RECURSO PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS
José Amanso Oliveira Santos¹
Marli Aparecida Defani²
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi despertar nos alunos que compõem o público alvo o interesse para o
cultivo correto das plantas medicinais e os cuidados com a preservação ambiental para que as mesmas não
sejam contaminadas com nenhum tipo de produto químico tóxico. As plantas medicinais produzidas
organicamente são hoje utilizadas para manipulação pela indústria química de medicamentos, sendo as
mesmas livres de qualquer tipo de produto químico, em especial os agrotóxicos. O conceito de ervas ou plantas
medicinais trata de vegetais com algum tipo de substância que tem ação ativa para agir contra vários tipos de
doenças. Na visão histórica, sabe-se que há uma dependência do homem ao longo dos milênios, em buscar
nas plantas os efeitos positivos contra várias doenças. O cultivo correto exige cuidados especiais, sendo
também da mesma qualidade a secagem, o empacotamento, a disposição e a validade. Este tema é de
extrema importância para a saúde em qualquer parte do mundo, e, em especial para as classes com menores
condições aquisitivas que muitas vezes as utilizam para elaborar seus chás na tentativa de sanar seus
problemas de saúde. Motivo pelo qual o assunto foi escolhido para ser trabalhado com os alunos do 7º ano do
Ensino Fundamental do Colégio Estadual José Luiz Gori - Ensino Fundamental e Médio do Município de
Mandaguari, visando ampliar os conhecimentos sobre plantas medicinais orgânicas, mediante atividades
diversificadas, não só em conteúdo, mas também com atividades práticas, visto ser necessário formar novas
gerações com a visão de desenvolvimento sustentável em todas as atividades realizadas no meio ambiente,
principalmente na produção destinada ao tratamento da saúde.
Palavras-Chave: Plantas medicinais; Cultivo orgânico; Atividades terapêuticas; 7º ano do Ensino Fundamental.
INTRODUÇÃO
O mundo assiste a uma reformulação na correção de vida, isto porque valores
naturais e ecológicos retomam com grande força, não só na determinação de novos
preceitos, mas também em todas as áreas do conhecimento científico e da vida
prática (CORRÊA JUNIOR, MING E SCHEFFER, 1994).
Produtos de boa qualidade, isentos de agrotóxicos, são hoje uma das
principais exigências na alimentação da população mais esclarecida, que procura
uma vida mais saudável e os produtos originários de plantas medicinais têm
ocupado um espaço cada vez maior na terapêutica, evitando, assim, uso de
medicamentos sintéticos (CORRÊA JUNIOR, MING E SCHEFFER, 1994).
_______________________________
¹Professor PDE, Bacharel em Ciências e Matemática, Especialista em Ens. da Matemática e G.
Escolar. Vinculado ao Colégio Estadual José Luiz Gori, Mandaguari Pr.
E-Mail,
[email protected]
²Professora Orientadora, Doutora em Ciências Biológicas, Marli Aparecida Defani. Vinculada a UEM,
Universidade Estadual de Maringá, Maringá Pr. E-mail, [email protected]
O valor terapêutico da grande variedade de plantas que se encontra em todas
as partes do mundo de acordo com a variação climática, o solo, a topografia, foi
responsável ao longo dos milênios para oferecer ao homem o que ele necessitava
para garantir sua saúde e sua vida.
Para melhorar suas próprias condições de vida, o homem sempre buscou na
natureza os recursos necessários, não só utilizando as plantas como alimento, mas
também como matéria-prima para confecção de roupas, ferramentas, combustíveis
para fogo, armas de caça, em busca de sua sobrevivência.
Segundo Bevilacqua (2010) o homem percebeu que as plantas poderiam
também curar, fazer bem ao organismo. O uso de plantas para tratar de doenças é
tão antigo quanto a própria humanidade.
O Brasil tem ampla diversidade étnica e cultural, com valioso conhecimento
tradicional relacionado ao uso de plantas medicinais usadas na cura ou prevenção
de doenças, e tem recebido maior atenção dos órgãos oficiais da saúde (BRASIL,
2007).
Vê-se, portanto, a necessidade de cultivar plantas medicinais orgânicas de
acordo com os padrões agronômicos corretos, buscando garantir sua qualidade e
produtividade, pois as mesmas manipuladas ou industrializadas são colocadas a
serviço da medicina para o tratamento da maior variedade possível de doenças.
Reveste-se de importância fundamental o cultivo de plantas medicinais,
aromáticas e condimentares, pois é ele que vai suprir a necessidade de demanda
dessas plantas, que seguramente serão identificadas botanicamente, e de boa
qualidade, para serem usadas com grande eficácia, na cura de muitas doenças
(CORRÊA JUNIOR, MING E SCHEFFER, 1994).
Objetiva este estudo realizado com alunos do 7º ano do ensino fundamental
do Colégio Estadual José Luiz Gori - Ens. Fund. e Médio, do Município de
Mandaguari, despertar o interesse para o cultivo correto das plantas medicinais
como também os cuidados com a preservação ambiental para não ocorrer
contaminação com produtos químicos.
PROBLEMA / PROBLEMATIZAÇÃO
Tendo em vista o avanço tecnológico surge a preocupação em resgatar a
importância dos recursos naturais de forma contextualizada e promover vivências
que resgatem valores, e em especial a qualidade das plantas medicinais, visto a
facilidade de acesso, baixo custo e o resgate de nossa cultura, portanto se
questiona:

Para
que
uma
planta
seja
considerada
orgânica
quais
as
recomendações a seguir?

É importante a escolha do local para o cultivo, como: tipo de solo,
época adequada de plantio, clima e exigências da planta?

Que cuidados são necessários com relação à coleta das plantas, para
não comprometer a qualidade da preparação fitoterápica?

Porque é importante conhecer os efeitos das plantas medicinais?
OBJETIVO GERAL
Despertar nos alunos o interesse para o cultivo correto de plantas medicinais
e os cuidados com a preservação ambiental.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar o que são plantas medicinais, tomando como referência o
seu conceito e sua história;

Despertar o aluno para a preservação do meio ambiente;

Conhecer o cultivo de plantas medicinais orgânicas, discutindo sua
importância para a saúde das pessoas;

Cultivar, no colégio, uma pequena horta com plantas medicinais
orgânicas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Histórico das plantas medicinais
Segundo Di Stasi e Hiruma - Lima (2002, p.18), o homem sempre buscou na natureza
recursos para sua sobrevivência. “O conhecimento popular é decorrente de dezenas,
centenas, ou mesmo milhares de anos que as plantas medicinais integram esse novo
momento de ação sobre os ecossistemas”.
Com relação a isto, colocam Teske e Trentini:
A fitoterapia, ou terapia pelas plantas, era conhecida e praticada pelas antigas
civilizações. Pode-se afirmar que o hábito de recorrer às virtudes curativas de
certos vegetais é uma das primeiras manifestações do esforço do homem para
compreender e utilizar a natureza (TESKE E TRENTINI, 1995, p.1).
De acordo com estas autoras é admirável que todas as civilizações, em todos
os continentes, tenham desenvolvido pesquisas sobre as virtudes das plantas para
fins alimentícios, medicinais e cosméticos, sendo que esse conjunto de
conhecimentos tenha subsistido por milênios em todos os países, tanto
desenvolvidos como em desenvolvimento, as plantas medicinais são utilizadas. Nos
primeiros, as plantas não só constituem matérias-primas para a produção industrial
de derivados químicos puros, mas, como nos países em desenvolvimento, fazem
parte de extratos ou compostos fitoterápicos utilizados no tratamento das mais
diversas enfermidades (TESKE E TRENTINI, 1995, p.1).
Conforme Corrêa Júnior, Ming e Scheffer (1994), os egípcios também faziam uso
das plantas medicinais, fato este comprovado por inscrições encontradas em tumbas e
pirâmides. Os mortos eram embalados com preparos à base de plantas medicinais e
aromáticas. Já na Europa os druidas e curandeiros da idade Média mantinham segredo da
formulação de poções curativas, feitas à base de plantas medicinais.
Em diversas partes do continente africano são os inúmeros rituais em que as
plantas estão presentes. Destaca-se a sua importância na preparação de banhos, bebidas,
rituais e remédios (CAMARGO, 1988).
No Brasil, antes mesmo de seu descobrimento, os índios utilizavam plantas
medicinais para se curarem das doenças, fazer corantes e ajudar na pesca, e
muito do conhecimento dessas plantas devemos às informações e ao saber que
essas populações passaram de geração a geração (CORRÊA JUNIOR, MING E
SCHEFFER, 1994, p. 3).
O mundo assiste hoje a uma reformulação na correção de vida. Valores naturais e
ecológicos retomam com grande força, na determinação de novos preceitos, em todas as
áreas do conhecimento científico e da vida prática, com isto o cultivo de plantas medicinais,
aromáticas e condimentares reveste-se de importância fundamental, pois é ele que vai
suprir a necessidade de demanda dessas plantas, seguramente identificadas
botanicamente, e de boa qualidade (CORRÊA JUNIOR, MING E SCHEFFER, 1994).
Mas quanto a sua qualidade a maioria das plantas medicinais utilizadas pela
população são nativas, crescendo espontaneamente nas mais diferentes formações
vegetais do País. A coleta indiscriminada dessas plantas nativas pode levá-las à extinção.
Essa atividade, feita normalmente por leigos, além da possibilidade de depredação do
patrimônio genético vegetal, aumenta a possibilidade de engano do material coletado, com
espécies vegetais trocadas (CORRÊA JUNIOR, MING E SCHEFFER, 1994).
Por estas razões é preciso alertar as pessoas para o perigo da confusão com os
nomes populares das plantas. O nome erva de “são-joão”, é comum a muitas plantas, e é
também chamada de Hipérico, famoso mundialmente porque combate a depressão, o
nome científico é Hipperycum perforatum L. (Hypericaceae), natural da América do Norte,
rara no Brasil, onde foi apelidada de “erva-de-são-joão”. Mas em nosso país, riquíssimo em
diversidade vegetal, ocorre outras espécies com este mesmo nome. Vale aqui destacar o
“mentrasto” (Ageratum conyzoide L.- Asteraceae) de ação analgésica, anti-inflamatória,
antirreumática, contra cólicas, de ação comprovada nos casos de artrose. E, o que é pior
ainda confundirem com “cipó-de-são-joão” (Pyrostegia venusta Ker Gawl. Miers –
Bignoniácea), planta de ação tônica, anti-diarréica, cujas flores maceradas em álcool
combate vitiligo e outras manchas da pele. Ambas não contém a substância antidepressiva
hypericina, portanto, nada tem a ver com o hipérico (KORBES, 2007).
A saída mais segura é fazer o cultivo das plantas medicinais, aromáticas e
condimentares em áreas especificas para isso, dentro de padrões agronômicos
requeridos, buscando melhorar a produtividade e qualidade do material produzido, de
forma a garantir a qualidade fitoquímica e farmacológica das matérias-primas para a
produção de fitoterápicos eficazes (CORRÊA JUNIOR, MING E SCHEFFER, 1994,
p. 5).
Dentre os cuidados destinados ao cultivo adequado de plantas medicinais, deve-se
ter capacidade para a escolha do ambiente onde as plantações serão desenvolvidas. O
problema de contaminação não se encontra apenas no modo de preparar o solo e
combater possíveis pragas. O isolamento do local a ser ocupado por estas plantas deve
considerar também a distância de indústrias ou outras atividades com a variedade de
cultivares que exterminam suas pragas com fortes agrotóxicos que podem contaminar o
solo com o ar e a água levando os produtos defensivos ao local escolhido para o cultivo de
plantas medicinais (SILVA et al., 1995).
Pois a planta alimenta-se quase exclusivamente pelas raízes, que também são
responsáveis por sua fixação. Daí se conclui que, quando maior a expansão radicular,
conforme a característica da espécie, maior a capacidade de absorver nutrientes e
consequentemente de se desenvolver e de produzir. Alertamos para o fato que, quanto
mais intenso for o uso de máquinas e equipamentos, excesso de preparo, etc. Tanto mais
prejudicial será para a fertilidade do solo, pois poderão ocorrer perdas por erosão, morte de
microrganismo, formação de “pé-de-grande”, desestruturação do solo. Estes efeitos são
minorados pelo manejo correto do solo. Desta forma recomendamos o preparo do solo
pelo método convencional ou cultivo mínimo, obedecendo as características próprias da
unidade produtiva (topografia, índice pluviométrico, etc.), assim como a infraestrutura
existente, seguindo as práticas conservacionistas recomendadas (CORRÊA JUNIOR,
MING E SCHEFFER, 1994).
Por isto deve-se fazer a análise do solo que deve ser uma das primeiras medidas a
serem tomadas, quando se pretende iniciar o cultivo de qualquer espécie vegetal. “Quando
necessário, faz-se a correção do solo tendo por objetivo corrigir a acidez do solo e fornecer
nutrientes” (CORRÊA JUNIOR, MING E SCHEFFER, 1994, p. 40).
Deve-se levar em conta se a área oferece as melhores condições de semeadura ou
transplante. Para semeadura, o preparo deve ser cuidadoso, para favorecer uma
germinação uniforme e elevada. Para o transplante, sulcos ou covas adequados atendem à
instalação do cultivo já nas espécies de semeadura direta na área definitiva, a adubação
pode ser feita em área total a lanço. Já naquelas espécies em que o plantio é feito em
sulcos ou covas, a adubação pode ser localizada (RIBEIRO E DINIZ, 2008).
Quanto ao uso de adubos por se tratar de um plantio orgânico o adubo também
deve ser orgânico.
Adubo orgânico é todo produto proveniente da decomposição de resíduos de
origem vegetal, animal, urbano ou industrial, que apresente elevados teores de
componentes orgânicos-compostos de carbono degradáveis – e que vai constituir
a parte orgânica do solo – o húmus (CORRÊA JUNIOR, MING E SCHEFFER,
1994, p. 41).
Durante a coleta a concentração de princípios ativos pode variar em função do
momento do dia em que se procede à coleta, principalmente quando se trata de folhas e
flores, as quais devem ser coletadas nas primeiras horas da manhã, ou após as 16 horas,
evitando-se a coleta após o pôr - do – sol e em períodos noturno, ao amanhecer e em dias
chuvosos que resulta em plantas com elevada quantidade de água e menor concentração
de princípios ativos (SILVA et al, 1995).
Em geral, os cuidados destinados ao cultivo de plantas medicinais não se referem
apenas à insalubridade do solo fornecer nutrientes e coleta, mas também da preservação
de espécies em risco de extinção.
No uso adequado das plantas medicinais a mesma traz uma série de benefícios
para a saúde da população combatendo diversas doenças.
Um grande trabalho que vem trazendo grandes resultados na saúde é realizado
através da Pastoral da Criança e da Saúde que utiliza de um manual de receitas com
plantas medicinais, cujo qual encontra - se além de receitas recomendações no preparo
das mesmas.
Informações simples que faz toda diferença como o tipo ideal de vasilhame podendo
ser de porcelana, vidro ou esmalte, em seu preparo. Dicas de coleta como; As cascas
devem ser colhidas antes da floração; As folhas devem ser coletadas antes da floração; As
flores no início da floração; Os frutos antes da maturação e muitas outras informações
(SCHRAM E SANTOS, 2005).
Pode-se com isso concluir que é interessante formar as novas gerações com a visão de
desenvolvimento sustentável em todas as atividades no meio ambiente. É ainda mais
necessário ter este cuidado na produção e preservação de plantas medicinais destinadas ao
tratamento da saúde.
De acordo com a Resolução – RDC nº 14, de 31 de Março de 2010, que possui o
objetivo de estabelecer os requisitos mínimos para o registro de medicamentos fitoterápicos,
são considerados medicamentos fitoterápicos os obtidos com emprego exclusivo de matériasprimas ativas vegetais, cuja eficácia e segurança são validadas por meio de levantamentos
etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas ou evidências clinicas
(BRASIL, 2010).
Os medicamentos fitoterápicos são caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos
riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade, não se
considera medicamento fitoterápico aquele que inclui na sua composição substâncias ativas
isoladas, sintéticas ou naturais, nem as associações dessas com extratos vegetais, para efeito
desta Resolução são adotadas as seguintes definições (BRASIL, 2010):
Derivado vegetal: produto da extração da planta medicinal in natura ou da droga
vegetal, podendo ocorrer na forma de extrato, tintura, alcoolatura, óleo fixo e volátil, cera,
exsudato e outros;
Droga vegetal: planta medicinal, ou suas partes, que contenham as substâncias, ou
classes de substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após processos de coleta,
estabilização, quando aplicável, e secagem, podendo estar na forma integra, rasurada, triturada
ou pulverizada;
Fitocomplexo: substâncias originadas no metabolismo primário e/ou secundário
responsáveis, em conjunto, pelos efeitos biológicos de uma planta medicinal ou de seus
derivados;
Planta medicinal: espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos
terapêuticos.
Apesar de regulamentado, o emprego terapêutico de plantas medicinais no
Brasil, não é prática exclusiva da medicina científica, pois, embora existam normas
que garantam a qualidade dos fitoterápicos, estas nem sempre são cumpridas,
podendo gerar fraude dos produtos, o que justifica a necessidade dos estudos que
caracterizem as drogas vegetais, para obtenção desta qualidade (SILVA et al, 1995).
ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
O projeto foi implantado no Colégio Estadual José Luiz Gori e foi aplicado com
o objetivo de instigar o aluno para que o mesmo se conscientizasse sobre a
importância e como se deve proceder ao cultivo de plantas medicinais, o cultivo
orgânico e a preservação do meio ambiente e o não uso dos agrotóxicos e o quanto
é prejudicial à saúde. Neste contexto visitamos uma propriedade certificada pela
certificadora Ecocert, e que segue a Lei 10.831 de 12/2003 para cultivos orgânicos.
De acordo as normas toda propriedade que deseja cultivar vegetais orgânicos
deve ser certificada, para isto a propriedade passa por vários processos e vistorias
de técnicos que estão ligados a organismos ou certificadoras reconhecidas
oficialmente, segundo critérios estabelecidos em regulamento. Após a propriedade
se estabelecer e manter as normas editadas pelo Ministério da Agricultura, a
certificadora emite o selo que identifica que os produtos cultivados na propriedade
têm a garantia de que são produtos orgânicos.
Abordamos no início o que são orgânicos, sua qualidade e por fim as plantas
medicinais através de leitura, vídeo, palestra e visitas. Todas as atividades
ocorreram de acordo com o exposto no Quadro 1.
Quadro 1- Atividades Implementadas no Colégio Estadual José Luiz Gori.
ATIVIDADES
Apresentação a equipe pedagógica e direção do material didático pedagógico que
tem por objetivo transmitir as informações corretas sobre plantas medicinais, ou
seja, o cultivo de maneira orgânica e o que são plantas medicinais.
Preparação e organização do material didático para a implementação do Projeto no
Colégio.
Um breve relato por parte dos alunos mostrando os conhecimentos adquiridos no
convívio do dia a dia em relação a alimentação com orgânicos, plantio, e
conhecimentos de plantas medicinais.
Apresentação de cartilha mostrando a importância dos orgânicos no cultivo e na
alimentação, esta apresentação será realizada na sala de informática onde os
alunos acessaram online a mesma.
Resolução de exercícios.
Apresentação de cartilha mostrando a importância da qualidade no cultivo orgânico,
esta apresentação será realizada na sala de informática onde os alunos acessaram
online a mesma.
Resolução de exercícios.
Projeção de vídeo mostrando uma propriedade com cultivo orgânico.
Debate em relação ao vídeo apresentado, elaboração de relatórios em relação ao
vídeo.
Apresentação do Histórico e do Conceito de Plantas Medicinais.
Pesquisa de algumas plantas medicinais.
Apresentação de um vídeo de uma propriedade com diversas plantas medicinais.
Debate em relação ao vídeo apresentado, relatório desenvolvido pelos alunos em
relação ao vídeo apresentado.
Preparo de material para visita, crachá de identificação e pasta para anotação.
Elaboração do projeto de execução de uma horta orgânica na dependência da
escola e escolha do terreno.
Debate em relação à expectativa da visita de campo a ser realizada em propriedade
de cultivo de plantas medicinais e elaboração de relatório.
Preparação e organização da palestra.
Palestra sobre plantio orgânico e plantas medicinais: Palestrante Senhor Lauro
Wittmann.
Escolha, aquisição e transporte das mudas.
Aula de campo visita a uma propriedade com cultivo orgânico de plantas medicinais.
Limpeza do terreno, preparo do solo e adubação com adubo orgânico para plantio
de uma horta orgânica. Colocação dos palanques para cercar a horta.
Plantio das plantas medicinais orgânicas selecionadas.
Carpindo, limpando e irrigando a horta.
Monitoramento e acompanhamento das plantas em forma de visita (Cada aluno
acompanhou a muda que o mesmo plantou).
Visita à horta e conclusão final através de fotos, e preparo de exposição na escola.
Exposição dos trabalhos pelos alunos a comunidade escolar.
Fonte: Dados do Quadro da Implementação do Projeto no Colégio, PDE 2013 a 2014.
Ao retornarmos ao Colégio, após a visita na propriedade de cultivares de
plantas medicinais orgânicas do Senhor Lauro Wittmann, começamos a preparar a
horta. Os alunos escolheram o terreno, acompanharam a limpeza do solo e o
preparo do mesmo, sendo propiciado aos alunos o conhecimento e a utilização de
alguns recursos tecnológicos, tais como micro pá (Bob Cat.), micro trator (Trato rito)
subsolador e se efetua o preparo do solo e a adubação orgânica. Logo em seguida
iniciamos o plantio de trinta espécies de plantas medicinais sendo que cada aluno
ficou encarregado de fazer o plantio de uma muda concluindo assim a formação da
horta.
Por fim, os alunos realizaram também montagem de mural com as atividades
realizadas, e apresentaram à comunidade escolar.
RESULTADOS
Os alunos foram participativos e alguns demonstraram o conhecimento de
algumas plantas medicinais por intermédio dos avós e relataram também sobre o
uso das mesmas, havendo, assim, momentos de diálogo e troca de conhecimentos.
Questionaram sobre os conteúdos trabalhados, discutindo sobre os
conhecimentos adquiridos, o uso das plantas medicinais e os cuidados necessários
para com as mesmas, apresentando dados relativos ao uso de agrotóxicos e os
males trazidos pelo uso dos mesmos. Foi uma discussão que demonstrou não só o
interesse pelos conteúdos, mas também para o uso dos medicamentos e o perigo do
uso indiscriminado de certos produtos. A turma foi muito participativa em todas as
atividades, demonstrando mais interesse nas atividades práticas. A palestra foi
realizada no dia oito de maio de 2014 (FOTO 01, 02).
O senhor Lauro fez uma explanação sobre como preparar a terra, escolher as
mudas a serem plantadas, como também sobre o perigo do uso de agrotóxicos
reforçando assim o que já havia sido trabalhado em sala, também falou da utilização
da adubação orgânica, que não pode ser aleatoriamente, mas ser selecionado o que
for melhor e propício para o preparo da terra e que deve ser cuidadosamente
aplicado, que para tudo existe técnica propícia.
Os resultados foram excelentes e a participação e interesse demonstrados
pelos alunos foi instigador, pois fizeram vários questionamentos, a fim de sanar
dúvidas e para obter melhores conhecimentos e esclarecimentos.
Foto 01: Palestra do Sr. Lauro Wittmann, direcionada aos alunos, sobre Cultivares de Plantas
Medicinais e Cultivo Orgânico.
Fonte: Santos, José Amanso Oliveira.
Foto 02: Alunos assistindo a Palestra do Sr. Lauro Wittmann, sobre Cultivares de Plantas Medicinais e
Cultivo Orgânico.
Fonte: Santos, José Amanso Oliveira.
Visita à propriedade de cultivares de plantas medicinais orgânicas do Sr.
Lauro Wittmann (FOTOS 03, 04, 05), no dia quinze de maio de 2014, marcado pela
curiosidade e alegria de estarem participando e adquirindo conhecimento na prática
podendo visualizar e tocar tudo aquilo que viram em sala de aula nas atividades
teóricas.
Foto 03: Chegada do grupo de alunos participantes do projeto a propriedade do Sr. Lauro Wittmann.
Fonte: Santos, José Amanso Oliveira.
Foto 04: Alunos acompanhando as explicações do Sr. Lauro Wittmann. Em relação as Plantas
Medicinais.
Fonte: Santos, José Amanso Oliveira.
Foto 05: Grupo de alunos participantes do projeto, em visita à Propriedade de Cultivares de Plantas
Medicinais e Cultivo Orgânico do Sr. Lauro Wittmann.
Fonte: Santos, José Amanso Oliveira.
No decorrer dos dias, os alunos ficaram encarregados de cuidar das plantas,
no que resultou na participação motivadora destes alunos em estar sendo
responsáveis por este projeto. (FOTO 06).
Foto 06: Alunos realizando o Plantio da Horta de Plantas Medicinais no Colégio Est. José Luiz Gori.
Fonte: Santos, José Amanso Oliveira.
A propriedade de cultivo de plantas medicinais visitada pelos alunos
participantes deste projeto, pode ser vista através do vídeo no seguinte endereço:
Santos, José Amanso Oliveira. O Cultivo de Plantas Medicinais Orgânicas Como
Recurso para o Ensino de Ciências. – PDE 2013. Mandaguari Pr. 2014. 1 vídeo
(28h00min42s). Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=p0hcauQW2Qs
DISCUSSÃO
Este projeto proporcionou uma investigação no saber e na compreensão dos
nossos educandos, provando que visualizando, tocando e sentindo o aroma das
diferentes plantas medicinais os educandos assimilam mais o conhecimento
transmitido, criando assim uma expectativa de conhecer sobre a importância das
ervas medicinais e seu cultivo. Portanto, o professor deve estar atento para que suas
aulas seja o passo inicial para que o aluno resgate sua motivação em querer
aprender.
O projeto sobre as plantas medicinais orgânicas inseriu também outros
conteúdos, tais como: As técnicas de cultivo, ferramentas de plantio, a
responsabilidade em cuidar das plantas, a valorização da natureza e do meio
ambiente, bem como o cuidado com a terra, a possibilidade de usar adubação
orgânica, além de evidenciar que o conhecimento sobre plantas medicinais foi
introduzido no cotidiano destas crianças por meio de situações no decorrer do
projeto, porque é importante que os alunos em contato com essas plantas entendam
a necessidade de preservação das mesmas, como também do meio ambiente,
visando contribuir, sobretudo, para a construção da cidadania e a promoção de
ações educativas mais adequadas numa visão integradora da realidade, incluindo
elementos envolvidos na construção do conhecimento da comunidade e de suas
relações com a sociedade (PIMENTEL, 1993).
A utilização da horta foi estendida a outros cursos como o de Química, sendo
utilizado pelos alunos para visita, proporcionando assim a integração entre as
disciplinas correlatas, possibilitando aos demais alunos do colégio o contato direto
com essas plantas, que em geral, alguns alunos só tinham através dos livros.
Embasado em Serrão (1997), as atividades práticas não devem se restringir a
procedimentos experimentais, mas promover momentos de discussão, interpretação
e explicação, desenvolvendo nos alunos compreensão dos processos químicos e
sua relação com o meio cultural e natural, propiciando o desenvolvimento de
competências e habilidades para o exercício da cidadania e do trabalho.
A disciplina de ciências nem sempre desperta nos alunos grande interesse,
pois no ensino tradicional há uma repetição de conceitos teóricos que na maioria das
vezes não permite ao aluno perceber a sua relação com o meio em que vive o que
torna necessário desenvolver estratégias e métodos de trabalho que proporcionem
motivação nos alunos a participarem das aulas. Visto que as aulas no seu dia a dia
seguem sistemas didáticos, rotineiros com aulas expositivas, o uso do livro didático
e outros, na sua grande maioria sem a utilização dos recursos didáticos que
despertem a atenção dos alunos, aulas práticas e aulas de campo, que possibilitem
ao educando o contato direto com o objeto de estudo, que é pertinente no caso da
disciplina de ciências, no ensino fundamental. Segundo Saviani (1991) as atividades
desenvolvidas devem ser vistas como atividades formadoras de novos conceitos e
valores que apontem para uma mudança paradigmática do saber.
Schnetzler e Aragão (1995, p. 27) sugerem que “as salas de aula sejam um
espaço constante de investigação que leva o professor a uma contínua reflexão e
revisão de seu trabalho”.
A necessidade de agir e repensar de forma interdisciplinar na busca de
conhecimentos e no exercício de cidadania não deve se limitar apenas à sala de
aula, aos manuais didáticos, aos programas oficiais, mas é necessário que esteja
em movimento diário, na atuação e na participação, junto à família, à comunidade e
à sociedade como um todo. (Santos, 1987),
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível viabilizar espaços pedagógicos adequados que visem um
aprendizado efetivo, em especial quanto a educação ambiental através da horta na
escola, o cultivo de plantas medicinais pelos educandos, a utilização de técnicas
orgânicas, o perigo dos agrotóxicos para a saúde, bem como a percepção dos
alunos sobre as plantas medicinais no seu dia a dia, tendo uma mudança positiva e
satisfatória na aplicação do conteúdo.
Para que as atividades experimentais tornem-se significativas no processo de
aprendizagem, as mesmas devem apresentar ação e reflexão. Essas atividades são
caracterizadas como atividades experimentais e investigativas, pois não se limitam à
manipulação e observação, a aprendizagem ocorre por meio do ativo envolvimento
do aluno na construção do conhecimento.
Para tanto, vê-se a necessidade de que haja mais investimento por parte do
Sistema Educacional, para a criação e manutenção de espaços que propiciem
oportunidades para aulas mais dinâmicas, motivadoras e interessantes, contando
também com a disponibilidade do professor em preparar aulas práticas e
experimentais que estimulem a participação dos alunos. Apesar da criação dos
espaços proporcionarem certo custo, o benefício adquirido pelos educandos
superará totalmente o investimento.
Portanto, qualquer professor pode ser mais do que simples transmissor de
informações, desde que se sinta realmente incomodado a ponto de buscar novos
rumos para sua prática profissional.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC nº 14, de 31
de Março de 2010. Publicada no Diário Oficial da União – Seção 1. p, 85. Em 05 de
abril de 2010. Disponível em:
http://www.in.gov.br/imprensa/visualiza/index.jsp?data=05/04/2010&jornal=1&pagina
=85&totalArquivos=160. Acesso em: 07 jul. 2013.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Produtos orgânicos: Orgânicos na alimentação escolar. Secretaria de
Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. – Brasília: 2010. Disponível em:
http://tecnociencias3.webnode.com/news/cartilha-organicos/ . Acesso em: 30 de Nov.
2014.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Produtos orgânicos: Ilustração: Ziraldo - O olho do consumidor. Secretaria de
Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. – Brasília: MAPA/ACS, 2007.
Disponível em:
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