"anões aos ombros de gigantes" henrique de gand

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MEMÓRIA
E
PROSPECTIVA
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"ANÕES AOS OMBROS DE GIGANTES"
HENRIQUE DE G A N D - R A Y M O N D M A C K E N
O quadro é medieval, mostrando bem a categoria da historicidade realçada
por aquela época, o elo vivo entre as gerações de estudiosos, a importância da
tradição e a responsabilidade de cada intérprete, sobre a vida do presente, do
passado e do futuro.
No caso vertente, estão em cena duas grandes figuras, uma medieval, a do
filósofo e teólogo Henrique de Gand, e a outra a dum medievalista dos nossos
dias, Raymond Macken, que dirigiu a edição crítica da obra do pensador medieval (15 volumes editados, até ao momento), trabalho de mérito unanimemente
reconhecido.
Neste tempo em que a Idade M é d i a está em alta, nas inteligências e na
i m a g i n a ç ã o , bom é que esse entusiasmo não prolongue romantismos inconsistentes, mas que, pelo contrário, fundamente o justo fervor romântico por essa idade,
mostrando o inegável valor desta, através das obras que produziu.
Cada obra sabe encontrar os seus intérpretes e cada intérprete sabe discernir o
valor dos ombros sobre que vai erguer o sentido da realidade que a todos alimenta. Raymond Macken n ã o se contentou com ombros baixos e enfezados, guindando-se bem alto sobre a figura de uma das maiores figuras medievais, Henrique de Gand, cujo valor se afere quer na leitura da sua obra como t a m b é m nos
textos de autores coevos que sentiram a necessidade de o tomar por ponto de
referência. Raymond Macken, membro da Ordem Franciscana, tinha condições
p r o p í c i a s para dirigir a sua sensibilidade intelectual para a obra do Doctor
Solemnis, que é uma das grandes referências do Doctor Subtilis, João Duns Escoto.
Raymond Macken n ã o é apenas um técnico de fixação de textos, nem um
mero investigador, mostrando-se t a m b é m fino intérprete do pensamento de
Henrique dc Gand. Muitos dos títulos da vasta bibliografia de Raymond Macken
indiciam essa versatilidade de espírito.
A l é m de nos deixar uma preciosa bibliografia relativa a Henrique de Gand
(Bibliographie
d'Henri de Gand, Leuven, 1994, 88pp.), são de relevar as mui
judiciosas e práticas, porque nascidas da experiência de um investigador, consid e r a ç õ e s de Raymond Macken, sobre o uso das novas tecnologias informáticas
na reconstituição fidedigna de obras do passado.
Memória e Prospectiva
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No 70.° Aniversário do seu nascimento, a obra do investigador do Instituto de
Filosofia da Universidade Católica de Leuven foi oficialmente celebrada, ao ser-Ihe dedicado, pelo Centro de Wulf-Mansion, o volume Proceedings of International Colloquium on the Occasion of the 700th Anniversary of his Death
(1293). O Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras de Lisboa, que teve
a felicidade de receber cm Lisboa a colaboração de Raymond Macken, não podia
deixar de se associar às homenagens que têm sido dirigidas ao Prof. Dr.
Raymond Macken.
Joaquim Cerqueira Gonçalves
MANFRED BUHR
Duas notícias de interesse filosófico dizem respeito ao Prof. Doutor Manfred
Buhr (Berlim), presentemente secretário-geral da Convenção para a Filosofia e a
História das Ideias na Europa e personalidade não desconhecida do Departamento e do Centro de Filosofia da FLUL. Assim:
1. Com o título A filosofia alemã clássica em perspectiva europeia, espera-se
a próxima publicação, em edição bilingue, das lições no seminário por ele
orientado na FLUL durante a segunda quinzena de Outubro de 1996. Realizado
com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e do Centro de Filosofia, o
seminário, recorde-se, teve a participação predominante de Mestrandos em
Filosofia, cujas intervenções e respectivo debate ocuparam quase sempre a
segunda metade de cada tempo lectivo. As cinco lições proferidas foram organizadas pelo autor noutros tantos capítulos do volume em preparação. São eles:
- A filosofia alemã clássica como património europeu.
- A entrada em acção da filosofia alemã clássica.
- Razão absoluta e histórica em Hegel.
- O pensamento sobre a história na filosofia alemã clássica.
- Observações acerca do património espiritual da Europa.
Da "Nota prévia" antecipamos o seguinte passo:
"O ponto de partida destes estudos é a determinação do património espiritual da Europa e a sua significação para o processo de unificação europeia. Estão no seu centro os conceitos de razão e de história. E constitui o
seu fundo a compreensão de que uma Europa unida, se tiver de ser
estável, só o pode ser nos seus povos e nos seus seres humanos".
E, poucas linhas a seguir:
"O autor faz questão de agradecer aos estudantes que participaram no
seminário. Pelo interesse que foi o deles, pelas suas questões inteligentes e
consequentes, experimentou o autor enriquecimento para o seu trabalho
futuro".
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