Valquíria do Carmo Rodrigues Alves

Propaganda
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS
“IDENTIFICAÇÃO DE ARBOVÍRUS CIRCULANTES DURANTE SURTO DE
DENGUE NA CIDADE DE MANAUS, AMAZONAS”.
VALQUIRIA DO CARMO ALVES MARTINS
MANAUS
2012
VALQUIRIA DO CARMO ALVES MARTINS
“IDENTIFICAÇÃO DE ARBOVÍRUS CIRCULANTES DURANTE SURTO DE
DENGUE NA CIDADE DE MANAUS, AMAZONAS”.
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Medicina Tropical da
Universidade do Estado do Amazonas, em
Convênio com a Fundação de Medicina
Tropical do Amazonas, para obtenção do
grau de Mestre em Doenças Tropicais e
Infecciosas.
Orientador (a): Profª. Dr.ª MARIA PAULA GOMES MOURÃO
MANAUS
2012
Ficha Catalográfica
M386i
Martins, Valquiria do Carmo Alves.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de
dengue na cidade de Manaus, Amazonas. / Valquiria do Carmo
Alves Martins. -- Manaus :
Universidade do Estado do
Amazonas, Fundação de Medicina Tropical, 2012.
62 f. : il.
Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do
Estado do Amazonas – UEA/FMT, 2012.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Paula Gomes Mourão
1. Doença febril aguda.
I. Título.
2. Arbovírus 3. Diagnóstico molecular
CDU: 614.4
Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Maria Eliana N Silva,
lotada na Escola Superior de Ciências da Saúde - UEA
VALQUIRIA DO CARMO RODRIGUES ALVES
“IDENTIFICAÇÃO DE ARBOVÍRUS CIRCULANTES DURANTE SURTO DE
DENGUE NA CIDADE DE MANAUS, AMAZONAS.”
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Medicina Tropical da
Universidade do Estado do Amazonas, em
Convênio com a Fundação de Medicina
Tropical do Amazonas, para obtenção do
grau de Mestre em Doenças Tropicais e
Infecciosas.
BANCA EXAMINADORA
(ordem alfabética)
CINTIA MARA COSTA DE OLIVEIRA
LUIZ TADEU MORAES FIGUEIREDO
MARIA PAULA GOMES MOURÃO
RAJENDRANATH RAMASAWMY
REGINA MARIA PINTO DE FIGUEIREDO
Manaus, 14 de Setembro de 2012.
.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me permitiu avançar em mais uma fase da minha vida.
À minha família, que esteve sempre presente e me apoiando. Ao meu marido,
Renato Silva Martins por todo amor, paciência. Aos meus filhos, Laís Alves
Martins e Leonardo Alves. À querida Maria de Nazaré, que me ajuda todos os dias
a cuidar da minha família e, muitas vezes, é mais mãe dos meus filhos do que eu
mesma.
À minha amada mãe, Maria da Penha Rodrigues Alves, que sempre esteve
ao meu lado, não apenas nos momentos fáceis, mas, principalmente, nos difíceis,
sempre em oração para que no final tudo desse certo.
À minha orientadora, Prof.ª Dra. Maria Paula Gomes Mourão, pela paciência
e confiança em investir na minha formação acadêmica.
Aos colegas da Gerência de Virologia: Dra. Márcia, Dra. Regina, Dr. Vorney,
Dra. Cintia, Liane, Elizabeth, Evaulino, João Bosto, Valéria, Natália, Caroline.
Obrigada pelos conselhos, apoio, amizade e por compartilhar as minhas alegrias e
também as minhas dificuldades. Em especial à Dra. Michele de Souza
Barrionuevo, amiga, colega de trabalho e de jornada, pelo incentivo, paciência,
ensinamentos e sábios conselhos e, principalmente, pela colaboração na elaboração
desta dissertação.
A todos os professores do Programa de Pós-Graduação Em Medicina
Tropical / Mestrado em Doenças Tropicais e Infecciosas, pelos ensinamentos,
auxílio e amizade.
Ao Prof. Dr. Rajendranath Ramasawmy pela paciência e confiança, pelos
ensinamentos preciosos e pelas experiências compartilhadas.
Ao Prof. Dr. Felipe Naveca, diretor do Instituto de Pesquisa Leônidas & Maria
Deane (ILDM), Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Manaus-Amazonas, pelos
ensinamentos fundamentais em biologia molecular e apoio nas análises.
Ao Prof. Dr. Luiz Tadeu Moraes Figueiredo (USP-Ribeirão Preto) por ter
gentilmente fornecido os vírus utilizados neste projeto.
Ao Prof. Dr. Sergio Nozawa, pelo apoio teórico e por disponibilizar o
laboratório de biologia aquática da Universidade Nilton Lins, Manaus-Amazonas,
para análises de sequenciamento.
Às minhas amigas Giselle Falabella e Raquel Falabella pela amizade, apoio
e ajuda nos desenhos gráficos.
À Fundação Centro de Controle em Oncologia do Estado do Amazonas,
instituição na qual sou vinculada profissionalmente, a toda a sua Diretoria e, em
particular à Gerência do Laboratório de Analises Clínicas, por me permitir traçar
mais esta jornada.
Agradeço, enfim, a todas as pessoas que contribuíram para a melhoria deste
trabalho.
RESUMO
Os arbovírus são muitas vezes ligados a surtos em humanos e representam
um grave problema de saúde pública. Em geral, podem causar sintomatologia,
caracterizada por febre aguda, dor de cabeça, mialgias, artralgia, exantema, até
doenças mais graves, tais como hepatite e encefalite. Na maioria dos casos, o
diagnóstico diferencial entre os arbovírus pode ser difícil, especialmente na fase
aguda da infecção, em que os sintomas são muito semelhantes. Estudos têm
demonstrado a circulação de arbovírus em várias regiões do Brasil, durante
epidemias, e mostrou a necessidade de um sistema de vigilância eficiente para
controlar a entrada e a circulação de arbovírus. Em Manaus, a Fundação de
Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) é uma instituição pioneira
na implementação da vigilância de síndrome febril aguda indiferenciada. Este
estudo, portanto, teve como objetivo estudar os casos de doença febril aguda
indiferenciada, atendidos em um hospital terciário na Bacia Amazônica, durante a
epidemia de dengue em Manaus. No período de 1° de janeiro a 31 de maio de 2011,
foram incluídas no inquérito 677 amostras biológicas (soro) de pacientes com
suspeita clínica de dengue, notificados à Gerência de Virologia da FMT-HVD, para
confirmar o diagnóstico. Durante o período do estudo, todas as amostras foram
testadas e confirmadas por PCR e Nested-PCR, usando primers específicos para
Flavivirus (DENV 1-4, SLEV, BSQV, ILHV), Alphavirus (MAYV) e Orthobunyavirus
(OROV). Após a purificação de ácido nucleico, de 38,4% (260/677) foram positivas
para Flavivirus. Destes, DENV foi identificado em 100% das amostras, com 26
(10,0%) DENV-1, 120 (46,2%) DENV-2, 24 (9,2%) DENV-3, 77 (29, 2%) DENV-4, e
co-infecções de: DENV-1/4 5 (1,9%); DENV-1/2 1 (0,4%) DENV-2/4 6 (2,3%) e
DENV- 3/4 (0,4%). Uma análise comparativa das sequências dos quatro sorotipos
circulantes mostra uma similaridade de 97-99% com as sequências referências
depositadas no GenBank. De acordo com árvore filogenética tipo neighbor-joining,
as sequências obtidas no estudo para Dengue-1 são pertencentes ao genótipo V;
para Dengue-2 ao genótipo Asiático/americano; para Dengue-3 ao genótipo III; e
para o Dengue-4 genótipo II. Todas as amostras foram negativas para os gêneros
Alphavirus (MAYV) e Orthobunyavirus (OROV). Aumento da incidência de casos de
dengue e a ocorrência dos quatro sorotipos podem propiciar o risco de novas
epidemias e o aumento dos casos de dengue grave. No entanto, apenas o
monitoramento de doenças endêmicas e emergentes, que causam doença febril
aguda indiferenciada, pode fornecer as informações necessárias para as medidas
políticas adequadas e a vigilância da saúde pública para a região.
Palavras-chaves: Doença febril aguda, arbovírus, diagnóstico molecular, Amazonas.
ABSTRACT
Arboviruses often cause outbreak in humans and are a serious threat to public
health.
Clinical manifestations from arbovirus infection may range from mild
symptoms , such as acute fever, headache, myalgia, artralgia or rash to severe
disease as bleeding, hepatitis or encephalitis. In most cases, the clinical differential
diagnosis between arboviruses can be difficult, especially in the acute phase of
infection, where symptoms are very similar.
Several studies have shown the
circulation of arboviruses in various regions of Brazil during outbreaks and highlight
the urgency of an efficient system of surveillance to monitor the entry and circulation
of arboviruses. In Manaus, the Fundação de Medicina Tropical, Dr. Heitor Vieira
Dourado (FMT-HVD) is the first hospital that implemented the surveillance of acute
undifferentiated febrile syndrome.
Here, the aim is to study the cases of acute
undifferentiated febrile illness seen in the tertiary referral hospital FMT-HVD of the
Brazilian Amazon Basin during the dengue epidemic in Manaus. From the first
January to May 2011, 677 sera samples from patients with suspected dengue clinical
manifestations were sent to the virology laboratory of the FMT-HVD to confirm
diagnosis. All the samples underwent nucleic acids purification and submitted to PCR
and nested PCR using specific primers for Flavivirus (DENV 1-4, SLEV, BSQV,
ILHV), Alphavirus (MAYV) and Orthobunyavirus (OROV). Of the 677 samples tested
by PCR and nested PCR, 260 (38.4%) were positive for Flavivirus. DENV was
detected in all the 260 samples. Of these, 26 (10.0%) had DENV-1, 120 (46.2%)
DENV-2, 24 (9.2%) DENV-3, 77 (29.2%) DENV-4, and co-infections of DENV-1/4,
DENV-1/2, DENV-2/4, e DENV- ¾ were observed in 5 (1,9%), 1 (0,4%), 6 (2,3%) and
1 (0,4%) respectively. Nucleotides sequence comparative analysis of the four
serotypes individually showed similarity ranging from 97 to 99% to each serotype
sequence in the database of GenBank. Phylogenetics construction using the
neighbor-joining methods revealed that the sequences obtained for DENV-1 belong
to genotype-V while DENV—2 to the Asian/American genotype,
DENV-3 to
genotype III and DENV-4 to genotype II. Neither Alphavirus (MAYV) nor
Orthobunyavirus (OROV) was detected in all the samples. The increasing incidence
of dengue cases and the occurrence of the four serotypes simultaneously indicate
the risk of new epidemics and increased cases of dengue hemorrhagic fever.
However, only the monitoring of endemic and emerging diseases causing acute
undifferentiated febrile illness can provide the information necessary for appropriate
policy action and public health surveillance for the region.
Keywords: Febrile disease, acute, arbovirus, molecular diagnosis, Amazonas.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1:
Ciclo de transmissão dos arbovírus.
02
Figura 2:
Ilustração da morfologia do virion de um Flavivirus e suas 04
principais proteínas estruturais.
Figura 3:
Esquema do genoma dos Flavivirus a partir de uma ORF.
Figura 4:
Fluxograma
das
manifestações
clínicas
causadas
04
pela 09
infecção do vírus Dengue.
Figura 5:
Ilustração da morfologia do virion de um Alphavirus e suas 15
principais proteínas estruturais.
Figura 6:
Ilustração da morfologia do virion da Família Bunyaviridae e 18
suas principais proteínas estruturais.
Figura 7:
Ilustração do genoma da Família Bunyaviridae.
19
Figura 8:
Diagnóstico laboratorial das arboviroses.
22
Figura 9:
Fluxograma da metodologia aplicada às amostras incluídas no 30
estudo.
LISTA DE TABELA
Tabela 1.
Proteínas virais dos Flavivirus e sua função.
05
Tabela 2.
Sinais de alarme e choque na infecção pelo vírus Dengue.
09
Tabela 3.
Relação de arbovírus brasileiros em estudo.
29
Tabela 4.
Relação das estirpes de arbovírus brasileiros que serão utilizadas
31
no estudo como controle positivo.
Tabela 5.
Relação de primers utilizados no estudo.
34
Tabela 6.
Relação de sequências de vírus DENV utilizadas na análise
45
filogenética.
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
°C
Graus Celsius
3’NC
3’Não codificante
5’NC
5’Não codificante
BLAST
Basic Local Alignment Search Tool
BSQV
Vírus Bussuquara
C
Proteína do capsídeo
cDNA
DNA complementar
CEP
Comitê de Ética em Pesquisa
CHIKV
Vírus Chikungunya
CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CPCV
Vírus Cacipacoré
DENV
Vírus dengue
DENV-1
Vírus Dengue sorotipo 1
DENV-2
Vírus Dengue sorotipo 2
DENV-3
Vírus Dengue sorotipo 3
DENV-4
Vírus Dengue sorotipo 4
DF
Febre do dengue
DG
Dengue grave
DHF
Febre hemorrágica do dengue
DNA
Ácido desoxirribonucleico
DNG
Dengue não grave
DNG(SA)
Dengue não grave com sinais de alerta
dNTP
Desoxirribonucleosídeos trifosfatados
ddNTP
Didesoxirribonucleosídeos trifosfatados
DSS
Síndrome do choque do dengue
E
Proteína do Envelope
E1
Proteína 1 do envelope viral
E2
Proteína 2 do envelope viral
E3
Polipeptídeo E3
ELISA
Ensaio imunoenzimático
FA
Febre amarela
FAS
Febre amarela silvestre
FAPEAM
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
FC
Fixação do complemento
FMT-HVD Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado
G1
Proteínas G1 do envelope viral
G2
Proteínas G2 do envelope viral
IF
Imunofluorescência
IFI
Imunofluorescência indireta
IgG
Imunoglobulina G
IgM
Imunoglobulina M
IGUV
Vírus Iguape
IH
Inibição de hemaglutinação
ILHV
Vírus Ilhéus
JEV
Vírus da encefalite japonesa
M
Molar
M
Proteína da membrana
MAYV
Vírus Mayaro
MgCl2
Cloreto de Magnésio
MgSO4
Sulfato de Magnésio
min.
Minutos
mL
Mililitro
mM
Milimolar
MS
Mistério da Saúde
N
Proteína do nucleocapsídeo
NASBA
Nucleic acid sequence based amplification
NB3
Nível três de biossegurança
nm
Nanômetros
NS1
Proteína não estrutural 1
NS2a
Proteína não estrutural 2a
NS2b
Proteína não estrutural 2b
NS3
Proteína não estrutural 3
NS4a
Proteína não estrutural 4a
NS4b
Proteína não estrutural 4b
NS5
Proteína não estrutural 5
NSm
Proteína não estrutural M
nsP1
Proteína não-estrutural P1
nsP2
Proteína não-estrutural P2
nsP3
Proteína não-estrutural P3
nsP4
Proteína não-estrutural P4
NSs
Proteína não estrutural S
ORF
Open Reading Frame
OROV
Vírus Oropouche
pb
Pares de base
PCR
Reação em Cadeia de Polimerase
pmol
Picomol
PM
Peso molecular
PPSUS
Programa de Pesquisa para o SUS
PrM
Proteína de Pré-membrana
RNA
Ácido Ribonucléico
ROCV
Vírus Rocio
RT-PCR
Reação da transcriptase reversa, seguida de Reação em cadeia
de polimerase
SLEV
Vírus da encefalite de Saint Louis
th
Temperatura de hibridização
TBEV
Vírus da encefalite transmitida por carrapatos
TCLE
Termo de consentimento livre e esclarecido
td
Temperatura de desnaturação
te
Temperatura de extensão
TN
Teste de neutralização
UEA
Universidade do Estado do Amazonas
VEEV
Vírus da encefalite equina venezuelana
WNV
Vírus do Nilo Ocidental
YFV
Vírus da Febre Amarela
μl
Microlitro
μM
Micromolar
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO...............................................................................................
01
1.1
Considerações gerais dos arbovírus ...................................................
01
1.2
Família Flaviviridae – Gênero Flavivirus..............................................
03
1.2.1
Vírus da Febre amarela (YFV) ............................................................
07
1.2.2
Vírus Dengue (DENV) .........................................................................
07
1.2.3
Vírus Bussuquara (BSQV) ..................................................................
12
1.2.4
Vírus Cacipacoré (CPQV) ...................................................................
12
1.2.5
Vírus Ilhéus (ILHV) ..............................................................................
13
1.2.6
Vírus da encefalite de Saint Louis (SLEV) ..........................................
13
1.3
Família Togaviridae – Gênero Alphavirus............................................
15
1.4
Família Bunyaviridae – Gênero Orthobunyavirus.................................
18
1.5
Diagnóstico laboratorial das arboviroses..............................................
20
1.5.1
Reação em cadeia da polimerase e sequenciamento nucleotídico...
22
2
JUSTIFICATIVA ..........................................................................................
25
3
OBJETIVOS..................................................................................................
26
3.1
Geral.....................................................................................................
26
3.2
Específico.............................................................................................
26
METODOLOGIA............................................................................................
27
4.1
Modelo de estudo ................................................................................
27
4.2
Universo de estudo...............................................................................
27
4.2.1
Local de estudo....................................................................................
27
4.2.2
Definição de caso.................................................................................
27
4.2.3
População de estudo............................................................................
27
4.2.4
Participantes.........................................................................................
28
4
4.3
Procedimentos......................................................................................
28
4.3.1
Doenças em estudo e algoritmos de investigação e diagnóstico........
28
4.3.2
Métodos de diagnóstico laboratorial.....................................................
31
4.3.2.1
Protocolo de extração de RNA.............................................................
32
4.3.2.2
Síntese de DNA complementar (cDNA)...............................................
32
4.3.2.3
Primers.................................................................................................
33
4.3.2.4
Protocolo de PCR para identificação de Alphavirus ............................
35
4.3.2.5
Protocolo de PCR para identificação de Flavivirus .............................
37
4.3.2.6
Protocolo de PCR para identificação de Orthobunyavirus ..................
42
4.3.2.7
Avaliação eletroforética dos produtos de amplificação........................
43
4.3.2.8
Sequenciamento nucleotídico..............................................................
44
4.3.2.9
Análise da sequências..........................................................................
45
4.3.3
Aspectos éticos....................................................................................
47
4.4
Análise estatística dos resultados........................................................
47
5
RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................
48
6
CONCLUSÃO ..............................................................................................
49
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................
50
8
ANEXOS........................................................................................................
63
8.1
Equipe científica de apoio ao desenvolvimento do projeto..................
A
8.2
Ficha clínica padrão para o estudo......................................................
B
8.3
Certificado de aprovação – CEP/FMT-HVD.........................................
C
8.4
Termo de consentimento livre e esclarecido.......................................
D
8.5
Artigo científico ...................................................................................
E
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Considerações gerais dos arbovírus
Os arbovírus (arthropod-borne-virus) são vírus que podem ser transmitidos ao
homem por vetores artrópodes (mosquitos, carrapatos, percevejos, entre outros) e
estão frequentemente associados a surtos ou epidemias. Representando um sério
problema de saúde pública, com implicações econômicas e sociais nos países
tropicais (1).
O Brasil é um país tropical de grande porte e um terço do seu território ainda
é coberto por florestas tropicais e outros ecossistemas naturais, os quais fornecem
condições ideais para ocorrência de diversas arboviroses, mantidas, em sua maioria,
por complexos ciclos zoonóticos. Estes envolvem patógenos que normalmente
circulam entre os animais não humanos, mas podem ser transmitido aos seres
humanos (2). Em um ciclo de manutenção enzoótico, envolvendo aves, roedores e
primatas, o que ocorre em hábitat silvestre. O vírus da Febre Amarela (YFV) é um
exemplo. Entretanto, acidentalmente, de forma menos comum, podem ser
transmitidos aos seres humanos (Figura 1) (3).
Os arbovírus precisam de um hospedeiro — no qual são replicados — e de
um vetor para a transmissão para outros organismos. A fêmea do mosquito, durante
a hematofagia, adquire e transmite o vírus ao hospedeiro. A transmissão vertical
pode ocorrer também, por via transovariana, na qual o artrópode infecta
verticalmente parte de sua prole (4).
De uma forma geral, as arboviroses podem causar desde sintomas leves,
caracterizados por febre, cefaleia, mialgia, artralgia, exantema, até doenças mais
graves, como aquelas que culminam com hemorragia, hepatite e encefalite, variando
de acordo com o tipo de arbovírus responsável pela infecção (2). Na maioria das
vezes, o diagnóstico clínico diferencial entre arboviroses pode ser difícil, sobretudo
na fase aguda da infecção, quando os sintomas são muito parecidos (5).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
2
Figura 1: Ciclo de transmissão dos arbovírus. Descritos em três grandes categorias
de ambientes: natural (florestas), modificado (rural ou agrícola) e humanos (urbanos). Este
esquema é um modelo geral que pode ser adaptado de acordo com o patógeno, o(s) vetor
(es), o(s) hospedeiro(s) e o meio ambiente em que eles ocorrem (3).
A maioria dos arbovírus conhecidos tem o genoma constituído por ácido
ribonucleico (RNA) e são classificados, por meio de um sistema universal baseado
nas
características
físico-químicas,
nas
famílias:
Bunyaviridae,
Flaviviridae,
Reoviridae, Rhabdoviridae e Togaviridae (2). Reconhece-se ainda a existência de
possíveis
arbovírus,
fazendo
parte
das
famílias:
Arenaviridae,
Poxviridae,
Herpesviridae e Coronaviridae, entre outras (6).
Apesar de pertencerem a um grupo heterogêneo, aqueles de importância
médica são agrupados em gêneros específicos. Os exemplos mais proeminentes de
arboviroses emergentes incluem: vírus do Nilo Ocidental (WNV, Flavivirus), na
América do Norte; o vírus da encefalite japonesa (JEV, Flavivirus), na Ásia; o vírus
Chikungunya (CHIKV, Alphavirus), na região do Oceano Índico. Nas Américas o
vírus da febre amarela, o vírus Oropouche, o vírus Mayaro e diversos outros
arbovírus, causadores de encefalite, e principalmente, o vírus dengue (DENV,
Flavivirus) em grande parte do mundo (4, 7).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
3
No Brasil, são conhecidas mais de 40 espécies de arbovírus causadores de
doença humana e algumas delas estão associadas a epidemias em áreas urbanas.
Destacam-se: o vírus Dengue (DENV), vírus Mayaro (MAYV), Oropouche (OROV) e
Rocio (ROCV) os quais têm sido responsáveis por 95% dos casos de arboviroses
humanas no Brasil (6).
Portanto, a maioria das arboviroses se concentra nos
gêneros Flavivirus, Alphavirus e Orthobunyavirus.
1.2 Família Flaviviridae – Gênero Flavivirus
A família Flaviviridae compreende os gêneros Flavivirus, Pestivirus e
Hepacivirus. Os Flavivirus incluem um grupo de importantes arbovírus, responsáveis
por considerável morbidade e mortalidade, pois podem causar doença encefálica
grave, febre hemorrágica, hepatite e doença febril em humanos (8).
Os Flavivirus compartilham características comuns quanto à morfologia dos
virions, determinantes antigênicos e a organização genômica. Apresentam formato
esférico, o envoltório mede cerca de 40-60 nm de diâmetro e inclui o nucleocapsídeo
contendo aproximadamente 11.000 nucleotídeos. O genoma é constituído por RNA
de fita simples, linear, de polaridade positiva, composto por uma região terminal não
codificante 5’ (7-metilguanosina); por uma estrutura única de leitura aberta (ORF) —
que contém mais de 10.000 nucleotídeos — e por uma região terminal não
codificante 3’ que não é poliadenilado — elemento distintivo desta família. A
poliproteína codificada pela cadeia aberta de leitura, após clivagem, libera três
proteínas estruturais: o capsídeo viral (C), a pré-membrana (prM) e o envelope (E) e
sete proteínas não estruturais: NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4A, NS4B, NS5; das
quais a NS5 apresenta a sequência mais conservada entre as várias espécies do
gênero, conforme demonstrado nas (Figuras 2 e 3) (9, 10).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
4
Figura 2: Ilustração da morfologia do virion da família Flavivirus e suas principais
proteínas estruturais. Viriões maduros contêm duas proteínas da membrana do vírus
codificado (M e E), enquanto que partículas virais imaturas contêm uma proteína precursora
de membrana.
GENOMA – ESTRUTURA ÚNICA DE LEITURA ABERTA (ORF)
Figura 3: Esquema do genoma dos Flavivirus a partir de uma ORF.
http://expasy.org/viralzone/all_by_species/43.html
As funções das proteínas virais ainda não foram totalmente estabelecidas.
Sabe-se, entretanto, que as proteínas estruturais são incorporadas ao virion durante
a maturação e liberação viral e as proteínas não estruturais são responsáveis pela
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
5
replicação nas células infectadas. As suas principais atividades conhecidas estão
descritas na Tabela 1 (9, 11).
Tabela 1: Proteínas virais dos Flavivirus e sua função.
Proteína
Função
E
Proteína responsável pela ligação do vírus na célula, bem como pela fusão com a
membrana endossomal, sendo o maior determinante antigênico viral.
C
Juntamente com o RNA viral, forma o nucleocapsídeo viral e está envolvida no
transporte da proteína prM (precursora da proteína M) ao retículo endoplasmático
para ser glicosilada.
M
Proteína formada a partir do processamento de sua precursora prM, sendo uma
proteína de membrana de partículas virais maduras.
NS 1
Participa, de forma essencial, na replicação do RNA viral, pois estudos de
mutagêneses em NS1 causaram diminuição drástica na replicação do RNA e
produção viral.
NS 2
Participa na replicação viral e pode estar associada à inibição de interferon. NS2B
forma um complexo estável com a proteína NS3, agindo como um co-fator para a
atividade serino-protease.
NS 3
Proteína multifuncional, com atividade de serino-protease na sua porção
aminoterminal, é uma RNA-helicase RNA-dependente. Além disso, codifica uma
atividade de RNA trifosfatase com o propósito de desfosforilar a região 5’ terminal
do genoma do RNA, antes da adição da CAP.
NS 4 A e B
As proteínas NS4 A e B são hidrofóbicas, associadas à membrana e pouco
conservadas entre os Flavivirus. Acredita-se que são componentes da replicase por
formarem complexos com NS2B e NS3.
NS 5
A proteína NS5 é a maior das proteínas virais e altamente conservada entre os
Flavivirus. Apresenta atividade de RNA polimerase RNA-dependente na região 9
carboxi-terminal e metiltransferase em sua porção aminoterminal.
*E (Proteína do Envelope), M (Proteína da membrana), C (Proteína do capsídeo), NS1 (Proteína não estrutural
1), NS2 (Proteína não estrutural 2), NS3 (Proteína não estrutural 3), NS 4 a/b (Proteína não estrutural 4a/b),
NS5(Proteína não estrutural 5)(8).
A evolução dos Flavivirus e sua epidemiologia são largamente determinadas
pelas necessidades ecológicas de seus hospedeiros vertebrados e invertebrados
(Figura 1). Estes podem ser agrupados por sequências de nucleotídeos, distribuição
geográfica e associações ecológicas. Com base no relacionamento antigênico
cruzado estes vírus podem ser divididos em oito subgrupos, utilizando testes
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
6
específicos de neutralização. Estes grupos antigênicos são: Tick-borne encefalitis
(TBEV), Rio Bravo, o JEV, Tyulenity, Ntaya, Uganda S, DENV e Modoc. Os
Flavivirus brasileiros ILHV, ROCV, YFV, CPCV e IGUV não foram agrupados, de
acordo com esta metodologia, pois não apresentaram reação significativa com
outros Flavivirus (12).
Alguns estudos filogenéticos, a fim de estabelecer relações genéticas entre os
Flavivirus brasileiros, com base em alinhamento de nucleotídeos e sequências de
aminoácidos do gene NS5, mostraram que os Flavivirus brasileiros estão agrupados
em três ramos principais: 1) ramo do dengue — subdividido nos tipos 1, 2, 3 e 4; 2) o
complexo JEV, incluindo SLEV, Cacipacoré, Bussuquara, Rocio, Ilhéus, Iguape; 3) o
ramo do vírus da Febre Amarela. Os vírus relacionados com o vírus da encefalite
japonesa (JEV) estão normalmente associados com mosquitos Culex spp,
comumente ornitófilos, e tendem a causar infecções, como Iguape e Cacipacoré,
apesar de nunca ser descrito como causa de doença humana. Os vírus Bussuquara
e lhéus não foram descritos como causa de encefalite em humanos, mas, com base
na sua estreita relação filogenética com o vírus Rocio e SLEV, poderiam ser
causadores potenciais de infecções do sistema nervoso central em humanos (10,
13-15).
Os Flavivirus, mesmo tirando a participação dos vírus dengue, são
importantes causadores de doença em todo mundo, destacando-se um complexo
identificado filogeneticamente por vírus zoonóticos de aves, são transmitidos por
mosquitos culicídeos e, ao infectarem o homem, podem causar doença febril aguda
ou
meningoencefalite
(16).
Sabe-se que dos 11 Flavivirus,
Brasil, nove foram isolados na região Amazônica.
2, DENV-3 e DENV-4, são: vírus da
encontrados no
Estes, além dos DENV-1, DENV-
Febre Amarela (YFV),
Bussuquara
(BSQV),
Cacipacoré (CPCV), vírus Ilhéus e vírus da encefalite de Saint Louis (SLEV) (17,
18).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
7
1.2.1 Vírus da Febre Amarela (YFV)
O vírus da Febre Amarela foi causador de uma das doenças mais temidas,
antes do desenvolvimento de uma vacina. Hoje, ele ainda infecta cerca de 200.000
pessoas por ano; nas regiões tropicais da África — onde ocorrem cerca de 90% dos
casos — e representa um perigo significativo para os viajantes não vacinados para
essas áreas. Esses números são amplamente reconhecidos e podem estar
subestimados, devido à dificuldade de vigilância epidemiológica nas áreas
endêmicas. O vírus da Febre Amarela, o protótipo do gênero Flavivirus, é transmitido
em um ciclo envolvendo macacos e mosquitos (Haemagogus spp nas Américas e
Aedes spp na África), mas os seres humanos também podem servir como
hospedeiros acidentais para a infecção do mosquito. Apesar de a febre amarela
urbana ter sido extinta no Brasil desde 1948, os recentes aumentos na densidade e
distribuição de um possível vetor urbano — o mosquito Aedes aegypti — bem como
o aumento das viagens aéreas aumentam o risco de introdução e propagação da
febre amarela (19, 20).
Um método eficaz para prevenir a febre amarela é a vacinação. Mas mesmo
com uma extensiva campanha de vacinação e o alerta do perigo de se visitar áreas
de risco sem cobertura vacinal, a partir dos anos 80 tem se verificado a reemergência da febre amarela silvestre no Brasil. De 1990 a 2010 ocorreram 587
casos, com 259 óbitos (44,1%). A maioria dos casos ocorreu na região Norte com
178 casos (30,3%). Os outros episódios ocorreram em 16 estados do Brasil. O
estado com maior número isolado de casos foi Minas Gerais, com 104 casos (17,7
%). No Amazonas foram notificados 43 casos (7,3%), com 31 óbitos (72,1%). O
agravo foi mais frequente em pessoas acima de 15 anos, do sexo masculino, em
geral agricultores, madeireiros, pescadores e ecoturistas (21).
1.2.2 Vírus Dengue (DENV)
O dengue é um dos principais problemas de saúde pública no mundo.
Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), 50-100 milhões de
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
8
pessoas são infectadas anualmente, dentre as quais cerca de 550 mil necessitam de
hospitalização e 20 mil morrem em consequência da doença. O vírus Dengue
(DENV) é o agente causador da febre do dengue clássica (DF), febre hemorrágica
do dengue (DHF) e da síndrome do choque do dengue (DSS). O dengue clássico e
a febre hemorrágica do dengue são, portanto, as arboviroses mais difundidas no
mundo e constituem causa importante de morbidade e mortalidade, resultando em
epidemias de impacto em saúde pública (22). O mosquito do gênero Aedes é o vetor
transmissor ao homem. O aumento da expansão desse vetor está relacionado,
proporcionalmente, à expansão dos grandes centros urbanos do Novo Mundo.
Resultante desse fato, estão as grandes epidemias (3).
Os DENVs são um conjunto de quatro diferentes sorotipos do vírus (DENV 14). Estes são distintos entre si, mas relacionados antigenicamente. A imunidade
protetora induzida pelo vírus é duradoura e específica para cada sorotipo. Desta
maneira, indivíduos que vivem em áreas endêmicas podem desenvolver, após a
infecção, até quatro episódios de doença causada por DENV durante a vida. Uma
imunidade cruzada entre os diferentes tipos sorotipos pode ocorrer em até seis
meses após uma infecção natural (20, 23).
A descrição clínica da infecção pelo vírus dengue é frequentemente realizada
de forma polarizada: o dengue não grave (DNG) e o dengue grave (DG), podendo
evoluir para um quadro de choque (Figura 4). O quadro clinico pode variar desde
uma infecção assintomática a um quadro inespecífico com sintomas gerais como
febre, cefaleia, náuseas, vômitos, dor retrorbital, mialgias, artralgia e erupção
cutânea. Alguns sintomas (sinais de alerta) podem prenunciar gravidade, mesmo
que não haja alterações laboratoriais características, tais como vômitos muito
frequentes, dor abdominal, tonturas com hipotensão postural e hemorragias.
Condições preexistentes (hipertensão arterial, diabetes, asma e gravidez) podem
favorecer a evolução com gravidade (24).
A presença de sinais de alarme deve ser ativamente pesquisada em todos os
pacientes com suspeita de dengue, pois indica precocemente a possibilidade de
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
9
evolução para a gravidade. Os principais sinais estão listados na Tabela 2. Deve
também ser dada atenção a sinais de choque durante a realização do exame físico
(25).
Figura 4: Fluxograma das manifestações clínicas causadas pelo infecção pelo vírus
Dengue.
Tabela 2: Sinais de alarme e choque na infecção pelo vírus Dengue.
Dor abdominal intensa e contínua;
Vômitos persistentes;
Hipotensão postural e/ou lipotímia;
Hepatomegalia dolorosa;
Sinais de
alarme
Hemorragias importantes (hematêmese e/ou melena);
Sonolência e/ou irritabilidade; diminuição da diurese;
Diminuição repentina da temperatura corpórea ou hipotermia;
Aumento repentino do hematócrito;
Queda abrupta de plaquetas;
Desconforto respiratório.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
10
Hipotensão arterial; pressão arterial convergente
(PA diferencial < 20 mmhg);
Sinais de
choque
Extremidades frias, cianose;
Pulso rápido e fino;
Enchimento capilar lento (> 2 segundos).
Segundo a World Health Organization (2009), a incidência de dengue tem
aumentado dramaticamente em todo o mundo nas últimas décadas. Mais de 2,5
bilhões de pessoas - mais de 40% da população mundial - estão agora em risco de
dengue. A OMS estima que pode ser de 50-100 milhões de infecções de dengue em
todo o mundo a cada ano. A doença tornou-se endêmica em mais de cem países da
na África, nas Américas, no Mediterrâneo Oriental, Sudeste da Ásia e do Pacífico
Ocidental. Sudeste da Ásia e as regiões ocidentais do Pacífico são as mais
seriamente afetadas (26).
Casos nas Américas, Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental ultrapassaram 1,2
milhões de casos em 2008 e mais de 2,2 milhões em 2010. Recentemente, o
número de casos notificados permanecem aumentando. Em 2010, 1,6 milhão de
casos de dengue foram notificados apenas nas Américas, dos quais 49.000 eram
graves. A maior parte da região se tornou hiperendêmica com relato de cocirculação de vários sorotipos (27).
No Brasil, o aumento na incidência de dengue é especialmente ligado à
dispersão e a níveis de infecção pelo Aedes aegypti. O dengue foi diagnosticado no
Brasil, pela primeira vez, em Boa Vista, estado de Roraima. A partir de sinais,
sintomas e laboratorial, em 1982, numa epidemia causada pelos sorotipos 1 e 4
(28). Na epidemia de 1986, a circulação do sorotipo DENV-1 foi detectada
inicialmente no estado do Rio de Janeiro e se espalhou para seis estados em 1990.
Naquele ano, a circulação de um novo sorotipo, DENV-2, foi detectado também no
estado do Rio de Janeiro. Dez anos depois, o DENV-3 foi detectado, pela primeira
vez, no estado do Rio de Janeiro e, posteriormente, no estado de Roraima, em
novembro de 2001 (29).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
11
O número de casos confirmados acumulados no Brasil de 1998 a 2009
ultrapassou 4,3 milhões. No estado do Amazonas, os casos de dengue só
começaram a ser notificados a partir de 1998 e até 2009 foram confirmados 66,3 mil
casos. Em Manaus, no primeiro semestre de 2011, foram notificados 51.831 mil
casos e 13 óbitos (30-32). Em relação ao dengue hemorrágico, a situação é de
extrema preocupação devido ao aumento impressionante no número de casos nos
últimos anos. O estabelecimento dos quatro sorotipos, nas Américas, aumenta a
chance de formas graves da doença, bem como o aumento da incidência em
crianças e adultos jovens (33, 34).
De 1998 a 2000, foram notificados cerca de 26.000 casos de dengue no
estado do Amazonas. No ano de 2001, durante uma grande epidemia, mais de
19.000 casos foram notificados. Naquele ano, a Gerência de Virologia da FMT-HVD
isolou os DENV-1 e DENV-2, dentre estes, houve casos de febre hemorrágica (35).
Em 2003 foi isolado, pela primeira vez no Amazonas, o DENV-3 de um paciente
procedente da Bahia. Entretanto, na ocasião, muitos pacientes com sintomatologia
sugestiva de dengue, mostraram-se negativos para este vírus nos exames
específicos, sugerindo a ocorrência de infecções por outros arbovírus, dentre os
quais se ressaltam os Flavivirus (36).
O DENV-4
foi identificado, pela primeira vez
em
Manaus,
durante
um
estudo realizado na FMT-HVD, no ano de 2008 (33). Mais recentemente, teve-se o
conhecimento de epidemias silenciosas de febre por Oropouche (37, 38) e febre por
Mayaro (39), demonstrando a importância do diagnóstico laboratorial sistemático
dessas infecções entre os pacientes com síndrome febril aguda.
Embora reconhecendo que o dengue é hoje uma das mais importantes
flaviviroses, existem outros Flavivirus (vírus Bussuquara, Cacipacoré, Ilhéus e
vírus da encefalite de Saint Louis) negligenciados.
Apresentam
quadro
clínico
bastante inespecífico, o qual pode ser compartilhado com inúmeras doenças
infecciosas e não infecciosas, e tem sido pouco discutido na literatura médica (2).
Alguns inquéritos soro epidemiológicos realizados demonstraram que mais de 30%
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
12
dos pacientes com suspeita clínica de síndrome febril aguda permaneceram sem
diagnóstico (36, 40-44). Somente o monitoramento dos agravos emergentes
causadores de doença febril aguda indiferenciada pode proporcionar as informações
necessárias para a adequada ação de política pública e de vigilância em saúde para
a região.
1.2.3 Vírus Bussuquara (BSQV)
O BSQV foi isolado de mosquitos e de animais silvestres da região
Amazônica, principalmente em roedores, como Proechimys spp. e mosquitos do
gênero Culex. Isolado originalmente no estado do Pará, Brasil, em 1956, e pela
primeira vez em humanos em 1971 (45). Um estudo realizado, em 1998, com jovens
militares que viviam em áreas de risco, teve o objetivo de investigar a soro
prevalência para Flavivirus. Foram analisadas 189 amostras de soros humanos
provenientes de três localidades da Província de Formosa, fronteira com o Brasil e
Paraguai, e em uma amostra foi confirmada ser positiva para Bussuquara pelo teste
de neutralização (46). O vírus não tem sido relacionado a surtos, mas foi causa de
doença febril aguda, produzindo: anorexia, dores articulares, calafrios, sudorese
profusa e cefaleia relatados pelo paciente. O quadro perdurou por cerca de quatro
dias (17)
1.2.4 Vírus Cacipacoré (CPQV)
O vírus Cacipacoré foi isolado pela primeira vez em 1977, em pássaros na
região Amazônica, mas ainda é desconhecida a associação de doença febril aguda
relacionada ao vírus CPCV (17). Existem evidências de este vírus ter sido isolado
em um paciente, morador do município de Theobroma, estado de Rondônia, com
quadro clínico suspeito de leptospirose, que foi confirmado por sorologia (47, 48), No
estado do Amazonas esse vírus já foi isolado de mosquito Aedes aegyptis (49).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
13
1.2.5 Vírus Ilhéus (ILHV)
O vírus Ihéus foi isolado de Aedes sp. e Psorophora sp, capturados em 1944,
na cidade de Ilhéus, no litoral leste do Brasil (50). ILHV ocorre em todo o Brasil,
tendo diferentes artrópodes como vetores, porém o mosquito Psorophora ferox é
provavelmente o mais importante. Aves silvestres têm sido implicadas como
prováveis hospedeiros vertebrados do vírus, contudo foram também encontrados
anticorpos em outros vertebrados, como roedores, marsupiais, morcegos e
macacos, ou se isolou deles o vírus (17).
A doença em humanos é encontrada em casos esporádicos, associados a
exposições à floresta e o quadro clínico varia desde infecções assintomáticas até
encefalite. A doença febril, responsável pela maioria dos casos reconhecidos, inicia
subitamente com febre moderada ou elevada, cefaleia, calafrios, fotofobia, artralgia,
mialgia e astenia, evoluindo em média por três a cinco dias, com recuperação
completa e sem sequelas (51). Após o primeiro isolamento viral, inúmeros outros
isolamentos de pacientes febris, de mosquitos e de uma grande variedade de
animais, particularmente aves silvestres e morcegos. Esses dados foram obtidos no
Equador, no Peru, na Guiana Francesa, na Colômbia, no Panamá, em Trinidad e no
Brasil (44, 52-60).
1.2.6 Vírus da encefalite de Saint Louis (SLEV)
O vírus da encefalite de Saint Louis (SLEV) foi inicialmente descrito nos
Estados Unidos em St. Louis, Missouri, onde foi responsável por uma epidemia entre
julho e outubro de 1933. Identificaram-se 1.095 casos com 201 óbitos. É
amplamente distribuído nos Estados Unidos e nas Américas Central e do Sul,
mantidos em ciclos de transmissão envolvendo mosquitos do gênero Culex spp e
vários pássaros (61). Análises filogenéticas sugerem que o SLE foi introduzido na
Argentina e transportados da África, a bordo de navios e se dispersou gradualmente
para o norte da América (62).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
14
A doença é transmitida acidentalmente ao homem por mosquitos infectados,
que normalmente se alimentam de sangue de pássaros. O início é caracterizado por
sintomas semelhantes à gripe, podendo evoluir para meningites agudas ou
subagudas com sinais neurológicos focais. Sintomas urinários podem ocorrer em até
25% dos pacientes. Comorbidades pré existentes como hipertensão, arteriosclerose,
diabetes e alcoolismo crônico podem predispor a infecções graves ou fatais. O
período de convalescença pode ser prolongado e é caracterizado por astenia,
irritabilidade, tremores, insônia, depressão, perda de memória, dor de cabeça,
sintomas esses com duração de até três anos (15).
No Brasil foi isolado pela primeira vez no norte do país, em 1964, a partir de
um pool de mosquitos Sabethes belisarioi coletados ao longo da rodovia BelémBrasília (63). Apesar da ampla distribuição de SLEV na região amazônica, verificada
por evidência sorológica em aves e humanos, até o final de 2000, não existiam
relatos de epidemia de encefalite devido ao vírus SLEV na região (17). Em 2005, foi
documentado um grande surto de encefalite de St. Louis em Córdoba, Argentina
(64). No mesmo ano, foi isolado o SLEV de um paciente febril suspeito de dengue,
em São Pedro, Estado de São Paulo (65). No entanto, um surto de SLEV ocorreu
concomitantemente com um grande surto de DENV-3 em São José do Rio Preto,
Estado de São Paulo. Durante esta manifestação, alguns pacientes apresentaram
manifestações hemorrágicas, identificadas por prova do laço positiva, petéquias e
gengivorragia. Um paciente apresentou co-infecção de DENV-3 e SLEV (66, 67).
Esta descoberta é também um alerta aos profissionais de saúde, devido à
necessidade de maior investigação clínica e epidemiológica de doenças febris como
no caso relatado. Infecções por SLEV podem ser reconhecidas ou confundidas com
outras causadas por outros arbovírus, como o dengue.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
15
1.3 Família Togaviridae – Gênero Alphavirus
A família Togaviridae compreende os gêneros Alphavirus e Rubivirus. O vírus
da encefalite equina venezuelana (VEEV) é um Alphavirus e um importante
patógeno humano. É também um sistema modelo para o estudo da estrutura,
replicação e patogênese dos vírus deste gênero (4).
Estruturalmente, são esféricos, de 60 a 70 nm de diâmetro, com um
nucleocapsídeo icosaédrico envolvido em um envelope lipoproteico. O RNA é linear,
de fita simples, com aproximadamente 4x106 daltons e poliadenilado. O genoma tem
aproximadamente 11,7 Kb e comporta-se como RNA mensageiro. O envoltório
lipoprotéico contém bicamada lipídica de origem celular, que é derivada da
membrana plasmática da célula hospedeira. A proteína do capsídeo é organizada
em hexons e pentons, que complementa a organização das glicoproteínas (68). Nos
virions são encontrados três antígenos distintos: E1 e E2 (Glicoproteínas) e o C
(Nucleoproteína), conforme demonstrado na (Figura 5).
Figura 5: Ilustração da morfologia do virion da família Alphavirus e suas principais
proteínas estruturais. (a) A poliproteína codificada pela cadeia aberta de leitura, após
clivagem, libera três proteínas estruturas (C, pE2 e E1) e quatro não estruturais (nsP1,
nsP2, nsP3 e nsP4). (b-c) Envoltório, esférico, de cerca de 60-70 nm de diâmetro, onde
estão representadas as glicoproteínas E1 e E2, o Nucleocapsídeo representado pela
proteína N e a bicamada lipídica (4).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
16
O gênero Alphavirus constitui um grupo com 28 espécies de vírus,
classificados antigenicamente em 4 complexos. No geral, são responsáveis por
causar dois padrões distintos de doença: encefalite, com ou sem desmielinização, e
doença febril, com artralgia persistente (69). Cada Alphavirus é responsável por
apenas um destes tipos de doença, mas as síndromes clínicas não foram separadas
geograficamente. Por exemplo, os alphavirus presentes na América do Sul são os
vírus da encefalite equina venezuelana (VEEV), vírus da encefalite equina do leste
(EEEV), vírus da encefalite equina ocidental (WEEV), Mayaro (MAYV), Una (UNAV),
Pixuna (PIXV), Aura (AURAV), e Trocará (TROCV). Os três primeiros, como
indicado por seus nomes, causam encefalite; MAYV e UNAV causam doença febril,
que cursa com quadro de artrite prolongada e severa; ao passo que PIXV, AURAV e
TROCV não são conhecidos por causar doença humana (70).
O vírus Mayaro (MAYV) é um membro da família Togaviridae e gênero
Alphavirus. Estudos moleculares recentes têm reconhecido duas linhagens de
MAYV: genótipos D e L (71). Tem sido associado a uma doença semelhante ao
dengue, com exantema, febre moderada a grave, com duração de 3-5 dias e
artralgia. A artralgia permanece por várias semanas e afeta principalmente os
tornozelos, pulsos e dedos, mas também pode afetar as articulações maiores. O
MAYV é enzoótico para América do Sul e endêmico em áreas rurais. É mantido em
ciclo silvestre envolvendo vertebrados, incluindo primatas não humanos e mosquitos
Haemagogus janthinomys. Aves podem atuar como hospedeiros secundários, sendo
importantes para a disseminação do vírus (68).
A maioria das infecções por MAYV é esporádica e ocorre em pessoas com
história de recentes atividades dentro ou próximo a florestas. Vários pequenos
surtos têm sido relatados na região amazônica, normalmente limitados a áreas rurais
próximas ou no interior de florestas, onde o vetor é encontrado. Na cidade de São
Paulo, foi relatada a ocorrência de três casos de infecção por MAYV, em pacientes
infectados enquanto pescavam em Camapuã, MS (72).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
17
Em fevereiro de 2008, um surto de febre por Mayaro ocorreu em um
assentamento no município de Santa Bárbara, norte do Brasil. Os pacientes
apresentavam erupção cutânea, febre e grave artralgia com duração de até sete
dias. Imunoglobulina M contra MAYV foi detectada por ELISA em 36 pessoas. O
vírus foi isolado, sequenciado e caracterizado como genótipo D em três pacientes
(73).
Em outro estudo realizado com pacientes atendidos na FMT-HVD, no período
de janeiro de 2007 a dezembro de 2008, foram testados anticorpos IgM para MAYV
e detectados em 33 amostras de 631 pacientes (5,2%). Os pacientes com IgM
positiva apresentaram doença febril aguda com mais de cinco dias (39). Embora as
taxas de anticorpos sejam encontradas em algumas comunidades rurais da bacia
amazônica do Brasil, é difícil isolar MAYV, devido ao período relativamente curto de
viremia.
O MAYV pode ser transmitido por mosquitos do gênero Aedes e, assim,
poderia se deslocar para cidades, em aves com viremia ou viajantes humanos, e se
adaptar a um novo ciclo que poderia envolver o homem como reservatório. Neste
contexto, os viajantes estão em risco de aquisição e importação desta doença, como
ocorrido com um cidadão francês que apresentou doença reumática grave depois de
visitar a Amazônia brasileira e um casal de holandeses que apresentou artralgia
persistente, febre e erupção cutânea temporária após estadia no Suriname. Todos
foram diagnosticados com infecção pelo vírus Mayaro (74, 75).
Em casos de surtos de doença febril aguda por MAYV, SLEV, CHIKV e
OROV, o diagnóstico laboratorial de casos suspeitos é fundamental, pois esses vírus
não são facilmente diferenciados de outras doenças virais, como o dengue, e pode
permanecer desconhecida a sua ocorrência (2).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
18
1.4 Família Bunyaviridae – Gênero Orthobunyavirus
Os vírus deste gênero medem de 80 a 120 nm de diâmetro, apresentam
capsídeo de simetria helicoidal, circundado por um envoltório lipoproteico com
espículas superficiais. O genoma viral é constituído por três segmentos de RNA de
fita simples (Small-S, Medium-M e Large-L), lineares e de simetria helicoidal, os
quais codificam, respectivamente, proteínas estruturais do nucleocapsídeo (N),
glicoproteínas do envelope (G1 e G2) e a proteína (L), além das proteínas não
estruturais NSs e NSm (Figuras 6 e 7) (76).
Figura 6: Ilustração da morfologia do virion da Família Bunyaviridae e suas
principais proteínas estruturais. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/de/e/e7/BunyaviridaeSchema.jpg
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
19
Figura 7: Ilustração do genoma de virion da família Bunyaviridae. O Segmento L
codifica a proteína L, uma RNA polimerase dependente de RNA; o segmento M codifica
duas glicoproteínas de superfície G1, G2 e NSm que formam as espículas do envelope; e o
segmento S codifica N e Ns do nucleocapsídeo.(77)
O Orthobunyavirus de maior importância no Brasil é o vírus Oropouche
(OROV), responsável pela febre por oropouche (78). Sorologicamente está incluído
no grupo Simbu da classificação de CasaIs (79) e foi isolado pela primeira vez, em
1955, de amostra de um trabalhador florestal febril em Trinidad (80). Este vírus é
mantido na natureza pelos ciclos silvestres e urbanos. No ciclo silvestre, preguiças,
macacos e aves são os hospedeiros vertebrados e o Aedes serratus, o Culex
quinquefasciatus e o Culicoides paraensis (maruim) vetores. No ciclo urbano, o vírus
é transmitido de pessoa a pessoa, por meio da picada do Culicoides paraensis,
amplamente disseminado em áreas tropicais e subtropicais das Américas (81).
A febre por Oropouche é uma doença febril aguda, semelhante ao dengue,
apresentando sintomatologia com: cefaleia, mialgia, artralgia, podendo até mesmo
ser acompanhada de meningite asséptica. Alguns dias após o término do episódio
febril inicial é comum se observar a recorrência dos sintomas, porém, em geral, com
menor intensidade. Alguns pacientes podem exibir um quadro grave caracterizado
por meningite linfoplasmocitária. A recuperação dos enfermos é completa, sem
sequelas aparentes, mesmo nos casos mais graves (78).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
20
Dentre os arbovírus encontrados na Amazônia, após o vírus Dengue, o vírus
Oropouche é o que tem sido isolado com mais frequência a partir de casos
humanos. Acredita-se que cerca de 500.000 casos de infecção por OROV tenham
ocorrido no Brasil nos últimos 48 anos. Em 2003 e 2004, vários casos de febre por
Oropouche foram detectados em Parauapebas e Porto de Moz, no Estado do Pará
(82). Ainda no Pará, após 26 anos da última epidemia de febre por Oropouche, foi
realizada uma pesquisa sorológica e um estudo prospectivo de casos agudos febris
em Magalhães Barata e Maracanã. Estes estudos mostraram uma prevalência de
anticorpos para OROV de 76,9% e 73,3%, respectivamente; os menores de 15 anos
foram os mais afetados; foi identificado o genótipo II, nos dois municípios (83). No
Amazonas, em 2008, houve relato de um surto na região de Manaus, onde 20,3%
dos pacientes com síndrome febril aguda, negativos para dengue, apresentavam
anticorpos IgM anti-OROV (37), e em pacientes com quadro clínico de
meningoencefalite (38). Nos últimos anos, a área de circulação e o potencial de
epidemia por OROV têm aumentado. Em 2003, foi isolado em um pequeno primata
— um sagui (Callithrix) — no estado de Minas Gerais, no sudeste do Brasil, longe da
Amazônia (84).
Considerando que vetores de OROV (Culicoides paraensis) ocorrem em
áreas de baixa altitude nas Américas, a destruição ambiental, bem como as
mudanças climáticas podem resultar em surtos nas grandes cidades do Brasil (2),
além do fato de a circulação do OROV, provavelmente, ser esporádica e
clinicamente silenciosa e, quando não associadas a surtos, é mais provável que
sejam negligenciadas pelos serviços de vigilância epidemiológica (85).
1.5 Diagnóstico laboratorial das arboviroses
O diagnóstico etiológico das arboviroses, tanto em amostras humanas como
em animais, é realizado a partir de técnicas diretas e indiretas, que são aplicadas de
acordo com o tempo de evolução do quadro clínico. Diagnóstico convencional é
baseado em testes sorológicos de triagem para detectar a presença de anticorpos
contra o vírus específico no soro do paciente. Muitas vezes, exige a comprovação de
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
21
um aumento na concentração de anticorpos a partir de uma amostra de sangue de
fase aguda e uma amostra da fase de convalescência (chamada de amostras
pareadas) (86).
Em amostras do início da sintomatologia, em que é provável que o vírus ainda
esteja em circulação, são utilizadas as técnicas de isolamento em cultura de células
ou animais de laboratório, segue-se a detecção de antígeno através de métodos
indiretos (imunofluorescência, ELISA, etc.) ou a detecção do genoma viral por
técnicas moleculares (RT-PCR, NASBA, PCR em tempo real) (87, 88), (Figura 8). A
partir de sete dias do início dos sintomas, é possível detectar a presença de
anticorpos IgM (por ELISA, imunofluorescência ou inibição da hemaglutinação) que,
dependendo do agente, apresentam diferentes períodos de persistência. Anticorpos
da classe IgG podem ser detectados, geralmente, alguns dias depois que o IgM foi
detectado (ELISA, neutralização em cultura de células, inibição da hemaglutinação,
imunofluorescência), e estes anticorpos podem permanecer por longos períodos de
tempo. Para as infecções recentes são necessários estudos sorológicos através da
detecção de IgM e ausência de IgG na amostra (89).
Entre as diferentes famílias virais reações cruzadas sorológicos devem ser
ponderadas na interpretação dos resultados laboratoriais. Essas relações são
reforçadas nas infecções secundárias ou sequencial, por arbovírus da mesma
família, que geram uma resposta de memória imunológica com altos títulos de
anticorpos.
Já
a
imuno-histoquímica
e
os
estudos
histopatológicos
são
frequentemente úteis para o estudo de casos fatais, principalmente naqueles casos
nos quais os resultados obtidos em outros testes foram pouco conclusivos (90).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
22
Figura 8: Diagnóstico laboratorial das arboviroses.
1.5.1 Reação em cadeia da polimerase e sequenciamento nucleotídico
Dada
a
incidência de
doenças
causadas
por estes
vírus
e
seu
comportamento emergente, testes de laboratório se tornaram cada vez mais
importantes. No entanto, o diagnóstico laboratorial da infecção pelos arbovirus
continua a ser laborioso, pois o isolamento desses vírus é demorado e, para muitos
deles, requer um laboratório com nível três de biossegurança. Os diferentes testes
sorológicos de neutralização, com frequência, podem mostrar uma reatividade
cruzada entre espécies. Por todas estas razões, o desenvolvimento de testes
moleculares para esses agentes, incluindo a reação em cadeia da polimerase
(PCR), tem atraído uma série de esforços e atenção (91).
A técnica de PCR surgiu nos anos 80 como um método sensível, simples,
rápido e específico, possibilitando a identificação de vírus, a partir de fluídos de
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
23
isolamento ou de materiais biológicos de pacientes. Consiste em uma reação de
síntese de regiões específicas de DNA em ciclos repetidos. A cada ciclo, o número
de fragmentos são duplicados e, após trinta ciclos, uma molécula é amplificada em
mais de um bilhão de vezes. O método diagnóstico de infecções por arbovírus (nos
vírus RNA) por meio da PCR deve ser precedido de transcrição reversa. Nesse
caso, é necessário realizar uma etapa prévia à PCR: a síntese de uma fita de DNA
complementar (cDNA), tendo a molécula de RNA como molde — técnica de grande
utilidade na detecção genômica diagnóstica de vários vírus RNA (5, 88, 90).
A sensibilidade da metodologia do RT-PCR permite a detecção e identificação
dos arbovírus tanto em artrópodes vetores, quanto em amostras clínicas, nos quais
existem dificuldades de isolamento. Também é importante quando há necessidade
de um diagnóstico rápido para o tratamento clínico e implicações no controle de
epidemias ou de vetores, bem como a classificação taxonômica dos vírus que
apresentem reações cruzadas nos testes sorológicos (5, 10, 92).
A técnica de sequenciamento de DNA consiste na síntese in vitro de uma fita
de DNA na presença de quatro diferentes nucleotídeos trisfosfatados terminadores
de cadeia, os didesoxirribonucleosídeos trifosfatados: ddATP, ddCTP, ddGTP e
ddTTP, tendo como DNA-molde aquele cuja sequência deseja-se identificar. O
sequenciamento nucleotídico é uma das ferramentas mais importantes no que se
refere à caracterização de genes. A partir de produtos amplificados pela RT-PCR,
permite analisar comparativamente as sequências obtidas com as de vários
arbovírus — previamente conhecidos — ou até mesmo caracterizar um gene até
então não conhecido (13, 14, 93, 94).
Um novo método de sequenciamento de DNA, usualmente chamado de
Pyrosequencing, foi desenvolvido pela Roche Applied Sciences. Por meio deste
método, pode-se sequenciar genomas de organismos diversos de uma maneira
muito mais rápida e barata. No Pyrosequencing, a síntese de DNA ocorre através de
um complexo de reações o qual inclui enzimas (ATP sulfurilase e luciferase) e
substratos (adenosina 5’ fosfossulfato e luciferina). O grupo pirofosfato, liberado
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
24
durante a adição de um nucleotídeo, resulta na produção de luz detectável. Portanto,
quando um novo nucleotídeo é incorporado em uma cadeia crescente de DNA,
através da DNA polimerase, pirofosfato é gerado de maneira estequiométrica,
resultando na produção de ATP. Este leva à conversão enzimática da luciferina com
emissão de fótons. À medida que os componentes da reação diminuem, um novo
ciclo de reagentes é introduzido e então a incorporação de nucleotídeos específicos
é avaliada de maneira sequencial (95).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
25
2. JUSTIFICATIVA
Uma limitação da realização de vigilância das arboviroses é o caráter
genérico de apresentação da doença. Enquanto a doença grave pode resultar em
manifestações hemorrágicas ou doença neurológica, as arboviroses geralmente
resultam em doença febril leve a moderada, muitas vezes assintomática.
Particularmente no início de progressão da doença, os pacientes apresentam
doença febril indiferenciada tornando o diagnóstico clínico pouco confiável. Em
função da falta de apresentação clínica distinta e da diversidade dos agentes
etiológicos, o suporte de laboratório tornou-se um componente crítico de programas
eficazes de vigilância.
Nesse aspecto, o emprego de métodos de biologia molecular, como a reação
em cadeia de polimerase precedida de transcrição reversa do RNA viral (RT-PCR),
permite o estabelecimento de um trabalho de rotina prático, rápido e seguro para o
diagnóstico de arboviroses. Entretanto, são poucos os estudos utilizando tais
métodos no diagnóstico de arboviroses brasileiras.
Apesar da relevância para a saúde pública, pouco se sabe sobre a
distribuição geográfica, o impacto relativo e os fatores de risco associados à
infecção por arbovírus em muitas regiões do mundo.
Diante das dificuldades e da necessidade de se diagnosticar precisamente e
com rapidez as doenças causadas por vírus emergentes, na Amazônia Ocidental
Brasileira, o presente trabalho pretende contribuir para a detecção de algumas
espécies de arbovírus brasileiros, pertencente às famílias Flaviviridae, Bunyaviridae
e Togaviridae utilizando-se métodos de biologia molecular.
Somente o monitoramento dos agravos endêmicos e emergentes causadores
de doença febril aguda indiferenciada podem proporcionar as informações
necessárias para adequada ação de política pública e de vigilância em saúde para a
região.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
26
3. OBJETIVOS
3.1 Geral
Vigilância laboratorial da circulação de arbovírus em humanos, durante
epidemia de dengue, em uma unidade terciária de saúde da Amazônia Ocidental
Brasileira, durante epidemia de dengue, em 2011, na cidade de Manaus/AM.
3.2 Específicos
• Detectar vírus da família Flaviviridae (DENV 1-4, BSQV, CPCV, ILHV e
SLEV), Togaviridae (MAYV) e Bunyaviridae (OROV) pela reação em cadeia
da polimerase precedida de transcrição reversa do RNA (RT-PCR);
• Genotipar os arbovírus isolados;
• Analisar as características clínicas, hematológicas e epidemiológicas (sexo,
idade, ocupação e localidade) de cada agravo em estudo;
• Detectar a ocorrência de co-infecções entre os arbovírus pesquisados;
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
27
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Modelo de Estudo
Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo, dos casos de doença febril
aguda, atendidos na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado
(FMT-HVD), durante surto de dengue ocorrido no período de 01 de Janeiro a 31 de
Maio de 2011, na cidade de Manaus.
4.2 Universo de Estudo
4.2.1 Local de Estudo
O estudo foi realizado na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira
Dourado, localizada em Manaus, capital do estado do Amazonas. A FMT-HVD é
uma instituição pioneira na implantação da vigilância de síndromes febris agudas e,
através da consolidação de um Ambulatório de Doença Febril Aguda, oferece um
serviço de atendimento a todo paciente com quadro de doença febril aguda
indiferenciada.
4.2.2 Definição de Caso
Paciente com idade acima de um ano apresentando doença febril aguda com
duração de até sete dias, acompanhada de dois ou mais dos seguintes sintomas
inespecíficos: cefaleia, mialgia, artralgia, dor retro-orbitária, fotofobia, exantema,
astenia, anorexia e mal-estar geral.
4.2.3 População de Estudo
Para fins deste estudo foram consideradas exclusivamente as amostra de
pacientes que apresentaram quadro clínico característico de doença febril aguda,
independente de idade e sexo, atendidos na Fundação de Medicina Tropical Dr.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
28
Heitor Vieira Dourado, durante o surto de dengue na cidade de Manaus, cujo
material biológico (soro) foi encaminhado à Gerência de Virologia para a elucidação
diagnóstica da doença febril.
4.2.4 Participantes
No período de 01 de janeiro a 31 de maio de 2011 foram incluídos na
pesquisa 677 pacientes com suspeita clínica de dengue. Aqueles que atenderam a
definição de caso foram convidados a participar da pesquisa e a assinar o termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE), Anexo 8.4.
4.3 Procedimentos
As amostras utilizadas na pesquisa foram selecionadas a partir da demanda
espontânea da Gerência de Virologia da FMT-HVD. Essas amostras foram
sistematicamente aliquotadas em três tubos estéreis de 1,0 mL, sendo devidamente
identificados e em seguida conservados a -80ºC para análise sorológica e/ou
molecular.
Quando pertinente, foi feita uma revisão do prontuário informatizado dos
pacientes. Os dados epidemiológicos, clínicos e laboratoriais dos pacientes incluídos
na pesquisa foram registrados em uma ficha clínica padrão para o estudo (Anexo
8.2).
4.3.1 Doenças em estudo e algoritmos de investigação e diagnóstico
Os agravos avaliados nessa pesquisa foram as doenças causadas pelos
arbovírus emergentes na região, listados na Tabela 3, seguindo o algoritmo de
investigação e diagnóstico (Figura 9).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
29
Tabela 3: Relação de arbovírus brasileiros em estudo.
FAMÍLIA
Togaviridae
GÊNERO
Alphavirus
VÍRUS (Abreviação)
Mayaro (MAYV)
Dengue (DENV)
Flaviviridae
Flavivirus
Bussuquara (BSQV)
Cacipacoré (CPCV)
Ilhéus (ILHV)
St. Luis Encephalitis
(SLEV)
Bunyaviridae
Orthobunyavirus
Oropouche (OROV)
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
30
Figura 9: Fluxograma da metodologia aplicada às amostras incluídas no estudo.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
31
4.3.2 Métodos de diagnóstico laboratorial
As atividades de investigação laboratorial em todas as fases do estudo
aconteceram na Gerência de Virologia da FMT-HVD, com o apoio do Centro de
Pesquisa Leônidas & Maria Deane (FIOCRUZ Amazônia) e Universidade Nilton Lins.
Os arbovírus utilizados neste estudo, como controles positivos, estão listados
na Tabela 4 e foram, gentilmente, cedidos pelo Prof. Dr. Luiz Tadeu Morais
Figueiredo, do Centro de Pesquisa em Virologia da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto-USP.
Tabela 4: Relação das estirpes de arbovírus brasileiros que serão utilizadas
no estudo como controle positivo.
FAMÍLIA
Togaviridae
GÊNERO
Alphavirus
VÍRUS
(Abreviação)
Mayaro (MAYV)
ESTIRPES
(Abreviação)
BeAr 20290
DENV 1 Mochizuki
Dengue (DENV)
DENV 2 SpH 125367
DENV 3 RP41
Flaviviridae
Bunyaviridae
Flavivirus
DENV 4 Boa Vista
Bussuquara (BSQV)
BeAn 4073
Ilhéus (ILHV)
BeH 7445
St. Luis Encephalitis (SLEV)
BeH 355964
Orthobunyavirus Oropouche (OROV)
Be An 19991
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
32
4.3.2.1 Protocolo de extração do RNA
O RNA viral foi extraído a partir de 140 µl de amostra clínica (soro), utilizando
o Qiamp Viral RNA kit (QIAGEN Inc., USA), de acordo com as recomendações do
fabricante. O volume final obtido será de 40 µl.
4.3.2.2 Síntese de DNA complementar (cDNA)
O método diagnóstico de infecções por arbovírus (nos vírus RNA), através da
PCR, deve ser precedido de transcrição reversa (RT-PCR). Nesse caso, é
necessário realizar uma etapa prévia à PCR, que é a síntese de uma fita de DNA
complementar (cDNA), tendo a molécula de RNA como molde. Assim como para
qualquer síntese de DNA, nessa reação também é indispensável a utilização de um
primer que anele com o RNA. Para a síntese de cDNA podem ser utilizados primers
genéricos ou específicos. Em nosso estudo, utilizamos os primers genéricos tipo
aleatórios (random primers).
Após a extração do RNA pelo método de Qiamp Viral RNA kit, foi utilizado o
RNA viral para síntese do cDNA, pela reação da transcrição reversa, composta de:
• 5µl de RNA, ao qual foram adicionados 1,0µl de randon primers
2,1µg/ml (Promega, Madison WI, USA);
• Segui-se incubação a 70ºC, por 5 minutos;
• Resfriou-se a solução em gelo por aproximadamente 2 minutos;
• Adiciona-se a solução (RNA/randon primers) os seguintes reagentes;
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
33
Componentes
Vol. (µl)
1 Reação
H2O
5,75
Solução tampão 2x
12,5
Enzima Transcriptase Reversa 5U/µl
0,5
Rnasin 40U/ µl (promega,USA)
0,25
Volume total
25
Após a adição dos reagentes ao RNA/randon primers, o material foi incubado
no termociclador a 45ºC por 60 minutos. O cDNA obtido foi armazenado a -20 ºC.
4.3.2.3 Primers
Os primers usados para detecção dos Alphavirus se ligam a regiões do gene
da proteína nsP1, enquanto que os usados para detecção dos Flavivirus se ligam a
regiões do gene da proteína NS5 e CprM, de acordo com o primer específico
utilizado. Para detecção do OROV foram usados primers que se ligam no segmento
S/Nucleoproteína do genoma viral. Estes primers estão descritos na Tabela 5.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
34
Tabela 5: Relação de primers utilizados no estudo.
Primers
Sequência (5'-3')
Amplicon (pb)
Referência
Primers - Semi-nested-PCR para diagnóstico de Vírus Mayaro
M2W (+)
YAGAGCDTTTTCGCAYSTRGCHW
cM3W(-)
ACATRAANKGNGTNGTRTCRAANCCDAYCC
434
270
nMay (+)
GGAAGTTGGCCAAGGC
mFU1(+)
Primers –Real-time PCR para diagnóstico de Flavivirus
TACAACATGATGGGAAAGCGAGAGAAAAA
245
GTGTCCCAGCCGGCGGTGTCATCAGC
CFD2 (-)
FG 2(-)
Primers –Multiplex PCR para diagnóstico de Flavivirus
TCAAGGAACTCCACACATGAGATGTACT
958
GTGTCCCATCCTGCTGTGTCATCAGCATACA
nDENV1(-)
CGTTTTGCTCTTGTGTGCGC
472b
nDENV2(-)
GAACCAGTTTGTTTDRTTTCATAGCTGCC
316b
nDENV3(-)
TTCCTCGTCCTCAACAGCAGCTCTCGCACT
659b
FG 1(+)
(5)
a
(93)
(96)
b
nDENV4(-)
GCAATCGCTGAAGCCTTCTCCC
222
nBSQ (-)
AAG TGA CAC CTG TTC AGG GTA
388b
nILH (-)
TCC ACC GCT GAT CTG AGC CCG TGA
474b
nSLE (-)
ATT CTT CTC TCA ATC TCC GT
232b
D1
D2
Primers Semi-nested-PCR para diagnóstico de Vírus Dengue
TCAATATGCTGAAACGCGCGAGAAACCG
511
TTGCACCAACAGTCAATGTCTTCAGGTTC
TS1
CGTCTCAGTGATCCGGGGG
482c
TS2
CGCCACAAGGGCCATGAACAG
119c
TS3
TAACATCATCATGAGACAGAGC
290c
TS4
CTCTGTTGTCTTAAACAAGAGA
392c
(97)
Primers – Nested-PCR para diagnóstico de Vírus Oropouche
BUN-S (+)
AGTAGTGTGCTCCAC
BUN-C (-)
AGTAGTATACTCCAC
BS-S(+)
GTGGGGTCCAATTTGC
700/ 1.100
(90)
300
BS-C(-)
TGAACCCTATGCATCT
a
Com primer cM3W(-); b Com primer FG1(+); c Com primer D1(+); pb: pares de bases; (+) sensu; (-)
anti-sensu
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
35
4.3.2.4 Protocolo de PCR para identificação de Alphavirus
Para a detecção de agentes virais do gênero Alphavirus e o vírus Mayaro,
será utilizada a estratégia desenvolvida por Bronzoni et al. (2005), com uma reação
de PCR gênero-específico, seguida de uma Semi-nested-PCR espécie-específica,
produzindo amplicons de 434 e 270 pb (96), de acordo com o protocolo.
PCR Gênero-específico Alphavirus
Componentes
Vol. (µl) 1
Reação
Concentração
Final
H2O
12,1
Solução tampão 10x
2,5
1
X
MgCl2 50 mM
2
4
mM
dNTP 10 mM
1
0,4
mM
M2W 10 pmol
1
0,4
pmol
cM3W 10 pmol
1
0,4
pmol
0,4
2
Taq Platinum 5U/ µl
cDna
5
Total
25
U
O protocolo da reação de PCR no termociclador teve início a partir de
desnaturação inicial a 94°C durante 4min., seguido por 35 ciclos de desnaturação a
94°C durante 45 seg., hibridização a 45°C durante 45 seg., extensão a 72°C durante
45 seg. e extensão final a 72° C durante 7 minutos.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
36
Semi -nested-PCR -Vírus Mayaro
Componentes
Vol. (µl) 1
Reação
Concentração
Final
H2O
17,1
Solução tampão 10 x
2,5
1,0
X
MgCl2 50 mM
1
2,0
mM
dNTP 10 mM
1
0,4
mM
cM3W 10 pmol
1
0,4
pmol
nMay 10 pmol
1
4
pmol
0,4
2
U
Taq Platinum 5U/ µl
Amplicon
1
Total
25
O protocolo da reação de Nested-PCR no termociclador teve início a partir de
desnaturação inicial a 94°C durante 4min., seguido por 28 ciclos de desnaturação a
94°C durante 45 seg., hibridização a 45°C durante 45 seg., extensão a 72°C durante
45 seg. e extensão final a 72°C durante 7 minutos.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
37
4.3.2.5 Protocolo de PCR para identificação de Flavivirus
Etapa 1. As 677 amostras foram testadas para vírus DENV no protocolo
desenvolvido por Lanciotti et al (1992). A primeira reação de PCR produziu cDNA de
uma parte do genoma viral (CprM) de aproximadamente 511 pb (97). Seguida de
Nested-PCR com primers específicos para determinação de cada sorotipo de
dengue, de acordo com o protocolo seguinte:
Componentes
1º PCR - Vírus Dengue
Vol.(µl) 1
Reação
Concentração
Final
H2O
15
Buffer 10x
2,5
1
MgCl2 50 mM
0,75
1,5
mM
dNTP 10 mM
0,5
0,2
mM
D1 10 nM (+)
0,5
0,3
mM
D2 10 nM (-)
0,5
0,3
mM
Taq Platinum 5U/ µl
0,25
1,25
U
cDna
5
total
25
X
O protocolo da reação de PCR no termociclador teve início a partir de
desnaturação inicial a 94°C durante 4min., seguido por 35 ciclos de desnaturação a
94°C durante 1 min., hibridização a 55°C durante 1 min., extensão a 72°C durante 2
min. e extensão final a 72°C durante 5 minutos.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
38
Componentes
Nested-PCR
Vol. (µl) 1
Reação
Concentração
Final
H2O
27,0
Solução tampão 10x
5,0
1
MgCl2 50 mM
1,5
1,5
mM
dNTP 10 mM
1,0
0,2
mM
D1 10 nM
1,0
0,2
mM
TS1 10 nM
1,0
0,2
mM
TS2 10 nM
1,0
0,2
mM
TS3 10 nM
1,0
0,2
mM
D-4 10 nM
1,0
0,2
mM
Taq Platinum 500 U
0,5
2,5
U
amplicon Dil. 1:100
10,0
Total
50,0
X
O protocolo da reação de Nested-PCR no termociclador teve início a partir de
desnaturação inicial a 94°C durante 4min, seguido por 28 ciclos de desnaturação a
94°C durante 1 min., hibridização a 55°C durante 1 min., extensão a 72°C durante 2
min. e extensão final a 72°C durante 5 minutos.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
39
Etapa 2. Para a detecção de agentes virais do gênero Flavivirus, não Dengue,
foi utilizada inicialmente a estratégia de triagem das amostras desenvolvida por
Chao et al (2007): uma reação real-time transcriptase reverse PCR (RT-PCR) para
rápida detecção de Flavivirus de interesse médico (93). Para a reação de real-time
PCR utilizamos os kit de reagentes Maxima SYBR® GREEN/ROX Fermentas, de
acordo com protocolo seguinte:
Real-time-PCR - Gênero-específico Flavivirus
Componentes
Vol. (µl) 1 Reação
H2O
7,5
Solução ponta para uso 2X
12,5
mFU1 10 pmol
1
CFD2 10 pmol
1
cDNA
3
Total
25
O perfil térmico da reação de PCR teve início a partir de desnaturação inicial a
95°C durante 15min., seguido por 45 ciclos a 95°C durante 15 segundo, e 48°C
durante 3 minutos,
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
40
Etapa 3. As amostras negativas na reação de real-time PCR, foram testadas
por outro protocolo para a detecção de agentes virais do gênero Flavivirus,
estratégia desenvolvida por Bronzoni et al. (2005). Uma reação de PCR gêneroespecífico, produzindo amplicons de aproximadamente 958 pb (96), seguida de duas
Multiplex-Nested-PCR espécie-específica com primers selecionados com base na
sequência de nucleotídeos dos vírus de estudo. Na primeira M-N-PCR usamos Pool
1 primers de NDEN-1, NDEN-2, NDEN3 e NYF, juntamente com o primer FG1
(15μM cada). Na segunda M-N-PCR usamos Pool 2 de primers nSLE, nBSQ, nILH,
nROC juntamente com o primer FG1 (15μM cada), de acordo com o protocolo
seguinte:
PCR Gênero-específica Flavivirus
Componentes
Vol. (µl)
1 Reação
Concentração
Final
H2O
12,3
Buffer 10x
2,5
1
X
MgCl2 50 mM
1
2
mM
dNTP 10 Mm
1
0,4
mM
FG1 15 nM (+)
1,5
0,9
mM
FG2 15 nM (-)
1,5
0,9
mM
Taq Platinum 5U/ µl
0,2
1
cDna
5
Total
25
U
O protocolo da reação de Nested-PCR no termociclador teve início a partir de
desnaturação inicial a 94°C durante 4min, seguido por 30 ciclos de desnaturação a
94°C durante 1 min., hibridização a 53°C durante 1 min., extensão a 72°C durante 2
min. e extensão final a 72°C durante 5 minutos.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
41
M-N-PCR
Componentes
Vol. (µl)
1 Reação
Concentração
Final
H2O
12,3
Solução tampão 10x
2,5
1,0
X
MgCl2 50 mM
2
4,0
mM
dNTP 10 mM
1
0,4
mM
Pool (1/2) Primer 15mM
4
2,4
mM
0,2
1
Taq Platinum 5U/ µl
Amplicon
3
Total
25
U
O protocolo da reação de PCR no termociclador teve início a partir de
desnaturação inicial a 94°C durante 4min., seguido por 30 ciclos de desnaturação a
94°C durante 1 min., hibridização a 53°C durante 1 min., extensão a 72°C durante 2
min. e extensão final a 72°C durante 5 minutos.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
42
4.3.2.6 Protocolo de PCR para identificação de Orthobunyavirus
Para a detecção de agentes virais do gênero Orthobunyavirus, foi utilizada a
estratégia desenvolvida por Moreli et al. (2002): uma reação de PCR gêneroespecífico,
seguida
de
uma
Nested-PCR
espécie-específica
com
primers
selecionados com base na sequência de nucleotídeos de vírus Oropouche segmento
S, produzindo amplicons de aproximadamente 300 pb (90), de acordo com o
protocolo seguinte:
PCR – Gênero específico -Bunyavirus
Componentes
Vol. (µl)
1 Reação
Concentração
Final
H2O
15,1
Solução tampão 10x
2,5
1
X
MgCl2 50 mM
1
2
mM
dNTP 10 mM
1
0,4
mM
BUN-S 10 pmol
1
0,4
pmol
BUN-C 10 pmol
1
0,4
pmol
0,4
2
Taq Platinum 5U/ µl
cDna
3
Total
25
U
O protocolo da reação de PCR no termociclador teve início a partir de
desnaturação inicial a 94°C durante 4min., seguido por 35 ciclos de desnaturação a
94°C durante 1min., hibridização a 55°C durante 1 min., extensão a 72°C durante 1
min. e extensão final a 72°C durante 5 minutos.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
43
Nested-PCR para vírus Oropouche
Componentes
Vol. (µl) 1
Reação
Concentração
Final
H2O
17,1
Solução tampão 10x
2,5
1
X
MgCl2 50 mM
1
2
mM
dNTP 10 mM
1
0,4
mM
BS-S 10 pmol
1
0,4
pmol
BS-C10 pmol
1
0,4
pmol
0,4
2
Taq Platinum 5U/ µl
Amplicon
1
Total
25
U
O protocolo da reação de Nested-PCR no termociclador teve início a partir de
desnaturação inicial a 94°C durante 4min., seguido por 25 ciclos de desnaturação a
94°C durante 1min., hibridização a 55°C durante 1 min., extensão a 72°C durante 1
min. e extensão final a 72°C durante 5 minutos.
4.3.2.7 Avaliação eletroforética dos produtos de amplificação
Todos os amplicons foram analisados por eletroforese, em gel de agarose a
1-2%. Para tanto, uma alíquota de 5,0µl do produto amplificado na reação de PCR
foi adicionada a 2,0µl de solução tampão de amostra (0,5% azul de bromo fenol e
20% de glicerol), corado com brometo de etídeo (10mg/ml), aplicado no gel
submerso em cuba horizontal de eletroforese, com solução tampão TBE 1X (89mM
Tris; 89mM Ácido Bórico; 2mM EDTA), pH 8,4 (Fermentas life scienses, Luthuania),
sob tensão elétrica de 100 Volts, aproximadamente por 70 minutos. Como controle
negativo, foi utilizado o ”branco”. As bandas foram visualizadas sob a luz ultravioleta
(UV) em uma câmara escura, equipada com transiluminador e a imagem foi
registrada através de câmara fotográfica digital. O tamanho dos amplicons foi
determinado em comparação com o marcador de peso molecular 100 pb (Fermentas
life scienses, Luthuania).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
44
4.3.2.8 Sequenciamento nucleotídico
Os amplicons obtidos na PCR foram sequenciados pelo método de
interrupção da síntese da cadeia de nucleotídeo por dideoxinucleotídios, (98).
A purificação dos produtos da PCR, a fim de se eliminar bases não
incorporadas e reagentes excedentes, foi realizada utilizando as enzimas
Exonuclease I e Shrimp Alkaline Phosphatase-SAP. Em linhas gerais, ao
produto da PCR foram adicionados 10µL de solução Exo/Sap (0,025 µL
Exonuclease I, 0,250 µL SAP e água Milli Q), depois incubado a 37ºC por 30
minutos e então a 95ºC por 5 minutos.
A quantificação das concentrações do
produto de PCR foi realizada no equipamento NanoDrop 2000/2000c, de acordo
com o manual do equipamento.
Definidas as concentrações para cada amostra, partimos para a reação de
sequenciamento, utilizando os reagentes e protocolo “Big Dye® Terminator 3.1
Cycle Sequencing Kit” (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA), segundo
recomendações do fabricante. Na reação de sequenciamento foram utilizados 2,3 μL
de solução ready reaction, 2 μL (80 ng) do produto de PCR purificado e 3,3 pmoles
de oligonucleotídeos, ajustados com água livre de RNase e DNase para um volume
final de 10 μL. A amplificação foi realizada em termociclador com o protocolo que
consiste de 39 ciclos, cada um composto por etapas de desnaturação a 96ºC por 15
segundos, anelamento dos iniciadores a 50ºC por 1 minuto e extensão a 60ºC por 4
minutos.
O produto final foi precipitado com a adição de 80µL de isopropanol 65%
(álcool isopropílico, Merck). A mistura foi agitada, incubada por 15 minutos à
temperatura ambiente e centrifugada a 4.000 rpm por 45 minutos. Ao final, o
sobrenadante foi retirado e desprezado e, em seguida, o precipitado foi lavado com
80μL de etanol a 60% e centrifugado a 4.000 rpm por 15 minutos. O sobrenadante
foi descartado e o precipitado foi incubado a 60ºC por 10 minutos para a completa
evaporação do etanol. O precipitado foi então reconstituído em 10 μL de solução de
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
45
formamida Hidi, então aquecida a 95ºC por 4 minutos e submetido à eletroforese no
sequenciador automático.
A leitura automática das sequências foi realizada no analisador modelo DNA
analizer 3130XL (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA), em placas ópticas de
96 amostras.
4.3.2.9 Análise das sequências
A análise das sequências obtidas neste estudo foi realizada por meio dos
algoritmos do programa BioEdit Sequence Alignment Edit, versão 7.0.9.0 (99). As
sequências foram confrontadas com outras existentes no GenBank, Tabela 6,
através do programa Mega 5 (100). As árvores filogenéticas tipo neighbor-joining,
para os quatro sorotipos, foram construídas baseadas no fragmento da CprM com
450 pb. Com um boot-strap de 75%.
Tabela 6: Relação de sequências de vírus DENV utilizadas na análise
filogenética.
Sorotipo
País de origem
DENV - 1
Tailândia
Cambodia
Estados Unidos
Malásia
Seychelles
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Argentina
Venezuela
Venezuela
Isolado
(ano)
1994
2001
2000
2007
2003
1990
1997
2000
2001
2001
2002
2005
2007
2000
1998
2008
Genótipo
I
I
II
III
IV
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
V
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
Genebank
acession
AY732480
AF309641
AF180817
EF457905
AB195673
AF226685
AF311956
FJ850070
AB519681
AF513110
FJ850075
FJ850084
FJ850090
AF514885
FJ639741
FJ850103
46
DENV - 2
DENV - 3
DENV - 4
Estados Unidos
México
Colômbia
Tailândia
Tailândia
Nova guiné
China
Jamaica
Brasil
Estados Unidos
Ilhas Virgens (EU)
República
Dominicana
Venezuela
Colômbia
Estados Unidos
Venezuela
Indonésia
China
Polinésia Francesa
Tailândia
Brasil
Brasil
Seri-Lanca
Brasil
Brasil
Tailândia
Tailândia
Tailândia
Estados Unidos
Venezuela
Brasil
Brasil
Brasil
2006
2008
2008
1988
2002
1988
1999
2007
2008
2005
2005
V
V
V
Ásia I
Ásia I
Ásia II
Ásia II
Asiático/Americano
Asiático/Americano
Asiático/Americano
Asiático/Americano
2004
Asiático/Americano AB122022
2006
2004
1999
1992
2004
2000
1989
1998
2011
2004
2000
2003
2007
1997
1991
2000
1995
2006
2011
2012
2010
Asiático/Americano
Asiático/Americano
Americano
Americano
Cosmopolita
Cosmopolita
I
II
II
III
III
III
III
III
I
II
II
II
II
II
II
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
EU482591
GU131983
GQ868570
DQ181802
AJ487271
AF038403
AF204178
GQ199892
HM181971
EU687216
FJ898453
FJ639822
FJ024477
AF100465
AF100469
AY858035
AF276619
AY744677
AY676348
JN697379
EF629367
AY099336
EF643017
GU131877
AY618988
AY618990
AY618993
GQ199880
JN819406
JN559740
JN559741
JN983813
47
4.3.3 Aspectos éticos
Este estudo faz parte do projeto “Doenças febris agudas em uma unidade
terciária
de
saúde
da
Amazônia
Ocidental
Brasileira:
estudos
de
epidemiologia, caracterização clínica e diagnóstica” PPSUS∕2009 EDITAL
FAPEAM ∕SUSAM ∕MS ∕CNPq∕nº 007∕2009; da pesquisadora responsável Prof.ª Dr.ª
Maria Paula Gomes Mourão. Foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em
Seres Humanos (CEP) da FMT-HVD e está de acordo com as normas previstas na
resolução Nº 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, aprovação nº 2015 (Anexo
8.3).
4.4 Análise estatística dos resultados
Para
análise
estatística
dos
dados
coletados,
a
partir
das
fichas
epidemiológicas, foi criado um banco de dados no software Epi Info 3.5.1. As
análises estatísticas dos dados são baseadas em descrição de frequências,
prevalências e associações dos sorotipos com variáveis avaliadas como: distribuição
dos sorotipos por zonas da cidade, sexo, idade, procedência, gravidade e dias de
doença.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
48
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos e a discussão da pesquisa serão apresentados na
forma de artigo científico.
"Clinical and virological descriptive study in the 2011 outbreak of
dengue in the Amazonas, Brazil"
Este manuscrito foi enviado e aceito para a publicação na revista Public
Library of Science one- PLOS ONE (fator de impacto 3.73, QUALIS A2 da CAPES
na área da CIÊNCIAS BIOLÓGICAS III) (Anexo 8.5).
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
49
6. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos nos permitiu concluir que:
• Os quatro sorotipos de Dengue circularam em Manaus, durante a epidemia
ocorrida no ano de 2011. O sorotipo mais frequente foi o DENV-2 (46,2%),
seguido pelo DENV-4 (29,2%).
• A análise nucleotídica das sequências possibilitou a caracterização genotípica
dos sorotipos, DENV 1-V, DENV 2- Asiático/Americano, DENV 3-III e DENV
4-II.
• As co-infecções foram relacionadas com os sorotipos de vírus dengue, DENV1/4 5 (1,9%); DENV-1/2 1 (0,4%) DENV-2/4 6 (2,3%) e DENV- 3/4 (0,4%).
• Na análise das amostras clínicas de pacientes, negativas para DENV, com
síndrome febril indiferenciada, não houve detecção dos outros arbovírus
(SLEV, BSQV, ILHV, MAYV e OROV).
• O perfil clinico e laboratorial dos casos confirmados de dengue foi compatível
com os descritos na literatura.
• Neste estudo não foi possível estabelecer uma associação entre a severidade
da doença e determinantes genéticos do vírus dengue.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
50
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
Yuill TM. The ecology of tropical arthropod-borne viruses. Ann Rev Ecol Syst.
1986;17:189–219.
2.
Figueiredo LT. Emergent arboviruses in Brazil. Revista da Sociedade
Brasileira de Medicina Tropical. 2007;40(2):224-9. Epub 2007/06/15.
3.
Ellis BR, Wilcox BA. The ecological dimensions of vector-borne disease
research and control. Cadernos de saude publica / Ministerio da Saude, Fundacao
Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saude Publica. 2009;25 Suppl 1:S155-67. Epub
2009/03/17.
4.
Weaver SC, Barrett AD. Transmission cycles, host range, evolution and
emergence of arboviral disease. Nature reviews Microbiology. 2004;2(10):789-801.
Epub 2004/09/21.
5.
Bronzoni RV, Moreli ML, Cruz AC, Figueiredo LT. Multiplex nested PCR for
Brazilian Alphavirus diagnosis. Transactions of the Royal Society of Tropical
Medicine and Hygiene. 2004;98(8):456-61. Epub 2004/06/10.
6.
Vasconcelos PFC, Travassos da Rosa JFS, Travassos da Rosa APA,
Pinheiro FP, Rodrigues SG, Travassos da Rosa ES, et al. Arboviruses isolated in the
Evandro Chagas Institute, including some described for the first time in the Brazilian
Arnazon region, their known hosts, and their pathology for man. An overview of
Arbovirology in Brazil and neighbouring countries Bélem: ; 1998. p. 19-31.
7.
Mackenzie JS, Williams DT. The zoonotic flaviviruses of southern, south-
eastern and eastern Asia, and Australasia: the potential for emergent viruses.
Zoonoses and public health. 2009;56(6-7):338-56. Epub 2009/06/03.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
51
8.
Gubler D, Kuno G, Markoff L. Flaviviruses. Fields Virology. 5 ed. Philadephia,
Pa.2007. p. 1153-252.
9.
Rice CM, Lenches EM, Eddy SR, Shin SJ, Sheets RL, Strauss JH. Nucleotide
sequence of yellow fever virus: implications for flavivirus gene expression and
evolution. Science. 1985;229(4715):726-33. Epub 1985/08/23.
10.
Baleotti FG, Moreli ML, Figueiredo LT. Brazilian Flavivirus phylogeny based on
NS5. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz. 2003;98(3):379-82. Epub 2003/07/30.
11.
Lindenbach BD, Thiel HJ, Rice CM. Flaviviridae: The viruses and their
replication. Fields Virology. 5th ed. Philadephia, Pa2007. p. 1101-52.
12.
Calisher CH, Karabatsos N, Dalrymple JM, Shope RE, Porterfield JS,
Westaway EG, et al. Antigenic relationships between flaviviruses as determined by
cross-neutralization tests with polyclonal antisera. The Journal of general virology.
1989;70 ( Pt 1):37-43. Epub 1989/01/01.
13.
Kuno G, Chang GJ, Tsuchiya KR, Karabatsos N, Cropp CB. Phylogeny of the
genus Flavivirus. Journal of virology. 1998;72(1):73-83. Epub 1998/01/07.
14.
Batista WC, Kashima S, Marques AC, Figueiredo LT. Phylogenetic analysis of
Brazilian Flavivirus using nucleotide sequences of parts of NS5 gene and 3' noncoding regions. Virus research. 2001;75(1):35-42. Epub 2001/04/20.
15.
Gould EA, Solomon T. Pathogenic flaviviruses. Lancet. 2008;371(9611):500-9.
Epub 2008/02/12.
16.
Iacono-Connors LC, Schmaljohn CS. Cloning and sequence analysis of the
genes encoding the nonstructural proteins of Langat virus and comparative analysis
with other flaviviruses. Virology. 1992;188(2):875-80. Epub 1992/06/01.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
52
17.
Figueiredo LT. The Brazilian flaviviruses. Microbes and infection / Institut
Pasteur. 2000;2(13):1643-9. Epub 2000/12/13.
18.
Travassos Da Rosa APA, Shope RE, Travassos Da Rosa JFS, Nakauth CM,
Vasconcelos PFC. Aspectos Virológicos. In: (Belém) FSDSP, editor. Instituto
Evandro Chagas: 50 Anos de Contribuição às Ciências Biológicas e à Medicina
Tropical Belém1986. p. 365-73.
19.
Monath TP. Yellow fever: an update. The Lancet infectious diseases.
2001;1(1):11-20. Epub 2002/03/02.
20.
Gubler DJ. The changing epidemiology of yellow fever and dengue, 1900 to
2003: full circle? Comparative immunology, microbiology and infectious diseases.
2004;27(5):319-30. Epub 2004/07/01.
21.
Ministério da Saúde Brasil. Casos de febre amarela. Brasil, Grandes Regiões
e Unidades Federadas. 1990 A 2010. 2010.
22.
Gubler DJ. The global emergence/resurgence of arboviral diseases as public
health problems. Archives of medical research. 2002;33(4):330-42. Epub 2002/09/18.
23.
Halstead SB. Pathogenesis of dengue: challenges to molecular biology.
Science. 1988;239(4839):476-81. Epub 1988/01/29.
24.
Figueiredo LTM. Febres hemorrágicas por vírus no Brasil. Revista da
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2006;39:203-10.
25.
Saúde. BMd. Dengue: diagnóstico e manejo clínico. . Série A Normas e
manuais técnicos 3 ed Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 2007.
26.
WHO. Resources for prevention, control and outbreak response Dengue,
Dengue Haemorrhagic fever. 2009.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
53
27.
Gubler DJ. Dengue, Urbanization and Globalization: The Unholy Trinity of the
21(st) Century. Trop Med Health. 2011;39(4 Suppl):3-11.
28.
Osanai CH, Travassos da Rosa AP, Tang AT, do Amaral RS, Passos AD,
Tauil PL. [Dengue outbreak in Boa Vista, Roraima. Preliminary report]. Revista do
Instituto de Medicina Tropical de Sao Paulo. 1983;25(1):53-4. Epub 1983/01/01.
Surto de dengue em Boa Vista, Roraima. Nota previa.
29.
PAHO. Dengue In Brazil: Current Situation And Prevention And Control
Activities. In: Bulletin E, editor. 2002.
30.
Ministério da Saúde Brasil. Balanço Dengue - Informe – janeiro a março/2011
2011.
31.
PAHO. Severe Dengue (Sd) In The Americas, By Country: Number Of
Reported Cases Of Dengue And Figures For 2010. In: Country) TWNBE, editor.
2010.
32.
Ministério da Saúde Brasil. Casos de dengue. Brasil, Grandes Regiões e
Unidades Federadas. 1997 A 2009. 2010.
33.
al.
Figueiredo RM, Naveca FG, Bastos MS, Melo MN, Viana SS, Mourao MP, et
Dengue
virus
type
4,
Manaus,
Brazil.
Emerging
infectious
diseases.
2008;14(4):667-9. Epub 2008/04/09.
34.
Bastos M, S., Figueiredo RM, Ramasawmy R, Itapirema E, Gimaque JB,
Santos LO, et al. Simultaneous circulation of all four dengue serotypes in Manaus,
State of Amazonas, Brazil in 2011. Rev Soc Bras Med Trop. 2012;45(3):393-4.
35.
Figueiredo RM, Bastos MS, Lima MI, Almeida TC, Alecrim WD. Dinâmica da
sorologia e isolamento viral na epidemia de dengue em manaus (1998-2001).
Resumos do XXXVIII Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
2002.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
54
36.
Figueiredo RMPD, Thatcher BD, Lima MLd, Almeida TC, Alecrim WD, Guerra
MVdF. Doenças exantemáticas e primeira epidemia de dengue ocorrida em Manaus,
Amazonas, no período de 1998-1999. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical. 2004;37:476-9.
37.
Mourao MP, Bastos MS, Gimaqu JB, Mota BR, Souza GS, Grimmer GH, et al.
Oropouche fever outbreak, Manaus, Brazil, 2007-2008. Emerging infectious
diseases. 2009;15(12):2063-4. Epub 2009/12/08.
38.
Bastos Mde S, Figueiredo LT, Naveca FG, Monte RL, Lessa N, Pinto de
Figueiredo RM, et al. Identification of Oropouche Orthobunyavirus in the
cerebrospinal fluid of three patients in the Amazonas, Brazil. Am J Trop Med Hyg.
2012;86(4):732-5.
39.
Mourão MPG, Bastos MS, Figueiredo RP, Gimaque JBL, Galusso ES, Cramer
VM, et al. MAYARO FEVER IN THE CITY OF MANAUS, BRAZIL, 2007-2008. Am J
Trop Med Hyg. 2011 (No prelo).
40.
Leelarasamee A, Chupaprawan C, Chenchittikul M, Udompanthurat S.
Etiologies of acute undifferentiated febrile illness in Thailand. Journal of the Medical
Association of Thailand = Chotmaihet thangphaet. 2004;87(5):464-72. Epub
2004/06/30.
41.
Ellis RD, Fukuda MM, McDaniel P, Welch K, Nisalak A, Murray CK, et al.
Causes of fever in adults on the Thai-Myanmar border. The American journal of
tropical medicine and hygiene. 2006;74(1):108-13. Epub 2006/01/13.
42.
Mourão MPG. Abordagem sindrômica de doenças febris agudas: A
experiência de uma unidade terciária de saúde do Estado do Amazonas [Tese de
Doutorado]. Brasília: Universidade de Brasília; 2007.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
55
43.
Forshey BM, Guevara C, Laguna-Torres VA, Cespedes M, Vargas J, Gianella
A, et al. Arboviral etiologies of acute febrile illnesses in Western South America,
2000-2007. PLoS neglected tropical diseases. 2010;4(8):e787. Epub 2010/08/14.
44.
Manock SR, Jacobsen KH, de Bravo NB, Russell KL, Negrete M, Olson JG, et
al. Etiology of acute undifferentiated febrile illness in the Amazon basin of Ecuador.
The American journal of tropical medicine and hygiene. 2009;81(1):146-51. Epub
2009/06/27.
45.
Srihongse S, Johnson CM. The first isolation of Bussuquara virus from man.
Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene. 1971;65(4):5412. Epub 1971/01/01.
46.
Glowacki G, Spinsanti L, Basualdo MA, Diaz G, Contigiani M. [Prevalence of
Flavivirus antibodies in young voluntary recruits to military service in the province of
Formosa, Argentina]. Revista Argentina de microbiologia. 1998;30(4):170-5. Epub
1999/02/09. Prevalencia de anticuerpos contra flavivirus en jovenes voluntarios
ingresantes al servicio militar de la Provincia de Formosa, Argentina.
47.
Batista WC, Tavares Gda S, Vieira DS, Honda ER, Pereira SS, Tada MS.
Notification of the first isolation of Cacipacore virus in a human in the State of
Rondonia, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2011;44(4):528-30.
48.
Batista WC. Mapeamento das arboviroses no Estado de Rondônia [Tese de
Doutorado]. Manaus: Universidade Federal do Amazonas; 2007.
49.
Figueiredo MLG. Identificação de Flavivirus Infectando culicídeos de 1999 a
2007 no Brasil. [Tese de doutorado]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2010.
50.
Laemmert HW, Jr., Hughes TP. The virus of Ilheus encephalitis; isolation,
serological specificity and transmission. Journal of immunology. 1947;55(1):61-7.
Epub 1947/01/01.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
56
51.
Pinheiro FP, Travassos Da Rosa APA, Freitas RB, Travassos Da Rosa JFS,
PFC V. Aspectos clínico-epidemiológicos das arboviroses.
Instituto Evandro
Chagas: 50 Anos de Contribuição às Ciências Biológicas e à Medicina Tropical.
Belém1986. p. 375-408.
52.
Cruz ACR, Prazeres AdSCd, Gama EC, Lima MFd, Azevedo RdSS, Casseb
LMN, et al. Vigilância sorológica para arbovírus em Juruti, Pará, Brasil. Cadernos de
Saúde Pública. 2009;25:2517-23.
53.
Johnson BW, Cruz C, Felices V, Espinoza WR, Manock SR, Guevara C, et al.
Ilheus virus isolate from a human, Ecuador. Emerging infectious diseases.
2007;13(6):956-8. Epub 2007/06/23.
54.
Turell MJ, O'Guinn ML, Jones JW, Sardelis MR, Dohm DJ, Watts DM, et al.
Isolation of viruses from mosquitoes (Diptera: Culicidae) collected in the Amazon
Basin region of Peru. Journal of medical entomology. 2005;42(5):891-8. Epub
2005/12/22.
55.
Pereira LE, Suzuki A, Coimbra TL, de Souza RP, Chamelet EL. [Ilheus
arbovirus in wild birds (Sporophila caerulescens and Molothrus bonariensis)]. Revista
de saude publica. 2001;35(2):119-23. Epub 2001/05/19. Arbovirus Ilheus em aves
silvestres (Sporophila caerulescens e Molothrus bonariensis).
56.
Nassar ES, Coimbra TL, Rocco IM, Pereira LE, Ferreira IB, de Souza LT, et
al. Human disease caused by an arbovirus closely related to Ilheus virus: report of
five cases. Intervirology. 1997;40(4):247-52. Epub 1997/01/01.
57.
Panon G, Fauran P, Digoutte JP. [Isolation of Ilheus virus in french Guyana].
Bulletin de la Societe de pathologie exotique et de ses filiales. 1979;72(4):315-8.
Epub 1979/07/01. Isolement du virus Ilheus en Guyane francaise.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
57
58.
Prias-Landinez E, Bernal-Cubides C, Morales-Alarcon A. Isolation of Ilheus
virus from man in Colombia. The American journal of tropical medicine and hygiene.
1968;17(1):112-4. Epub 1968/01/01.
59.
Srihongse S, Johnson CM. The isolation of Ilheus virus from man in Panama.
The American journal of tropical medicine and hygiene. 1967;16(4):516-8. Epub
1967/07/01.
60.
Spence L, Anderson CR, Downs WG. Isolation of Ilheus virus from human
beings in Trinidad, West Indies. Transactions of the Royal Society of Tropical
Medicine and Hygiene. 1962;56:504-9. Epub 1962/11/01.
61.
Reisen WK. Epidemiology of St. Louis encephalitis virus. Advances in virus
research. 2003;61:139-83. Epub 2004/01/13.
62.
Day JF. Predicting St. Louis encephalitis virus epidemics: lessons from recent,
and not so recent, outbreaks. Annual review of entomology. 2001;46:111-38. Epub
2000/12/09.
63.
Causey OR, Shope RE, Theiler M. Isolation of St. Louis Encephalitis Virus
from Arthropods in Par'a, Brazil. The American journal of tropical medicine and
hygiene. 1964;13:449. Epub 1964/05/01.
64.
Spinsanti LI, Diaz LA, Glatstein N, Arselan S, Morales MA, Farias AA, et al.
Human outbreak of St. Louis encephalitis detected in Argentina, 2005. Journal of
clinical virology : the official publication of the Pan American Society for Clinical
Virology. 2008;42(1):27-33. Epub 2008/02/06.
65.
Rocco IM, Santos CL, Bisordi I, Petrella SM, Pereira LE, Souza RP, et al. St.
Louis encephalitis virus: first isolation from a human in Sao Paulo State, Brazil.
Revista do Instituto de Medicina Tropical de Sao Paulo. 2005;47(5):281-5. Epub
2005/11/23.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
58
66.
Mondini A, Bronzoni RV, Cardeal IL, dos Santos TM, Lazaro E, Nunes SH, et
al. Simultaneous infection by DENV-3 and SLEV in Brazil. Journal of clinical virology
: the official publication of the Pan American Society for Clinical Virology.
2007;40(1):84-6. Epub 2007/07/31.
67.
Mondini A, Cardeal IL, Lazaro E, Nunes SH, Moreira CC, Rahal P, et al. Saint
Louis encephalitis virus, Brazil. Emerging infectious diseases. 2007;13(1):176-8.
Epub 2007/03/21.
68.
Schmaljohn AL, McClain D. Alphaviruses (Togaviridae) and Flaviviruses
(Flaviviridae). In: Baron S, editor. Medical Microbiology. 4th ed. Galveston (TX)1996.
69.
Powers AM, Roehrig JT. Alphaviruses. Methods Mol Biol. 2011;665:17-38.
70.
Powers AM, Brault AC, Shirako Y, Strauss EG, Kang W, Strauss JH, et al.
Evolutionary relationships and systematics of the alphaviruses. Journal of virology.
2001;75(21):10118-31. Epub 2001/10/03.
71.
Powers AM, Aguilar PV, Chandler LJ, Brault AC, Meakins TA, Watts D, et al.
Genetic relationships among Mayaro and Una viruses suggest distinct patterns of
transmission.
The
American
journal
of
tropical
medicine
and
hygiene.
2006;75(3):461-9. Epub 2006/09/14.
72.
Coimbra TL, Santos CL, Suzuki A, Petrella SM, Bisordi I, Nagamori AH, et al.
Mayaro virus: imported cases of human infection in Sao Paulo State, Brazil. Revista
do Instituto de Medicina Tropical de Sao Paulo. 2007;49(4):221-4. Epub 2007/09/08.
73.
Azevedo RS, Silva EV, Carvalho VL, Rodrigues SG, Nunes-Neto JP, Monteiro
H, et al. Mayaro fever virus, Brazilian Amazon. Emerging infectious diseases.
2009;15(11):1830-2. Epub 2009/11/07.
74.
Receveur MC, Grandadam M, Pistone T, Malvy D. Infection with Mayaro virus
in a French traveller returning from the Amazon region, Brazil, January, 2010. Euro
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
59
surveillance : bulletin europeen sur les maladies transmissibles = European
communicable disease bulletin. 2010;15(18). Epub 2010/05/13.
75.
Hassing RJ, Leparc-Goffart I, Blank SN, Thevarayan S, Tolou H, van Doornum
G, et al. Imported Mayaro virus infection in the Netherlands. The Journal of infection.
2010;61(4):343-5. Epub 2010/07/06.
76.
Schmaljohn CS, Nichol ST. Bunyaviridae. In: Lippincott Williams & Wilkins,
editor. Fields Virology. Philadephia, PA2007. p. 1741 – 89.
77.
Walter CT, Barr JN. Recent advances in the molecular and cellular biology of
bunyaviruses. J Gen Virol. 2011;92(Pt 11):2467-84.
78.
Figueiredo LT. Vírus Brasileiros da Família Bunyaviridae. Medicina, Ribeirão
Preto. 1999;32:154-8.
79.
Casals J. Viruses: the versatile parasites; the arthropod-borne group of animal
viruses. Transactions of the New York Academy of Sciences. 1957;19(3):219-35.
Epub 1957/01/01.
80.
Anderson CR, Spence L, Downs WG, Aitken TH. Oropouche virus: a new
human disease agent from Trinidad, West Indies. The American journal of tropical
medicine and hygiene. 1961;10:574-8. Epub 1961/07/01.
81.
Vasconcelos PF, Travassos Da Rosa APA, Dégallier N, Travassos da Rosa
JFS, Pinheiro FP. Clinical and ecoepidemiological situation of human arboviruses in
brazilian Amazonia. Ciência e cultuta. 1992;44:117-24.
82.
Azevedo RS, Nunes MR, Chiang JO, Bensabath G, Vasconcelos HB, Pinto
AY, et al. Reemergence of Oropouche fever, northern Brazil. Emerging infectious
diseases. 2007;13(6):912-5. Epub 2007/06/08.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
60
83.
Vasconcelos HB, Azevedo RS, Casseb SM, Nunes-Neto JP, Chiang JO,
Cantuaria PC, et al. Oropouche fever epidemic in Northern Brazil: epidemiology and
molecular characterization of isolates. Journal of clinical virology : the official
publication of the Pan American Society for Clinical Virology. 2009;44(2):129-33.
Epub 2009/01/02.
84.
Nunes MR, Martins LC, Rodrigues SG, Chiang JO, Azevedo Rdo S, da Rosa
AP, et al. Oropouche virus isolation, southeast Brazil. Emerging infectious diseases.
2005;11(10):1610-3. Epub 2005/12/02.
85.
Bernardes-Terzian AC, de-Moraes-Bronzoni RV, Drumond BP, Da Silva-
Nunes M, da-Silva NS, Urbano-Ferreira M, et al. Sporadic oropouche virus infection,
acre, Brazil. Emerging infectious diseases. 2009;15(2):348-50. Epub 2009/02/06.
86.
Scaramozzino N, Crance JM, Jouan A, DeBriel DA, Stoll F, Garin D.
Comparison of flavivirus universal primer pairs and development of a rapid, highly
sensitive heminested reverse transcription-PCR assay for detection of flaviviruses
targeted to a conserved region of the NS5 gene sequences. Journal of clinical
microbiology. 2001;39(5):1922-7. Epub 2001/04/28.
87.
Figueiredo LTM. Uso de Células de Aedes Albopictus C6/36 na Propagação e
Classificação de Arbovírus das Famílias Togaviridae, Flaviviridae, Bunyaviridae E
Rhabdoviridae.
Revista
Da
Sociedade
Brasileira
De
Medicina
Tropical.
1990;23(1):13-8.
88.
De Paula SO, Fonseca BA. Dengue: a review of the laboratory tests a clinician
must know to achieve a correct diagnosis. The Brazilian journal of infectious
diseases : an official publication of the Brazilian Society of Infectious Diseases.
2004;8(6):390-8. Epub 2005/05/10.
89.
Morales MA, Fabbri CY, Enría D. Generalidades sobre arbovirus y arbovirosis.
. Infectología Y Enfermedades Infecciosas. 1º Edición ed. Buenos Aires2008. p.
635-7.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
61
90.
Moreli ML, Aquino VH, Cruz AC, Figueiredo LT. Diagnosis of Oropouche virus
infection by RT-nested-PCR. Journal of medical virology. 2002;66(1):139-42. Epub
2001/12/19.
91.
Ayers M, Adachi D, Johnson G, Andonova M, Drebot M, Tellier R. A single
tube RT-PCR assay for the detection of mosquito-borne flaviviruses. Journal of
virological methods. 2006;135(2):235-9. Epub 2006/05/03.
92.
Figueiredo LT, Batista WC, Kashima S, Nassar ES. Identification of Brazilian
flaviviruses by a simplified reverse transcription-polymerase chain reaction method
using Flavivirus universal primers. The American journal of tropical medicine and
hygiene. 1998;59(3):357-62. Epub 1998/09/28.
93.
Chao DY, Davis BS, Chang GJ. Development of multiplex real-time reverse
transcriptase PCR assays for detecting eight medically important flaviviruses in
mosquitoes. Journal of clinical microbiology. 2007;45(2):584-9. Epub 2006/11/17.
94.
Maher-Sturgess SL, Forrester NL, Wayper PJ, Gould EA, Hall RA, Barnard
RT, et al. Universal primers that amplify RNA from all three flavivirus subgroups.
Virology journal. 2008;5:16. Epub 2008/01/26.
95.
Lloyd RE, Foster PG, Guille M, Littlewood DT. Next generation sequencing
and
comparative
analyses
of
Xenopus
mitogenomes.
BMC
Genomics.
2012;13(1):496.
96.
de Morais Bronzoni RV, Baleotti FG, Ribeiro Nogueira RM, Nunes M, Moraes
Figueiredo LT. Duplex reverse transcription-PCR followed by nested PCR assays for
detection and identification of Brazilian alphaviruses and flaviviruses. Journal of
clinical microbiology. 2005;43(2):696-702. Epub 2005/02/08.
97.
Lanciotti RS, Calisher CH, Gubler DJ, Chang GJ, Vorndam AV. Rapid
detection and typing of dengue viruses from clinical samples by using reverse
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
62
transcriptase-polymerase
chain
reaction.
Journal
of
clinical
microbiology.
1992;30(3):545-51. Epub 1992/03/01.
98.
Sanger F, Nicklen S, Coulson AR. DNA sequencing with chain-terminating
inhibitors. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of
America. 1977;74(12):5463-7. Epub 1977/12/01.
99.
Hall TA. BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor and
analysis program for Windows 95/98/NT. Nucl Acids Symp Ser 1999;41:95-8.
100. Tamura K, Peterson D, Peterson N, Stecher G, Nei M, Kumar S. MEGA5:
molecular evolutionary genetics analysis using maximum likelihood, evolutionary
distance, and maximum parsimony methods. Mol Biol Evol. 2011;28(10):2731-9.
Identificação de arbovírus circulantes durante surto de dengue na cidade de Manaus, Amazonas.
ANEXOS
.
8 ANEXOS
8.1 Equipe Científica de Apoio ao Desenvolvimento do Projeto de Dissertação
Nome
Maria Paula Gomes Mourão
Valquíria do Carmo R.
Alves
.
Título
Doutora
Especialista
Cintia Mara Costa de
Oliveira
Doutora
Felipe Gomes Naveca
Doutor
Guilherme Augusto Pivoto
João
Especialista
João Bosco Lima Gimaque
Mestre
Luiz Tadeu Moraes
Figueiredo
Doutor
Michelle Souza Bastos
Mestre
Rajendranath Ramasawmy
Doutor
Regina Maria Pinto de
Figueiredo
Doutora
Área de Atuação
Função
Médica Infectologista,
Orientadora, desenho
Pesquisadora da FMTdo estudo, análise
HVD Coordenador da
dos dados.
proposta
Farmacêutica/
Bioquímica
Bióloga, Pesquisadora
da FMT-HVD
Microbiologista,
Pesquisador em Saúde
Pública, Fiocruz-AM
Médico Residente
Infectologista / FMTHVD
FarmacêuticoBioquímico,
Pesquisador da FMTHVD
Médico, Pesquisador
do Centro de Pesquisa
em Virologia, FMRP/
USP.
FarmacêuticoBioquímica,
Pesquisadora da FMTHVD
Genética molecular,
Pesquisador Sênior da
FMT-HVD
Bióloga, Pesquisadora
da FMT-HVD
Aluna responsável
pela execução projeto
Colaboradora nos
experimentos de
PCR.
Colaborador nos
experimentos de
PCR.
Revisão dos
prontuários
Colaborador nos
experimentos de PCR
e Sorologia.
Colaborador técnicocientífico.
Colaboradora nos
experimentos de PCR
e Sorologia.
Colaboradora nos
experimentos de
PCR.
Colaboradora nos
experimentos de
PCR.
8.2 Ficha clínica padrão para o estudo
FICHA CLÍNICA PADRÃO PARA O ESTUDO
Paciente nº
Prontuário:
Idade
anos
Sexo:
Procedência:
Naturalidade:
Telefone
Bairro:
M( )
F( )
Profissão:
Febre?
não ( )
sim ( ) Há quanto tempo?
dias
Cefaleia
não ( )
sim ( ) Astenia
não ( )
sim ( )
Mialgia
não ( )
sim ( ) Anorexia
não ( )
sim ( )
Artralgia
não ( )
sim ( ) Mal-estar geral
não ( )
sim ( )
Exantema
não ( )
sim ( )
Dor retro-orbitária
não ( )
sim ( )
Fotofobia
não ( )
sim ( )
Outros sintomas:
Exames específicos
Exames de Biologia Molecular:
Ht
Dengue
Hg
Oropouche
Plaquetas
Mayaro
Albumina
St. Louis
NS1
Bussuquara
Cacipacoré
Ilhéus
.
8.3Certificado de aprovação - Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos
.
8.4 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
.
.
8.5 Artigo científico
Clinical and virological descriptive study in the 2011 outbreak of dengue in the
Amazonas, Brazil
Valquiria do Carmo Rodrigues Alves*2, Michele de Souza Bastos1, 2, Rajendranath
Ramasawmy1, 2,3, Regina Pinto de Figueiredo1, João Bosco Lima Gimaque1, Wornei
Silva Miranda Braga1,2, Mauricio Lacerda Nogueira1,4, Sergio Nozawa3, Felipe
Gomes Naveca5, Luiz Tadeu Moraes Figueiredo1,6, Maria Paula Gomes Mourão*1, 2,3.
Affiliations:
1. Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Viera Dourado (FMT-HVD),
Manaus, Amazonas, Brazil.
2. Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Manaus, Amazonas, Brazil.
3. Universidade Nilton Lins, Manaus, Amazonas, Brazil
4. Faculdade de Medicina de São Jose do Rio Preto (FAMERP), São Jose do
Rio Preto, São Paulo, Brazil
5. Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD), Fundação Oswaldo Cruz
(FIOCRUZ), Manaus, Amazonas, Brazil
6. Centro de Pesquisas em Virologia, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
(FMRP-USP), Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil
E-mail addresses:
1. Valquiria do Carmo Alves Martins – [email protected]
2. Michele de Souza Bastos – [email protected]
3. Rajendranath Ramasawmy – [email protected]
4. Regina Pinto de Figueiredo – [email protected]
5. João Bosco Lima Gimaque – [email protected]
6. Wornei Braga - [email protected]
7. Mauricio Lacerda Nogueira - [email protected]
8. Sergio Nozawa - [email protected]
9. Felipe Gomes Naveca – [email protected]
10. Luiz Tadeu Moraes Figueiredo – [email protected]
11. Maria Paula Gomes Mourão – [email protected]
* Corresponding author:
Valquiria do Carmo Alves Martins, MD.
Phone: +55 92 2127 3447 or +55 92 8128 6213
E-mail: [email protected]
Address: Av. Pedro Teixeira, 25 - Gerência de Virologia
Manaus – Amazonas – Brazil ZIP Code: 69040-000
.
Abstract
Background: Dengue is a vector-borne disease in the tropical and subtropical region
of the world and is transmitted by the mosquito Aedes aegypti. In the state of
Amazonas, Brazil during the 2011 outbreak of dengue all the four Dengue virus
(DENV) serotypes circulating simultaneously were observed. The aim of the study
was to describe the clinical epidemiology of dengue in Manaus, the capital city of the
state of the Amazonas, where all the four DENV serotypes were co-circulating
simultaneously.
Methodology: Patients with acute febrile illness during the 2011 outbreak of dengue,
enrolled at the Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Viera Dourado (FMT-HVD),
a referral centre for tropical and infectious diseases in Manaus, were invited to
participate in a clinical and virological descriptive study. Sera from 677 patients were
analyzed by RT-nested-PCRs for flaviviruses (DENV 1-4, Saint Louis encephalitis
virus-SLEV, Bussuquara virus-BSQV and Ilheus virus-ILHV), alphavirus (Mayaro
virus-MAYV) and orthobunyavirus (Oropouche virus-OROV).
Principal Findings: Only dengue viruses were detected in 260 patients (38.4%).
Thirteen patients were co-infected with more than one DENV serotype and six
(46.1%) of them had a more severe clinical presentation of the disease. Nucleotide
sequencing showed that DENV-1 belonged to genotype V, DENV-2 to the
Asian/American genotype, DENV-3 to genotype III and DENV-4 to genotype II.
Conclusions: Co-infection with more than one DENV serotype was observed. This
finding should be warning signs to health authorities in situations of the large
dispersal of serotypes that are occurring in the world.
Key-words: Acute febrile illness, dengue, diagnosis by RT-PCR, dengue virus
phylogeny, Brazil.
.
Introduction
Dengue virus (DENV) infection may display either benign acute febrile illness or
severe disease such as dengue hemorrhagic fever/dengue shock syndrome
(DHF/DSS) [1]. Over the last 31 years, Brazil has suffered successive outbreaks of
dengue. The incidence of dengue continues to increase, and in the last decade
700,000 cases are reported per year. The mean age of severe dengue patients is
decreasing. A high proportion of children are increasingly affected with severe
disease [2]. In recent years, dengue outbreaks have displayed many atypical cases
such as myocarditis, hepatitis, meningoencephalitis and acute kidney failure
[3].
Fatality rates have also increased.
In Manaus, the capital city of the Amazonas state, circulation of the four DENV
serotypes was observed during the 2011 outbreak and is the only city to date to
report co-circulation of all four DENV serotypes simultaneously in Brazil, providing a
clear evidence of dengue hyperendemicity [4]. The occurrence of severe forms of
dengue is commonly related to secondary infections leading to antibody dependent
enhancement (ADE) of DENV infection in macrophages [5]. Alternatively, severe
forms of dengue could be related to virus mutants that emerge as part of a natural
selection process [6]. Molecular epidemiology studies have shown that DENV
genome suffers mutations and may lead each virus serotype to differentiate into
multiple genotypes [7].
This study describes the clinical epidemiology of dengue in a city where all the
four DENV serotypes are co-circulated simultaneously and also provides the
opportunity to compare clinical severity to DENV serotypes.
The results of the
arboviruses surveillance performed by FMT-HVD during a dengue outbreak in 2011
are shown.
Simultaneous circulations of the four DENV serotypes and different
clades were observed. Dengue co-infection seems to lead to more severe
manifestations.
Materials and Methods
Study design
.
This is a clinical and virological descriptive study to correlate clinical data with
DENV serotypes during the 2011 outbreak of dengue in the Amazonas, Brazil.
Patients with dengue were recruited from January 2011 through May 2011. A total of
677 patients from Manaus seeking medical assistance at the FMT-HVD agreed to
participate in the study.
Setting
All of the patients participating in this study are inhabitants of Manaus and
were recruited at the FTM-HVD. The FMT-HVD, located in the Manaus city with
almost a population of 2 million inhabitants, is the referral centre for acute febrile
illness and tropical infectious diseases.
Study sample
Patients with acute febrile illness but negative for malaria by thick blood smear
test and presenting any two of the following symptoms in the first visit: headache,
myalgia, arthralgia or malaise, were invited to participate in the present study. All of
the patients participating in the study signed a written informed consent form. Parents
or responsible party of children less than 18 years were required to sign a written
inform consent form. This study was approved by the internal review board of the
Ethics Committee of the FMT-HVD under the register number 2015.
Inclusion criteria
Patients with acute febrile illness presenting fever less than 7 days were
selected and classified according to the 2012 World Health Organization guidelines
for dengue cases (http://www.who.int/denguecontrol/9789241504713/en/).
Group I
Dengue without warning signs - patients live in/travel to dengue endemic area,
with fever and two of the following symptoms: nausea, vomiting, rash, aches and
pains; tourniquet test positive; leukopenia.
Group II
.
Dengue with warning signs - patients with abdominal pain or tenderness;
persistent vomiting; clinical fluid accumulation; mucosal bleed; lethargy, restlessness;
liver enlargement >2cm; increase in haematocrit concurrent with rapid decrease in
platelet count.
Group III
Severe dengue – patients presenting severe plasma leakage leading to shock
(DSS); fluid accumulation with respiratory distress; severe bleeding, and severe
organ involvement including the liver (AST or ALT >1000U/dL); the central nervous
system (impaired consciousness); and the heart [8].
The clinical classification of the patients with dengue was performed by the
clinicians according to the 2012 WHO guidelines for dengue on the day of
enrollment. All of the severe dengue patients were hospitalized and followed-up until
discharge. Furthermore, patients were seen in outpatient clinics 48 hours and 6-7
days after hospital discharge for hospitalized patients. Non-hospitalized patients were
seen twice, between 48 hours and 6 days after first clinical assessment.
Biochemical and hematology analysis
Blood sample was collected from all the patients on the day of presentation at
the FMT-HVD. The biochemical tests were done with automatic analyzer CT 600i
Wiener lab group apparatus while the hematological tests with the ABX pentra DX
120 HORIBA ABX Magnos bc.
PCR screening
Five mL of blood was collected from all the participants on the day of
presentation at the FMT-HVD. Serum was separated and RNA was purified from
200µL using the QIAamp Viral RNA mini kit (Qiagen, Germany) according to the
protocol of the kit. The extracted RNAs were stored at -70°C or immediately used for
laboratory tests. cDNA was synthesized by reverse transcription (RT) with
AccessQuick RT-PCR System kit (Promega, USA). The RT mixture consisted of 5 µl
of RNA, 1 unit of the enzyme reverse transcriptase, 12.5μl of AccessQuick Master
Mix (2x), 1μl of Random primer and 20U of RNase inhibitor (RNaseOUT -Invitrogen,
.
USA) in a final volume of 20μl completed with RNase free water. The mixture was
incubated at 72°C for 5 minutes (min) and at 45oC for 60 min and stored at - 20°C
until use.
For determining the DENV serotype, the cDNA were tested by a semi-nested
multiplex reverse transcription-PCR as described elsewhere [9]. Briefly, each cDNA
was subjected to polymerase chain reaction (PCR) amplification with D1 and D2
primers for 35 cycles: 1 min at 94°C, 1 min at 55°C, and 1 min at 72°C, with a final
extension for 10 min at 72°C. A second round of amplification was conducted with 10
µl (diluted 1:100) of the first reaction mixture, including DENV serotype-specific
reverse primers (TS1–TS4), and the conserved forward primer D1. The same cycling
parameters were used as in the first reaction.
All negative samples underwent another screening for DENV and other
flaviviruses using the real time RT-PCR with Maxima SYBR GREEN/ROX reagents
(Fermentas) [10]. Negative samples by real time RT-PCR were also tested by a
conventional RT-PCR with Flavivirus genera specific primers followed by multiplexnested-PCRs with species-specific primers [11]. After the first round of PCR with
Flavivirus genera specific primers, nested-PCR primers specific for Dengue DENV 14, Saint Louis encephalitis virus-SLEV, Bussuquara virus-BSQV and Ilheus virusILHV, were used in the Multiplex-PCR. Precautions to avoid contamination were
followed. Positive and negative controls were used in all reactions.
Samples previously negative to dengue were also tested for alphaviruses
using genera-specific primers followed by a Multiplex-Nested-PCR with speciesspecific primers, including those for MAYV as previously described elsewhere [12].
For orthobunyaviruses, the samples were tested using genera-specific primers
followed by a Nested-PCR with OROV specific primers [13].
All the samples that showed co-infections were reprocessed for RNA
purifications from another aliquot of sera and undergone the RT-nested PCR for
DENV to confirm co-infections and to avoid any doubt of contaminations.
Nucleotide sequencing and phylogenetics
.
Nucleotide sequencing of amplicons was performed after treatment with
Exonuclease
I
(20U/µL) (BioLabs,
New
England)
and
Shrimp
Alkaline
Phosphatase-SAP (1U/µL) (Fermentas). Briefly, the purification mixture included
amplicons, 10µL of Exo/SAP (0.025µL SAP, 0.250µL of Exonuclease I and 9.725 µL
of Milli Q water). The mixture was incubated at 37°C for 30 min and 95°C for 5 min.
Quantification of amplicons was performed in a NanoDrop 2000/2000c (Termo
Scientific). Purified amplicons were directly sequenced using the Big dye Terminator
Cycle Sequencing Kit (Applied Biosystems, EUA), following instructions of the
manufacturer in the automatic sequencer ABI 3130L (Applied Biosystems, EUA).
Nucleotide sequences were analyzed by algorithms of the BioEdit Sequence
Alignment software [14]. Nucleotide and putative amino acid sequences were
compared to other sequences from GenBank for phylogenetic analysis by neighborjoining method using the Mega 5.05 software with 1000 bootstrap replications [15].
Gene Accession numbers:
All the nucleotide sequences were submitted to GenBank and can be
accessed with the following numbers: KF417476, KF417479, KF417480, KF417481,
KF417478, KF417482, KF417477, KF417485, KF417484, KF417483, KF417488,
KF417486, KF417489, KF417487, KF417490, KF417491, KF417496, KF417492,
KF417493, KF417495, KF417494.
Correlation of clinical data to DENV serotypes
Laboratory findings and DENV serotypes were crossed blindly to the clinical
status of all of the patients.
Statistical analysis
The Epi Info version 7.3.2 software was used for data handling. Descriptive
analyses were performed to calculate means and standard deviation for continuous
variable and relative frequency for categorical variable. Statistical analysis was
performed using SPSS version 17.0. Chi-Square tests with Yates correction were
performed for statistical comparison. Odds Ratio (OR) and 95% confidence interval
.
(CI) were calculated by logistic regression to estimate the effect of co-infection or
other clinical variables. Differences were considered significant at p ≤ 0.05.
Results
General characteristics of the study population
A total of 677 patients with acute febrile illness and negative for malaria were
included in the study. The mean age of the infected patients was 35.7± SD 15.7
(range 4 to 83 years) and 53.5% (139/260) were females.
Molecular typing
Molecular typing for DENV showed positivity for 260 (38.4%) patients. The
DENV serotypes were as follows: 46.2% (120/260) had DENV-2, 29.% (77/260)
DENV-4, 10.0% (26/260) DENV-1 and 9.2% (24/260) DENV-3. Thirteen had coinfections: 2.3% (6/260) had DENV-2/4, 1.9% (5/260) DENV-1/4, 0.4% (1/260)
DENV-1/2 and 0.4% DENV-3/4. All samples were negative to other flaviviruses, and
also negative to MAYV and OROV. The patients were from different regions of the
city and comparison among the regions to DENV serotypes did not show any
difference. The co-infected patients were also from different regions.
Based on clinical presentation, dengue patients were classified as 192 dengue
without warning signs cases, 45 severe dengue cases (DHF in 37 cases and 8 cases
with neurological manifestations as somnolence, irritability and disorientation), and 23
dengue with warning signs cases.
Clinical presentations of the dengue patients
associated with DENV serotypes are shown in Table 1. Seven of the co-infected
patients were classified as dengue with/without warning signs and the other six were
hospitalized after initial evaluation. Co-infected patients with more than one DENV
serotypes had more severe dengue (p=0.004) compared to mono-infected patients.
The serology and the viral load were not performed and it is possible that many of the
co-infected patients may be of secondary infections and developed severe disease.
Comparison of the different DENV serotypes with severity of the disease showed no
statistical difference.
.
Clinical manifestations associated with dengue serotypes and co-infections
are shown in Table 2. Cutaneous rash was more frequent (p=0.003) among patients
infected by DENV-1 or patients co-infected compared to patients infected with the
other serotypes. Ocular pain (p=0.03) and hemorrhagic phenomena (p=0.01) were
more frequent among patients co-infected with different serotype mixtures.
Laboratory findings associated to clinical severity of dengue are shown in
Table 3. Levels of albumin in plasma (p=0.03) and platelet counts <100.000/mm3
(p<0.01) were significantly related to severe dengue and dengue with warning signs
respectively.
Severe Dengue or minor hemorrhagic phenomena were prevalent among coinfected patients with an OR of 4.57 (p=0.004) and 9.09 (p<0.001) respectively as
shown in Table 4. Other variables such as arthralgia, rash, ocular pain, alarm signs,
platelets counts and serum albumin level were also statistically significant compared
to mono-infected patients. In table 5 is described the individual data for each patient
co-infected with emphasis in their clinical and epidemiological findings.
Phylogenetics analysis
Nucleotides sequencing of a fragment of 453 base pairs for the region of prMC of 21 samples (16 cases with dengue without warning signs, 3 with severe dengue
and 2 with dengue with warning signs) were performed. Of the 21 samples, 7 were of
DENV-1, 7 of DENV-2, 2 of DENV-3 and 5 of DENV-4. Nucleotide sequences were
aligned and neighbor joining phylogenetic trees were generated for each DENV
serotype, as shown at Figures 1, 2, 3 and 4. DENV-1 (Fig.1), DENV-2 (Fig.2), DENV3 (Fig.3) and DENV-4 (Fig. 4) belong to the genotype V, Asian/American genotype,
genotype III and genotype II respectively. All the nucleotide sequences were
submitted to NCBI and the corresponding GenBank accession numbers were
generated (Supplementary Table S1, ALVES VCR 301013 STROBE).
Discussion
In the present study, 677 patients with suspected dengue fever were
evaluated and through three different molecular techniques only DENV were
detected in 260 patients.
.
All the four DENV serotypes were detected with the
predominance of DENV-2 and DENV-4. Thirteen patients were co-infected with more
than one DENV serotypes. The co-infected patients manifested severe dengue and
dengue with warning signs compare to mono-infected patients. The clinical
presentation of dengue without warning signs among co-infected patients was
exuberant with cutaneous rash, arthralgia and ocular pain.
No difference was observed between the DENV serotypes and severity of the
disease. This is an important finding as DENV-2 in Brazil is related to severe disease
[16,17]. Co-infection with more than one DENV serotypes has been gradually
reported in the last decade. Rocco and colleagues (1998) were the first to report a
case of co-infection by serotypes of DENV-1 and 2 in a 30-year-old resident of
Miranda, MS, Brazil in 1996 and Lorono-Pino et al (1999) suggested that infections
with more than one serotype should be excepted in hyperendemic areas [18,19].
Since then several other authors have been reporting DENV co-infections [20-22].
In this study, co-infections were observed in 13 patients. Different from three
previous studies in Brazil where all the six co-infected reported patients were of
dengue without warning signs [18,23,24], 61% (8/13) of the co-infected patients in
this study had either severe dengue or dengue with warning signs. Some studies
have shown that co-infection can cause severe disease. In a study conducted in
India, six out of nine co-infected patients had DHF [25].
Altogether it can be suggested that concurrent infections by more than one
serotype could influence the clinical expression of dengue. The presence of two
DENV serotypes in an individual may possibly increase the DENV viremia levels
compare to a mono-infected patient. The number of infected leucocytes in co-infected
patients may be higher and can induce a large cytotoxicity phenomena leading to a
cytokine storm and progress to severe disease.
High viral load and secondary
infections may also trigger the development of severe disease. The drawback in our
study is that the serology and the viral load were not performed. It cannot be rule out
that many of the patients were of secondary infections and developed severe
disease.
DENV can cause manifestations of central nervous system and an increasing
number of cases have been reported in the last few years [26-29]. In the present
.
study, among 45 patients with severe dengue, eight had neurologic alteration
(alteration in consciousness) and were not associated to any DENV serotype or coinfections. All of the patients with neurologic alteration recovered from the disease.
These findings underscore the need to investigate dengue in patients with viral
meningoencephalitis in Manaus and other endemic areas.
Haematocrit, a parameter associated with capillary leak syndrome, was not
significantly increased among patients with severe dengue and dengue with warning
signs. It is possible that the oral rehydration therapy offered to all these patients has
been started before installation of a marked capillary leak. This intervention certainly
has reduced severe cases (only 1% among our patients) and fatalities. However,
platelet counts under 100.000/mm3 were related to severe dengue patients and to
dengue with warning signs.
Manaus is relatively isolated from the rest of the country. To identify whether
the DENV genotypes that are circulating in the country are similar in Manaus,
nucleotide sequencing of the selected samples were performed. All the DENV-1
serotypes were of genotype V, the only genotype detected so far in Brazil [30]. The
phylogenetic tree of DENV-1 (Fig. 1) displayed two distinct clades of genotype V from
patients in this study, which is supported by a high bootstrap value. In our samples
DENV genotypes and clades were not associated with severity of the disease and
neither to any region of the city. However, the dataset is small and need to be further
characterized to confirm this observation. In fact the co-circulation of different clades
and/or clade replacement is related to high genetic diversity of that isolates and can
lead to new distinct biological proprieties that may induce more severe disease.
Recently, two complete distinct strains (both belonging to genotype V) of DENV-1
were observed in Brazil [30].
DENV-2 serotypes from Manaus were grouped with the Asian/American
genotype that is more virulent than the indigenous American genotype and is also the
predominant genotype in Brazil [16,31]. DENV-3 belonged to genotype III introduced
from the Caribbean Islands and present in Brazil since the last 15 years [32,33]. All
DENV-4 analyzed in this study belonged to genotype II. DENV-4 was first described
in Manaus in 2008 [34]. It was found that this DENV-4 belonged to the genotype I,
which is of Asian origin and was never described in the American Continent [34,35].
.
Presently, probably, 2 genotypes (I and II) of DENV-4 are circulating in Manaus
[36,37].
Conclusions
The co-circulation of multiple serotypes or strains of dengue genotypes are
becoming common in endemic region and may increase the risk of major epidemics
as observed in Manaus during the 2011 outbreak where more than 50,000 cases of
dengue virus infections were reported. Future studies with quantification of viruses
and serology test will be needed to understand the mechanism of how co-infection
with more than one DENV serotypes may lead to severe dengue disease in the city
of Manaus.
Autor Contributins
Conceived and designed the experiments: VdCAM MdSB RR FGN LTMF
MPGM. Performed the experiments: VdCAM MdSB RPdF JBLG SN FGN. Analyzed
the
data:
VdCAM
MdSB
RR
WSMB
LTMF
MPGM.
Contributed
reagents/materials/analysis tools: VdCAM MdSB RR RPdF SN FGN LTMF MPGM.
Wrote the manuscript: VdCAM MdSB RR MLN LTMF MPGM.
References
1. Gubler DJ (2002) The global emergence/resurgence of arboviral diseases as
public health problems. Archives of medical research 33: 330-342.
2. Rocha LA, Tauil PL (2009) [Dengue in children: clinical and epidemiological
characteristics, Manaus, State of Amazonas, 2006 and 2007]. Rev Soc Bras
Med Trop 42: 18-22.
3. Figueiredo LTM (2012) Dengue in Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical 45: 285-285.
4. Bastos M, S., Figueiredo RM, Ramasawmy R, Itapirema E, Gimaque JB, et al.
(2012) Simultaneous circulation of all four dengue serotypes in Manaus, State
of Amazonas, Brazil in 2011. Rev Soc Bras Med Trop 45: 393-394.
.
5. Halstead SB (1988) Pathogenesis of dengue: challenges to molecular biology.
Science 239: 476-481.
6. Rico-Hesse R, Harrison LM, Salas RA, Tovar D, Nisalak A, et al. (1997) Origins of
dengue type 2 viruses associated with increased pathogenicity in the
Americas. Virology 230: 244-251.
7. Wu W, Bai Z, Zhou H, Tu Z, Fang M, et al. (2011) Molecular epidemiology of
dengue viruses in southern China from 1978 to 2006. Virol J 8: 322.
8. WHO/TDR (2012) Handbook for clinical management of dengue. Geneva,
Switzerland World Health Organization. pp. 124 pp.
9. Lanciotti RS, Calisher CH, Gubler DJ, Chang GJ, Vorndam AV (1992) Rapid
detection and typing of dengue viruses from clinical samples by using reverse
transcriptase-polymerase chain reaction. Journal of clinical microbiology 30:
545-551.
10. Chao DY, Davis BS, Chang GJ (2007) Development of multiplex real-time
reverse transcriptase PCR assays for detecting eight medically important
flaviviruses in mosquitoes. Journal of clinical microbiology 45: 584-589.
11. de Morais Bronzoni RV, Baleotti FG, Ribeiro Nogueira RM, Nunes M, Moraes
Figueiredo LT (2005) Duplex reverse transcription-PCR followed by nested
PCR assays for detection and identification of Brazilian alphaviruses and
flaviviruses. Journal of clinical microbiology 43: 696-702.
12. Bronzoni RV, Moreli ML, Cruz AC, Figueiredo LT (2004) Multiplex nested PCR for
Brazilian Alphavirus diagnosis. Transactions of the Royal Society of Tropical
Medicine and Hygiene 98: 456-461.
13. Moreli ML, Aquino VH, Cruz AC, Figueiredo LT (2002) Diagnosis of Oropouche
virus infection by RT-nested-PCR. Journal of medical virology 66: 139-142.
.
14. Hall TA (1999) BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor and
analysis program for Windows 95/98/NT. Nucl Acids Symp Ser 41: 95-98.
15. Tamura K, Peterson D, Peterson N, Stecher G, Nei M, et al. (2011) MEGA5:
molecular
evolutionary
genetics
analysis
using
maximum
likelihood,
evolutionary distance, and maximum parsimony methods. Mol Biol Evol 28:
2731-2739.
16. Drumond BP, Mondini A, Schmidt DJ, Bronzoni RV, Bosch I, et al. (2013)
Circulation of different lineages of dengue virus 2, genotype american/asian in
Brazil: dynamics and molecular and phylogenetic characterization. PLoS One
8: e59422.
17. Oliveira MF, Galvao Araujo JM, Ferreira OC, Jr., Ferreira DF, Lima DB, et al.
(2010) Two lineages of dengue virus type 2, Brazil: Emerg Infect Dis. 2010
Mar;16(3):576-8. doi: 10.3201/eid1603.090996.
18. Rocco IM, Barbosa ML, Kanomata EH (1998) Simultaneous infection with dengue
1 and 2 in a Brazilian patient. Rev Inst Med Trop Sao Paulo 40: 151-154.
19. Lorono-Pino MA, Cropp CB, Farfan JA, Vorndam AV, Rodriguez-Angulo EM, et
al. (1999) Common occurrence of concurrent infections by multiple dengue
virus serotypes. Am J Trop Med Hyg 61: 725-730.
20. Araújo FMdC, Nogueira RMR, Araújo JMGd, Ramalho ILC, Roriz MLFdS, et al.
(2006) Concurrent infection with dengue virus type-2 and DENV-3 in a patient
from Ceará, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 101: 925-928.
21. Wenming P, Man Y, Baochang F, Yongqiang D, Tao J, et al. (2005)
Simultaneous infection with dengue 2 and 3 viruses in a Chinese patient return
from Sri Lanka. J Clin Virol 32: 194-198.
.
22. Yu M, Peng WM, Fan BC, Deng YQ, Qin ED (2004) [Demonstration of
simultaneous infection with dengue type 2 and 3 in a Chinese patient]. Wei
Sheng Wu Xue Bao 44: 717-719.
23. Figueiredo RM, Naveca FG, Oliveira CM, Bastos Mde S, Mourao MP, et al.
(2011) Co-infection of Dengue virus by serotypes 3 and 4 in patients from
Amazonas, Brazil. Rev Inst Med Trop Sao Paulo 53: 321-323.
24. dos Santos CL, Bastos MA, Sallum MA, Rocco IM (2003) Molecular
characterization of dengue viruses type 1 and 2 isolated from a concurrent
human infection. Rev Inst Med Trop Sao Paulo 45: 11-16.
25. Bharaj P, Chahar HS, Pandey A, Diddi K, Dar L, et al. (2008) Concurrent
infections by all four dengue virus serotypes during an outbreak of dengue in
2006 in Delhi, India. Virol J 5: 5-1.
26. Soares CN, Cabral-Castro MJ, Peralta JM, Freitas MR, Puccioni-Sohler M (2010)
Meningitis determined by oligosymptomatic dengue virus type 3 infection:
report of a case. Int J Infect Dis 14: e150-152.
27. Soares CN, Faria LC, Peralta JM, de Freitas MR, Puccioni-Sohler M (2006)
Dengue infection: neurological manifestations and cerebrospinal fluid (CSF)
analysis. J Neurol Sci 249: 19-24.
28. Domingues RB, Kuster GW, Onuki-Castro FL, Souza VA, Levi JE, et al. (2008)
Involvement of the central nervous system in patients with dengue virus
infection. J Neurol Sci 267: 36-40.
29. Misra UK, Kalita J, Syam UK, Dhole TN (2006) Neurological manifestations of
dengue virus infection. J Neurol Sci 244: 117-122.
30. Drumond BP, Mondini A, Schmidt DJ, Bosch I, Nogueira ML (2012) Population
dynamics of DENV-1 genotype V in Brazil is characterized by co-circulation
and strain/lineage replacement. Arch Virol 157: 2061-2073.
.
31. Bona AC, Twerdochlib AL, Navarro-Silva MA (2012) Genetic diversity of dengue
virus serotypes 1 and 2 in the State of Parana, Brazil, based on a fragment of
the capsid/premembrane junction region. Rev Soc Bras Med Trop 45: 297300.
32. Alfonso HL, Amarilla AA, Goncalves PF, Barros MT, Almeida FT, et al. (2012)
Pylogenetic relationship of dengue virus type 3 isolated in Brazil and Paraguay
and global evolutionary divergence dynamics. Virol J 9: 124.
33. Aquino VH, Anatriello E, Goncalves PF, EV DAS, Vasconcelos PF, et al. (2006)
Molecular epidemiology of dengue type 3 virus in Brazil and Paraguay, 20022004. Am J Trop Med Hyg 75: 710-715.
34. Figueiredo RM, Naveca FG, Bastos MS, Melo MN, Viana SS, et al. (2008)
Dengue virus type 4, Manaus, Brazil. Emerging infectious diseases 14: 667669.
35. de Melo FL, Romano CM, de Andrade Zanotto PM (2009) Introduction of dengue
virus 4 (DENV-4) genotype I into Brazil from Asia? PLoS neglected tropical
diseases 3: 28.
36. de Figueiredo ML, Alfonso HL, Amarilla AA, Figueiredo LT, Aquino VH, et al.
(2013) Detection of DENV-4 genotype I from mosquitoes collected in the city
of Manaus, Brazil. Virol J 10: 60.
37. Naveca FG, Souza VC, Silva GA, Maito RM, Granja F, et al. (2012) Complete
genome sequence of a Dengue virus serotype 4 strain isolated in Roraima,
Brazil. J Virol 86: 1897-1898.
.
A
Table section
Table 1. Clinical presentation of dengue patients associated to infecting virus serotypes and co-infections.
Co-infections
(DENV-1/2, DENVDENV-1
DENV-2
DENV-3
DENV-4
1/4, DENV-2/4 and
Clinical presentation
DENV-3/4)
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
Dengue without warning
23
89
88
73
18
75
58
75
5
39
signs
Total
192
Dengue with warning signs
2
8
9
8
4
17
6
8
2
15
23
Severe dengue
1
4
23
19
2
8
13
17
6
46*
45
Total
26
120
24
*p= 0.004 Comparison of co-infected patients to mono-infected patients.
77
13
260
B
Table 2. Clinical aspects of dengue patients associated to the infecting virus serotype and co-infection.
Clinical presentation
DENV-1
N
%
DENV-2
N
%
DENV-3
N
%
DENV-4
N
%
Co-infection
(DENV-1/2, DENV-1/4,
DENV-2/4 and DENV3/4)
N
%
Headache
6
23
49
41
10
42
30
39
9
Myalgia
5
19
43
36
9
36
30
39
9
Arthralgia
2
8
28
23
5
21
18
23
7
Rash
6
23
9
8
1
5
4
5
4
Ocular pain
4
15
28
23
9
38
15
20
7
Alarm signs
3
12
32
27
7
29
19
25
8
Hemorrhagic phenomena
1
4
21
18
5
21
10
13
8
*p<0.05 is considered statistically significant. Comparison of co-infected patients to mono-infected patients.
69
69
54
31
54
62
62
P
value
0.09
0.05
0.03*
<0.01*
0.03*
0.02*
<0.01*
C
Table 3. Laboratory findings of dengue patients associated with classification of dengue severity
Dengue
Severe
P
without
Dengue with
warning signs warning signs
dengue
Value
Variable
N
%
N
%
N
%
Hemoconcentration
(45% for males, 42% for
females)
46
36
7
35
23
51
0.74
Platelet < 100 x103/µL
17
13
16
80
42
93
<0.01*
Leucocytes < 3.0 x103/µL
36
29
2
29
2
17
0.66
Albumin < 3.5 g/dL
4
4
1
5
6
14
0.03*
*p<0.05 is considered statistically significant. Comparisons between severe dengue patients to Dengue with/without warning signs
patients.
D
Table 4. Dengue co-infection prevalence and associated variables.
Variable
N
N+ (%) (95%IC)
OR (95% CI)
Total sample
Severe dengue
N
Y
Arthralgia
N
Y
Rash
N
Y
Ocular pain
N
Y
Hemorrhagic phenomena
N
260
13 (5.0) (2.4-7.6)
-
P
value
-
247
13
39 (15.8)
6 (46.20)
1
4.57 (1.43 -14.33 )
0.004
247
13
53 (21.5)
7 (53.8)
1
4.27 (1.38-13.25)
0.013
247
13
20 (8.1)
4 (30.8)
1
5.04 (1.43-17.84)
0.023
247
13
56 (27.7)
7 (53.8)
1
3.98 (1.28-12.32)
0.018
247
37 (15.0)
1
Y
13
8 (61.5)
9.08 (2.82-29.28)
Alarm signs
N
247
61 (24.7)
Y
13
8 (61.5)
Platelet <100x103/µL
N
182
66 (36.3)
Y
11
9(81.1)
Albumin < 3.5 g/dL
N
144
8 (5.6)
Y
11
3 (27.3)
Odds Ratio (OR) were calculated by Chi-squared test.
<
0.001
1
4.88 (1.54-15.47)
0.007
1
7.91 (1.66-37.71)
0.004
1
6.37 (1.41-28.75)
0.032
E
Table 5. Clinical presentation of dengue in co-infected patients
Patient
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Age/
Days
Clinical
Dengue
Hemorrhagic Cavitary Abdominal Gallbladder
Hospitalization
Gender of fever diagnosis
serotype (PCR)
events
effusion
pain
wall thickening
3
No
25/M
I
DENV-1/DENV-4
N
N
ND
ND
ND
No
31/M
I
DENV-1/DENV-2
N
N
ND
ND
5
Yes
17/F
II
DENV-2/DENV-4
Y
N
N
Y
7
Yes
64/F
III
DENV-3/DENV-4
Y
N
Y
N
3
Yes
38/M
I
DENV-1/DENV-4
Y
N
N
N
4
Yes
27/M
III
DENV-2/DENV-4
Y
Y
Y
Y
6
Yes
18/F
III
DENV-1/DENV-4
Y
N
Y
N
4
Yes
61/F
III
DENV-2/DENV-4
N
N
N
N
ND
No
45/F
I
DENV-1/DENV-4
N
N
ND
ND
ND
No
36/F
I
DENV-2/DENV-4
N
N
ND
ND
7
Yes
28/F
III
DENV-1/DENV-4
Y
N
N
Y
4
Yes
17/F
II
DENV-2/DENV-4
Y
N
N
N
6
Yes
40/M
III
DENV-2/DENV-4
Y
Y
Y
N
I: dengue without warning signs; II: dengue with warning signs; III: severe dengue; M: male; F: female; Y: yes; N: No;
ND: no data
F
Figure Legends
Figure 1. Phylogenetic tree of DENV-1. The neighbor-joining tree was constructed based on the prM-C genome region and
sequences were compared to sequences retrieved from Gene-Bank (NCBI, USA). Sequences from this study are marked with dots.
Only boot-strap values above 75% are shown in the figure.
Figure 2. Phylogenetic tree of DENV-2. The neighbor-joining tree was constructed based on the prM-C genome region and
sequences were compared to sequences retrieved from Gene-Bank (NCBI, USA). Sequences from this study are marked with dots.
Only boot-strap values above 75% are shown in the figure.
Figure 3. Phylogenetic tree of DENV-3. The neighbor-joining tree was constructed based on the prM-C genome region and
sequences were compared to sequences retrieved from Gene-Bank (NCBI, USA). Sequences from this study are marked with dots.
Only boot-strap values above 75% are shown in the figure.
Figure 4. Phylogenetic tree of DENV-4. The neighbor-joining tree was constructed based on the prM-C genome region and
sequences were compared to sequences retrieved from Gene-Bank (NCBI, USA). Sequences from this study are marked with dots.
Only boot-strap values above 75% are shown in the figure.
G
Supporting Information Legends
Table S1. Nucleotide sequences used for generating phylogenetic trees are registered in GenBank (NCBI, USA).
ALVES VCR 301013 STROBE
Download