PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE ENFERMAGEM SOBRE GERENCIAMENTO DA HIPOVOLEMIA: IMPLICAÇÕES PARA O (A) ENFERMEIRO (A) DE CUIDADOS INTENSIVOS.* Wlademinck Reis** Isabel Cruz*** ---------------------------------------------------------------------------------------------------------RESUMO: Este estudo foi desenvolvido com a finalidade de demonstrar como está sendo realizada a assistência na hipovolemia, dando ênfase na prescrição de enfermagem. O artigo é de conclusão de curso em Especialização em Enfermagem e Cuidados Intensivos. A metodologia utilizada foi a de pesquisa exploratória. Esta pesquisa permitiu a possibilidade de especificar a prescrição de enfermagem apresentada pelo NIC (Nursing Interventions Classification) em hipovolemia. UNITERMOS: Enfermagem em Cuidados Intensivos, Gerenciamento de Enfermagem, Hipovolemia, Prescrição de Enfermagem. ABSTRACT: This study was development with the purpose to show how is being the nursing assistance in hypovolemia with emphasis in nursing intervention. The article is the conclution of the nursing care intensive course. The methods uses was the explorer research. This research has alhowed the possibility of specify the nursing intervention in hypovolemia that was showed by ( Nursing Interventions Classification ). KEY WORDS: Nursing-care intensive; Hypovolemia; Nursing Managment, Nursing Prescription. INTRODUÇÃO O presente estudo apresenta abordagem do gerenciamento de enfermagem * ao cliente com expansão de líquido intravascular Artigo de conclusão do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos da Universidade Federal Fluminense. ** Enfermeiro Pós-Graduando da UFF. deprimida ( McCLOSKEY e BULECHECK, 2000). A pesquisa faz parte do trabalho de conclusão do curso de pós-graduação em cuidados intensivos da Universidade Federal Fluminense. Busca demonstrar como o enfermeiro tem contribuído na produção científica, a respeito do tema escolhido, e uma melhor assistência e prescrição de enfermagem. De acordo com MENDES (1999 ), para que o cuidado seja realmente realizado deve-se unir a reflexão, a integração de crenças e valores, a análise crítica, a aplicação de conhecimento, a avaliação clínica e a intuição. Esta pesquisa tem como objetivo identificar a participação do enfermeiro em produções científicas, referente a prescrição de enfermagem em hipovolemia; como este tema está sendo abordado e aplicado na prática profissional, ou seja, unidade de terapia intensiva pelo enfermeiro. Segundo MENDES ( 1999), o maior objetivo de toda assistência a ser prestada na unidade hospitalar é o cliente. Ele é a pessoa que merece todo o nosso cuidado e atenção, visto que o cuidar reúne a ciência e a arte de cuidar de enfermagem que se centra no cliente e está em interação contínua com o meio. Conforme GENTILE ( 2000 ), o ser humano pode passar “quase que desaparecido”, parecendo por vezes, que os aparelhos podem ocupar os espaços das pessoas. Este fato é trabalhado quando os profissionais se sentem importantes junto ao doente e valorizam o relacionamento pessoapessoa. METODOLOGIA Para realizar este trabalho foi utilizada pesquisa exploratória sobre o discurso da literatura profissional de enfermagem por meio da busca bibliográfica computadorizada e manual, no período de 1995 a 2001, utilizando as palavras chaves / Keywords ( hipovolemia, gerenciamento de enfermagem, enfermagem em cuidado intensivo ) nas seguintes bases de dados: MEDLINE, LILACS. *** Doutora em Enfermagem. Titular da Universidade Federal Fluminense. 2 2 DESENVOLVIMENTO A assistência de enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva tem por finalidade a continuidade dos cuidados prestados pela enfermagem. Segundo PASINI, a descrição dos diagnósticos de enfermagem de doentes de unidade de terapia intensiva fornece um perfil das necessidades de cuidados desses doentes sobre o qual é possível organizar o conhecimento necessário na área, além de permitir comparações entre populações específicas de doentes. A credibilidade sobre a prática de enfermagem repousa principalmente sobre as atividades de enfermagem resultantes de diagnósticos. Quando um diagnóstico é feito, a (o) enfermeira (o) tem a obrigação ética e Legal de prestar um tratamento. As prescrições podem ser relacionadas a coletas de dados, necessárias tanto para o diagnóstico de enfermagem quanto médica. Podem ser realizadas, de forma co-responsável com o médico, em resposta a diagnósticos médicos, segundo CRUZ ( 1995 ). Segundo SANTOS (1995), a elaboração das prescrições de enfermagem depende da técnica de grupo destinada a geração de idéias que podem surgir da equipe de enfermagem, da equipe interdisciplinar e / ou ambas. A escolha da melhor idéia ou alternativa a ser operacionalizada na prescrição de enfermagem, e da enfermeira (o). O fator relacionado, estabelece uma relação da prescrição com o diagnóstico de enfermagem, médico, outro diagnóstico. Classificam as prescrições em dependentes – quando indicam a forma de execução da prescrição médica. Interdependentes – quando expressam atividades realizadas em colaboração com outros profissionais. Independentes – executadas pela enfermeira (o), sem recomendação médica direta. Conforme LADUKE, para ajudar nos cuidados de enfermagem com os clientes foi desenvolvido pela Iowa Interventions Project da University of Iowa’s College of Nursing o NIC ( NURSING INTERVENTIONS CLASSIFICATION ) que coloca para os enfermeiros o que realmente deve ser feito com os clientes. Cada prescrição é dividida em atividades que fazem um protocolo de cuidados. Algumas atividades envolvem colaboração de outras disciplinas mais muitos são autônomos. 2 3 De acordo com McCLOSKEY e BULLECHEK ( 2000 ), encontramos as seguintes ações para a prescrição de enfermagem em gerenciamento da hipovolemia: 1 – manter acesso venoso ( IV ); 2 – monitorar sinais vitais; 3 – observar sinais de infiltração e infecção; 4 – administrar solução isotônica ( Ringer lactato ); 5 – administrar cristaloide ( plasmasteril ), conforme prescrição médica; 6 – observar sinais de desidratação; 7 – monitorar os parâmetros hemodinâmicos ( PVC, PAP ); 8 – administrar sangue e derivados conforme prescrição médica; 9 – posicionar em Trendelenburg em caso de hipotensão e 10 – observar sinais de hipervolemia. CARACTERÍSTICA NO GERENCIAMENTO DA HIPOVOLEMIA Segundo McVICAR ( 1995 ) dentro do fluido extracelular é importante uma troca de fluidos entre o plasma e o interstício porque traz solutos nutrientes para a proximidade das membranas celulares e ajuda a remover as substâncias segregadas pelas células. Essas trocas são fundamentais para os solutos entrarem e saírem das células de uma forma eficaz. De modo a evitar uma perda excessiva de fluidos do plasma ( hipovolemia ) e formação excessiva de fluidos intersticial ( edema ) é necessário que um volume de fluido seja devolvido ao plasma idêntico ao que dele foi retirado. Muitas infusões são utilizadas para aumentar o volume vascular e a contagem de células sangüíneas. O perigo de sobrecarga é que a pressão venosa central pode aumentar e talvez induzir ou exacerbar a hipertensão pulmonar e ou sistêmica. Para reduzir a hipovolemia são utilizados os seguintes expansores de volume intravascular: Sangue – são efetuadas para substituir o volume perdido em hemorragia provocadas por feridas ou cirurgia. Albumina – são em grande parte responsáveis pela pressão oncotica do plasma. As infusões podem ser utilizadas para restaurar a pressão oncotica normal e deste modo restabelecer troca normal de fluido plasma-intersticial. Polissacaridos proteínas – inclui dextranos e derivados de gelatina, como Haemacell e Gelafundina – são utilizados como alternativas ao sangue ou plasma sangüíneo como expansores de volume e também como alternativas a perfusão de albumina para alterar a pressão oncotica do plasma. Soro 2 4 fisiológico – é distribuída através de todo o fluido extracelular, não só do volume intravascular, por isso uma sobre-infusão é menos provável que provoque hipertensão pulmonar do que sangue inteiro ou plasma, mas é possível o edema periférico. Solução de Ringer – é uma solução de conteúdo misto, soluções individuais, especialmente os eletrólitos, possuem concentrações idênticas as do fluido extracelular. Solução de Hartmanm – é uma solução de Ringer modificada com uma composição idêntica a do plasma humano mas com duas diferenças: não tem ions de bicarbonato e possui uma concentração significativa de lactose segundo McVICAR ( 1995 ). Para administrar por via intravenosa ( IV ) os fluidos, é necessário se ter, segundo CLARKE ( 1997 ), um ponto venoso estabelecido, canula IV. A via IV permite a administração de volumes de fluidos relativamente grandes. As complicações da terapêutica IV proporciona para o paciente vários problemas, tais como: infiltração, flebite ou tromboflebite e embolia. A infusão deverá ser interrompida e trocado o cateter; como os locais de inserção são portas de entrada na circulação, não devem ser abertas desnecessariamente, na injeção lateral de latex. Ao se administrar medicação devem ser limpas com alcool à 70%. A desidratação é um complexo desequilíbrio fluido e eletrolítico que resulta na perda de água, sódio ou de ambos. A característica clínica inclui sede turgência cutânea diminuída, alterações cardiovasculares e neuropsiquiátricas, sódio sérico, osmolaridade e função renal. Em clientes com sangramento intenso de acordo com DRESSLETZ ( 1996 ), para prevenir hipovolemia e hipotensão é necessário realizar transfusão sangüínea e derivados e para restaurar fluidos intravascular e extracelular administrar volume de líquidos, respectivamente. Em pacientes com sintomas de hipotensão postural é importante avaliar e prevení-los para diminuir os riscos de injuria e manter a qualidade de vida dos pacientes, segundo MATHIAS. CONCLUSÃO Com base nas pesquisas realizadas neste estudo observamos como 2 5 identificar e/ou prevenir complicações que possam aparecer nos clientes em uma unidade intensiva. Características estas encontradas no NIC para o gerenciamento em hipovolemia, sendo importante ressaltar a participação do enfermeiro (a) na assistência do paciente na unidade de tratamento intensivo, pois ele faz parte de uma equipe interdisciplinar que tem a sua função definida, que para tal utiliza a prescrição de enfermagem como instrumento para sua assistência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CLARK, Angela. A gestão de enfermagem na Terapêutica Intravenosa. Nursing. Revista Téc. de Enfermagem. Outubro, 1997. Ano 10 nº 104, p. 10 13. CRUZ, I.C. F.. da. Diagnóstico e Prescrição de Enfermagem: recriando os instrumentos de trabalho. Texto & Contexto, v. 4, nº 01, p. 160-169, Jan/Jun. 1995. DRESSLER, Diane K. Disseminated intra vascular coagulation. Springnet. Critical Care Connection On Line , novembro de 1996. http://www.springnet com/criticalcare/ coag.htm. FOX, Elisabeth T. Hidratação IV em doentes terminais. Ritual ou terapia ? nursing. Revista Técnica de Enfermagem. Setembro, 1996. 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