A FISIOTERAPIA FRENTE ÀS COMPLICAÇÕES DA DENGUE EM

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A FISIOTERAPIA FRENTE ÀS COMPLICAÇÕES DA DENGUE EM PACIENTES
NEONATAIS E PEDIÁTRICOS.
Graziela Rehem *
RESUMO: Dengue é a infecção arboviralhumana mais comum de hospitalização e morte em
crianças nas áreas endêmicas. O elevado número de indivíduos suscetíveis aos vírus
circulantes tem maior índice entre as crianças, favorecendo a mudança na expressão da
moléstia para casos graves. A dengue inflige um comprometimento laboral, de estudo e uma
carga social difícil de mensurar, com grande demanda por atendimento, além do impacto
negativo na qualidade de vida. Em pacientes pediátricos complicações envolvendo o sistema
nervoso central tem sido descritas, podendo ser visto após a doença aguda ter cedido e
acredita-se que seja uma manifestação imunomediada. Outras complicações também têm sido
descritas, tais como desconforto respiratório, disfunção do miocárdio, insuficiência hepática
aguda e insuficiência renal aguda. Para ajudar na reabilitação e retorno o mais breve possível
as atividades cotidianas, a fisioterapia no contexto hospitalar tem como principais objetivos:
minimizar os efeitos da imobilidade no leito, promover integração sensória e cognitiva e
prevenir e/ou tratar as complicações respiratórias e motoras. O objetivo deste estudo é
identificar as complicações da dengue, entre a população de 0 a 14 anos, residente da região
nordeste, entre os anos 2008 a 2012 e orientar quanto à fisioterapia para o tratamento.
Resultando nos primeiros lugares os de maior incidência como: dengue clássico (por
classificação); Ceará (por Estado); plaquetas <50.000 (por complicação); Sergipe (por Estado
versos numero total de complicações) e faixa etária de 5 a 9 anos (por Faixa etária veros
complicação).
Palavras-chave: Dengue/ Complicações. Epidemiologia. Criança. Fisioterapia.
*Bacharel em Fisioterapia pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Pós-graduanda em Acupuntura
pelo INCISA/IMAM, Pós-graduanda em Fisioterapia Pediátrica e Neonatal pela Atualiza.
Email: [email protected]
Salvador- BA
2013
2
1.INTRODUÇÃO
A dengue no Brasil, assim como em outros países tropicais, é endêmica apresentando surtos
anuais desde 1986.1 A chegada oficial do vírus dengue ao Brasil foi em 1981 e 1982, que
marca a introdução dos sorotipos 2 e 4 em Boa Vista, Roraima.2 A doença é reconhecida
como uma entidade clínica desde 1780 e tornou-se endêmica em 112 países da África, das
Américas, da Região Leste do Mediterrâneo, do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental.3
Com aumento progressivo do número de casos, maior incidência em adolescentes e incidência
crescente de febre hemorrágica em crianças, a epidemiologia da dengue nas Américas retrata
uma realidade preocupante.2
Dengue é a infecção arboviralhumana mais comuns de hospitalização e morte em crianças nas
áreas endêmicas, e estima-se que ocorram 50 a 100 milhões de casos anuais de dengue 4 e 2,5
a 3 bilhões de pessoas em risco de contaminação.5 Sendo considerado grave problema de
saúde pública internacional, sua prevalência vem aumentando drasticamente no mundo nos
últimos anos, 6 no Brasil, a letalidade atinge até 10%. 2
O vírus do dengue pertencente ao gênero flavivírus, família flaviviridae, apresenta quatro
sorotipos (1, 2, 3, 4)7 transmitida pela fêmea dos mosquitos, que tem hábitos diurnos8, pelas
espécies de mosquitos Aedes aegypti (principal vetor), A. albopictus1 e A. polynesiensis
(podem atuar como vetores em algumas localidades).3
Estudo do Ministério da Saúde (MS), analisando os dados de dengue e FHD de 1980 a 2002,
refere que, neste período existiam três sorotipos (1, 2 e 3) co-circulando em 22 dos 27 estados
brasileiros.4 Atualmente o sorotipo 4 foi detectado em território brasileiro, fazendo do Brasil
um país com circulação simultânea dos quatro sorotipos da doença.6 A infecção por um dos
sorotipos do vírus do dengue confere imunidade somente para aquele sorotipo específico.3
A dengue inflige um comprometimento laboral, de estudo e uma carga social difícil de
mensurar, com grande demanda por atendimento, além do impacto negativo na qualidade de
vida. Estudo recente verificou que o ônus econômico da dengue no Brasil responde sozinho
por 40,9% do custo total da dengue em todo continente americano.2
3
Os responsáveis pelo ressurgimento e emergência desta epidemia, são fatores, como: falta
de recursos para a saúde pública e pesquisas, complacência frente a doenças infecciosas e
vetores, programas de controle e prevenção ineficientes, vigilância falha, urbanização e
transporte de produtos, além de mudanças climáticas, demográficas e sociais.2
É um desafio persistente o diagnóstico da dengue em crianças, sendo particularmente difícil
na fase inicial, pois as manifestações clínicas nessa população se superpõem às de inúmeras
outras afecções próprias dessa faixa etária. Na presença de comorbidades como asma,
diabetes melito e anemia falciforme, existe um risco maior de gravidade. Na última década,
pelo menos 25% dos indivíduos notificados e hospitalizados tinham 15 anos de idade ou
menos, deixando o pediatra em constante alerta em relação ao diagnóstico da dengue.2
A doença pode apresentar-se em crianças desde a forma assintomática ou oligossintomáticas4
até quadros de hemorragia e choque, podendo inclusive evoluir para o êxito letal.7 Os
sintomas da doença depende da forma clínica, podendo variar de cefaleia a ampla gama de
manifestações neurológicas.5 Em crianças os sintomas podem variar de acordo com a idade do
paciente, apresentando geralmente febre com eritema6 e particularmente, nos menores de seis
meses, os sintomas gerais que compõem o diagnóstico, como dor retro-orbitária, artralgias,
cefaleia e mialgias manifestam-se na forma de irritabilidade, adinamia e choro persistente,
podendo-se confundir com outros inúmeros quadros.2
O elevado número de indivíduos suscetíveis aos vírus circulantes tem maior índice entre as
crianças, favorecendo a mudança na expressão da moléstia para casos graves.2
Não há imunização ou fármacos antivirais específicos para uso rotineiro, apesar de existir um
avanço significativo no desenvolvimento de uma vacina eficaz. Atualmente o tratamento
baseia-se como pilar principal na hidratação assistida, esta varia em via de administração,
duração e intensidade de acordo com o quadro clínico.2
As medicações disponíveis são de baixa eficácia e alta toxicidade, de forma a ter grande
receio de causar ou ate provocar complicações. As medicações aprovadas para uso em
pediatria pelo MS são: o acetaminofeno e a dipirona para o uso de crianças com febre elevada
ou dor.2 Para se evitar a predisposição de sangramento das mucosas em crianças, não se
utiliza os salicilatos e outros antiinflamatórios não-esteróides.3
4
Todos os profissionais da saúde devem estimular as crianças a aumentar a ingestão de
líquidos e monitorar, para detectar manifestações clinicas, no inicio da fase critica, os quais
devem proporcionar cuidados intensivos como: grau de consciência, monitoramento da
pressão arterial, contagem de plaquetas e hematócrito, debito urinário e manifestações
hemorrágicas.3 Evitar ao máximo procedimentos invasivos, como drenagem de tórax,
aspiração de líquido ascítico e intubação traqueal (tentar primeiro ventilação não-invasiva).9
A atuação do fisioterapeuta em UTI’s pediátricas e neonatais são fundamentais, sendo
vinculada diretamente na recuperação do paciente e seu retorno o mais breve possível, às suas
atividades funcionais. O fisioterapeuta é responsavel pela reabilitação de pacientes graves, o
que inclui: a avaliação e prevenção de alterações cinético funcionais às intervenções de
tratamento, cuidados da ventilação pulmonar mecânica invasiva e não invasiva, protocolos de
desmame e extubação.10
O objetivo geral deste estudo é identificar as complicações da dengue entre a população de 0 a
14 anos residente da região nordeste entre os anos 2008 a 2012. Já os objetivos Secundários
são: 1° Quantificar numero de casos de dengue por: classificação final da dengue; União
Federativa de notificação; complicações versos União Federativa de notificação;
complicações versos Faixa Etária; 2° Orientar quanto à fisioterapia para o tratamento.
Este é um estudo do tipo exploratório, transversal, quantitativo, bibliográfico. A pesquisa
ocorreu na base de dados do SINAN (O Sistema de Informação de Agravos de Notificação Sinan é alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e
agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória), com
indivíduos que tenham contraído dengue, tendo como população as pessoas da região nordeste
do Brasil.
Tento como critérios de inclusão a população que teve as complicações decorrentes da
dengue, com Ano de 1° Sintoma (2008-2012), que tenham contraído a dengue na UF F.
infecção/residência/notificação nos estados que abrangem o nordeste (MA, PI, CE, RN, PB,
PE, AL, SE, BA), com faixa etária: <1 ano, 1-4, 5-9, 10-14 anos, com evolução do quadro
clinico (para a Cura) e no período de 2008-2012.
Foram utilizados para a realização da pesquisa os acervos: Scielo, Lilacs, Medline e SINAN e
as seguintes palavras-chave: “dengue”, “neonatal”, “pediatria”, “fisioterapia” e “complicações
da dengue”.
5
A análise de dados será por meio de tabelas e gráficos, e se utilizara apenas porcentagem, por
nosso estudo esta sendo apresentado em valores absolutos, ele não precisa de testes para sua
avaliação.
2.DESENVOLVIMENTO
De acordo com o banco de dados do SINAN foram classificadas, segundo as notificações da
classificação final da dengue, consistindo no total de 133.300 casos nos estados do nordeste.
Em ordem decrescente: Dengue Clássico com 129.507 casos (97,15%), Febre Hemorrágica
com 1.942 casos (1,45%), Dengue com Complicação com 1.030 casos (0,77%), dados
inconclusivos com 595 casos (0,44%), dados ignorado/branco com 198 casos (0,14%), além
de Sindrome do choque do dengue com 28 casos (0,02%).
Tabela 1: Classificação Final
Class. Final
Ign/Branco
Dengue Clássico
Dengue c/ Complicações
Febre Hemorrágica
Sindrome do choque do Dengue
Inconclusivo
Total
Fonte: banco de dados do SINAN
Notificação (unid.) Notificação (%)
198
0,148%
129507
97,154%
1030
0,772%
1942
1,456%
28
0,021%
595
0,446%
133300
100%
É importante ressaltar o numero de casos/porcentagem de cada estado, para que se tenha
maior cautela e mais ênfase nos programas oferecidos pelo governo federal e maior atenção às
gravidades que a dengue pode trazer. O estado com maior índice foi o Ceará com 37.654
notificações (28,24%), seguido de perto pela Bahia com 33.401 notificações (25,05%), depois
por Pernambuco como 16.268 notificações (12,20%), seguida por Alagoas com 14.630
notificações (10,97%), depois vem Sergipe com 8.211 notificações (6,15%), seguido por Rio
Grande do Norte com 7.942 notificações (5,95%), logo após por Maranhão com 6.278
notificações (4,70%), pelo Piauí com 5.570 notificações (4,17%) e com menor índice a
Paraíba com 3.346 notificações (2,51%).
6
Tabela 2: Notificação segundo UF Notificação
Estado
Notificação (unid.) Notificação (%)
Maranhão
6.278
4,709%
Piauí
5.570
4,178%
Ceará
37.654
28,247%
Rio Grande do Norte
7.942
5,957%
Paraíba
3.346
2,510%
Pernambuco
16.268
12,204%
Alagoas
14.630
10,975%
Sergipe
8.211
6,159%
Bahia
33.401
25,057%
133.300
100%
Total
Fonte: banco de dados do SINAN
A tabela 3 mostra as complicações mais frequentes nos casos de dengue, além da questão do
não preenchimento adequado das fichas de avaliação trazendo o dado Ignorado/branco (com
132.367 notificações com a porcentagem de 99,50%) que teve a maior porcentagem frente as
demais complicações. As complicações com este campo tiveram os seguintes dados:
plaquetas< 50.000 com 409 notificações (0,30%), derrames cavitários com 164 notificações
(0,12%), hemorragia digestiva com70 notificações (0,05%), disfunção cardiorrespiratória com
10 notificações (0,007%), alterações neurológicas com 6 notificações (0,004%), insuficiência
hepática com 2 notificações (0,001) e leucometria<1000 com 1 notificação (0,000%).
Tabela 3: Notificação segundo Complicações
Notificação
Notificação
Complicações
(unid.)
(%)
Ign/Branco
132367
99,502%
Alterações Neurológicas
6
0,004%
Disfunção
Cardiorrespiratória
10
0,007%
Insuficiência Hepática
2
0,001%
Plaquetas < 50.000 mm3
409
0,307%
Hemorragia Digestiva
70
0,052%
Derrames Cavitários
164
0,127%
Leucometria < 1000
1
0,000%
133029
100%
Total
Fonte: banco de dados do SINAN
Avaliou-se também as Complicações versos a UF Notificação (gráfico 1). Este gráfico
apresenta-se oposto a tabela 2 por excluir os dados do campo ign/branco, revelando assim em
ordem decrescentes os estados com os maiores índices de complicações descritos pelo
SINAN. Estes foram: Sergipe com 224 casos, Rio Grande do Norte com 129 casos, Maranhão
7
com 73 casos, Pernambuco com 64 casos, Ceará com 59 casos, Bahia com 56 casos, Alagoas
com 30 casos, Piauí com 15 casos e Paraíba com 12 casos.
UF
Leucometria < 1000
250
Derrames Cavitários
200
Hemorragia Digestiva
97
150
27
100
34
12
2
5
8
6
50
62
0
3
4
8
11
1
44
2
Plaquetas < 50.000
mm3
89
1
2
Insuficiencia Hepática
2
11
89
8
42
9
1
1
21
46
1
3
Disfunção
Cardiorrespiratória
3
Alterações
Neurológicas
Fonte: banco de dados do SINAN
Gráfico 1: Notificação por Complicações segundo UF Notificação
Avaliou-se (no gráfico 2) a presença de Complicações versos o Faixa Etária, o qual
evidenciou-se maior pico na faixa etária de 5-9 anos com 374 casos (complicações: plaquetas
tendo maior pico seguida por derrames cavitários, -> hemorragia digestiva -> alt.
neurológicas/dist. Cardiorrespiratório -> insuf. Hepática/leucometria), 10-14 anos com 124
casos (complicações: plaquetas tendo maior pico seguida por derrames cavitários, ->
hemorragia digestiva -> alt. neurológicas/dist. Cardiorrespiratório), 1-4 anos com 115 casos
(complicações: plaquetas tendo maior pico seguida por derrames cavitários, -> hemorragia
digestiva -> dist. Cardiorrespiratório) e por ultimo apresenta-se as crianças <1ano com 49
casos (complicações: plaquetas tendo maior pico seguida por hemorragia digestiva ->
derrames cavitários -> insuf. Hepática).
8
<1
01-04
05-09
10-14
250
217
200
150
110
100
69
50
0
88
35
35
1
5
Alterações
Neurológicas
15 14
28
19
7
Disfunção Insuficiencia Plaquetas < Hemorragia
Cardio
Hepática 50.000 mm3 Digestiva
respiratória
Derrames
Cavitários
54
1
11
6
1
Leucometria
< 1000
Fonte: banco de dados do SINAN
Gráfico 2: Notificação por Complicações segundo Faixa Etária
Pôde-se observar nas tabelas do banco de dados utilizadas neste trabalho (DATASUS), a falta
dos valores pesquisados em relação às complicações causadas pela dengue, apresentando uma
grande quantidade de achados referentes aos dados “Ignorados” e “Em branco”. Concordando
com o presente estudo, o autor Abe2 fala do registro de notificação em seu trabalho, o qual
exige o máximo de seriedade da parte dos profissionais, pois a falta deste cuidado tem como
consequência o escasso número de informações em registros nos bancos de dados que
também foi algo comprovado ao longo da pesquisa do mesmo.
Este estudo visou alertar sobre a vulnerabilidade dos pacientes neonatais e pediátricos frente
ao impacto das complicações da dengue e como a fisioterapia pode contribuir no tratamento
desses pacientes, bem como a necessidade de estudos e conhecimento do assunto, uma vez
que não é facilmente encontrada na literatura informações sobre a fisioterapia no tratamento
das complicações da dengue.
Sobre a classificação da dengue, entre: dengue clássico, síndrome do choque do dengue,
dengue com complicações, febre hemorrágica do dengue (FHD), o achado de maior
notificação foi a dengue clássica em 1° e febre hemorrágica em 2°, sendo a menor síndrome
do choque do dengue. Secretaria de Vigilância em Saúde registrou 6.438 casos graves de
dengue (1.648 casos de Febre Hemorrágica do Dengue/Síndrome do Choque do Dengue e
4.790 casos de dengue com complicações), observa-se um aumento de 25,5% em relação ao
mesmo período do ano anterior.11 O autor Oiveira em sua discussão, fala de um importante
9
comprometimento da função hepática e quadro de hepatite, associada à FHD. A paciente
apresentou também icterícia importante à custa de bilirrubina direta, no décimo segundo dia
de internação.12
Já o autor Singhi fala que as manifestações mais graves das infecções por dengue são FDH e
a SCD. Observadas principalmente em crianças, no Sudeste Asiático, enquanto que nas
Américas, são vistas em todas as faixas etárias.3 E o autor Pesaro trás para discussão casos de
doença hemorrágica ou choque associado, que podem acontece manifestações cardíacas
específicas na dengue, sendo frequente a depressão da função miocárdica.13
Já referente a faixa etária versos complicações, o estudo trouxe que durante os anos de 2008 a
2012, o grupo compreendido pela faixa etária de 5 a 9 anos, teve o maior índice de
complicações plaquetarias, seguido por derrames cavitários, logo em seguida foi apresentado
o grupo de 10 a 14 anos em 3° lugar, o grupo de 01 a 4 anos em 4° lugar e o grupo de <1 ano
em 5° lugar, também com alto índice de complicações plaquetarias. O autor Ferreira fala que
a dengue é uma doença predominantemente pediátrica, no sudeste da Ásia, sendo
caracterizada pelo aumento da permeabilidade vascular, perda de plasma, manifestações
hemorrágicas e trombocitopenia.5 e 14 Concordando, o autor Abe sinaliza que nos últimos anos
existiu o aumento de hospitalizações da faixa etária mais jovem, com consequente migração
da doença para casos graves a óbitos, nos países asiáticos.2
Durante uma epidemia de dengue na Índia, mães que apresentaram dengue no primeiro
trimestre de gravidez, tiveram um aumento da incidência de malformações de tubo neural,
prematuridade e baixo peso nos recém-nascido (RN). Tendo relato de caso em neonato com
plaquetopenia acentuada (a maioria < 30.000) e quadro clínico inicialmente indistinguível da
sepse neonatal, sendo provocado pela transmissão materna da dengue ainda intra-útero para o
RN, apesar de complicações hemorrágicas graves nos RN não serem comumente
observadas.15
Com repercussões nacionais e internacionais, a dengue em 2008, provocou pânico por causa
da gravidade com que atingiu a população infantil, provocando insegurança e desavenças
políticas e institucionais. Já a provável elevação de casos que ocorreu em 2010 foi devido à
recirculação do DEN 1.2
Foi encontrado nesta pesquisa um total de 133.300 casos de dengue na região nordeste de
acordo com a população de 0 a 14 anos, sendo que deste valor, a maioria residente no Ceará,
10
seguida de perto pela Bahia, logo depois Pernambuco e Alagoas. Corroborando com a
pesquisa Aragão trás que epidemias de dengue no Brasil, vêm ocorrendo desde 1986, podem
citar os estados do, Ceará, Pernambuco, Alagoas e Rio de Janeiro, entre os lugares de maior
ocorrência.8 E o autor Pierre Filho fala que o estado do Ceará, tem tido sucessivas epidemias
de dengue que envolveu sorotipos do vírus da dengue 1, 2 e 3, e que em 2006, houve 25.569
casos confirmados de dengue e 172 era do tipo dengue hemorrágica.14
Nesta pesquisa os dados referentes a estado do nordeste verso predomínio de complicações,
quem teve maior índice foi o estado de Sergipe em 1° lugar, seguido por Rio Grande do Norte
2° lugar e com menor índice ficou o estado do Piauí. Já em relação somente às complicações
da dengue, compreendida entre os anos de 2008 a 2012, os achados foram: alterações
neurológicas, disfunção cardiorrespiratória, insuficiência hepática, plaquetas< 50.000 mm 3,
hemorragia digestiva, derrames cavitários, leucometria <1000. Destes citados, a mais
notificada foi a Plaquetaria em 1°, seguida por Derrames Cavitários em 2° e a menor,
Leucometria <1000 em 8°, neste trabalho. As complicações neurológicas em 7° colocado com
uma porcentagem de 0,90% (quando retiramos da tabela o campo Ign/Branco).
O autor Abe destacam-se as complicações: insuficiência hepática e renal, encefalopatias,
ruptura esplênica, sepse e infecções bacterianas, hemorragias de ouvido médio, hemorragia
cerebral, choque, síndrome de Reye, hemorragias maciças e coagulação intravascular
disseminada.2 e 16 Trazendo como complemento para a lista de complicações existem ainda:
disfunção do miocárdio
16 e 12
, desconforto respiratório devido a intenso derrame pleural,
sangramento intenso e falência múltipla dos órgãos e inclusive síndrome de desconforto
respiratório agudo, podem representar risco de vida e necessitam de atenção na unidade de
tratamento intensivo pediátrico.3 e 16
Já os distúrbios pós-dengue, são: síndrome de Guillain-Barré17, demência, psicose maníaca,
amnésia,16 meningoencefalomielite17, mononeuropatias, epilepsia, tremores, paralisia de Bell,
envolvimento de laringe, paralisia de extremidades inferiores, de palato, de nervo ulnar, de
nervo torácico longo, de nervo peroneal5 e mielite transversa1 Na literatura as principais
alterações oculares reportadas incluem: borramento da margem do disco óptico, células no
vítreo, descolamento seroso da retina, hemorragias na retina e mácula, edema retiniano difuso,
hemorragia peridiscal, manchas de Roth, efusão coroidal e maculopatia não específica.8
11
O autor Ferreira fala de 41 casos de dengue com manifestação neurológica, 82,9% foi em
2002 e 17,1% foram atendidos em 1997, todos mencionando história prévia de dengue
clássica ou hemorrágica.5 Já o autor Homero trás de muitos pacientes não diagnosticados com
a doença na epidemia de dengue de 2002, que deram entrada nos hospitais da rede pública
com quadros neurológicos.18 E o autor Orsini trás no seu trabalho o primeiro relato de SGB de
três crianças com idade inferior a oito anos após ter tido dengue, apresentando: paralisia
motora ascendente e distúrbios sensitivos.1
Em um estudo foi relatado que havia a suspeita de infecção do SNC, observado-se que dentre
378 pacientes vietnamitas, 4,2% estavam infectados com vírus do dengue.3 Já outra pesquisa,
apresenta resultados de exame do líquido cefalorraquidiano17 de 13 pacientes de dengue com
manifestações neurológicas, sendo que dois apresentaram mielite, sete encefalite e quatro de
síndrome de Guillain-Barre (SGB). A fisioterapia pode atuar frente aos casos de dengue que
tiveram complicações, principalmente neurológica.3
Aprovado pelo Ministério da Saúde desde 12/8/1998, trás a portaria n° 3.432, que garante a
atuação do fisioterapeuta.19
A fisioterapia em RN e crianças vem a contribuir com técnicas para a redução de índice de
complicações, taxas de infecção e no tempo de permanência na UTI e no hospital.20
Tendo como objetivos: prevenir e tratar as complicações pulmonares; adequar o suporte
respiratório, favorecer o desmame da ventilação mecânica e da oxigenoterapia, manter a
permeabilidade das vias aéreas; otimizar a relação ventilação-perfusão.19
Condutas como o monitoramento dos: exames de laboratório, pressão arterial, frequência
respiratória, saturação, gasometria e força muscular, podem guiar o fisioterapeuta quanto a
possível escolha de Tratamento. O autor Singhi corrobora, falando que todos os profissionais
da saúde devem monitorar as crianças, para detectar manifestações clinicas, no inicio da fase
critica.3
O autor Ponte fala de pacientes com dengue que apresentam manifestações dolorosas que se
deve manusear adequadamente.6 Nestes casos a fisioterapia pode utiliza por exemplo a técnica
de Eutonia,21 para quadros álgicos, dentre outras técnicas como: atividade lúdica,
alongamentos passivos e massoterapia. Sempre respeitando o quadro do paciente e que
necessitem de pouco gasto energético.
12
3.CONCLUSÃO
A vulnerabilidade da criança frente ao impacto da dengue impõe a necessidade de estudos e
conhecimento do assunto, particularmente na Pediatria. A prioridade máxima é o diagnóstico
precoce a fim de se evitar o agravamento e consequente óbito. É preciso nortear o
atendimento na Pediatria e em especial nos lactentes febris, principalmente em zonas
endêmicas e de transmissão sustentada, quando excluídas outras possibilidades diagnósticas.
Há uma carência de informações e publicações em relação à evolução para gravidade e óbitos
em crianças.2
A dengue continua sendo um desafio diagnóstico, principalmente em crianças. Finalmente,
esse estudo ressalta a importância da busca do diagnóstico etiológico laboratorial da doença, a
fim de diagnosticar precocemente surtos epidêmicos e prevenir e/ou tratar precocemente
as formas graves e as complicações com diminuição da morbi-letalidade dessa arbovirose na
população infantil.4
Através desta investigação, foi alcançado o objetivo proposto, o qual procurou esclarecer a
contribuição da fisioterapia frente às complicações da dengue em pacientes neonatais e
pediátricos, bem como identificar a população que possuía a patologia que residiam na região
nordeste, com faixa etária entre 0 e 14 anos, de ambos os sexos.
A fisioterapia quando bem indicada para pacientes neonatais e pediátricos tem sua real
importacia e eficácia frente as complicações da dengue tanto na fase agiuda como nas
complicações tardias. Concluiu-se que a fisioterapia pode atuar, com eficácia, sobre os
pacientes que contraíram o vírus da dengue e posteriormente obtiveram alguma complicação
dentre as citadas ao longo do trabalho.
13
PHYSICAL THERAPY FORWARD TO COMPLICATIONS OF DENGUE IN
NEONATAL AND PEDIATRIC PATIENTS.
ABSTRACT: Dengue is the most common infection arboviralhumana of hospitalization and
death in children in endemic areas. The high number of individuals susceptible to circulating
viruses is highest among children, favoring the change in the expression of the disease to
severe cases . Dengue inflicts commitment work, study and social burden difficult to measure
with great demand for care, and the negative impact on quality of life . In pediatric patients
complications involving the central nervous system has been described, it can be seen after
the acute illness have yielded and is believed to be a manifestation of ITP . Other
complications have also been described , such as respiratory distress , dysfunction, myocardial
infarction, acute liver failure and acute renal failure. To help rehabilitate and return as soon as
possible daily activities , physical therapy in the hospital 's main objectives : to minimize the
effects of immobility in bed , sensory and cognitive promote integration and prevent and / or
treat respiratory complications and motor . The objective of this study is to identify
complications of dengue among the population aged 0 to 14 years old , resident of the
northeast , between the years 2008-2012 and to advise on physiotherapy for treatment.
Keywords: Dengue / Complications . Epidemiology . Child . Physiotherapy .
14
REFERÊNCIAS
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