ANÁLISE ECODINÂMICA DA CAATINGA NO SEMIÁRIDO BAIANO . Ant o nia do s Re is Sa lu s tia no Ev a ng e li sta 1 Licenciada em Geografia e especialista em Educação Ambiental pela Universidade Estadual de Feira de Santana- UEFS. Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia- UFBA. Atualmente é professora auxiliar do departamento de Geografia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB. Endereço: Estrada do Bem Querer, KM 4, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista –Ba .CEP:45.083.900. E-mail: [email protected] Resumo INTRODUÇÃO A Região Semiárida da Bahia é marcada por graves problemas de ordem socioambiental, como o desmatamento, fruto do avanço da at ividade agr opecuária, presente na maioria dos seus municípios. Na Sisalândia, ou sej a, na área conh ecida pel a especialização na produção da fibra de sisal, a realidade não é difer ente. Os municípios que compõe a Sisalândia são: Serrinha, Valente, Santaluz e São Domingos, os quais estão sob a influência do clima semiárido, onde os índices pluviométricos são inferiores a 800 mm anuais. Associado a esta tipologia climática, nesses municípios predomina a vegetação da caatinga, que vem sofrendo fortes pressões com o avanço do cultivo do sisal e, em decorrência, o desmatamento, que j á é uma realidade na área. OBJETIVOS Este trabalho, busca caracterizar as unidades ecodinâmicas da caatinga na área de estudo, destacando a relação do processo de ocupação d o Bioma Caatinga com al guns problemas socioambientais identificados nos municípios analisados , como o des matamento dessa cobertura vegetal e suas respectivas i mplicações nos sistemas ambientais locais e regionais . O presente texto é resultado da dissertação de mestrado, intitulada: O Processo de Ocupação do Bioma Caatinga e Suas Repercussões Socioambientais n a Si salândia - Bahia, defendida no ano de 2010 na Universidade Federal da Bahia, para a obtenção do título de mestr e em Geografia. MATERIAL E MÈTODO Os fundamentos teóricos - metodológicos do trabalho encontram-se na Teoria da Ecodinâmica de Tricart (1977) com conceitos de estabilidade e instabilidade, a partir dos quais foi possível identificar e analisar unidades de paisagens, a partir dos aspectos da cobertura vegetal. As unidades de paisagens identificadas receberam numeração em ordem crescente par a tornar possível a quantificação do total apresentado e o grau de estabilidade e instabilidade apresentado por cada classificação. Assi m, as unidades foram identificadas respectivamente com os valores: 1. unidade ecodinâmica estável; 2. unidade ecodinâmica integrada ou transição; 3.unidade ecodinâmica instável; e 4. unidade ecodinâmica fortemente instável. Documentos cartográficos e imagens georreferenciadas foram utilizados como suporte fundamental ao trabalho empírico na elaboração e análise de documentos cartográficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O semiárido baiano está inserido no Bioma Caatinga, que, fitogeograficamente, ocupa cerca de 11% do território nacional, abrangendo os estados da Bahia, Ser gipe, Alagoas, Pernamb uco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Minas Gerai s (SILVA et al., 2004). A Caatinga ou a Savana Estépica corresponde, aproxi madamente, a 844.453 K m 2 , com área total de 9,92% em relação ao Brasil. Já na Bahia, essa for mação vegetal abrange 54% d o território estadual com uma área de apr oxi madamente 274 K m 2 , onde vi ve uma população estimada em 317 mil habitantes (PAN BRASIL, 2005 p.63). Como a cultura do sisal se adapta perfeitamente às condições adversas do clima, na década de 1970 a Região Semi árida da Bahia foi pioneira no cultivo do agave, o qual, até os dias atuais, representa uma das suas principais ati vidades econômicas. A introdução do cultivo do sisal na região possibilitou a geração de emprego e renda, mas dela também resultaram graves problemas de ordem socioambiental . A partir da década de 1970, segundo Al meida (2002), as pastagens passaram a ocupar maiores extensões na região que corresponde aos municípios de Serrinha, Santaluz, Valente e são Domingos. Com isso, a abertura de novos pa stos contri buiu para a degradação em grande monta da cobertura vegetal e ainda persi stiu na década de 2000 como apresenta a Fi gura 1. . Figura 1 – Uso e Ocupação do Solo no Território de Identidade do sisal Fonte: SRH, 2000 . Os principais elementos des tacados na identificação das unidades ecodinâmicas na área de estudo foram as condições da veget ação local correlacionadas com as estruturas produtivas que per mi tiram a visualização do mosaico que se estabelece na produção espacial, de que resulta a paisag em integrada representada pela Sisalândia. As áreas de agricultura de subsistência, agricultura comercial (sisal), extração mi neral e ati vidades comerciais (área urbana) foram utilizadas como elementos significativos no processo de identificação e análise das unidades ecodinâmicas Fi gura 2 . Os critérios baseados na vegetação foram fundamentais para deli mitar as Unidades Ecodinâmicas da Paisagem, onde se destacam: a) as unidades ecodinâmicas estáveis, onde a caatinga está preservada, representada pelos polígonos de vegetação densa denominados local mente “capoeiras”. A área dessas unidades é quantitativamente pequena, sobretudo porque a pressão antrópi ca na caatinga é bastante acentuada. Figura 2: Mapa das Unidades Ecodinâmicas da Caatinga, Sisal ândi a Fonte: BAHIA, 2003 - Adaptado em 07/09/2010 De acordo com a mesma caracterização destaca -se ainda b) as unidades ecodinâmicas integrades , área de transição, onde ocorrem as ati vi dades produti vas, mas onde parte da vegetação nati va está preservada; c) as unidades instáveis , áreas onde a vegetação foi supri mi da para a implantação do cultivo do sisal, produção de pastos e expansão urbana dos municípios; d) as unidades ecodinâmicas fortemente instáveis , representadas pelas ár eas onde o desmatamento e xpõe os solos à influência direta dos processos erosi vos, causando desequilíbrios nos sistemas naturais. CONCLUSÕES A agricultura e a pecuária extensiva são at ividades que, sem o manej o adequado, contribuem bastante para a degradação das terras e, conse quentemente, o desencadeamento dos processos morfogênicos . Os municípios estudados estão inseridos em uma área que apresenta tradição na pecuária extensiva. Assim, a pressão que o superpastoreio vem exercendo ao longo do tempo possibilita o processo de co mpact ação dos solos. Os pastos, em períodos de grandes estiagens, secam completamente, expondo os solos à i ntensa insolação e ao vento. Esses fatores consequentemente, para cli máticos contri buem perdas camada da para a superficial, di mi nuição n as do ocasiões húmus das e, chuvas torrenciais de verão, que desagregam os solos desprovidos de cober tura vegetal. O desmatamento da caatinga faz emer gir consequências que interferem não apenas nos aspectos ambient ais, pois, ao mesmo tempo em que o equilíbrio do ambie nte é perturbado, seus efeitos repercutem nos aspectos produtivos da sociedade , como na di minuição da produti vidade relacionada à agricultura de subsistência . REFERÊNCIAS ALMEIDA, José Antonio Pacheco de. Região Sisaleira da Bahia: Anális e da Dinâmica de utilização do Solo a partir de Imagens Spot. In: LAGE, Creuza Santos; ARGOLO, João; SILVA, Maria Auxili adora (orgs) . O Sisal Baiano : entre Natureza e Sociedade. Uma visão Multidisciplinar. Sal vador: UFBA, Instituto de Geociênci as. Depart amento de Geografia, 2002. p . 61-69. EVANGELISTA, A .R. S. O Processo de Ocupação do Bioma Caatinga e Suas Repercussões Socioambientais na Sisalândia, Bahia . 2010. 201p. (Dissertação Mestrado em Geografia). Instituto de Geociências, Uni versidade Federal da Bahia, Salvador 2010. BAHIA, Governo Estadual. 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