Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE FRUTOS, SEMENTES E PLÂNTULAS DE Chorisia glaziovii (O. Kuntze) E. Santos Úrsula Lopes Vaz1; Thalline Rodrigues da Silva 2; Saulo Araújo de Oliveira3 1 2 3 Graduada em Engenharia Florestal, UnU Ipameri - UEG. Graduanda do Curso de Engenharia Florestal, UnU Ipameri - UEG. Orientador, docente dos Cursos de Agronomia e Engenharia Florestal, UnU Ipameri - UEG. Palavras-chave: Cerrado; morfologia interna e externa; plântula. 1. INTRODUÇÃO Recentemente reclassificada como pertencente á família Malvaceae, a espécie Chorisia glaziovii (O. Kuntze) E. Santos é conhecida como paineira branca, barriguda e árvore da lâ. É uma árvore ornamental de tronco bojudo com flores brancas. Excelente para plantios heterogêneos em recomposição de áreas degradadas, devido ao seu rápido crescimento e por seus frutos serem apreciados pelas aves. Trata-se de um fruto do tipo cápsula elipsóide conhecida popularmente por paina. Internamente as sementes são revestidas por uma fibra conhecida por lã de barriguda, outrora muito utilizada no enchimento de travesseiros e colchões (Sousa & Lorenzi, 2002; Souza & Lorenzi, 2005). O estudo das características morfológicas da semente é necessário nas análises de identificação e certificação da qualidade das sementes (Oliveira & Pereira, 1984). A morfologia de sementes e de plântulas nos estágios iniciais de crescimento contribui para o conhecimento do processo reprodutivo das espécies vegetais, servindo de subsídio para a produção de mudas, além de ser fundamental para uma melhor compreensão do processo de estabelecimento da planta em condições naturais (Guerra et al., 2006). Alguns autores realizaram estudos com grande diversidade de espécies florestais que permitem informações amplas e complexas dessas. Como exemplo, Kuniyoshi (1983) que descreveu 25 espécies arbóreas da Floresta Ombrófila Mista, fornecendo as características dos frutos, das sementes e do desenvolvimento das plântulas. Barroso et al. (1999) analisou e descreveu a morfologia externa e interna de frutos e sementes de várias famílias de eudicotiledôneas. Percebe-se uma preocupação maior por parte dos pesquisadores em relação a estudos que visam o conhecimento da morfologia de frutos, sementes e plântulas, podendo-se citar alguns trabalhos de Ferreira et al. (1998) com Dipteryx alata Vogel, Melo et al. (2004) com Hymenaea intermedia var. adenotricha (Ducke) Lu & Lang. Este trabalho teve por objetivo caracterizar morfologicamente as estruturas externa e interna dos frutos e das sementes, além de descrever e ilustrar a morfologia externa da plântula de Chorisia glaziovii. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. COLETA DAS SEMENTES As sementes de Chorisia glaziovii foram coletadas em matrizes existentes no município de Ipameri, Goiás, em julho de 2009 e encaminhadas para o Laboratório de Sementes Florestais da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Ipameri, para condução dos estudos. Imediatamente após o recebimento das sementes, foi avaliado o teor de água inicial das sementes, pelo método de estufa a 105 ±3ºC por 24 horas conforme Brasil (1992). 2.2. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DA SEMENTE No estudo das características externas, foram utilizados 30 exemplares bem desenvolvidos para as avaliações. Foram descritas as características morfológicas, como comprimento, largura e espessura, com auxílio de um paquímetro com precisão de 0,1 mm. O comprimento foi medido, longitudinalmente, da base até o ápice e a largura e espessura foram medidos na linha mediana das sementes. Para a caracterização interna, utilizou-se 30 sementes. Estas foram fervidas em água destilada por 20 minutos para amolecimento dos tegumentos. As seções longitudinais e transversais foram feitas, exatamente, na porção mediana das sementes (Groth; Liberal, 1988), utilizando-se bisturi, visando a adequada observação do embrião, sendo as descrições feitas com auxilio de uma Lupa Binocular Estereoscopica com aumento de 4x. 2.3. CARACTERIZAÇÃO DA GERMINAÇÃO E DAS PLÂNTULAS A caracterização da germinação e a descrição morfológica das plântulas foram feitas semeando-se 25 sementes em recipientes plásticos contendo areia como substrato, umedecida com água destilada até atingir 60% da capacidade de retenção de água, calculado de acordo com Brasil (1992). As sementes foram mantidas em ambiente de laboratório com temperatura alternada de 24ºC e 30ºC. Foram descritos os processos da germinação por meio de observações diárias, para descrição morfológica das plântulas. A primeira fase foi caracterizada pelo intumescimento da semente até o aparecimento da raiz primária. Na segunda fase, foi considerada a emissão dos cotilédones, sem a formação dos protófilos. Na terceira, os protófilos formados caracterizaram a plântula normal. 2.4. PESO DE MIL SEMENTES E NÚMERO DE SEMENTES POR QUILOGRAMA Os testes físicos foram feitos segundo as recomendações das Regras para Análise de Sementes, utilizando se oito repetições de 100 sementes (Brasil, 1992). 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES O uso de alguns termos referentes à análise morfológica das sementes e plântulas foi baseado em Groth e Liberal (1988); Barroso et al. (1999); Souza (2003) e Vidal & Vidal (2003). As características físicas das sementes (Tabela 1.) comprimento (mm), largura (mm) e espessura (mm). A paineira branca (Chorisia glaziovii O. Kuntze E. Santos) (Figura 1A) apresenta semente madura, com formato elíptico a reniforme e redonda; apresentando comprimento médio de 7,2 mm (variando de 6,8 mm a 7,6 mm); largura média de 6,1 mm (6,0 mm a 6,6 mm) e espessura média de 5,6 mm (5,4 mm a 5,9 mm). Tabela 1. Características físicas das sementes de Chorisia glaziovii. Laboratório de sementes florestais, UEG - UnU de Ipameri, Ipameri, GO, 2009. Características físicas Teor de água (%) Peso de mil sementes (g) Comprimento (mm) Largura (mm) Espessura (mm) Valores 8,2 100 6,8 a 7,6 6,0 a 6,6 5,4 a 5,9 3.1. MORFOLOGIA DO FRUTO Fruto do tipo cápsula elipsóide, deiscente, com superfície lisa com coloração verde-escuro. Recobrindo as sementes existe uma estrutura de revestimento fibrosa, conhecida por lã de barriguda (Figura 1). st pl ex tg ed A B C ct D Figura 1. Aspectos morfológicos dos frutos, e sementes de Chorisia glaziovii: A. fruto; B. corte transversal do fruto; C. semente; D. corte transversal da semente. Ct. cotilédone; ed. endosperma; ex. eixo embrionário; pl. pluma; st. semente e tg. tegumento. Laboratório de sementes florestais, UEG - UnU de Ipameri, Ipameri, GO, 2009. 3.2. MORFOLOGIA DA SEMENTE Tegumento de coloração marrom, fosco, córneo, levemente enrugado e hilo visível. Apresenta endosperma incospícuo, embrião axial, foliáceo, criptorradicular, podendo se distinguir os cotilédones crassos, do eixo embrionário (Figura 1). 3.3. MORFOLOGIA DA GERMINAÇÃO E DA PLÂNTULA Apresenta geminação do tipo fanerocotiledonar e o início ocorre a partir de seis dias, após a semeadura. Com a reidratação, o embrião retoma seu crescimento e a radícula rompe o tegumento. Radícula glabra, cilíndrica, vigorosa, de coloração esbranquiçada brilhante, que se alonga e forma uma curva para baixo, nessa fase tem 0,2 cm de comprimento. Até os sete dias de semeadura, o hipocótilo e a radícula estão mais enrolados, medindo, aproximadamente, 2,7 cm de comprimento. O hipocótilo é cilíndrico, de coloração branca - esverdeada, que aos 16 dias de semeadura atinge 3,8 cm de comprimento. Apresenta cotilédones verdes, crassos e dobrados. A plântula apresenta raiz principal longa, linear ou sinuosa sem raízes secundárias; hipocótilo longo e cilíndrico, esverdeado-rosado e engrossada na base, afinando em direção ao ápice onde é verde com uma leve curva logo abaixo dos pecíolos cotiledonares. Apresenta cotilédones foliáceos, curto-peciolados, cordiformes, trinervados na base, verde. Gema apical interpeciolar, laminar, falciforme (Figura 2). rd h Figura 2. Aspectos morfológicos das plântulas de Chorisia glaziovii: h. hipocótilo; rd. radícula. Laboratório de sementes florestais, UEG - UnU de Ipameri, Ipameri, GO, 2009. 4. CONCLUSÔES Os frutos de Chorisia glaziovii são do tipo cápsula elipsóide, deiscente. As sementes apresentam tegumento córneo, levemente enrugado, fosco e endosperma incospícuo. O embrião é axial, foliáceo, criptorradicular, podendo se distinguir os cotilédones crassos, do eixo embrionário. As plântulas apresentam raiz principal longa, linear e raízes secundárias sinuosas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROSO, G. M.; MORIM, M. P.; PEIXOTO, A. L.; ICHASO, C. L. F. Frutos e sementes: morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Viçosa: UFV, 1999. 443p. FERREIRA, R. A.; BOTELHO, S. A.; DAVIDE, A. C.; MALAVASI, M. M. Caracterização morfológica de fruto, semente, plântula e muda de Dipteryx alata Vogel - baru (Leguminosae Papilionoideae). Revista Cerne, Lavras, v.14, n.1, p.787, 1998. GUERRA, M. E. DE C.; MEDEIROS FILHO, S.; GALHÃO, M. I. Morfologia de sementes, de plântulas e da germinação de Copaifera langsdorfii Desf. (Leguminosae- Caesalpinioideae). Cerne: Lavras, v.12, n.4, p.322-328, 2006. KUNIYOSHI, Y. S. Morfologia da semente e da germinação de 25 espécies arbóreas de uma floresta com araucária. 1983. 233f. 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