UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ JOANA SPENGLER COELHO Trabalho de Iniciação Científica A INFLUÊNCIA DA POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM DA UNIÃO EUROPEIA NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DA COMUNIDADE ITAJAÍ 2012 JOANA SPENGLER COELHO Trabalho de Iniciação Científica A INFLUÊNCIA DA POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM DA UNIÃO EUROPEIA NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DA COMUNIDADE Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Profª. MSc. Jacqueline Márcia Ferreira Furlani. ITAJAÍ 2012 Agradeço aos meus pais, por todo suporte e apoio prestados desde o início de minha educação até a finalização de mais esta etapa. Agradeço ao meu namorado, André por todo incentivo e paciência durante este período. Aos meus colegas, Maria Eduarda, Maria Amália, Malu, Ramon e Ronaldo, que foram amigos que fizeram parte de toda minha trajetória acadêmica. Agradeço da mesma forma, à minha orientadora Jacqueline pela dedicação e colaboração na realização deste trabalho. “O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra” Aristóteles EQUIPE TÉCNICA a) Nome do estagiário Joana Spengler Coelho b) Área de estágio Economia Internacional c) Orientador de conteúdo Profª. MSc. Jacqueline Márcia Ferreira Furlani d) Responsável pelo Estágio Profª. Natalí Nascimento RESUMO Com a evolução dos processos de integração, fez-se necessária a adoção de políticas cada vez mais completas e estruturadas. Partindo deste princípio, o processo de integração mais evoluído do mundo, a União Europeia, apoia cada vez mais reformas em sua política agrícola, a qual tem extrema importância para o desenvolvimento do bloco e das economias nacionais de seus países membros. Essas reformas visam minimizar os impactos ocasionados a cada novo alargamento que ocorre no âmbito do bloco europeu. Tais alargamentos ocasionam mudanças políticas, econômicas e também culturais cada vez que acontecem, e, para que se tornem eficazes, exige-se que a política agrícola esteja sempre bem-estruturada a fim de evitar conflitos e possibilitar a distribuição de benefícios a todos. Criada como meio de suprir as necessidades pós-guerra, a política agrícola encontra-se em um estágio no qual não somente aspectos econômicos ou de pura sobrevivência são levados em consideração, mas também aspectos que visem garantir a qualidade de vida, por meio de ações sustentáveis e disponibilidade de produtos que sejam produzidos dentro de normas estabelecidas. A Política Agrícola Comum da União Europeia mostra que quanto mais unidos estiverem os paísesmembros, trabalhando em prol de um benefício comum, mais sucesso pode ser obtido. Através desta conduta, a União Europeia se manterá durante muito tempo como o bloco que mais longe chegou no que diz respeito à integração com abrangência global, Palavras-chave: Integração. Alargamentos. Política Agrícola. LISTA DE SIGLAS ALCA – Área de Livre Comércio das Américas CdE – Conselho da Europa CECA – Comunidade Europeia do Carvão e do Aço CEE – Comunidade Econômica Europeia EBA – Everything But Arms ECO – Europa Central e Oriental EURATOM – Comunidade Europeia de Energia Atômica FEDER – Fundos Estruturais para o Desenvolvimento Regional FEOGA – Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola FSE – Fundo Social Europeu GATT – General Agreement on Tariffs and Trade MDIC – Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MERCOSUL – Mercado Comum do Sul NAFTA – North American Trade Agreement OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Europeu OCM’s – Organizações Comuns de Mercados OECE – Organização Europeia de Cooperação Econômica OMC – Organização Mundial do Comércio PAC - Política Agrícola Comum PIB – Produto Interno Bruto SFP – Single Farm Payment TEC – Tarifa Externa Comum UE – União Europeia 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9 1.1 Objetivo geral ................................................................................................. 10 1.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 10 1.3 Justificativa da realização do estudo .............................................................. 11 1.4 Aspectos metodológicos ................................................................................. 11 1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados ......................................................... 12 2 COMÉRCIO INTERNACIONAL ........................................................................ 13 2.1 Blocos Econômicos ........................................................................................ 13 2.1.1 MERCOSUL ................................................................................................ 15 2.1.2 NAFTA ........................................................................................................ 17 2.1.3 ALCA........................................................................................................... 18 2.1.4 Tigres Asiáticos ........................................................................................... 18 2.1.5 União Europeia ........................................................................................... 19 3 O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO EUROPEU .................................................. 23 3.1 Fases do processo de integração ................................................................... 23 3.1.1 Fase de preparação .................................................................................... 24 3.1.2 Organizações Comunitárias e Instituições .................................................. 25 3.1.3 Evolução das Organizações e Construção da União Europeia................... 26 3.2 Alargamentos da Comunidade ....................................................................... 26 3.3 Impactos da PAC no processo de integração................................................. 28 3.4 Posição das nações europeias frente a PAC ................................................. 30 4 POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM ........................................................................ 33 4.1 Objetivos de sua criação ................................................................................ 33 4.2 Contribuição para o cenário econômico europeu ........................................... 34 4.3 Impactos causados pela existência da PAC ................................................... 36 4.4 A PAC no cenário europeu atual .................................................................... 37 4.4.1 A Reforma de 1992 ..................................................................................... 38 4.4.2 A Reforma de 2000 ..................................................................................... 39 4.4.3 A Reforma de 2003 ..................................................................................... 39 4.4.4 A Reforma de 2008 ..................................................................................... 40 4.4.5 Futuras Reformas ....................................................................................... 41 4.5 Principais produtos protegidos pela política ................................................... 44 4.5.1 Importância da qualidade ............................................................................ 49 4.5.1.1 Agricultura Biológica ................................................................................... 50 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 52 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ...................................................................... 60 9 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento do Comércio Internacional foi intensificado com a necessidade das nações de realizarem trocas bem como atender às necessidades de seus mercados consumidores e possibilitar a estas nações que a comercialização de seus produtos pudesse ser realizada fora de suas fronteiras. Tal necessidade serviu como base para que as nações dessem início a processos que as unissem à outras com o intuito de facilitar tais trocas. A existência de blocos econômicos no cenário econômico global, permite que o processo de integração entre as nações aconteça de maneira mais eficaz possibilitando o alcance de seus interesses, seja em âmbito econômico ou até mesmo político e social. O bloco hoje conhecido como União Europeia, assim denominado a partir do Tratado de Maastrich em 1992, e que teve como marco de seu processo de integração o tratado de Roma em 1957, nesta época denominando – se Comunidade Econômica Européia (CEE), surge com a finalidade de reconstrução dos países europeus devastados após a Segunda Guerra Mundial. Atendendo ao interesse de reconstrução, os países membros da CEE se unem a fim de promover uma nova política econômica. A Política Agrícola Comum (PAC), a qual foi implementada com a finalidade de estimular a produção de alimentos, garantindo assim um teto mínimo de renda para os agricultores e minimizando os desabastecimentos ocorridos na época é a proposta principal de estudo deste trabalho. A partir desse estudo foi possível vizualizar o porquê de a política ser considerada uma plataforma de crescimento para todo o continente e, ao mesmo tempo, gerar insatisfação por parte de seus contribuintes. Ao descrever a PAC, este trabalho discorreu sobre a influência que ela gerou e continua gerando no processo de integração da comunidade europeia, através de medidas colocadas em prática a fim de defender e manter o funcionamento da política. Para isso, no capítulo I foram apresentados os objetivos, a justificativa de realização do estudo desenvolvimento. e os aspectos metodológicos utilizados para seu 10 O Capítulo II abordou os principais blocos econômicos existentes no comércio internacional atual e dividiu-se em cinco partes: a primeira dedicando–se ao MERCOSUL; a segunda ao NAFTA; a terceira a ALCA; a quarta aos Tigres Asiáticos e a quinta, construindo assim uma ligação para o início do próximo capítulo, abordou a União Européia. O Capítulo III teve como objetivo apresentar como ocorreu a integração da comunidade europeia a partir da criação da PAC, quais foram os fatores que tiveram maior influência neste processo, e como as nações se posicionaram frente a ela. O Capítulo IV discutiu a criação da PAC, a partir desta criação o capítulo se dividiu em cinco partes: a primeira discutiu o objetivo da criação da política; a segunda a sua contribuição para o desenvolvimento econômico da comunidade; a terceira os impactos causados por sua existência; a quarta sua situação no cenário europeu em 2012 e a quinta os principais produtos protegidos por ela. O Capítulo V trouxe as perspectivas gerais do trabalho e as conclusões observadas quanto à influência da PAC no processo de integração da comunidade europeia. Foi utilizada uma pesquisa qualitativa, com fins bibliográficos para a realização da pesquisa. 1.1 Objetivo geral Este trabalho tem como objetivo geral apresentar a influência ocasionada pela política agrícola comum da União Europeia no processo de integração europeu. 1.2 Objetivos específicos • Descrever os processos de integração existentes em âmbito global; 11 • Apresentar o processo de integração da comunidade europeia a partir da criação da política agrícola comum; • Identificar o funcionamento atual da política agrícola no continente europeu. 1.3 Justificativa da realização do estudo Este trabalho de iniciação científica possibilitou um maior conhecimento do assunto abordado àqueles para quem o trabalho foi disponibilizado. Para a acadêmica o trabalho ampliou seus conhecimentos teóricos, podendo utilizá–lo como meio de melhor compreender o comportamento da política agrícola presente no continente europeu há muitas décadas. Para a Universidade, sua importância será constituída através das fontes de informações atualizadas que virão a ser utilizadas, sempre fundamentadas em fontes seguras, servindo assim de base para futuros estudos. Para a sociedade, o trabalho também terá sua importância ao disponibilizar fonte confiável de pesquisa acerca do tema abordado, sendo de fácil compreensão e pesquisa. 1.4 Aspectos metodológicos O método de pesquisa deste trabalho de iniciação científica foi de caráter qualitativo, que segundo Goldenberg (1999, p.49): “[...] os métodos qualitativos enfatizam as particularidade de um fenômeno [...]”. Em relação aos meios, nessa pesquisa, o método utilizado foi o bibliográfico, o qual de acordo com Vergara (1998, p.46): “Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público geral.”. 12 Com relação aos fins da pesquisa foi utilizado o método descritivo. Tal método tem como objetivo descrever características de uma população ou de um fenômeno, ou ainda, identificar a relação entre diversas variáveis. (GIL, 1996). Assim sendo, esta pesquisa descreveu através de dados coletados, a influência da política agrícola comum no processo de integração da comunidade europeia. 1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados A pesquisa apresentou os dados coletados através de livros, revistas e sites especializados. Os dados coletados foram analisados, interpretados e apresentados através de textos descritivos, podendo ser utilizados também gráficos que visem o melhor entendimento do leitor. 13 2 COMÉRCIO INTERNACIONAL O aumento do fluxo de comércio após a transposição de fronteiras é nítido e traz como objetivo do comércio internacional: “[...] promover o bem estar dos povos através do aumento de sua renda real proporcionada pela expansão do fluxo comercial entre as nações.”. (DI SENA JÚNIOR, 2003, p.49). Uma das principais razões da existência do comércio entre nações é que isoladamente nenhum país consegue produzir tudo aquilo que necessita. A escolha dos bens que farão parte deste comércio está diretamente relacionada à disponibilidade de recursos naturais de cada país, suas condições climáticas e tecnológicas para gerar fatores de produção. Desta forma: “[...] cada país deve concentrar – se em produzir aquilo que lhe é naturalmente vantajoso, [...] seja por seus recursos minerais abundantes, seja pela qualificação de seus trabalhadores, ou ainda por uma localização geográfica privilegiada.”. (BORTORO et al, 2004, p. 78). A partir do momento em que uma nação se sente segura no que diz respeito a sua economia, esta passa a interagir com outras nações através de acordos e tratados, proporcionando assim um maior crescimento e desenvolvimento de sua população. A tendência a partir da existência de acordos e tratados é a de formação de blocos econômicos, criados com a intenção de facilitar o comércio entre os países membros. O capítulo que segue, terá como tema principal os blocos econômicos de maior importância no cenário mundial atual e como eles estão classificados atualmente. 2.1 Blocos Econômicos Para o estabelecimento de formas de cooperação ou na tentativa de criar esquemas de integração regional, muitos países se unem. Existem diversos motivos por trás destas tomadas de decisão: um país pode analisar sua participação nas trocas comerciais mundiais com descrença e negativismo, outros mantém 14 sentimentos de insegurança externa e ainda existem os que veem na integração um meio de consolidação de sua soberania. (PLA, 1994). Sejam quais forem seus motivos, ainda segundo Pla (1994, p. 24): “[...] as regiões descobriram na integração a panacéia para acelerar seu crescimento econômico, aperfeiçoar suas estruturas produtivas, atingir um grau maior de participação no comércio mundial, bem como conter as ameaças externas de dominação.”. Considerando a opinião de Gandolfo (1994), os benefícios da integração regional serão maiores quando as nações participantes tiverem um maior grau de competitividade, devido à expansão das indústrias mais eficientes, e quanto maior for o bloco aumenta a possibilidade de criação de comércio. Com isso, a formação de blocos regionais traz maiores ganhos para nações cujas economias sejam inicialmente competitivas, mas potencialmente complementares. Os processos de integração dependem da necessidade de cooperação dos países envolvidos para que haja uma maior gama de resultados. Estes processos podem ser apresentados em diferentes níveis de integração, sendo eles: zona de preferência tarifária, zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum, união econômico monetária e união política. As características de cada um destes níveis de integração são: I. Zona de Preferência Tarifária: Admitida por alguns autores como um processo antecedente à zona de livre comércio ela permite que seus países membros concedam preferências tarifárias reciprocamente em detrimento dos não membros (Beçak, 2000). II. Zona de Livre Comércio: É denominada como a mais simples e antiga forma de integração, visando à eliminação completa de barreiras tarifárias e de qualquer tipo de obstáculo no comércio de mercadorias entre os Estados membros, sendo que estes continuam mantendo relações comerciais independentes com países terceiros. (OLIVEIRA, 2005). III. União Aduaneira: “Além da livre circulação de mercadorias existe uma tarifa externa comum aplicada em todas as fronteiras da união.”. (THORSTENSEN, 1992, p.43). Por apresentar maior profundidade no processo de integração, a união aduaneira difere–se da zona de livre comércio ao impedir que os países membros conduzam sua política comercial com países terceiros de maneira independente. (OLIVEIRA, 2005). 15 IV. Mercado Comum: Esta forma de integração é aplicada com a finalidade de permitir a livre circulação de fatores de produção, sendo eles: pessoas, serviços ou capitais. (THORSTENSEN, 1992). Ainda segundo Thorstensen (1992, p. 43), “implica a adoção de políticas comuns, coordenação e harmonização de legislações fiscais, trabalhistas e de sociedades.”. V. União Econômico Monetária: A União econômica acontece a partir do momento em que existe harmonia nas legislações nacionais de políticas econômicas, financeiras e monetárias. A partir da instituição de uma moeda única e existência de política monetária unificada e controle das taxas de câmbio e reservas por parte da união, há uma integração monetária. (THORSTENSEN, 1992) IV. União Política: De acordo com Oliveira (2005, p.39): “[...] além da coordenação e unificação das economias nacionais dos Estados Membros, há um Parlamento comum, uma Política Exterior de Defesa e Segurança e de Interior de Justiça também comuns.”. “O ponto final do processo seria a adoção da Federação dos Estados com uma autoridade única”. (Thortensen, 1992, p.44). Os processos que dão motivação à existência de blocos econômicos podem também acarretar algumas consequências às empresas e à população dos países integrantes. Como produtos que acabam entrando com melhores preços em um país devido às políticas econômicas aplicadas nos blocos, os consumidores podem ser prejudicados com a falta de emprego, ocasionada pela diminuição de produção das empresas locais que não conseguem concorrer com os preços de tais produtos. Apesar destas implicações, os blocos têm sua atuação voltada para uma maior participação da sociedade nas decisões, mesmo que estas ainda sejam tomadas pela elite econômica e governantes. Para a sequência do tema abordado, nos próximos tópicos serão apresentados cinco processos de integração de importância mundial. 2.1.1 MERCOSUL Criado a partir do Tratado de Assunção, em 26 de março de 1991, o bloco tem diversos fatores que o definem, tais como: a eliminação de barreiras tarifárias e 16 não tarifárias entre os países–membros com o intuito de propiciar a livre circulação de bens, serviços e fatores de produção; a adoção de uma Tarifa Externa Comum (TEC), esta que caracteriza o bloco como sendo união aduaneira e a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais. (SEGRE, 2010). O MERCOSUL, originado em 1991 tem como países membros desde então: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, os quais formaram um alicerce para a formação de uma nova conformação geopolítica. (CHALOULT et al, 1999). Não pode ser considerada uma união aduaneira perfeita e ainda restam alguns degraus para atingir o ápice do edifício almejado pelo Tratado de Assunção – o Mercado Comum. Para que o resultado obtido seja uma verdadeira organização comunitária faz-se necessária muita paciência no que se refere às negociações entre estados membros. (PAULA, 2007). Em relação ao sistema de solução de controvérsias do MERCOSUL, Gomes et al. (2012, p.9) citam: “ [...] pauta - se pela consensualidade e pela celeridade na solução dos casos que são a ele submetidos, primando pela solução das contendas através de negociações diretas ou pela intervenção do Grupo do Mercado Comum ”. Assim sendo, todos os países membros tendem a prezar pelo consenso no que diz respeito à solução de qualquer problema que venha a ser gerado em negociações que digam respeito ao bloco. Ao agir desta forma estarão colaborando para que os objetivos sejam alcançados de uma maneira que satisfaça a todos e proporcione assim um desenvolvimento econômico e político do bloco como um todo. Partindo deste princípio, foi suspenso no mês de junho de 2012, o Paraguai, após o impeachment de seu até então presidente Fernando Lugo. Esta suspensão segundo Carmo (2012) foi decidida ao constatar-se que não existia mais uma plena vigência democrática no Paraguai, a qual é considerada condição essencial para o processo de integração. Com a suspensão do Paraguai, abriu-se a possibilidade da integração da Venezuela ao bloco, afinal o Paraguai era o único que se opunha até então a tal adesão. Com isso, no dia trinta e um de julho de 2012, de acordo com publicado por Fellet (2012, p.1): “[...] a Venezuela sela sua adesão ao MERCOSUL, e inicia assim um período de aceleração da história.”. Desta forma, a situação do bloco no mês de outubro de 2012 é: há a suspensão do Paraguai e o ingresso da Venezuela faz com que o bloco atue de 17 maneira ativa com quatro membros, sendo eles: Brasil, Uruguai, Venezuela e Argentina. 2.1.2 NAFTA O NAFTA é caracterizado como uma zona de livre comércio e teve como primeiro passo de seu processo de integração um Acordo de Livre Comércio firmado entre Canadá e Estados Unidos, concluído no final de 1988, e que em 1992 após uma terceira fase de negociações comerciais bilaterais, contou com a adesão do México. (CHALOULT et al, 1999). De acordo com Segre, (2010, p. 41) “Em dezembro de 1992, o Canadá, os Estados Unidos e o México assinaram o North American Trade Agreement (NAFTA), que entrou em vigor em 1º de janeiro de 1994. O acordo prevê redução gradativa das tarifas aduaneiras no comércio de bens entre os três países”. A mais recente declaração dada pelos três representantes dos Estados membros do NAFTA: o embaixador dos Estados Unidos, Ron Kirk; o Ministro de Comércio Internacional do Canadá, Edward Fast e o Secretário da Economia do México, Bruno Ferrari no dia três de abril de 2012, apresentam os principais resultados da reunião realizada nesta mesma data entre eles. Nesta declaração eles afirmam que acordam no fato de que o bloco econômico continua tendo como prioridade o crescimento econômico sustentável e a criação de empregos. Como há, entre eles, uma divisão dos benefícios adquiridos pela existência do bloco, eles afirmam estar de acordo a respeito de ações que visem expandir o comércio e investimentos e reduzir custos administrativos tendo como finalidade o fortalecimento da competitividade dos países que representam. (CANADÁ, 2012). 18 2.1.3 ALCA A Cúpula das Américas é considerada o ponto de partida para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Tal Cúpula foi realizada em Miami no ano de 1994, durante o governo do até então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. Ela envolve trinta e quatro países das Américas com exceção de Cuba e se sustenta em três princípios básicos: o fortalecimento das democracias, a proteção dos direitos humanos e a promoção de oportunidades econômicas através do livre comércio. (RATTNER, 2002). Existe um fator que vem gerando bastante dúvida no que diz respeito à implementação definitiva da ALCA, sendo assim alvo de inúmeras discussões. Conforme informação publicada pela Comissão Parlamentar Conjunta do MERCOSUL no ano de 2012: A ALCA tem o prazo mínimo de sete anos para sua formação, a partir de 2005, mas neste instante enfrenta oposição para sua implementação, tanto do Congresso dos Estados Unidos, cujos congressistas historicamente defendem os interesses locais dos seus eleitores, quanto dos demais países do Continente Americano. O fracasso nas negociações pode ser definido como consequência da tentativa dos Estados Unidos de dominar economicamente o restante do continente, tentativa esta que conta com a desaprovação dos outros países membros. Com isso, o cenário atual do bloco limita–se a acordos bilaterais que continuam sendo celebrados entre os Estados Unidos, maior interessado na implementação da ALCA desde a Cúpula das Américas e o restante dos países do continente. 2.1.4 Tigres Asiáticos Os tigres asiáticos é um grupo de economias altamente diversificadas, diferenciando–se em políticas econômicas, cultura, população e recursos naturais. O 19 grupo é composto pelos sete países asiáticos que seguem: Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Tailândia, Malásia e Indonésia. (MDIC, 2012). Ainda de acordo com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2012): A característica marcante deste grupo é que suas economias tiveram um crescimento rápido e sustentado no período de 1960 a 1990, devido ao alto índice de investimentos e rápido crescimento da poupança interna. [...] Com relação a perspectivas futuras podemos inferir que Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura tiveram sucesso em transformar o potencial produtivo local em produtos com preços competitivos com demanda nos mercados mundiais e em estabelecer o desenvolvimento sustentável, cabendo agora enfrentarem a transformação para um sistema político mais democrático. Por fazerem parte de um processo de integração ainda recente, há muito a ser desenvolvido e mudado nos sistemas político e econômico que unem este grupo de países. Uma das características marcantes dos tigres asiáticos é sua atenção voltada ao mercado externo, havendo mais atividades exportadoras do que importadoras. Este dado preocupa ao gerar muita dependência de seus mercados compradores, entretanto, somente com a existência de planejamento de novas políticas de desenvolvimento os tigres asiáticos conseguirão se tornar mais independentes politicamente. 2.1.5 União Europeia Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Europa encontrava–se em uma situação na qual tinha questões econômicas e políticas para serem resolvidas, primeiramente a necessidade de reconstrução de casas e fábricas e reorganização econômica e em seguida evitar a eclosão de novos conflitos, que trouxessem conseqüências mundiais. Diversas foram as fases que levaram a União Europeia ao estágio em que se encontra em 2012. O primeiro passo foi dado logo após o fim da Segunda Guerra pelos Estados Unidos, através da apresentação do Plano Marshall, no ano de 1948, este que visava a reconstrução dos Estados europeus, mas, na verdade, as reais razões para 20 o interesse dos Estados Unidos nesta reconstrução segundo Oliveira, (2005, p.88), eram: “[...] primeiro: os países europeus poderiam formar um valioso mercado; segundo: seus governos ainda colaborariam na missão de frear o ímpeto expansivo da União Soviética [...]”. A adesão ao Plano Marshall foi feita por dezesseis países, entretanto, quando o plano de reconstrução passou a tomar formas e dimensões econômicas de caráter capitalista, com traços de poderosa cooperação, os Estados Unidos se opuseram. (OLIVEIRA, 2005). Foi a partir deste plano que houve a criação da Organização Européia de Cooperação Econômica (OECE), que em 2012 é conhecida como Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), através dela foi feita a análise da criação de uma união aduaneira. Durante este mesmo período houve a criação do Conselho da Europa (CdE), este que mesmo contando com o apoio dos Estados Unidos, foi uma iniciativa direta das forças europeias, com grande destaque aos governos inglês e francês, podendo assim gerar forte influência sobre o processo de integração. (HERZ, HOFFMANN, 2004). Ainda no ano de 1948, durante a Conferência de Haia, duas correntes europeias foram definidas, a primeira dos adeptos à cooperação intergovernamental e a segunda dos adeptos à integração federal. A corrente federalista não estava satisfeita com o Conselho da Europa e contava com o apoio da proposta francesa de criação da Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA). (OLIVEIRA, 2005). A ideia de criação desta comunidade partiu do princípio de que a produção siderúrgica representava o setor de maior importância nos processos de industrialização e desenvolvimento econômico, tendo caráter simbólico no que remete à produção de armamentos. (HERZ, HOFFMANN, 2004). A CECA entrou em vigor em 1952, após ser criada durante o Tratado de Paris, dispondo de dois objetivos, conforme citado por Oliveira, (2005, p. 95): [...] a) de cunho geral, voltado à expansão eminentemente econômica, melhoria do nível de vida dos países participantes dessa nova organização e a harmonização dos Estados Membros através do estabelecimento de um mercado comum; b) de cunho imediato, direcionado a eliminar as restrições internas do comércio do carvão e do aço, impulsionar a liberação do comércio, desmantelar as políticas e práticas discriminatórias às competências supranacionais desse setor. 21 Alguns autores, por sua vez, dão como início do processo de integração europeu, o tratado assinado no ano de 1957 em Roma, pelos países: França, Alemanha, Países Baixos, Itália, Luxemburgo e Bélgica (países membros da CECA), cujo objetivo central girava em torno da aproximação das políticas econômicas dos Estados membros e a criação de um mercado comum. No início da década de 1990, após acontecimentos como a dissolução da União Soviética, a queda do Muro de Berlim e a reunificação alemã, a Europa buscou seu espaço na nova ordem internacional. A partir da assinatura do Tratado de Maastricht em fevereiro de 1992, criou – se uma nova organização: a União Europeia (UE). (HERZ, HOFFMAN, 2004). O Tratado estabeleceu novas metas para a União Europeia, designando a esta, a competência de elaborar projetos e ações em áreas como meio–ambiente, indústria e coesão social, além disso, propôs medidas com a finalidade de aprimorar a finalização do mercado comum e a introdução de uma moeda comum. (HERZ, HOFFMAN, 2004). O desenvolvimento do sistema monetário que implementou a moeda única para o bloco: o euro, foi baseado em medidas que visavam manter a estabilidade da moeda e evitar a desvalorização dela. Apesar do Tratado de Maastricht ter estabelecido prazos para a adoção da moeda única, Reino Unido e Dinamarca não aderiram. Em 1998, onze países constituíram a Zona do Euro, são eles: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos e Portugal. No primeiro mês do ano de 2002 o euro entrou em circulação e a partir da retirada das outras moedas de circulação, passou a ser a única moeda válida em todos os países da Zona do Euro. Quando instituído, o euro contou com certa dificuldade de aceitação por parte da população, entretanto a partir do momento em que foram surgindo facilidades, como a eliminação das conversões de moeda e tranqüilidade nos processos de negociação em viagens tanto de turismo quanto comerciais, ela acabou sendo mais bem aceita. Atualmente, o euro é um símbolo de soberania estatal. (HERZ, HOFFMAN, 2004). No tocante à coletividade dos cidadãos europeus, o Acordo de Schengen de 1995, incorporado ao Tratado de Amsterdã em 1997, implementou a liberdade de circulação de pessoas no mercado comum. 22 A União Europeia conta com diversos órgãos, os quais representam enorme importância para a sobrevivência do bloco, são eles: o Conselho da União Européia (ex-conselhos de ministros), o Tribunal de Contas Europeu, o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias, o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia. O Conselho Europeu, que não é considerado um órgão, tem sua importância baseada em fatores como as Conferências Intergovernamentais, que são processos efetuados por ele para a aprovação de qualquer modificação nos Tratados da UE. Como citado por Herz e Hoffman (2004, p. 192), os processos decisórios de alguns destes órgãos são os seguintes: Conselho Europeu: votação por unanimidade, busca de consenso, declarações não obrigatórias; Conselho da União Européia: votação por unanimidade ou maioria qualificada dependendo da área temática, decisões obrigatórias; Comissão Europeia: votação por maioria simples entre os comissários, busca de consenso para propostas legislativas; Parlamento Europeu: votação por maioria simples ou 2/3, decisões de caráter recomendatório ou obrigatório dependo da área temática. Em 2012, formada por vinte e sete países e sendo designada como uma União Econômica e Monetária, a União Europeia destaca–se por ser o bloco econômico mais desenvolvido em termos globais. No próximo capítulo, será apresentado o processo de integração europeu e como este se atrela à política agrícola deste continente. 23 3 O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO EUROPEU Com uma consolidação adquirida ao longo dos anos, o processo de integração da União Europeia teve que transpor inúmeros obstáculos e desafios. Para tanto, faz-se necessário o estudo das etapas que permitiram a existência da Europa Comunitária. Esta comunidade conta, em 2012, com um ramo do direito conhecido como Direito Comunitário, o qual se constitui por uma ordem jurídica que se sobrepõe à ordem jurídica interna de seus estados membros. Este fator, aliado a diversos outros, discutidos ao longo deste estudo, permite que se diga que o processo de integração europeu é o mais bem sucedido e avançado da história. Partindo desta premissa, este capítulo tem por objetivo apresentar a integração europeia, como este processo foi influenciado por sua Política Agrícola Comum, e quais as nações integrantes da UE que mais se beneficiaram ou se prejudicaram ao longo da história da PAC. Para dar início ao estudo destes itens relacionados, são apresentados os alargamentos da UE desde 1951, de acordo com Herz e Hoffmann (2004): - 1951: Bélgica, Alemanha, Franca, Itália, Luxemburgo, Países Baixos; - 1973: Dinamarca, Irlanda, Reino Unido; - 1981: Grécia; - 1986: Portugal, Espanha; - 1995: Áustria, Finlândia, Suécia; - 2004: Chipre, Eslovênia, Eslováquia, Estônia, Hungria, Lituânia, Letônia, Malta, Polônia, República Tcheca. Além destes, também houve a adesão em 2007 de Romênia e Bulgária. 3.1 Fases do processo de integração Para que se possam avaliar as origens históricas do processo de integração europeu, é necessário voltar bastante no tempo, mais precisamente entre os anos de 1814 e 1815. Partindo da ideia exposta por Conde Henri de Saint-Simon em seu 24 projeto apresentado no Congresso de Viena, uma organização europeia com moldes de confederação poderia existir, partindo de uma aproximação entre França e Inglaterra. (Herz, Hoffmann, 2004). A ideia, no entanto, não teve aprovação, contudo serviu como base para futuras tentativas e fortalecimento de opiniões neste sentido. De acordo com Fernandes (1998), o processo de integração europeu passou por três fases ao longo de sua evolução: a primeira de preparação; a segunda de criação das organizações comunitárias e instalação das instituições e a terceira de evolução das organizações comunitárias e instituição da União Europeia. Cada uma destas fases foi alocada pelo autor nos seguintes períodos de tempo: a primeira antecedeu a criação da CECA, que ocorreu no ano de 1951; a segunda no período de abril de 1951 a abril de 1965; e a terceira no período de oito de abril de 1965 prologando-se até hoje em 2012. 3.1.1 Fase de preparação Reuniram-se para o Congressso de Haia em maio de 1948 representantes de inúmeros movimentos que tinham como intuito unir a Europa, como por exemplo: o “Movimento Socialista para os Estados Unidos da Europa”, as “novas equipes internacionais” e o “Movimento para a Europa Unida”. Tais grupos pretendiam criar base para uma futura União Europeia e como principal resultado deste Congresso houve a aprovação do estatuto do Conselho da Europa. (Duverger, 1994) O Congresso ocorreu em um momento no qual a Europa encontrava-se devastada pelos resultados da Segunda Guerra Mundial, estando arruinada em âmbito econômico e político. Desta forma, as medidas que foram tomadas para solucionar os efeitos da crise pela qual passava o continente europeu, caracterizam-se como protagonistas desta fase de preparação, pois foi nesta fase que o Plano Marshall foi implementado, a OECE foi instituída e foi criada a Autoridade Internacional de Rur, que está ligada à criação da primeira organização comunitária, a CECA, esta que deu início a segunda fase de integração da União Europeia. (Fernandes, 1998). 25 3.1.2 Organizações Comunitárias e Instituições Em 1951, institui-se a primeira organização comunitária, a partir da idéia de Robert Schumann de que uma autoridade comum se responsabilizasse pelos recursos de carvão e aço dos países europeus, demonstrando assim fortes raízes de supranacionalidade, que é o modelo político que define a União Europeia atual. A ideia de Schumann acabou por instituir a CECA, colocando assim sobresponsabilidade de um único organismo as indústrias dos setores de carvão e aço da Alemanha, França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, sendo estes considerados os países que deram início ao que hoje, em 2012, conhecemos como União Europeia. Esta foi a primeira vez em toda a história que os governos permitiram que uma autoridade pudesse tomar decisões em defesa de um interesse comum, sobrepondo-se desta maneira à soberania de cada Estado membro. (Fernandes, 1998). Estes mesmos seis países, que ao longo dos anos foram se encorajando ao tomar como base o sucesso da CECA, propuseram abrir negociações a outros países europeus a fim de criar novas comunidades e trabalhar em novas políticas comuns. Apesar da negativa de países europeus, como por exemplo, o Reino Unido, entrou em vigor no ano de 1958 o Tratado de Roma, assinado pelos seis Estadosmembros e instituindo a Comunidade Econômica Européia (CEE) e a Comunidade Européia de Energia Atômica (EURATOM). 26 3.1.3 Evolução das Organizações e Construção da União Europeia A terceira fase teve seu início ao realizar a fusão dos executivos, ou seja, unificar as três Comunidades – CECA, CEE e EURATOM – em um só Conselho e Comissão, sendo assim de extrema importância para a construção de uma Europa Comunitária. Desde esta fusão, a construção da Comunidade Europeia tem passado por vários alargamentos, os quais contribuíram para um melhor relacionamento político e comercial entre os países europeus, tendo em vista que tem que responder aos mesmos organismos, por fazerem parte da política supranacional. 3.2 Alargamentos da Comunidade Enquanto os primeiros alargamentos da União Europeia visavam construir uma Europa livre e unida, os atuais exigem, de acordo com Kok (2003), que os novos países se comportem de acordo com cinco premissas, sendo elas: - Agir em conjunto na Europa: definindo políticas genuinamente europeias na UE alargada. - Dinamizar a economia europeia: proporcionando reformas que permitam um crescimento de competitividade e também de empregos no mercado alargado. - Tornar a Europa mais segura: aprimorando os níveis de cooperação em matéria de justiça e segurança. - Desenvolver parceria com países europeus vizinhos: ao possibilitar uma política de vizinhança que proporcione prosperidade. - Dar voz a Europa no cenário global: quanto maior a quantidade de membros, maior deve ser a influência do bloco no cenário global. Com isso, tanto os alargamentos mais antigos, quanto os atuais, contribuíram para o desenvolvimento europeu, e estiveram por muitas vezes atrelados à Política Agrícola Comum. Para tanto, tais alargamentos ocorreram em uma sequência 27 cronológica, por vezes bastante próxima, e em outras tendo bastante tempo separando-os. Enquanto apenas os seis países integrantes da CECA faziam parte da CEE, muitos outros notaram que as medidas adotadas por eles vinham sendo bem sucedidas, e com isso o número de interessados na integração a este seleto grupo foi crescendo. No ano de 1973 foram acolhidas Dinamarca, Irlanda e Reino Unido, que haviam apresentado seu pedido de adesão já no ano de 1961. Os entraves neste processo foram, em sua grande parte, ocasionados pelo governo francês que se opunha a permitir a entrada dos ingleses. Ainda neste primeiro alargamento houve a rejeição da entrada da Noruega, a qual entrou com o pedido no ano de 1962 e teve em 1973, 53% dos votos contra sua adesão. Em 1981, tem aprovada sua adesão a Grécia, após a instauração de regime democrático no país. Seguindo esta mesma premissa democrática, enquadram-se ainda no segundo alargamento a Espanha e Portugal, que tiveram sua adesão aprovada pelos Estados membros no ano de 1986. Foi aprovado, no ano de 1993, a partir do “critério de Copenhague”, pelos até então doze países membros, um alargamento da União Europeia aos Países da Europa Central e Oriental e divulgadas também algumas exigências em torno desta adesão, sendo elas de acordo com Kok (2003, p. 30): “possuir instituições estáveis que garantam a democracia; a existência de uma economia de mercado em funcionamento e assumir responsabilidades decorrentes da adesão.” Ainda referente ao que fora acordado em Copenhague, Glenn (2003) afirma que: “A adesão passa a depender também de uma avaliação da capacidade objetiva da UE em absorver os novos membros.” Desta forma, são aprovados no ano de 1995, os pedidos de adesão de Áustria, Finlândia e Suécia. A Noruega, tentando novamente sua adesão, tem por mais uma vez, seu pedido negado. No ano de 2002, o Conselho Europeu se reúne em Copenhague, e toma de acordo com a própria Comissão Europeia (2003), uma decisão de enorme dimensão política e moral, ao aceitar a adesão de dez novos países membros à União Europeia, sendo oito deles antigos países comunistas. A adesão de tais países ocorreu em maio de 2004, sendo eles: Chipre, Eslovênia, Eslováquia, Estônia, Hungria, Lituânia, Letônia, Malta, Polônia e República Tcheca. 28 Aprovados também em Copenhague em 2002, os pedidos de adesão de Romênia e Bulgária vieram a se concretizar no ano de 2007, aumentando o número total de membros para vinte e sete, número este que se mantém até o ano de 2012. 3.3 Impactos da PAC no processo de integração O processo de integração europeu se atrela à criação da PAC após a formalização do Tratado de Roma em 1957, o qual instituiu a CEE. Neste processo, os seis países integrantes deram uma grande ênfase ao desenvolvimento da agricultura na região, a fim de garantir a segurança alimentar e a autossuficiência. Esta ênfase foi utilizada como motivação por trás da criação da PAC. Conforme os alargamentos foram ocorrendo, a União Europeia encontrou a necessidade de demonstrar solidariedade a seus novos membros, executando reformas em sua política, não somente para poupar dinheiro, mas também para que a política fosse posta em prática de maneira satisfatória. De acordo com Fouillex (2003), o sucesso ou fracasso na administração e estabilização da política agrícola tem sido um importante informativo do esforço geral rumo à integração europeia. Isto se deve ao fato de a PAC ser a principal política de distribuição da comunidade, retendo a maior parte do orçamento e fazendo com que os custos financeiros de cada alargamento sejam bastante visíveis e quantificáveis (RYAN, 2005). No que tange à política agrícola comum e seu impacto na integração europeia, o primeiro exemplo ocorre já no alargamento de 1973 quando houve a tentativa de gerir de forma a contrabalancear os efeitos da adesão de Dinamarca, Reino Unido e Irlanda, pois no que dizia respeito ao Reino Unido, de acordo com Barbosa (2006), este não tinha como objetivo investir de maneira significativa no orçamento comunitário pró-agrícola, pois não condizia com sua capacidade produtiva. Esta falta de ajuda poderia, de certa maneira, inviabilizar o processo. Já no segundo alargamento, o qual permitiu a adesão de Grécia em 1981 e Portugal e Espanha em 1986, houve a criação dos Programas Mediterrâneos Integrados, que de acordo com Glenn (2003): “agiam em favor dos membros já 29 existentes que se sentiam de certa forma ameaçados pelos novos entrantes.” No mesmo período deste alargamento foi instituído o Fundo de Coesão, o qual beneficiou especialmente a Espanha, país que enfrentava inúmeras restrições no que dizia respeito a sua participação na PAC. O terceiro alargamento ficou marcado pela economia firme dos novos membros, mas estes tiveram que se adpartar à mudanças que vinham sendo aplicadas à legislação tanto na comunidade, quanto no âmbito da PAC. Foram providenciadas também, ajudas através de Fundos Estruturais para áreas de baixa densidade populacional, a fim de ocupá-las e possuir maior utilização e aproveitamente de espaços, com fins produtivos e de desenvolvimento econômico. Com isso, nota-se que historicamente há reformas na estrutura da PAC que precedem cada alargamento da comunidade. Como divulgado pela própria Comissão Europeia (1999), através de um documento referente à reforma efetuada no ano de 2000: “a pré-condição imposta para futuros alargamentos na comunidade, com a finalidade de permitir a entrada de países da Europa Central e Oriental (ECO) era que houvesse uma reforma na política agrícola.”. Com a Agenda de 2000, permitiu-se então uma melhor avaliação da entrada dos países da Europa Central e Oriental, a qual foi vista durante algum tempo como problemática por diversos motivos. Os mais significantes eram a grande diferença de preços existente entre os países da Europa Central e Oriental e os países já integrantes, bem como os baixos custos de produção daqueles, devido à baixa pressão salarial instalada sobre eles. (Barbosa, 2006). A preocupação no que se refere à livre circulação de pessoas e serviços também existia, pois o ocasionamento de migrações de áreas urbanas para rurais poderia ocasionar uma desindustrialização. Outro motivo era o fato de os novos membros terem sua produção agrícola voltada majoritariamente a produtos que foram em várias situações, problemáticos dentro do sistema da PAC, sendo causadores de suas principais despesas, podendo ser citado neste caso: açúcar, leite, cereal e carne. (FULLER, BEGHIN, 2000). Depois de sanadas as dúvidas e temores e com o intuito de evitar descontroles no orçamento, a UE propôs que a adesão dos novos entrantes na União Europeia e também em seu âmbito agrícola fosse feito de maneira gradativa, sendo 25% em 2004, passando para 30% em 2005, chegando aos 100% em 2013. A proposta contou conforme relatou Glenn (2003) com oposição por parte da Polônia 30 que era um dos países aderentes, e também de países já integrantes como Alemanha, que afirmava que esta entrada gradativa causaria problemas distributivos futuros. Todos os impasses referentes a esse novo alargamento só foram sanados quando houve concordância entre países que geralmente adotam opiniões opostas quanto à política agrícola. Para que esses acordos sejam compreendidos, faz-se necessário que seja descrita a posição das nações européias frente à esta política. 3.4 Posição das nações europeias frente a PAC Desde o primeiro passo dado quanto à integração europeia, a necessidade de incluir o setor agrícola nos acordos comunitários foi incontestável por todos os membros. Inúmeros foram os motivos relatados para a inclusão da política agrícola nestes acordos. Muito deles, deviam-se ao fato de os benefícios prestados a algumas economias, quando permitido que a política agrícola se mantivesse no âmbito dos governos nacionais. Afinal, os países que pudessem praticar preços baixos com relação à atividade agrícola, poderiam obter vantagens comparativas também em outros setores econômicos. O primeiro embate no que se refere ao estabelecimento da política que muitos creem ter acontecido entre Franca e Alemanha, ocorreu, na verdade, de acordo com Buckwell (1997), entre França e Holanda. Enquanto a primeira era grande defensora do protecionismo, a segunda sempre defendeu uma política agrícola comum o mais reduzida possível. Para que a série de disparidades que ocorriam com relação à política agrícola fosse amenizada, foram criados em 1974, os Fundos Estruturais para o Desenvolvimento Regional (FEDER), que unidos aos já existentes: Fundo Sociai Europeu (FSE) e Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA), formaram os Fundos Estruturais. Estes fundos constituem-se de ajudas não reembolsáveis que além de reduzir as disparidades entre as regiões da 31 Comunidade, ajudavam a definir quais eram as prioridades para aplicação de recursos. (Stuart, 2005). A partir da criação destes fundos, ocorreu logo após a adesão de Portugal e Espanha, uma enorme barganha entre os países membros, pois a Espanha defendia um aumento deles. A França, país de grande importância e presença durante toda a história da política agrícola se opôs durante algum tempo a tal aumento, mas acabou por ceder e apoiar a duplicação dos fundos. Com o apoio de todos e os membros agindo de forma cooperativa, as nações se posicionaram a fim de canalizar as ajudas para países com PIB mais baixo, como Espanha, Grécia, Portugal e Irlanda. Além disto, estas quatro nações adicionadas à França e Reino Unido receberam ajudas no sentido de combater o desemprego. (Stuart, 2005) Após este acordo na década de 70, as nações encontraram-se em um embate novamente no início da década de 90. Enquanto caminhavam para a insitutição da União Política e Monetária, a questão de desequilíbrio entre nações ricas e pobres voltou novamente a ser discutida. A Espanha posicionou-se novamente de forma bastante firme, e a criação de um novo Fundo, o Fundo de Coesão. Mesmo com uma reprovação da Dinamarca em um primeiro momento e uma aprovação mínima da França, o Fundo foi aprovado e entrou em vigor no tratado de Masstricht em 1992. (Delors,1993). Já no ínicio dos anos 2000, surge novamente uma tensão entre os Fundos Estruturais e a Política Agrícola. Enquanto o primeiro visava permitir o desenvolvimento de políticas que se adequassem a realidade europeia a fim de permitir novos alargamentos, a segunda sofria pressão para que houvesse diminuição de subsídios, tendo em vista o peso que estes representavam em termos econômicos para a União Europeia. Neste âmbito de negociações encontraram-se três grupos distintos, os quais segundo Stuart (2005), “Alemanha, Áustria, Holanda e Suécia exigiam reformas tanto na PAC quanto nos Fundos; o segundo formado por Espanha, Portugal, Grécia e Irlanda, se posicionaram em defesa somente dos Fundos; enquanto o terceiro grupo formado por França, Itália, Dinamarca, Bélgica e Luxemburgo serviam de intermediadores.”. A decisão de tal impasse deu-se ao manter tanto a PAC quanto os Fundos, sem que se aumentassem os recursos exigidos para suas manutenções. 32 Esta decisão tem resultado satisfatório no continente europeu, apesar de ainda existir desigualdade entre muitos países membros, pricipalmente após a adesão de dez novos membros em 2004, adesão esta que ainda segundo Stuart (2005, p.11): “fez com que a UE ganhasse um novo perfil, com aproximadamente um terço de sua população abaixo da média do PIB per capta da UE.”. Desta forma, para que se faça compreensível o esforço empregado pelos países europeus em avançar a partir de reformas em suas políticas públicas, de maneira a apresentar uma coesão econômico-social, é preciso que a política agrícola, a qual esta conectada ao processo de integração da UE desde suas raízes seja estudada. Através deste estudo será possível avaliar seus principais objetivos, contribuições, impactos, reformas e produtos protegidos. 33 4 POLÍTICA AGRÍCOLA COMUM Este capítulo tem como objetivo expor as razões que levaram a Política Agrícola Comum (PAC), a se consolidar tanto na sociedade europeia quanto em suas instituições reguladoras. Por estar diretamente ligada aos interesses dos agricultores no cenário europeu pós-guerra, sua criação no ano de 1962 foi baseada em princípios e objetivos básicos e teve seus esforços concentrados na reorganização do espaço europeu nos âmbitos físico, produtivo e social. Apresentou desde sua criação grande contribuição para o desenvolvimento do cenário econômico europeu, e através de suas reformas, que continuam acontecendo, tem adquirido força em algumas situações. Apesar disto, neste mesmo cenário, ela apresentou alguns impactos negativos ao longo dos anos, que vieram a causar um desconforto e ameaça à sua sobrevivência. Por intermédio de práticas protecionistas, foram adotadas políticas de preços para diversos produtos, com a finalidade de facilitar seu comércio e produção. 4.1 Objetivos de sua criação Para assegurar seu funcionamento na defesa dos interesses dos produtores agrícolas, fossem eles de pequeno ou grande porte, a PAC se baseou em alguns objetivos, os quais estão delineados no artigo 39 do Tratado de Roma: a) aumentar a produtividade da agricultura, desenvolvendo o progresso técnico, assegurando o desenvolvimento racional da produção agrícola, bem como o melhor aproveitamento dos fatores de produção, nomeadamente da mão–de–obra; b) assegurar, assim, um nível de vida justo à população agrícola, nomeadamente, pelo aumento do rendimento individual dos que trabalham na agricultura; c) estabilizar os mercados; d) garantir a segurança dos abastecimentos; e) assegurar preços razoáveis no fornecimento aos consumidores. (NOUSCHI, 1996. p. 113). Para que houvesse, em termos econômicos, uma união dos Estados membros da União Europeia em prol da eficácia desta política, ela fundamentou-se 34 em três princípios: a unicidade de mercado onde há livre circulação de produtos agrícola, e os direitos aduaneiros estão ausentes existindo preços únicos comuns entre os Estados membros; o segundo, a solidariedade financeira, onde existe a participação de todos os Estados membros e cada qual contribui proporcionalmente, através de critérios como Produto Interno Bruto (PIB) e população; e por fim a preferência comunitária, que se caracteriza pela defesa da produção interna da concorrência externa através da estruturação de uma Tarifa Externa Comum. (Thorstensen, 1992). Com isso, foi dado o passo inicial para uma política em que há um estímulo na produção de alimentos, fazendo com que os Estados membros sejam autossuficientes e a população adquira um padrão de vida justo. Assim sendo, esta mesma população atende às expectativas políticas, ao apoiar o projeto de integração europeu. Desta forma, segundo Abramovay (1999), o início da PAC, deu–se através da aliança entre profissionais agrícolas e autoridades europeias em torno da necessidade de organização de um único estabelecimento produtivo. 4.2 Contribuição para o cenário econômico europeu Por meio do controle da produção doméstica e dos preços de importação, a PAC consegue administrar a oferta agrícola local e trabalhar para o alcance de metas internas de preços. (USDA, 2001) Tal feito, aliado à diversas medidas protecionistas, garante a competitividade dos produtos comunitários e a exportação de excedentes, os quais vem crescendo ao longo dos anos devido a sucessivos aumentos de produção. A garantia de que estes excedentes serão vendidos se dá através de subsídios concedidos às exportações. Para que as medidas já citadas e outras também existentes sejam cumpridas, existem as Organizações Comuns de Mercados (OCM’s), definidas como um 35 conjunto de regras que ordenam o tratamento da PAC para setores e/ou produtos agrícolas. De acordo com Thorstensen (1992, p.92): “[...] estão inclusas nas OCM’s: regulamentação de preços, subsídios à produção e comercialização, livre circulação dentro do mercado comum e regime de trocas com países terceiros[...]” Como princípios das OCM’s são definidos, ainda segundo Thorstensen (1992, p.93): “a) livre circulação e concorrência no interior da Comunidade Europeia; b) tratamento idêntico a todos os produtos com relação à países terceiros; c) formação livre de preços no mercado; d) financiamento comum”. Na prática, as OCM’s atuam da seguinte forma: os preços normalmente operados pela União Europeia estão acima do mercado mundial, quando há uma queda no preço de referência na esfera local, órgãos de intervenção compram o excedente da produção local. Enquanto no que diz respeito à esfera externa, há um incentivo das exportações comunitárias; os altos preços da esfera local, já citados anteriormente são compensados por meio de restituições às exportações, assim, a diferença existente entre o preço mundial de exportação e o de mercado interno europeu é coberta. Ainda como maneiras de proteção de ameaças externas, são praticadas tarifas de importação elevadas, impedindo que a oferta de produtos agrícolas de outros países consiga entrar em mercado europeu com preços acessíveis. Como cita Alvim (2003), sua importância encontra-se no fato de viabilizar o mercado comum agrícola, eliminando obstáculos ao livre comércio dos produtos agropecuários, ao mesmo tempo em que mantem barreiras aduaneiras comuns aos produtos dos países não pertencentes ao bloco. A fim de promover a contribuição da política para o cenário europeu, a Comissão Europeia disponibiliza regularmente informações acerca da política, afirmando que o objetivo da PAC é apoiar os rendimentos dos agricultores ao mesmo tempo em que os incentiva a criar produtos de alta qualidade, de acordo com as exigências do mercado, e a procurar novas oportunidades de desenvolvimento, nomeadamente fontes de energia renováveis mais “verdes”. (Comissão Europeia, 2012). Ao promover melhorias na produção agrícola local, a política contribuiu para que a União Europeia se tornasse um parceiro importantíssimo no mercado mundial de produtos agrícolas, se posicionando - segundo dados publicados do ano de 2005 36 - como maior importador de produtos agrícolas e segundo maior exportador destes. (Comissão Europeia, 2012). 4.3 Impactos causados pela existência da PAC A existência da PAC é considerada por muitos autores como um dos principais desequilíbrios no orçamento da União Europeia. Segundo dados da Comissão Europeia: “Durante os primeiros anos de existência da UE, a PAC representou uma parcela significativa das despesas orçamentarias, mais de dois terços em determinados momentos.” Atualmente, em 2012, a PAC custa cerca de 55 bilhões de euros por ano, o que representa 40% do orçamento total da UE, menos do que 0,5% de seu PIB. As medidas tomadas a fim de ajudar no desenvolvimento da política, como os subsídios aplicados para combater os excedentes ou até mesmo a eliminação destes no espaço comunitário, acabaram por ocasionar uma elevação nos custos orçamentários, não despertando, desta forma, interesse nos agricultores e causando distorções em inúmeros mercados consumidores. Esta impopularidade junto a consumidores e contribuintes causada pelo aumento dos custos mostrou um dos impactos negativos da política. Como é esperado em se tratando de uma política que envolve vários países membros, também existe entre eles muitas opiniões divergentes, principalmente quando uns acabavam se beneficiando mais do que outros. No que se refere à esfera agrícola a França é de acordo com Savini (2001): “a mais beneficiada”, sendo ela o caso mais notório de absorção de recursos por meio da política. Tal fato explica o porquê deste país ser o maior defensor do modelo exportador e “produtivista” da PAC, enquanto por outro lado governos como o alemão e dinamarquês criticam tal sistema, utilizando como argumentos crises causadas pela síndrome da “vaca louca” e da febre aftosa. (SAVINI,2001). Através do estudo dos fatores que tornavam o desenvolvimento não somente da política, como do bloco econômico como um todo bastante complicado, medidas foram sendo tomadas através de reformas ao longo dos anos. Estas reformas 37 fizeram com que a PAC mostrasse sua força através do que representa na história do continente Europeu e também no seu cenário atual. 4.4 A PAC no cenário europeu atual Em 2012, existe um aprimoramento dos objetivos traçados a partir da criação da PAC. Hoje em dia, ela preza pela produção de alimentos seguros, de elevada qualidade e em quantidade suficiente para os consumidores europeus, além de contribuir de forma plena para o desenvolvimento econômico diversificado das zonas rurais, visando respeitar normas que fazem menção à proteção do meio-ambiente e bem estar dos animais. A PAC no cenário atual é orientada para a procura por produtos. A partir da sua nova visão de compreender o interesse de agricultores e consumidores, acabou por conferir aos agricultores europeus a liberdade de produzirem o que o mercado procura. Anteriormente, se os níveis de produção eram elevados, os agricultores recebiam mais subsídios. Agora, a maioria da ajuda atribuída aos agricultores não é paga em função das quantidades produzidas. Neste novo sistema, os agricultores ainda recebem apoio direto ao seu rendimento, entretanto, a relação com o produto produzido foi eliminada. Foi exigido aos agricultores, respeito às normas já citadas de proteção ao meio-ambiente e bem estar animal. Aqueles que se opuserem ao respeito destas normas estarão sujeitos à redução em seus pagamentos diretos. A eliminação da relação entre subsídios e produção - geralmente designada por dissociação - tem como meta que os agricultores da UE se orientem mais pelas regras do mercado. Assim, terão liberdade de optar por produções mais rentáveis, desfrutando ao mesmo tempo da estabilidade necessária em termos de rendimento. Todas estas mudanças foram sendo conhecidas ao longo dos anos através de reformas efetuadas no âmbito da política agrícola. Estas reformas são de extrema importância para o continente europeu como um todo e tem suas principais contribuições muito bem traçadas. 38 4.4.1 A Reforma de 1992 Conhecida também como reforma de McShary, a reforma de 1992 teve como principal objetivo resolver os inúmeros problemas que a PAC enfrentava tanto em âmbito externo quanto interno. Estas dificuldades precediam, no âmbito interno, do grande aumento dos excedentes agrícolas, que, por sua vez, existiam devido aos crescentes subsídios disponibilizados às exportações e altos índices de intervenção no mercado. Já no âmbito externo, as dificuldades eram causadas por conflitos comerciais com outros países exportadores e as pressões impostas por organismos internacionais como o GATT e a OMC, a fim de reduzir os níveis de proteção à agricultura. (Regulamentos CEE 1765 e 1766/92). A reforma também procurou combater os apoios a um pequeno número de produtores e a intensificação de métodos com efeitos poluentes ao meio-ambiente. Desta maneira, a reforma de 1992 resultou em inúmeros fatores. O primeiro deles foi à contenção de produção sempre que necessário, possibilitando um equilíbrio do mercado a fim de evitar acúmulo de excedentes e aumento de despesas. O segundo foi o reconhecimento de interdependências internacionais, fazendo com que a União Européia assumisse seu papel como um dos principais agentes do comércio mundial. O terceiro fator foi o aumento no número de agricultores a fim de preservar o ambiente natural e promover, desta forma, uma melhor repartição do apoio prestado, levando em consideração as situações difíceis pelas quais determinados agricultores e regiões foram obrigadas a passar anteriormente. (Regulamentos CEE 2078 a 2080/92). Com esta reforma, alguns instrumentos de apoio à produção, como o sistema de pagamentos diretos foram complementados por um controle de oferta que foi implantado através de uma retirada obrigatória das terras de produção. A partir dela também se destacaram o apoio a medidas agroambientais e de florestação de terras agrícolas, demonstrando assim uma inclinação para o início da vertente ambiental e territorial da PAC. 39 4.4.2 A Reforma de 2000 Conhecida também como Agenda 2000, aprofundou e ampliou a reforma de 1992, fazendo com que os objetivos de sustentabilidade e competitividade da agricultura da União Europeia fossem reforçados. Com a finalidade de estímulo de crescimento do mercado e maior participação europeia no cenário mundial no que diz respeito à competitividade, foram adotadas medidas para redução dos preços. Para que estas reduções fossem compensadas, houve um aumento na ajuda direta. Já no que diz respeito à sustentabilidade, a PAC apresentou duas divisões, a de apoio aos mercados e a de desenvolvimento rural, que passaram a ser um dos pilares da PAC, proporcionando um maior ordenamento do espaço e proteção da natureza. (Regulamento UE 1257/99). Desta forma, destacam-se, de forma sucinta como sendo os pontos principais da Agenda de 2000, a política mais competitiva nos mercados mundiais, a maior acessibilidade para o consumidor, prioridade ao desenvolvimento rural e preocupações ambientais. 4.4.3 A Reforma de 2003 Antes mesmo que a Agenda de 2000 fosse implementada, diversas mudanças foram propostas, cujos objetivos eram preparar o setor agrícola para novos desafios. Desta maneira, no ano de 2003 uma nova reforma foi apresentada, tendo como principais desafios, segundo Europa (2012): - A promoção de uma agricultura sustentável: ao permitir que os agricultores produzissem se adaptando às necessidades do mercado, a PAC reduziria a ligação entre subsídios e produção, permitindo que os agricultores se tornem mais competitivos. - A promoção da qualidade dos alimentos, respeitando as normas e meio- ambiente: os agricultores sendo remunerados quando tomam medidas com a finalidade de preservação de recursos naturais, patrimônio rural e segurança 40 alimentar. Assim sendo, unindo os componentes do ambiente, segurança alimentar e bem-estar animal, a PAC vai ao encontro das necessidades impostas pela opinião pública europeia e garante o funcionamento das prioridades estabelecidas para o setor. - A reforma no sistema de ajuda direta: ao simplificar este sistema, inicia-se uma redução da carga burocrática, a qual se relaciona com as declarações de produção e também aos cultivos. - A estabilidade das despesas: com um número crescente de despesas ao longo dos anos, fez-se necessária uma nova diretriz para as despesas agrícolas. Tal diretriz, estabelecida no ano de 2003, congelou despesas e criou um mecanismo de disciplina financeira. - Aumento da forca da UE perante OMC: com a diminuição das ajudas à produção, exigidas através das pressões feitas sobre a UE, conseguiu se reposicionar de maneira positiva no contexto das negociações da OMC. Os objetivos listados serão alcançados através de um equilíbrio entre os dois principais pilares da política agrícola, o segundo pilar relacionado às medidas estruturais e as de efeito territorial e ambiental, terá um aumento de seus fundos através da transferência das ajudas do primeiro pilar, o qual incorpora apoios à gestão de mercado e principalmente ao rendimento. 4.4.4 A Reforma de 2008 No ano de 2007, a Comissão Europeia avaliou a reforma da PAC de 2003 com o intuito de introduzir os ajustes necessários para o processo de preparação da agricultura europeia para um ambiente de rápida mutação. Já no ano de 2008, precisamente no dia 20 de novembro, uma nova Reforma foi introduzida, também conhecida como “Exame de Saúde”. Os ministros da Agricultura da UE chegaram a um acordo político sobre a PAC, cujo objetivo era modernizá-la, simplificá-la e racionalizá-la a partir da remoção de restrições aos agricultores, ajudando-os a responder de maneira mais eficiente aos sinais do 41 mercado e a enfrentar novos desafios, como as alterações climáticas, a gestão da água e bio-energia. Paralelamente aos objetivos citados, a UE publicou respostas à crise alimentar mundial. Para além da modernização da PAC, é recomendada a aplicação de medidas destinadas a garantir a segurança do abastecimento alimentar e a melhoria da cooperação internacional com os países pobres. A resposta política pela Comissão Europeia em 2012, esta assentada em três vertentes: Em curto prazo: “exame da saúde” da Política Agrícola Comum e acompanhamento do setor retalhista no âmbito da Revisão do Mercado Único em conformidade com os princípios da concorrência e do mercado interno; b) em longo prazo: iniciativas destinadas a aumentar a oferta de produtos agrícolas e garantir a segurança alimentar, mediante a promoção de critérios sustentáveis para os bicombustíveis e o desenvolvimento das futuras gerações de bicombustíveis na Europa e no âmbito internacional, e reforço da investigação no setor agrícola e da divulgação dos conhecimentos, nos países em desenvolvimento; c) iniciativas destinadas a contribuir para o esforço global no sentido de lutar contra os efeitos dos aumentos dos preços junto das populações mais pobres, incluindo: uma resposta internacional mais coordenada à crise alimentar, designadamente no contexto da ONU e do G8, busca de uma política comercial aberta que ofereça aos países mais pobres do mundo um acesso preferencial ao mercado da UE, resposta rápida às necessidades humanitárias imediatas em curto prazo, orientação da ajuda ao desenvolvimento para projetos a mais longo prazo, a fim de revitalizar a agricultura dos países em desenvolvimento. Ao se posicionar desta maneira, a UE mostra o quanto suas reformas tem evoluído e demonstrado a cada atualização sua preocupação com um desenvolvimento sustentável não somente no âmbito Europeu, como também nos demais mercados com os quais mantem negociações. 4.4.5 Futuras Reformas Durante as negociações da rodada de Doha, a UE propôs que se eliminassem os subsídios à exportação até 2013, da mesma forma que fossem reduzidos de maneira significativa os direitos de importação aplicáveis aos produtos agrícolas. A partir destas mudanças um novo plano financeiro a PAC está sendo 42 criado, com o intuito de ser aplicado no ano de 2013, como sendo uma nova reforma a ter seus resultados aplicados no período de 2014 a 2020. Nesse novo plano está inclusa a duplicação da produção alimentar até 2050, tendo em vista o grande crescimento demográfico e aumento do consumo de carne, tendo ao mesmo tempo impactos nas alterações climáticas (como perda de biodiversidade, deterioração da qualidade dos solos e da água). Medidas para preservação dos recursos naturais são, portanto, de extrema necessidade para o futuro europeu. Além disso, quaisquer novos conhecimentos que venham a agregar valor no que diz respeito à facilidade para os agricultores em combater seus futuros desafios, também são valorizados. Esta nova reforma está dividida em dois grupos, o primeiro encabeçado pela França, sendo composto pelos países que mais se beneficiam com a PAC, os quais defendem a agricultura como sendo um setor estratégico para a UE; o outro liderado pelo Reino Unido, composto por países que afirmam estar pagando valores absurdos ao orçamento da comunidade, defendendo uma grande redução no orçamento agrícola. Este segundo grupo acredita ser uma união política capaz de decidir o futuro das próximas negociações. As futuras reformas estão condicionadas segundo Cunha (2010), por dois fatores: o primeiro deles o fato de as negociações tratarem de um pacote muito vasto de reformas, o segundo as pressões orçamentárias, considerando que o limite máximo para políticas da União era em 2010 de 1,24% do PIB da União Europeia. Ainda de acordo com Cunha (2010), as próximas reformas abordarão cinco temas, sendo eles: - Os custos de oportunidade da PAC: este tema vincula-se diretamente a debates inerentes a orçamento e interesses divergentes de Estados membros. Através da enorme pressão para combater as despesas e a necessidade de direcionar mais recursos à outras prioridades da União, como por exemplo, combate ao desemprego, exclusão social, incentivo à inovações e alterações climáticas. A PAC tem a necessidade de avaliar se as despesas tem prejudicado tais investimentos necessários. - Os alargamentos: vinculados também às dificuldades orçamentárias, tendo em vista que não se pode incluir novos membros a União Europeia sem que haja um aumento de despesas. 43 - Distribuição e desligamento da ajuda direta: indo na contramão do corte de despesas, a necessidade da sociedade europeia de possuir um grande conjunto de bens que somente a agricultura pode assegurar acaba por causar algumas contradições no que se refere às futuras reformas. Estes bens são caracterizados por sua segurança e qualidade, bem como suas regras de sustentabilidade, evitando também a necessidade de compra de países terceiros. Como não havia remunerações suficientes para a produção de tais produtos, houve a aplicação de políticas públicas, através de subsídios e ajuda direta. Como esta ajuda era direcionada com bases históricas de produção por agricultor, a reforma de 2003 acabou por desligar a maior parte delas. Em 2010, foi avaliado que a ajuda existente tinha níveis totalmente desiguais entre países; os pagamentos eram feitos de forma proporcional as produções, ou seja, estava sendo pago mais àqueles que menos precisavam, pois os produtores de produção mais elevadas acabavam por receber quantias maiores. Desta maneira, a PAC enfrenta problemas para definir o futuro das negociações no que diz respeito às ajudas diretas, afinal, por um lado está a opinião pública, defendendo a queda do orçamento agrícola, e no outro a necessidade de não haver queda no orçamento, a fim de possibilitar a melhor distribuição desta ajuda por agricultores e territórios. - Equilíbrio entre pilares: a necessidade de equilíbrio entre os pilares já existe desde a reforma de 2000, entretanto, enquanto o primeiro pilar, de gestão de mercado e rendimentos, é financiado inteiramente pela UE, o segundo, relativo às medidas estruturais e de efeito ambiental e territorial, não recebe o mesmo tratamento. Como já estudado ao longo deste trabalho, um aumento da ajuda para o segundo pilar acontecerá à medida que forem diminuídas as ajudas do primeiro. Com o cenário apresentado em 2012, existem distorções de concorrência entre Estados membros, pois os países mais pobres têm menor capacidade de financiar seus orçamentos, seguindo como perdedores com relação aos que possuem melhores condições de financiamento. - A PAC e a Organização Mundial do Comércio: todas as reformas aplicadas na PAC visaram ser compatíveis com as regras da OMC, para que pudesse contar não somente com o apoio da organização, mas como de seus países integrantes, afinal, muitas opiniões divergentes no que diz respeito à aplicação da política são 44 discutidas ao redor do mundo. As futuras reformas tem a mesma intenção, caminhar lado a lado com as ações da OMC. Todas as estratégias para a concretização das reformas da política agrícola devem ser muito bem traçadas. Não existe futuro definido, no caso de apoio as duas correntes de ação, sejam elas a de modelo francês, a qual defende a gestão de mercado e orçamentos, ou de modelo britânico, a qual apóia mudanças estruturais no que diz respeito ao financiamento prestado ao segundo pilar. Ambas as correntes somente conseguirão chegar a um acordo sobre como agir, a partir do momento que se propuserem a enxergar tudo que as restringe, e a partir destas restrições, serem capazes de alcançar pelo menos uma parte de seus objetivos. Somente através de consenso nas negociações e a união destas correntes, o futuro de uma evolução positiva para toda a UE estará garantido. 4.5 Principais produtos protegidos pela política Ao promover o desenvolvimento agrícola e proteger as atividades praticadas em seu mercado local a PAC encontra-se na necessidade de criar regimes especiais para defender suas produções locais de certa gama de produtos. Nas últimas reformas os principais produtos que tiveram ajustes foram: grãos, arroz, laticínios, carne bovina, oleaginosas, açúcar, frutas e verduras, algodão, tabaco, azeite e lúpulo. De acordo com dados coletados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2012), seus regimes passaram a funcionar como segue: 1 - Grãos: a PAC cobre a maior parte de grãos produzida pela UE e importados para os países da UE (trigo, cevada e milho). No entanto, os altos preços de alguns grãos elevam de maneira indireta os preços de grãos que não tem o suporte do regime. Tal como acontece com outras matérias primas, os mecanismos de apoio aos grãos incluem uma mistura de suportes de preços e controles de abastecimento. As reformas da PAC afetaram o regime de grãos principalmente ao permitir 1 Dados referentes aos produtos protegidos pela política, constantes em 3.5, extraídos do portal do United States Department of Agriculture. Tradução Livre da autora. 45 que os agricultores produzissem para o mercado durante a recepção de pagamentos diretos para apoiar renda. A reforma de 2003 aboliu o apoio da intervenção para o centeio e exigiu um pagamento dissociado para pelo menos 75% da cultura arável. Uma vez que um pagamento dissociado não requer uma cultura a ser plantada ou produzida, os agricultores estão livres para plantar qualquer cultura que for de sua vontade ou não plantar nada. Para o trigo bruto, foi permitido um pagamento de 40% acoplado em áreas tradicionais para que os agricultores fossem mantidos nas terras, enquanto o apoio para o trigo em áreas não tradicionais foi abolido. Além disso, os pagamentos de armazenamento de grãos foram cortados em 50%. No entanto, os preços dos grãos da UE provavelmente permanecerão acima dos preços mundiais na maioria das vezes, mas, os recursos não irão acumular tantas vezes quanto antes, porque os grãos vão para o mercado, em pequenas quantidades necessitando de intervenção. - Arroz: seu regime foi radicalmente alterado pela reforma de 2003. O preço de intervenção do arroz foi reduzido em 50% e a quantidade de intervenção anual foi limitada a 75.000 toneladas métricas. Os pagamentos diretos foram introduzidos para compensar 88% da redução do preço. Parte do pagamento foi incluída no Single Farm Payment (SFP) e parte convertida em cultura específica de ajuda para permitir que os agricultores transitassem para culturas alternativas. As intervenções haviam crescido rapidamente e a Everything But Arms (EBA) acordo de comércio com 49 países menos desenvolvidos permitiu a importação de arroz polido, com taxas diminuindo para zero em 2009. - Laticínios: o regime de laticínios é dominado por um sistema de cotas que é estabelecido nacionalmente. A produção de leite acima da quota está sujeita à multas proibitivas chamadas "superimposições." Produtos abrangidos pelo regime de laticínios incluem leite fresco, concentrado e em pó; creme, manteiga, queijo e coalhada. A produção leiteira é protegida por meio de tarifas sobre as importações de produtos lácteos e apoiada por subsídios à exportação e a intervenção na compra dos excedentes de produtos lácteos. A reforma de 2003 cortou os preços da manteiga em 25% e os preços de leite em pó em 15%. As compras de intervenção de manteiga são limitadas a 30.000 toneladas métricas por ano. A compensação para a redução de preços dos lácteos foi incorporada no início dos SFP entre os anos de 2006 e 2007. Em 2008, foi permitido um aumento de 1% anual na cota 46 leiteira entre os anos de 2009 e 2013. A proposta também pediu para a abolição das cotas leiteiras em 2015. - Carne Bovina: o regime da carne bovina conta com o apoio de preços e tarifas elevadas para manter os preços de mercado acima dos preços mundiais. Pagamentos diretos aos produtores de carne são baseados em números históricos de bovinos machos, vacas em aleitamento (vacas com bezerros), um pagamento especial de abate para novilhas e "intensificação" da produção pecuária, em que os produtores devem observar as taxas de lotação máxima (cabeças normais por hectare) para se qualificar para os pagamentos. Como parte da Agenda 2000, o preço de suporte para a carne foi reduzido em 20% de 2000 a 2003, mas foi parcialmente compensado pelo aumento dos pagamentos diretos. As reformas de 2003 proporcionaram aos países membros alternativas de apoio à carne bovina. Essas reformas tem resultado no fato de a UE se tornar um importador de carne, considerando também o fato de ser, anteriormente, o maior exportador do mundo deste produto. - Oleaginosas: o setor de oleaginosas caracteriza-se pelo nível relativamente baixo de autossuficiência, em grande parte, devido ao clima adverso e condições de solo na Europa. Há uma tarifa zero em soja e farelo de soja e uma tarifa baixa ou nominal em outros óleos vegetais do azeite por causa de um acordo de 1956 no âmbito do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio, precursor da OMC. Enquanto as reformas de 2003 não afetam diretamente as oleaginosas, os produtores tem mais liberdade para tomar decisões de plantio, o que poderia afetar a produção de oleaginosas através de uma realocação de área e recursos. Uma diretiva relativa aos biocombustíveis foi aprovada em 2008 determinando que 10% dos combustíveis para transportes da UE fossem compostos de combustíveis renováveis até 2020. Desde que o óleo de colza é a principal matéria-prima usada para produzir biodiesel na UE, a expansão da produção de colza aumentou e provavelmente continuará aumentando dentro dos limites agroclimáticos. - Açúcar: a produção de açúcar na UE tem sido apoiada por uma mistura de apoio aos preços e controles de abastecimento. O apoio da PAC ao açúcar se restringe à produção dentro da cota, o que eleva os preços do açúcar para os consumidores. As compras de intervenção de produtos processados (açúcar em bruto ou branco) suportam o preço da matéria-prima (beterraba de açúcar em sua maioria). Os produtores também tem que pagar para dispor de excedentes. O 47 princípio de produtores que pagam para o escoamento dos excedentes, o chamado "princípio da corresponsabilidade", foi mais rigorosamente aplicado aos produtores de açúcar, que carregam o custo total da alienação. As importações para a UE são efetivamente bloqueadas por tarifas elevadas. No entanto, existe um acesso liberalizado incomum com taxas nulas dentro de uma cota para o açúcar bruto de excolônias Africanas, das Caraíbas e do Pacífico (ACP), e de açúcar bruto sem tarifas de importação para países menos desenvolvidos a partir de 2009 com o acordo de comércio EBA. Em fevereiro de 2006, a UE aprovou uma reforma em seu setor de açúcar, entrando em vigor em junho do mesmo ano. A reforma prevê um corte de 36%, o preço mínimo garantido do açúcar e compensa os agricultores da perda de receitas. Mais notavelmente, ele cria um fundo de reestruturação, com incentivos financeiros para encorajar os produtores de açúcar menos competitivos a abandonar o setor ou diversificar suas produções para outras commodities. Um decréscimo esperado em suas exportações de açúcar deverá permitir à UE cumprir seus compromissos na OMC. Desde a reforma, a UE passou de um grande exportador de açúcar para um importador. - Frutas e vegetais: o regime inclui todas as frutas e vegetais cultivados na UE, com exceção de batatas, ervilhas e feijões para forragem, uvas para vinho, azeitonas, milho doce, bananas, e para as quais existem acordos separados em operação. Os preços de mercado são suportados por um sistema de compensação por saques limitados de produtos do mercado, conforme necessário para manter os preços em patamares desejados. Devido à perecibilidade do produto, o sistema de suporte de preços não é projetado para alcançar um preço garantido durante períodos de excesso ou escassez, como é feito com algumas outras mercadorias sujeitas à intervenção. Pelo contrário, ela atua como uma rede de segurança para os produtores em tempos de excesso de oferta. Tarifas sazonais e quotas tarifárias em mais de 100 acordos comerciais preferenciais são os principais meios de proteção à importação. Processadores de alguns produtos também recebem tratamento de subsídios para ajudar a custear os altos custos da compra de matérias primas da UE. - Algodão: um pagamento dissociado de pelo menos 65% dos pagamentos entre os anos 2000 e 2002 começou a ser feito em 2006. Pagamentos associados 48 de até 35% são permitidos, com uma base máxima de 455.360 hectares divididos entre a Grécia, Portugal e Espanha. - Tabaco: um pagamento dissociado de pelo menos 40% dos pagamentos entre os anos 2000 e 2002 começou a ser feito entre 2006 e 2009. A parcela aumenta para 100% a partir de 2010. Cinqüenta por cento do pagamento vai para os SFP, com o restante transferido para um fundo de reestruturação. Entre 2006 e 2009, 60% dos pagamentos podem ser acoplados, com qualquer restante indo para melhorias de qualidade. - Azeite: um pagamento dissociado de pelo menos 60% começou em 2006. Os países podem escolher dois anos entre 2000 e 2003, para o período de análise de pagamentos. O pagamento é apenas para as áreas plantadas antes de 1° de maio de 1998. Estados membros podem utilizar até 10% dos seus envelopes nacionais de azeite (nível pagamento total nacional) para melhorar a qualidade do óleo. - Lúpulo: um pagamento dissociado de pelo menos 75% dos pagamentos obtidos entre os anos de 2000 e 2002 começou a ser feito em 2005. Até 25% dos pagamentos podem ser acoplados e serão pagos diretamente aos agricultores ou por intermédio de grupos de produtores. Todas estas reformas no tratamento da produção e comércio dos produtos tem por objetivo não somente contribuir para um desenvolvimento econômico do bloco como um todo, mas também contribuir para a produção de alimentos seguros, com qualidade elevada e em quantidades suficientes; contribuir para o desenvolvimento econômico diversificado das zonas rurais e, além disso, respeitar as normas que remetem à proteção ambiental e bem estar dos animais. (EUROPA, 2012). 49 Gráfico 1: Principais produtos da UE, porcentagem de produção. Dados de 2005, publicados em: http://ec.europa.eu/agriculture/capexplained. Os produtos citados ao longo deste capítulo foram os que sofreram mudanças significativas com as reformas da política agrícola, entretanto outros produtos também são fortemente protegidos, como os que estão apresentados no gráfico. Alguns deles se repetem e outros complementam a lista de produtos de maior destaque na política. 4.5.1 Importância da qualidade Visando atender às exigências de seus consumidores e aumentar a competitividade de seus produtos, a PAC adotou rótulos de qualidade, os quais indicam a origem geográfica do produto, a utilização de métodos de produção ou ingredientes tradicionais. (EUROPA, 2012). Os esforços para aumentar a qualidade alimentar, sempre fizeram parte dos objetivos da PAC, constando como aspectos dominantes da PAC atual. Alguns exemplos destes esforços são os sistemas de identificação da carne bovina e normas de rotulagem de carne, especialmente concebidos para permitir que a carne desde os pontos de venda, seja rastreada até a exploração agrícola de origem; incentivos financeiros para os agricultores melhorarem a qualidade dos 50 produtos; incentivos específicos para a conversão para a agricultura biológica. Desta forma, os três rótulos de qualidade criados pela União Européia são: - Denominação de Origem Protegida: os produtos rotulados com denominação exclusivamente da qualidade das terras e das competências dos produtores da região de produção à qual está associado. - Indicação Geográfica Protegida: os produtos que tem a descrição de seu rótulo como sendo indicação geográfica protegida devem possuir características que o associem à determinada zona onde é realizada pelo menos uma fase do processo de produção. - Especialidade Tradicional Garantida: os produtos rotulados com o logotipo especialidade tradicional garantida devem possuir características peculiares, que possuem ingredientes tradicionais ou que tenham sido produzidos mediante métodos de produção tradicional. Para que a utilização destes rótulos seja feita de maneira eficiente, são traçadas, segundo (EUROPA, 2012) as seguintes vantagens de utilização: oferecer garantias relativas à origem dos produtos e seus respectivos métodos de produção; transmitir mensagens comerciais eficazes sobre produtos de elevado valor e apoiar as empresas rurais que produzem produtos de qualidade, protegendo o rótulo contra falsas imitações. 4.5.1.1 Agricultura Biológica Como meio de garantir não só a qualidade dos produtos como o bem estar dos solos e animais, é praticada dentro do continente europeu a agricultura biológica. Ela evita o uso de produtos autorizados na agricultura convencional, como pesticidas sintéticos, herbicidas, fertilizantes químicos e promotores de crescimento. Dentro deste tipo de agricultura existem técnicas que ajudam a sustentar ecossistemas e reduzir a poluição. Normas instituídas pela comunidade europeia garantem a autenticidade de produtos agrícolas biológicos, independendo do local onde são produzidos e 51 garantindo assim, a qualidade e confiança do produto biológico adquirido. (EUROPA, 2012). Também existem, no caso dos produtos agrícolas biológicos, rótulos, que garantem que pelo menos 95% dos ingredientes utilizados na produção daqueles produtos foram produzidos biologicamente, além de que o produto cumpre as normas exigidas e ostenta o nome de seu produtor, bem como do organismo responsável por sua inspeção. Todas as inovações ao longo da história da PAC sejam as que estão ligadas aos produtos protegidos ou as que se conectam às medidas econômicas, estiveram sempre alinhadas a seu processo de integração e todas as novas economias que foram sendo inseridas a ela. Partindo deste princípio, fez-se necessário, ao longo deste estudo, relacionar o desenvolvimento da integração europeia com a evolução da política agrícola europeia, tendo em vista a grande quantidade de mercados optantes pela política. 52 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Apresentam-se neste capítulo as considerações finais, ligando-as aos objetivos específicos e gerais que fizeram parte do desenvolvimento deste trabalho. Primeiramente, são expostas as considerações mediante os objetivos específicos, para por fim apresentar as devidas considerações a respeito do objetivo geral do trabalho. De acordo com os objetivos específicos propostos para este trabalho, podem ser destacadas as principais informações obtidas. Ao descrever os processos de integração existentes em âmbito global foi possível traçar as principais características referentes aos processos de integração. A partir das características apresentadas, os principais blocos econômicos mundiais foram descritos, bem como os níveis nos quais estes se encontram. Primeiramente, foi apresentado o MERCOSUL, que é uma União Aduaneira com os seguintes membros: Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela (aderida em 2012) e Paraguai (suspenso em 2012) e segue em busca de tornar-se um Mercado Comum, objetivo este traçado desde sua criação; em sequência é apresentado o NAFTA, que é classificado como Zona de Livre Comércio, sendo composto por México, Estados Unidos e Canadá e que conta com o apoio dos três países membros para investimentos em prol do desenvolvimento econômico sustentável do bloco; posteriormente é descrita a ALCA, que é um processo ainda indefinido e que tem por objetivo ser uma Zona de Livre Comércio dos países da América, com exceção de Cuba, mas que ainda conta com inúmeras restrições no que se refere a sua definitiva criação; os Tigres Asiáticos são classificados como um grupo de economias altamente diversificadas, e por ser um processo de integração bastante recente não está classificado dentro de etapas de integração. Nas etapas citadas permite que se verifique o quão evoluídos são os blocos, pois medem a quantidade de medidas adotadas na direção de proporcionar uma maior união de seus países membros. Com a evolução destas medidas, muitos blocos encontram-se hoje em uma etapa de parceria bastante satisfatória, entretanto, nenhum deles foi capaz de alcançar o mesmo patamar da União Europeia, a qual representa o processo de integração mais evoluído mundialmente. 53 Ao adotar uma política baseada na supranacionalidade, o bloco União Europeia possui órgãos aos quais foi repassado um nível de soberania que os permite agir de maneira mais soberana que seus próprios Estados membros. As características marcantes deste bloco são também discutidas dento da descrição dos processos de integração. Ao se aprofundar do processo de integração europeu, este trabalho permitiu que tal processo fosse atrelado à política agrícola comum deste mesmo continente. Inciando com o estabelecimento das fases que marcaram tal processo, sendo elas: a fase de preparação,que antecedeu à criação da CECA; seguida pela fase das organizações comunitárias e instituições, onde os Estados membros existentes trabalharam em políticas e organizações que visassem o desenvolvimento do bloco; e por fim a fase da evolução das organizações e criação da União Europeia, onde as organizações acabaram se fundindo, fazendo com que depois de alguns anos o que era conhecida como Comunidade Econômica Europeia passasse a ser então a União Europeia. Dentro desta última fase aconteceram os alargamentos do bloco, sendo que em cada um deles novos membros eram inclusos. Foram um total de cinco alargamentos - considerando que os que aconteceram em 1981 e 1986 fazem parte de um mesmo – e após o último deles no ano de 2007, quando foi aprovada a adesão de Romênia e Bulgária, a União Europeia passou a contar com um total de vinte e sete Estados membros. Ainda com relação aos alargamentos, são expostas as exigências definidas pelos países membros para que as propostas de adesão das demais nações fossem aceitas. Os alargamentos citados se atrelam ao desenvolvimento da política agrícola da União Europeia. Através desta ligação faz-se possível mensurar os impactos causados pela política nas negociações referentes a novos entrantes. Estes impactos foram tanto negativos quanto positivos. No primeiro caso, existiram, por exemplo: a falta de interesse por parte do Reino Unido em investimentos próagrícolas ainda no primeiro alargamento e os baixos valores de produção adotados pelos países que foram inseridos no ano de 2004. Com relação aos impactos positivos pode-se citar o espírito de solidariedade adotado para com os novos entrantes visando o sucesso da política agrícola e também a adoção de Fundos Estruturais, os quais serviam como maneira de promover o crescimento de países que apresentavam maiores dificuldades em seu âmbito agrícola. 54 O modo como as nações europeias se posicionaram frente a PAC também foi levado em conta, seja por meio de posições voltadas para o desenvolvimento sustentável da política ou um desenvolvimento econômico que visasse prestar ajuda àqueles que apresentavam maiores necessidades. Entretanto, para que tudo isso fosse discutido, foi necessário que a política fosse apresentada. Com isso, o quarto capítulo deste trabalho visou atender ao terceiro objetivo específico que é identificar o funcionamento atual da política agrícola no continente europeu. A partir desta necessidade, a política agrícola foi apresentada desde sua criação. Trouxe os objetivos nos quais ela está fundamentada, bem como as formas com as quais ela contribui para o desenvolvimento da UE, através de políticas de preços e órgãos de intervenção. Todas estas formas visavam eliminar obstáculos que se pusessem a frente do comércio agrícola e também manter as barreiras contra a entrada de produtos de nações não pertencentes ao bloco. Ela também buscou mostrar sua importância ao incentivar a busca pelo desenvolvimento de energia renovável e produtos “verdes”. Para que a PAC fosse aperfeiçoada e se desenvolvesse em prol do benefício de todos os Estados-membros da UE, foram realizadas reformas durante todo o tempo em que ela está em vigor. A primeira delas no ano de 1992, a segunda no ano de 2000, a terceira no ano de 2003, a quarta em 2008. Além das reformas já aplicadas existem novas ideias sendo discutidas e melhorias a serem postas em prática. Estas ideias e melhorias farão parte das futuras reformas programadas para a PAC nos próximos anos. Neste mesmo capitulo foram tratados também os principais produtos protegidos pela política. Dentre eles, muitos sofreram alterações no que diz respeito à proteção exposta a eles e as políticas de preços que os defendem. Para que mudanças ocorram no que diz respeito a produto são avaliados sempre o retorno por parte dos países-membros de como se comporta a cultura de cada um deles em seus espaços agrícolas. Também foi dada ênfase à importância da qualidade destes produtos, não só para que estes estejam dentro dos níveis de concorrência, mas para que também garantam um consumo saudável. Este controle é feito através de rotulagens de produtos e também por meio do incentivo à agricultura biológica. Este trabalho, portanto, conseguiu atingir a seu obejtivo geral que era apresentar a influência ocasionada pela política agrícola comum da UE no processo 55 de integração europeu, através de dados seguros e atualizados. Assim sendo, foi possível provar que a política agrícola esta conectada desde seus primórdios ao processo de integração europeu. Por habitar um universo que é de extrema importância para o desenvolvimento de qualquer nação ou bloco, a política agrícola conta, para seu sucesso, com a união dos Estados, estes que agem em prol da garantia de suficiência alimentar segura, conseguindo, ao mesmo tempo, aprimorar seu processo de integração. 56 REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, R. Dilemas da União Europeia na Reforma da Política Agrícola Comum. São Paulo, 1999. 131p. Tese (Livre-Docência) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo. ALVIM, A. M. Os Impactos dos Acordos de Livre Comércio sobre o Mercado de Arroz no Brasil: um modelo de alocação espacial e temporal. Porto Alegre: UFRGS, 2003. (Tese de Doutorado em Economia). BARBOSA, Thiago Varanda. A economia política da coesão econômica e social na UE: conclusões a partir do caso de Portugal no período de 19862002. 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