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Date: 2009.12.09 11:14:06 -02'00'
1
O FEMININO NA ANTIGUIDADE1
Mayza Bergamo2
Resumo
Este artigo tem por objetivo divulgar aspectos do feminino que ficam, muitas vezes, escondidas de olhos menos
atentos, na perspectiva da Pré-História; Mesopotâmia; Grécia e Egito, percebendo que em cada sociedade a
mulher oscila entre a posição de deusa e de apenas reprodutora. Perdendo seu lugar divino, imponente e ativo
dentro da sociedade e assumindo uma condição dependente e subordinada.
Palavras-chave: Mulher; Rituais; Feminino; Família; Casamento.
Introdução
Ao longo da história, a mulher figura como protagonista nas inúmeras sociedades do
planeta. No entanto, com ajuda das novas tendências historiográficas, alguns personagens que
foram legados ao limbo da História, retornam para contar-nos seus medos, seu cotidiano, sua
participação na construção da teia da História. Entre estes personagens, nosso destaque é a
mulher. Para podermos entender os valores e atributos femininos da atual sociedade,
precisamos “retornar” à antiguidade, e descobrir as transformações e as permanências.
O Sagrado Feminino
As sociedades primitivas são consideradas sociedades matricêntricas, onde a mulher
não dominava, mas a vida era centrada nela. Durante o período neolítico há um fortalecimento
de duas instituições sociais: a Família e a Religião. Fica evidente na família a divisão de
trabalho entre os dois sexos.
A figura materna na família3 era responsável por conseguir parte da alimentação para a
família. Como eram vitais para a sobrevivência da tribo, a perigosa tarefa de perseguir e matar
animais passou a ser responsabilidade do homem. Juntamente com sua prole, a mulher
percorria todo o entorno do lugar onde habitavam, á procura de raízes e /ou frutos.
1
Artigo Cientifico Decorrente de um mini-curso realizado em 2007 p/ professores e discentes de História
Graduada em História pela UEL – Universidade Estadual de Londrina – PR – Pós-graduada em História Social
pela UEL; professora do curso de História da UNIVAR.
3
Dificuldade de entender com precisão o tipo de organização social de base familiar – estudos recentes propõem
que sejam similares á dos grupos tribais atuais (CABOT, 1997, p. 56).
2
2
Foi durante a observação da alimentação de pássaros e de outros animais, que as
mulheres sabiam os frutos bons para serem consumidos. Elas saiam em grupo com seus
rebentos, onde o silêncio era quebrado pela gritaria e alegria das crianças. Diferente da função
masculina, onde o silêncio era necessário durante a caçada.
O barulho poderia assustar os animais, e leva-los para longe. Durante a execução de
suas tarefas de coleta, as mulheres também precisavam cuidar das crianças, pois sempre havia
o perigo real de animais perigosos que rondavam o local. Então, segundo nossas contas, elas
executavam três tarefas concomitantes: Observar, coletar e cuidar. Estas tarefas abrangiam
uma visão periférica de 45° até 180°, enquanto o homen tinha uma visão de longa distância,
“tipo funil”, capaz de identificar e perseguir alvos distantes (caça) sem distrair o foco.
Segundo alguns pesquisadores como Jaime Pinsky, foram as mulheres as responsáveis
pelo descobrimento da agricultura. Colocação pertinente, já que seria somente com a
observação que a agricultura se desenvolveria. “Um grão caído na terra começa a germinar e
é observado em seu crescimento por algumas mulheres que estão coletando na área: aí temos,
provavelmente, a base da transformação.” (PINSKY, 1994, p. 34).
O casamento aconteceria entre os integrantes de clãs diferentes, sendo a sucessão
familiar difundida pelo lado materno. A mulher desfrutava de prestígio dentro do grupo, já
que os fenômenos que aconteciam no seu corpo, contribuíam para sua mitificação.
Para muitos pesquisadores as famílias eram politeístas funcionais, sempre numa tríade,
geralmente caracterizado pela deusa / deus/ menino-deus. Ainda havia o desconhecimento do
papel do homem na geração da vida, por isso não se fazia a relação entre a procriação e o ato
sexual, acreditando ser a mulher assexuada, geradora sozinha da vida. Não sendo possível
identificar o pai, pois a mãe é poligâmica as crianças eram criadas e cuidadas pelo grupo.
Nas cerimônias religiosas eram adorados os fenômenos da natureza, como o sol, a lua,
trovões, e a mulher como fonte geradora da vida. Durante as celebrações litúrgicas, havia a
participação da mulher nos rituais. Ela era também considerada a senhora das forças
elementares da natureza com poderes plurifuncionais. Dentre o panteão dos deuses, havia
predominância das deusas, principalmente a Grande-mãe, responsável pela caça abundante,
pela reprodução e protetora do lar. Verificava-se a inter – relação entre a fecundidade da
mulher e a fertilidade do solo , assim como a mulher recebe o sêmem e, produz filhos, a terra
recebe as sementes e as faz germinar.
O feminino é entendido como a personificação da natureza tanto pela capacidade de
gerar vida, como pela natureza cíclica. Diversas sociedades primitivas tinham o costume de
colocar um recém-nascido no chão, alguns interpretam como uma atitude de voltá-lo a sua
3
verdadeira mãe, que gera a vida e todas as coisas, a grande terra, o princípio de tudo, dela
surge a natureza, os animais, os homens e os deuses.
A representação da grande-mãe está relacionada, muitas vezes há um deus-animal,
normalmente um touro, mas há representação da grande-deusa da fecundidade como uma
vaca.
As figuras femininas, também chamadas de “Vênus” pelos arqueólogos foram
encontradas em lugares sagrados e em sepulturas. Eram esculpidas em osso, marfim, pedras
ou barro. A arqueologia encontrou estatuetas de cerâmicas com formas femininas, onde ficam
explícitos os órgãos sexuais avantajados ou expostos, indicando a capacidade fecundadora da
mulher, uma clara ligação com a natureza, ambas geradoras de vida, como a Vênus de
Willendorf, feita de calcário com 11 cm, encontrada na Áustria próximo ao Danúbio. Além
das estátuas de deusas, foram encontradas pinturas rupestres de mulheres dando à luz,
grávidas e os recém-nascidos ainda ligados à mãe pelo cordão umbilical, íntima conexão entre
o poder da mulher e o poder da terra. “Deus foi feminino durante, pelo menos, os primeiros
200.000 anos de vida humana na Terra” (SJOO e MOR apud CABOT, 1997, p.23).
Para Cabot (1997), nas sociedades Matrifocais4, as famílias eram extensas e o trabalho
feminino fornecia 60% da alimentação. Além do preparo do alimento, as mulheres
desenvolveram técnicas de processamento, preservação e armazenamento de alimentos.
Algumas lendas primitivas alegam ser a mulher a descobridora do fogo, já que era a sua
guardiã, vital nas sociedades primitivas. E como guardiãs teriam sido encarregadas da olaria,
cerâmica e metalurgia. Elas fabricavam os utensílios ou vasilhas em argila para cozer os
alimentos.
Enquanto coletoras, foram as originais farmacologistas. As primeiras curandeiras a
catalogar e selecionar ervas venenosas e as que curavam enfermidades. Esta habilidade era
passada de mãe para filha. Durante a coleta, a mulher ampliava o vocabulário e a estrutura das
frases, pela necessidade de transmitir o conhecimento e para a sobrevivência do grupo.
Quanto ao homem, sua atividade era silenciosa (caça), talvez tenha tido mais dificuldades em
se comunicar do que a mulher. Segundo os mais sarcásticos, daí vem o guichê ”Mulher é
fofoqueira”, “Mulher fala de mais”.
Ainda segundo Cabot, as mulheres tinham o conceito do tempo, faziam calendários,
através dos ciclos menstruais e os ciclos lunares. Elas entalhavam os períodos lunares em
4
Matrofical – tipo de organização familiar caracterizada pelo papel materno na sociedade
4
madeira, a fim de acompanhar os ciclos menstruais, calcular o tempo de gravidez, e previam a
época do parto. Para aquecer a si e sua prole, aprenderam a curtir e tingir peles, e a tecer.
Mulheres de Sippar
A cidade mesopotâmia de Sippar está situada a 20 km ao sul de Bagdá, onde o curso
dos rios Tigre e Eufrates5 estão mais próximos. A instituição que tem a maior gama de
documentação sobre o funcionamento da cidade eram o Gagum ou claustro. Com finalidade
religiosa, era o lugar onde habitavam as mulheres Naditus, oriundas de famílias ricas da
cidade ou de outras regiões. Toda Naditus provinha de família abastada, vivendo isoladas nos
gagum, elas tinham maior chance de sobrevivência, sua segregação social as protegia de
epidemias, riscos da gravidez, e podiam atingir idades avançadas no claustro.
A mulher Naditus, diferente de outras mulheres, tinham o controle de sua parte na(s)
propriedade(s) paterna. Enquanto outras mulheres passavam sua herança para os maridos após
o casamento, as Naditus podiam administrar seus bens como quisessem. Como não podiam
casar ou ter filhos, pois estavam vinculadas ao culto, era permitido a elas adotar uma menina
para suceder-lhe como Naditus e cuidar delas na velhice. Era visto com prestígio ter uma filha
servindo os deuses no gagum. Ao nascer uma menina, era freqüente a família decidir que ela
seria uma Naditus.
As filhas não tinham o direito de escolha. O ingresso no gagum acontecia na
puberdade, com cerimônia de iniciação e oferendas às deidades Chamash (deus-sol
babilônico) e Aya (esposa do rei-sol), sua função no templo era participar das procissões e
outras obrigações para com os deuses. As despesas com a iniciação eram por conta da
instituição, como presentes de noivado à nova Naditus.
A família era obrigada a firmar um acordo de como a Naditus seria sustentada.
Quando a filha entrava no Claustro, ela recebia do pai sua herança6, que segundo o código de
Hamurabi, poderia ser administrada pelos irmãos ou por uma pessoa escolhida pelas Naditus,
ou por ela própria. Muitas Naditus se sustentavam com a renda de suas propriedades privadas.
Elas participavam ativamente da economia das cidades, realizando negócios lucrativos,
investindo em pequenos e grandes empreendimentos.
5
Próxima do planalto assírio de Jerirah e da região do médio Eufrates – importante centro de atividade comercial
e religioso – mais detalhes ver (LEICK, 2003, p. 189-214)..
6
Quando não eram as Naditus a gerir seu patrimônio, era obrigação da família arcar com seu sustento, inclusive
fornecer as oferendas mensais no templo.
5
Havia Naditus comerciantes; donas de estabelecimentos; aquelas que emprestavam
dinheiro; compravam gado e terras. Muitas até aumentavam seu patrimônio original7. O
gagum era cercado por muros, contava com várias centenas de casas das Naditus e seu
servidores. Contava também com celeiros, edifício administrativo, oficinas, e terra arável.
Estava sempre lotado no tempo de Hamurabi. O cargo de supervisora era exercido por uma
delas. Muitas Naditus eram instruídas e atuavam como escribas (LEICK, 2003, p. 202), daí
sua importância como fonte documental.
As mulheres Naditus, apesar de não ter direito de escolher entre o casamento e o
claustro,
desfrutavam
de
liberdade
para
conduzir
suas
vidas,
e
contribuíram
significativamente com o desenvolvimento econômico da cidade.
Mulher Cretense e Sacerdotisas Gregas
A mulher cretense desfrutava de direitos até então desconhecidos em outras regiões,
onde a principal divindade feminina é a deusa Grande-Mãe. Esta deusa era muito peculiar, é a
junção dos atributos femininos e os elementos da natureza. Era representada com um leopardo
na cabeça, significando o controle das forças da natureza, uma serpente em cada uma das
mãos, representando outros animais adorados pelos cretenses, a roupa da deusa era típica da
elite cretense, vestido longo e seios à mostra.
A deusa-mãe era a divindade mais importante, inclusive considerada a deusa da
fertilidade, maternidade e senhora dos animais. Muitas vezes era representada na companhia
de um touro (animal sagrado para os habitantes de Creta), que poderia representar seu filho ou
marido, daí a provável explicação da lenda do minotauro (cabeça de touro e corpo de
homem).
Os cultos eram realizados nas capelas, palácios ou cavernas celebrados pela
sacerdotisa, sempre acompanhados de muita dança, cantos e acrobacias (em touros).Ao que
tudo indica eram um povo alegre.
O vestuário das mulheres cretenses era diferente da de outras mulheres, inclusive com
adornos, assessórios e maquiagem. Usavam saias apertadas na cintura e corpetes justos com
babados coloridos, e na maioria das vezes deixavam os seios à mostra. Seus cabelos eram
7
Ao que tudo indica, em outras cidades, os papéis destas mulheres vinculadas ao culto dos deuses, variava de
acordo com o tempo e o lugar. Segundo Leick, em Marduk na Babilônia, elas podiam se casar, e as mulheres de
Ninurka em Nipur , eram solteiras e não viviam num Gagum (LEICK, 2003, p. 200).
6
cuidadosamente penteados para cima com cachos soltos na testa e nas laterais. Usavam batom
e sombras, e depilavam as sobrancelhas.
A ilha vivia sob forte influencia matriarcal. As mulheres participavam de todas as
atividades da cidade, as festas e cerimônias religiosas. Elas eram sacerdotisas, fiandeiras,
pugilistas, caçadoras, toureiras e realizavam outras atividades em pé de igualdade com os
homens, e faziam exibições perigosas de grande habilidade. Todas estas atividades foram
retratadas nas pinturas em cerâmica e nos afrescos.
O que se pôde observar das mulheres cretenses é sua incrível habilidade em funções
tipicamente masculinas em outras regiões. Ao que tudo indica não havia uma definição de
tarefas entre os sexos, todos poderiam realizar tudo, sem preconceito ou imposição.
As sacerdotisas gregas começavam suas funções, através dos rituais de iniciação, que
aconteciam na puberdade (segundo os antigos, entre os 05 e os 10 anos e terminava com a
primeira menstruação), fase mais marcante da vida do indivíduo, é onde se consolida suas
funções como membro da sociedade em que vive. Para que a passagem aconteça de forma
significativa, é necessário que aconteçam alguns rituais que vão iniciar o indivíduo na vida
adulta. Estes rituais estão presentes em todas as sociedades, faz parte de sua História e
incultam um padrão de comportamento necessário para a coesão da comunidade.
Entre os gregos, os rituais de iniciação na puberdade, aconteciam diferentes para
meninos8 e meninas. As meninas passavam por uma experiência ritual chamada Arctéia, que
as preparava para sua principal função, a maternidade.
Os rituais eram realizados no santuário da deusa Ártemis. As fontes para pesquisa dos
rituais femininos são poucas, a arqueologia é a que mais contribuiu para as primeiras
referências dos rituais, além de alguns textos antigos. Dentre as fontes apontadas por
Florenzano, estão os textos de Aristófanes, na qual ele descreve o que ocorria durante a
Arctéia. Segundo ele, “as meninas usavam vestido cor de açafrão e imitavam os ursos”.
Na leitura de Florenzano, os textos descrevem a Arctéia como uma “cerimônia de
iniciação aos mistérios de Ártemis, na qual o urso-Arctos, aparece associado à sacerdotisa da
deusa”. Ainda segundo Aristófanes, as meninas realizavam libanações, danças e sacrifícios.
Os documentos de Aristófanes são ricos em detalhes sobre a seqüência das várias fases da
vida da menina-moça , inclusive abordando sua importância social na comunidade.
8
Rituais de meninos – Ver mais detalhes em (FLORENZANO, 1996, p. 22).
7
A arqueologia fornece informações importantes para o estudo da vida das mulheres.
Durante as escavações no templo da deusa Ártemis foram encontrados objetos do cotidiano
feminino e oferendas para a deusa.
Segundo Florenzano (1996), a documentação que mais fornece informações sobre os
rituais de iniciação são os desenhos dos vasos de cerâmica dos santuários, que retratam cenas
das funções femininas e dos rituais na Arctéia.
O casamento é o ato que completava a transição do jovem para a vida adulta, em
especial para a mulher. Casar e ter filhos eram de primordial importância na sociedade
ateniense, era só depois de casar-se que homens e mulheres se tornariam plenos cidadãos, o
objetivo principal do casamento para as mulheres era a maternidade, e dar continuidade ao
Oiko9 do marido, e para isso eram realizados rituais de passagem.
Duas pessoas se unian em um único
Culto doméstico e ficavam aptas a
Colocar no mundo uma terceira, que.
Continuaria esse culto. (FLORENZANO, 1996, p. 41)
De acordo com a documentação do século IV a.C. o amor não tinha importância no
casamento, cujo objetivo básico era a propriedade e a continuidade do Oiko. Como na
sociedade contemporânea, antes do definitivo enlace, precedia o noivado, definido como um
contrato (enguíesis). Segundo Florenzano, o contrato entre o pai da noiva (quírio) e o noivo
era realizado oralmente no altar religioso da família da noiva, com testemunhas de ambos os
lados. Não há registro da presença da noiva no ritual do contrato.
O que importava, já que ela não poderia opinar sobre seu destino e futuro casamento.
O enguíeses ou contrato consistia em um aperto de mão e algumas “fórmulas propícias”. Ele
poderia ocorrer pouco tempo antes do casamento ou muito tempo antes do casamento.
O dote se constituía num elemento essencial para o casamento. “Não se tratava de uma
exigência legal, mas cultural”, comprovando sua legalidade. O dote era que distinguia o
casamento do concubinato. A moça que iria se casar, recebia de seus pais, tutores ou Estado
ou outros parentes, o dote, que poderia ser dinheiro ou bens imóveis. “Algumas vezes , o dote
poderia ser dividido em: uma parte, o noivo recebia no ato do contrato ou ao casar-se e a outra
quando do falecimento do sogro”.
9
Oiko – Célula Familiar
8
No governo de Sólon proibiu-se o dote de objetos muito sofisticados. Eles poderiam
ser dados ao casal como presente, mas não como dote. Medidas adotadas para igualar todos os
cidadãos.
O dote “ainda era uma forma de recompensa o noivo pela manutenção da noiva” Isto o
ligava a esposa para sempre. No caso de divorcio, ele deveria devolver o dote a mulher e
deixá-la no lar paterno. No caso da mulher ficar viúva ela reaviria seu dote e poderia dividí-lo
com seus filhos, desde que ele, cuidasse da mãe na velhice.
Os preparativos do casamento foram registrados em textos do século V ao III a.C e em
vasos de cerâmica. Segundo Florenzano, havia uma seqüência de providência que deveriam
ser tomadas antes do casamento. Em primeiro lugar escolhia-se a data de casamento, o
período preferido era a mãe Gamelión (janeiro), época consagrada a Hera, deusa do
casamento, de preferência sob a lua cheia, propícia à fecundidade.
Antes da festa do casamento, havia alguns rituais importantes que deveriam ser
realizados, como por exemplo: um dia antes da festa de casamento, a noiva deveria despedirse de sua vida de menina. Era habitual, a noiva oferecer seus brinquedos á deusa Ártemis,
simbolizando o fim de sua infância. Num outro ritual eram consagrados a Hera, os cachos de
cabelos da jovem.
Antes de casar-se Timareta, filha de Timareto consagrou a Ártemis do lago o seu
tamborim, sua linda bola, a sua rede de cabelo, o seu cabelo e seus vestidos de
menina, como virgem. Você, filha de Ártemis, segura sua mão sobre a criança
timareta, e protege a menina pura de um modo puro. (FLORENZANO, 1996, p. 47)
Os detalhes dos preparativos são conhecidos graças aos vestígios encontrados pelos
arqueólogos, como oferendas, vasos de cerâmica, nos templos e na acrópole de Atenas.
Segundo os estudos de Florenzano, o banho pré-nupcial dos noivos era de especial
importância, era um ritual detalhista, onde a água, que de um lugar especial, era contida num
vaso que a noiva ganhava como presente, e que mais tarde poderia ser colocada na sua
sepultura. O cortejo que buscava a água era composta por parentes, numa alegre procissão
com dança e música. O banho, segundo Ginouvés, citado por Florenzano, “era no sentido de
purificar e proteger os noivos”. O noivo e a noiva eram vestidos com roupas da cerimônia. O
noivo vestia-se com uma túnica de lã e uma coroa de folhas de gergelim e menta
(simbolizando a fertilidade e com poderes afrodisíacos) e o corpo perfumado com mirra. A
noiva também se perfumava com mirra e colocava seu vestido bordado, com sandálias
especiais para a ocasião.
9
Nos cabelos cuidadosos penteados, com redes e coroa de metal. Os acessórios
incluíam colares, cintos e o véu que lhe cobria o rosto. No ritual de preparação da noiva,
estavam presentes várias mulheres da família. A casa dos noivos era enfeitada para a ocasião
com “folhas de louros, oliveira e lã”.
Pode-se perceber que na maioria dos rituais de casamento, ainda são preservados pela
nossa sociedade, salvo os devidos distanciamentos culturais, nota-se que parte dos ritos foram
incorporados por religiões monoteístas, e adequadas aos propósitos de determinadas
sociedades.
Mulheres no Egito
A mais difundida teoria sobre a criação dos deuses, é a síntese heliopolitana, que
propõe que o sol (Atum) teria criados os primeiros seres divinos, masculino e feminino. O
primeiro é Shu (ar,luz) e Tefnut (umidade).
O casal divino continuará criando outros deuses como Geb (senhor dos minerais e
plantas) e Nut (céu), criaram outros deuses: Osíris e Ìsis, Seth e Néftis. Segundo Christiane
Desroches Noblecourt10, nos mitos cosmogômicos encontraremos a “noção do feminino”,
essencial ao equilíbrio cósmico e aos seus avatares...”
Nas esferas divinas, o elemento feminino, bem longe do ser passivo, vai então
Ser associado o parceiro, o protetor freqüente, muitas vezes o provocador de
Distúrbios, amável ou, se necessário, agressivo ou truculento, sendo sempre a boa
mãe e também despertando a alegria dos deuses. (NOBLECOURT, 1994, p. 26).
A grande esposa real, colocada ao lado do Faraó era responsável por colocar no
mundo os herdeiros do trono e transmitindo a eles a hereditariedade real. Independia o fato do
pretendente ao trono ter sangue real, com tanto que sua futura esposa descendesse de uma
família solar.
O incesto real era o caminho natural dentro desta sociedade, irmãos e irmãs casavamse a exemplo dos deuses para perpetuar o poder real. Segundo Noblecourt, havia casos de
incesto entre pai e filhas comprovados pelos pesquisadores, no entanto, as razões dessas
uniões ainda não são muito certas. Outro fator importante a destacar é que nem sempre era
possível o casamento com uma esposa real , e segundo os pesquisadores, o faraó impunha sua
vontade e escolha.
10
Ver mais detalhes em (NOBLECORT, 1994, p. 52-66)
10
As filhas reais tinham papel muito importante no Egito antigo, pois legitimavam o
acesso ao poder do pretenso faraó. O principal papel da rainha era, em muitos casos, o de
aconselhar o faraó, e de desempenhar um papel diplomático junto a países estrangeiros.
O Ipet-Nesut (residência da rainha) é também o lugar onde ficavam as Neférut
(mulheres secundárias do Faraó), uma instituição real. Para Noblecourt, elas eram, “Beldades
vivas do palácio, cujos cantos, danças e comportamento eram destinadas a seduzir sua
majestade.” (NOBLECOURT, 1994, p. 93).
Ainda segundo a autora, a estrutura era comandada por um chefe, que cuidava da
administração do harém, que era independente e se auto-sustentava, sendo também um centro
de produção. No entanto, o harém era dominado pela grande esposa Real, que tinha como
principal função, receber as princesas que eram desposadas pelo Faraó, organizando suas
instalações, e de seus servos e filhos.
Dentro do harém, havia categorias de mulheres que ficavam separadas em
apartamentos, dentre elas eram: a grande esposa real e suas filhas; as esposas secundárias; as
favoritas e os ornamentos reais. Estas mulheres além de estarem a serviço da grande esposa
real, eram, muitas vezes, oferecidas em casamento para altos funcionários.
As mulheres do harém viviam com muito luxo, criados a sua disposição, belos
palácios com jardinas floridos e uma decoração espantosa. “Uma indizível poesia desprendese da atmosfera assim criada: o refinamento, o rebuscamento estético, o gosto pelas tintas
nuançadas e alegres
deviam ser padrão
nessas moradias dedicadas á beleza”
(NOBLECOURT, 1994, p. 100).
Tal como os faraós a grande esposa real, tinha depois de sua morte um lugar á sua
altura de sua importância. Ao longo da História do antigo Egito , durante as dinastias que se
sucederam , verifica-se que a importância nas construções reais das pirâmides variou. Em
alguns momentos havia construções individuais, menores e suntuosas para as rainhas e
princesas e em outros momentos, o descanso eterno era na mesma pirâmide que seu esposoFaraó e em câmaras separadas. No entanto, sempre estavam adornados de ricas jóias que
tinham pertencido á rainha morta.
Segundo Noblecourt (1994), na XIX dinastia, Ramisés I e seus sucessores,
reagruparam as grandes esposas reais e algumas esposas secundárias no Vale das Rainhas,
chamada de Ta Set Néfuru “Local dos ardores vitais, ou da criatividade divina”.
Dentre as rainhas mais importantes do antigo Egito, vamos destacar duas delas, a
rainha divinizada Ahmés-Nefertari e a regente Hatshepsut. Nefertari que viveu na dinastia
11
XVIII, era esposa de Ahmés e mãe de Amenófis I. Foi conselheira do Faraó e investida com o
título de “Segundo Profeta de Amom”- nunca atribuída a uma mulher.
Segundo os estudiosos, ela teve um papel religioso importante, comprovado pelas
inúmeras oferendas em seu templo. Ao lado de seu filho, comandou a transformação
econômica do país. A rainha destacou-se, principalmente, por organizar as sepulturas, no
imponente Vale dos Reis. O exemplo de Nefertari, deixa claro que muitas das grandes
Esposas Reais, dividiam o poder de governo com seus esposos, e ou filhos.
Desde que existe perfeita igualdade entre a mulher e o homem, o problema não se
coloca, na maioria dos casos, e é aí que se faz necessário perceber o ponto de vista
do egípcio faraônico : cada qual no seu papel.O rei governa , com muita freqüência
aconselhado- e cada vez mais no decorrer dos milênios – por seu alter ego , a Grande
Esposa Real. (NOBLECOURT, 1994, p. 129).
Entre as soberanas que substituíram os faraós, destacam-se: Netócris, Néferu Sobek,
Hatshepsut, Tausert e talvez, Nefertiti. Como já foi colocado no início do tópico, dedicaremos
à exposição sumária do papel da rainha Hatshepsut. Hatshepsut, casou-se com seu meio-irmão
Djehutimés II “filho provavelmente ilegítimo do anterior , Djehutimés I (chamado com
freqüência de Thutmosis)” (CARDOSO, 1986, p. 65) , tornando-se, a Grande Esposa Real ,
foi-lhe investido todos os cargos e honras para a rainha das duas terras, e com o reconhecido
estado de “Aquela que vê Hórus e Seth”.Deu á luz a princesa Nefêrure, cuja educação confiou
a cargo de Senenmut, conselheiro e faz tudo real.
Ao que tudo indica, Djehutimés II, não possuía habilidade para o governo, cabendo a
sua esposa real incitá-lo a um governo mais hábil. Depois da morte do soberano, quem
assumiu o trono como soberano, foi o filho de uma concubina, também chamado de
Djehutimés III, até então com cinco anos de idade.
Em razão da minoridade do Faraó, Hatshepsut assume o governo. Segundo Noblecourt
“é o ponto de partida de sua grande aventura”. Após sua coração , firma sua autoridade como
soberana. A partir do 7° ano de reinado de tutmósis, Hatshepsut torna-se o verdadeiro rei do
alto e baixo Egito, fazendo-se retratar como Faraó, e com trajes masculinos, Tanga e a coroa
do duplo país. Através de cerimônia religiosa, Hatshepsut assume definitivamente seu papel
como Faraó, que segundo os pesquisadores, foi um golpe, uma tomada de poder pela
soberana.
Ao longo de sua dinastia, a Faraó Hatshepsut mandou erigir inúmeras construções de
templos, monumentos, exaltando seu nome e seu reinado. A decoração e as inscrição dos
monumentos evidenciam o título de rei do alto e baixo Egito.
12
(...) Ao ano 7 ao 11 , tudo foi trabalhado para erigir no mais fino calcário , o
monumento que devia ser a glória do reino , e lembrar as grandes linhas do
personagem real e de sua atividade.(...) Em três andares sucessivos,as construções
alcançavam o último terraço que, com seus nichos escavados na rocha, no ano 10 ,
abrigava vinte e sete estátuas rituais da soberana , na maioria talhada em granito rosa
, das quais oito estavam ajoelhadas.Ao sul fora construída uma capela para seu
culto,o de seu pai,de sua família e mesmo de Tutmósis III(...) (NOBLECOURT,
1994, p. 170-171).
Alguns pesquisadores admiram as qualidades políticas e artísticas da soberana uma
mulher que soube criar uma Era de paz e prosperidade”, exaltando sua inteligência fora do
comum e que também estava cercada por conselheiros competentes. Portanto, o destaque do
governo de Hatshepsut não ficou apenas nas construção de magníficos monumentos, mas
também por ter reabastecido o exército, e o tornado mais forte e armado. Apesar do exército
estar bem armado , não houve sérios conflitos com o estrangeiro.
Também enviou expedições comerciais. Permitiu a entrada de comerciantes de várias
partes da Ásia e de outras regiões, proporcionando uma miscelânea de cores, odores, sabores,
testuras e encantamentos. Com o passar dos anos, o rei usurpado Tutmósis III, foi se
preparando para assumir definitivamente o trono, iniciando a destruição dos feitos de
Hatshepsut, e depois seus herdeiros continuaram a tentar apagar a Rainha-Faraó de História
do Egito.
No entanto, as inovações empreendidas pela soberana serviam como fonte de
inspiração para os futuros Faraós. As discussões acerca da figura do soberano Faraó ainda são
controversas entre os pesquisadores, uns admiram sua impetuosa inteligência e o outros a
retratam como uma “usurpadora terrível” do poder real, questionando como uma mulher
poderia cumprir as necessidades do Egito. Outros, mais maldosos, colocam que ela só poderia
exercer o poder com a presença de um homem, no caso seu conselheiro, Senenmut. Os
autores, na verdade, não acreditam que uma mulher pudesse transformar e revigorar o reino
como ocorreu com o reinado de Hatshepsut, sempre procurando um falo para legitimar as
inteligentes ações da Soberano-Faraó.
A imagem feminina é retratada nos primórdios do antigo Egito como aquela que induz
o amor e a fecundidade, è a amante, a mãe, viúva, a que provoca o desejo, que dá a vida, e a
que vela pelo morto. Estatuetas de figuras femininas datadas do período neolítico retratam a
mulher de corpo delgado, seios pequenos, e na maioria das vezes, carregando um filho nos
braços. As pequenas estatuetas eram de osso e marfim, e reproduz a imagem da egípcia em
trajes finos ou nus, destacando longas pernas delgadas, quadril saliente, seios altos e
penteados cuidadosamente arranjados com laços de fita.
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Muitos pesquisadores ressaltam a beleza física das egípcias, de sua elegância natural e
explicam que este ideal deveria ser mantido pelas mulheres. A gordura deveria ser evitada, e
por isso elas elaboravam receitas misteriosas para manter a forma.
A autora Noblecourt, deixa claros a preocupação da mulher egípcia com os cabelos e
penteados exuberantes, dedicando a eles cuidados essenciais. Elas também utilizavam perucas
para completar a sedução. Os cuidados se estendiam aos trajes, que eram dispostos no corpo,
no caso das nobres, com muito luxo, junto com assessórios femininos imprescindíveis, como
colares, braceletes e tiaras ricamente cravejados de pedras preciosas, estes adereços chegaram
ao Egito com os invasores Hicsos. Com a expansão das conquistas egípcias, principalmente
na Ásia, conheceu-se uma profusão de riquezas que revolucionou a moda no Egito, como
tecidos, maquiagens, pedras preciosas, perfumes e ungüentos,
[Eis] uma veste branca,
Bálsamo para teus ombros,
Guirlandas para teu pescoço
[Enche teu] nariz de saúde e alegria
[Sobre a testa] põe perfumes [...]
Passa um dia de festa. (NOBLECOURT11, 1994, p. 205).
Segundo as análises feitas no livro de Noblecourt, a igualdade entre os sexos era
considerada natural. A exemplo dos deuses a mulher era divinizada e possuía grande
prestígio.
Assim, na antiguidade, o Egito é o único país que verdadeiramente dotou a mulher
de um estatuto igual ao do homem. Istoé, sem dificuldades, contatado durante todo o
período do Antigo Império e, naturalmente, com clareza no Novo Império”
(NOBLECOURT, 1994, p. 207)
Muitas vezes a falta de documentação em relação à mulher, deixa falhas que
dificultam uma apreciação melhor sobre o feminino no Egito Antigo. No entanto, muitos
pesquisadores como Thedirides, Allan e Pestman, citados por Christiane Noblecourt, afirmam
que juridicamente, a mulher estava no mesmo plano que o homem. Ela poderia possuir bens,
ou adquiri-los, estabelecer contratos.
Dispunha de todos os direitos, desde o nascimento e nenhum estatuto era acrescentado
ou imposto quanto do seu casamento ou maternidade. Ainda segundo os estudos da autora
citada acima , a mulher egípcia desfruta de liberdade quanto á tutela dos pais e ao que tudo
indica , era relativamente livre para escolher seu futuro marido. Entretanto, uma exigência era
ser virgem, e outra, ser fiel e não cometer adultério.
11
Senenmut – ver mais detalhes em (NOBLECOURT, 1994, p. 162).
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A punição, muitas vezes, era a pena de morte. No entanto não foram encontrados
vestígios deste cruel castigo, mas ficava o alerta para aquelas que tentassem infringir a lei.A
mulher em cativeiro, logicamente não desfrutava dos privilégios das egípcias de classe nobre,
por serem na sua maioria esmagadora estrangeiras. Eram prisioneiras de guerra que
acompanhadas de suas famílias, na maioria das vezes, eram entregues ao Faraó ou negociadas
por mercadores sírios. No Egito existiam raros casos de egípcios que, segundo Noblecourt se
“vendiam”, e entravam num “mercenariato” voluntário. Muitos se tornavam escravos por
dívidas. “A aquisição de uma mulher em cativeiro era registrada oficialmente numa repartição
governamental.” (NOBLECOUT, 1994, p. 218).
A maioria destas mulheres era destinada a trabalhos domésticos, nas casa dos nobres
ou nos templos. “(...) elas faziam parte das Méryt e das Hemut; sua cabeça era raspada e
apenas uma mecha em “cauda de porco” restava de sua cabeleira”. (NOBLECOURT, 1994, p.
218).
As serviçais introduzidas nas famílias egípcias, nunca eram separadas de seus filhos, e
se integravam à família senhorial, desfrutando de certa liberdade ou privilégios, um deles
citado por Noblecourt, é que era proibido fazê-las trabalhar em dias muito quentes.
Os cativos (as) eram divididos em várias categorias, alguns deles são difíceis de
determinar o grau de servidão. Alguns textos relatam expedições de guerra onde as
prisioneiras, princesas, cantoras, deveriam trazer para o cativeiro, suas fortunas. O Faraó
cuidava para que chegassem em segurança. As mais sedutoras ficavam reservadas para o
palácio. As menos sedutoras eram encaminhadas para trabalhar nos templos. Segundo um
relato exposto pela autora citada acima.
Assim , quando uma delas , esgotada após uma longa marcha, apresentava uma fadiga
excessiva então, colocavam-na sobre os ombros do soldado , de forma que ele tem que deixar
seu equipamento , o qual é pilhado pelos outros, a ele , resta carregar a cativa.
Durante o Novo Império, as negociações com prisioneiras cresceram muito,
principalmente aquelas destinadas as “casas da cerveja”12, freqüentada por jovens estudantes.
Noblecourt, também destaca a locação de servas para a administração ou para particulares. O
preço era cobrado (por seus proprietários) por dia de trabalho.
A alforria de servas poderia ocorrer por meio do casamento com um homem livre,
com a aprovação da dona da casa, quando não era ela que escolhia o marido para sua serva.
Após o casamento, os filhos também são livres. No entanto esta lei foi abolida no reinado dos
12
A autora, na deixa claro o que são as “casa de cerveja” , supõe-se que seriam uma espécie de bar ou
prostíbulo.
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Ptolomeus. Também há registro de casos onde uma mulher poderia desposar um homem
cativo. O que demonstra que os egípcios não tinham preconceitos raciais, pois os cativos, na
sua maioria, se constituíam em estrangeiros.
Todas as classes sociais poderiam adotar “escravos”. Há casos de senhoras que
adotavam filhos de suas servas, deixando-lhes importantes doações. Para Noblecourt, “A
mulher escrava do Egito Antigo se beneficiava de uma condição talvez mais invejável que as
das “servas” de nossa Idade Média”.
Considerações Finais
Pode-se perceber que nas sociedades citadas neste texto, em alguns deles, a mulher
adquire plenos poderes de influência dentro da sociedade e depois ela se vê aprisionada de
seus poderes e colocada em celas escuras e frias, onde sua função principal é obedecer. Seu
espírito guerreiro e divino é acorrentado dentro do seu coração e jogado no fundo de sua alma,
a espera da oportunidade de retomar ao seu trono de deusa.
A História nos mostra que as mulheres foram também sujeitos da História e não meros
coadjuvantes: foram deusas, empreendedoras, originais, soberanas, mães. A História das
mulheres é muito mais ampla e nos descortina os olhos diante de tanta ousadia e beleza.
Nossa contribuição foi apenas de um recorte na antiguidade da humanidade para alertar a
todas as mulheres da fase da terra , que elas fizeram a diferença, e continuam lutando como
guerreiras para ter o reconhecimento da História.
Referências Bibliográficas
CABOT, Lauriu. O poder da bruxa: a terra, a lua e o caminho mágico feminino. Rio de
Janeiro: Campus, 1997.
CARDOSO, Ciro Flamarion S. O Egito antigo. São Paulo: Brasiliense, 1986.
FLORENZANO, Maria Beatriz Borba. Nascer, viver e morrer na Grécia antiga. São Paulo:
Atual, 1996.
LEICK, Gwendolyn. Mesopotâmia: a invenção da cidade. Rio de Janeiro: Imago, 2003.
NOBLECOURT, Christiane D. A mulher no tempo dos faraós. São Paulo: Papirus, 1994.
PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. 13. ed. São Paulo: Atual, 1994.
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* Artigo entregue em: 25/11/2008
* Aceito para publicação em: 07/12/2008
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