sinais de alerta principais sinais de alerta

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade Física Adaptada e Saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
Alzheimer
Além da própria doença de base, o paciente portador da doença de Alzheimer apresenta
algumas características clínicas peculiares.
A rigor, primeiramente, devemos entender que o paciente pode apresentar todas as
doenças que normalmente acometem preferencialmente sua faixa etária, mas devemos ter
em conta a dificuldade do paciente em comunicar os sinais clássicos de alerta como: dor,
náuseas, ardência ao urinar, desconforto respiratório, palpitações, tonturas etc.
Também o exame físico está muitas vezes prejudicado em virtude da falta de colaboração
do paciente no desenvolvimento de algumas manobras semiológicas, necessitando por
parte do médico prática e sensibilidade na detecção dessas alterações.
Ao lado desse aspecto, o paciente portador de doença de Alzheimer apresenta algumas
alterações e complicações com maior freqüência e são sobre essas alterações e
complicações que nos deteremos.
Os sinais de alerta podem ser de grande ajuda ao cuidador na suspeita de que algo errado
possa estar ocorrendo. Esses sinais de alerta são verdadeiros códigos, muitas vezes
apresentando-se de maneira diversa de doente para doente.
O estreito relacionamento entre o paciente e o cuidador gera um verdadeiro dialeto entre
eles e, desta maneira, de acordo com alguns dados indiretos, podemos detectar
precocemente esses sinais, chamados de sinais de alerta.
SINAIS DE ALERTA
Torna-se evidente para o cuidador, face à multiplicidade de sinais, a necessidade de poder
contar com uma orientação segura no seu dia-a-dia.
O médico que assiste o paciente deve possuir algumas características como: facilidade para
ser encontrado e disposição em fornecer uma orientação segura a distância.
Não se deve esquecer que os sinais de alerta podem ser ocorrências benignas, sem maior
gravidade ou uma indicação de intercorrências que necessitam de imediata intervenção.
Só o médico poderá fazer essa importante distinção com segurança.
PRINCIPAIS SINAIS DE ALERTA
Piora súbita do estado geral
Sonolência
Mudança brusca do comportamento habitual
Febre
Mudança de peso
Alterações do apetite
Alterações do hábito intestinal
Cianose
Tosse produtiva
Falta de ar
Urina escura/mal cheirosa
Incontinência urinária
Incontinência fecal
Distúrbios súbitos do aparelho locomotor
PIORA SÚBITA, MUDANÇA BRUSCA DE
COMPORTAMENTO
Pela evolução da doença de Alzheimer a piora do quadro clínico com agravamento
súbito do estado cognitivo, aparecimento de delirium e alucinações não é esperada.
Uma alteração de comportamento com agressividade e agitação psicomotora de
brusca instalação deve ser investigada clinicamente, podendo ser resultado de uma
doença subjacente: infecção, retenção de urina, impactação fecal, intoxicação por
drogas, assaduras, presença de insetos nas roupas etc.
A primeira providência é realizar um exame físico minucioso na tentativa de
detectar a causa do sintoma.
SONOLÊNCIA E APATIA
São sinais de importância e podem estar relacionados com várias causas,
geralmente graves: desidratação, diabetes mellitus, efeito colateral de drogas,
processos infecciosos, arritmias, devendo ser identificados, corrigidos e tratados
prontamente.
FEBRE
Este sinal é de fácil constatação e de extrema importância. Apesar de os pacientes,
em virtude, muitas vezes, de pertencerem a uma faixa etária em que a febre pode
ser inexistente, mesmo na vigência de processos infecciosos, é um dado que, se
positivo, normalmente representa um sinal de infecção.
É conveniente que a temperatura seja aferida regularmente.
PALIDEZ E SUDORESE
Podem indicar várias intercorrências, indo desde uma hipotensão arterial por uso de
diuréticos até uma insuficiência coronariana aguda, infarto do miocárdio, embolia
pulmonar etc.
A hipoglicemia, falta de açúcar necessária para a geração de energia suficiente,
como em casos de jejum prolongado para a coleta de exames ou quadros de
inapetência prolongada, também deve ser cogitada.
CORIZA E ESPIRROS
São sinais normalmente associados a estados gripais.
AEROFAGIA E ERUCTAÇÕES
Normalmente associadas ao ato de deglutição de ar com saliva, associa-se a
estados ansiosos, doenças pépticas como gastrites e úlceras gastroduodenais e
disfunções do trato biliar.
Quando induzidos espontaneamente, associam-se com úlceras pépticas, hérnia de
hiato, angina do peito etc.
A deglutição rápida, sem mastigação, uso de bebidas gasosas, uso de medicação
anticolinérgica e antiácidos, problemas dentários e próteses mal ajustadas também
podem causar esses sinais.
ALTERAÇÕES DO APETITE
Aumento: Certos pacientes costumam ingerir grandes quantidades de alimento.
Esse fato pode estar relacionado com hábitos prévios do indivíduo, porém também
pode ocorrer devido a determinadas doenças como: diabetes, hipertireoidismo,
parasitoses intestinais etc.
Diminuição: Acontece em virtude de processos infecciosos agudos, tuberculose,
tumores malignos (especialmente o câncer gástrico), insuficiência renal, cirrose
hepática, insuficiência cardíaca, intoxicação medicamentosa especialmente por
digitálicos, hipotireoidismo etc.
CIANOSE
arroxeamento das extremidades, dedos,nariz...
Trata-se de um sinal grave que determina imediata investigação.
Pode ocorrer devido a várias condições onde se destacam: a insuficiência cardíaca,
pneumonia, embolia pulmonar, enfisema pulmonar, intoxicação por anilina,
aterosclerose obliterante etc.
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
Essa é uma condição que deve ser lembrada e analisada, pois pode representar
desde simples alteração devida ao hábito alimentar e a falta de atividade, como
também ser devida a quadros extremamente graves que se instalam abruptamente
como: abdome agudo, pancreatite aguda, por uso de drogas, infecções em geral e
obstrução intestinal.
As obstipações crônicas podem estar relacionadas com doenças como tumores
anoretais: hemorróidas, fissuras e fístulas. As alterações endócrinas como o
hipotireodismo, a insuficiência suprarenal e o hipertireodismo podem levar a
quadros de constipação.
Assim como para os outros sinais, um exame clínico completo é fundamental
complementado por toque retal para afastar a possibilidade de um fecaloma, que se
trata de um endurecimento das fezes na ampola retal e segmento inferior do
sigmóide que, de acordo com a gravidade, pode necessitar de cirurgia para a sua
remoção.
A manutenção de um registro diário, quanto aos hábitos intestinais é de extrema
importância, permitindo uma avaliação correta do ritmo intestinal.
VÔMITOS E DIARRÉIAS
Podem ser sinais sem gravidade; a persistência, porém, requer investigação
detalhada, face à enorme gama de possibilidades diagnósticas, além de serem
potencialmente geradores de estados graves de desidratação.
Pacientes demenciados que apresentam vômitos e diarréia com distensão
abdominal devem ser submetidos a um toque retal para eventual detecção de um
fecaloma.
Pacientes com fecaloma podem apresentar a chamada diarréia paradoxal, ou seja,
apesar de haver na ampola retal uma massa de fezes endurecidas, fezes mal
formadas acabam por serem eliminadas pelos lados do fecaloma. Esse fato é de
suma importância, pois os familiares relatam ao médico que o paciente está com
diarréia e a tendência é, com base nessa informação, que os pacientes recebam
medicação obstipante agravando consideravelmente o quadro clínico.
SEDE
O aumento de sede pode estar relacionado com diabetes mellitus descompensado e
estados de desidratação.
EMAGRECIMENTO
Perda acentuada de peso sem perda de apetite pode estar correlacionada
especialmente com: hipertireoidismo, diabetes, síndrome de má absorção ou por
excesso de atividade sem a ingestão adequada de calorias, como ocorre em
pacientes chamados vagantes, que andam o dia inteiro de um lado para o outro,
distúrbios comum na doença de Alzheimer.
EPISTAXE
(perda de sangue pelas narinas)
Trata-se de condição especialmente relacionada com a hipertensão arterial,
necessitando imediata avaliação médica.
Pode ser também devido à presença de corpo estranho inserido na narina,
infecções, estados gripais, traumatismos, alterações da coagulação sanguínea etc.
OUTROS SINAIS
Exantemas ( Vermelhidão Cutânea) , halitose (mau hálito), urina escura e mal
cheirosa, presença de sangramento (boca, ânus, genitais), corrimentos vaginais,
olhos amarelados, fezes muito claras ou muito escuras, perda involuntária de urina
ou fezes, inchaço da face e pernas, tosse seca ou produtiva, escarro amarelado,
chiados no peito, coceiras, alterações na pele, retenção de urina, desmaios, soluços
prolongados, calafrios, tremores e convulsões são entidades que
determinam investigação detalhada pelo médico.
Cabe aqui a lembrança de que, mesmo o cuidador mais dedicado, não está com o
paciente 24 horas do dia. Em muitos casos os familiares se alternam nos cuidados
com pessoas contratadas, infelizmente nem sempre devidamente qualificadas e
treinadas.
Não é raro observarmos pacientes que estavam andando normalmente e de
repente se sentam e se recusam a andar. As quedas não comunicadas ou mesmo
as não observadas podem ocorrer e a possibilidade de fraturas especialmente de
colo do fêmur não deve ser descartada.
A dor intensa na região lateral externa da articulação da coxa com a bacia e a
rotação externa do pé, assim como o encurtamento de um dos membros inferiores,
quando observados no leito, são fortes indicativos de fratura de colo de fêmur.
É, pois, de bom-senso que se informe aos cuidadores que acidentes podem ocorrer
e que o fato de comunicarem o acontecido é de extrema importância.
Outro fato com relação aos pacientes portadores de doença de Alzheimer é que
mesmo com dor são capazes muitas vezes de continuar caminhando, acarretando
sérias conseqüências.
PROBLEMAS MÉDICOS MAIS COMUNS
Dentre uma infinidade de possibilidades de doenças existem algumas que merecem
destaque, pela freqüência e importância na doença de Alzheimer.
PNEUMONIA
A pneumonia é a doença que geralmente causa a morte do paciente.
Vários fatores contribuem e facilitam essa terrível complicação.
Ao contrário do paciente adulto jovem, a pneumonia, especialmente naqueles mais
idosos, não costuma se apresentar de modo clássico, com febre alta, tosse
produtiva, catarro amarelado (purulento), dores nas costas e prostração.
Pode ocorrer de maneira absolutamente silenciosa, e às vezes apenas uma
alteração no padrão de comportamento nos leva a cogitar essa possibilidade.
Alguns fatores contribuem de modo decisivo na instalação deste quadro infeccioso
de alta mortalidade.
Sabemos que a tosse é um mecanismo de defesa do organismo promovendo a
limpeza dos pulmões, por eliminação de secreções.
Nos pacientes demenciados e especialmente em pacientes idosos, esse mecanismo
encontra-se prejudicado, promovendo o acúmulo de secreções e facilitando, desta
forma, a instalação de uma infecção pulmonar.
Sabemos ainda que o estado de subidratação promove um espessamento das
secreções, dificultando a higiene brônquica. A inatividade também dificulta a
mobilização das secreções pulmonares e sua conseqüente eliminação.
Outro fato relevante é que certos pacientes apresentam distúrbios no mecanismo
de deglutição, engasgam constantemente e acabam por aspirar os alimentos
(especialmente os muito liquefeitos), causando a pneumonia conhecida como
aspirativa.
Doenças crônicas e debilitantes que resultam em estados inadequados de nutrição
levam também à diminuição da defesa imunológica facilitando a instalação de
processos infecciosos.
Algumas medidas são realmente eficazes na prevenção das infecções respiratórias.
O que fazer para prevenir:
Estimular a tosse e hidratar convenientemente .
Especialmente nos dias quentes, manter uma garrafa de líquidos ou
hidratantes orais para termos controle a respeito da quantidade
efetivamente ingerida. A quantidade diária necessária depende de cada
caso e deve ser determinada pelo médico.
Nos horários de banho, se deixarmos o banheiro com bastante vapor
d’água, estaremos propiciando uma eficiente inalação, fluidificando as
secreções pulmonares e facilitando a eliminação.
As caminhadas e exercícios físicos contribuem na mobilização das
secreções pulmonares.
Nunca alimentar o paciente na posição horizontal, deitado; é sempre
conveniente escolher a posição sentada ou no mínimo semi-sentada,
especialmente quando se administra líquidos.
Um erro comum com pacientes que engasgam é pensar que uma dieta liquefeita é
mais fácil de ser deglutida; é na realidade uma dieta mais fácil de ser aspirada,
sendo assim, deve-se dar preferência às dietas pastosas ou semi-sólidas.
Alguns pacientes apresentam pneumonias de repetição e o médico assistente pode
lançar mão de outros recursos como: medicação específica de longa duração,
vacinas etc.
O uso de aparelhos para inalação só deve ser indicado pelo médico.
O paciente deve ser mantido em boas condições nutricionais, com uma dieta bem
balanceada ou com ajuda de suplementos alimentares se prescritas pelo médico.
Essas medidas, sem dúvida, previnem ou pelo menos diminuem o risco de
infecções pulmonares.
ÚLCERAS POR PRESSÃO "ESCARAS"
As úlceras por pressão (escaras de decúbito), são lesões que ocorrem na pele,
especialmente na região sacra (final das costas) e laterais do flanco, calcanhares e
região maleolar externa (lado externo do tornozelo).
Têm sua origem na pressão prolongada na região em questão contra o colchão, o
assento da cadeira, travesseiros etc.
As escaras, apesar de normalmente não serem dolorosas, afetam de forma trágica
a qualidade de vida do paciente e o estado de espírito do cuidador.
De todas as afecções, as escaras são, com algum grau de razão, o espelho dos
cuidados providos ao paciente.
De um modo geral as escaras são passíveis de serem evitadas na grande maioria
das vezes.
Quanto ao tratamento os aspectos fundamentais são: manter o paciente ativo,livre
de infecções, em bom estado nutricional e bem hidratado.
Pacientes não acamados que se sentam em cadeiras devidamente equipadas com
artefatos como bóias de ar, que são mobilizados freqüentemente com mudanças de
posição para outros pontos de apoio, em bom estado nutricional, bem hidratados,
estimulados a dar mesmo que sejam pequenos passos de tempos em tempos,
dificilmente desenvolverão escaras.
Os curativos de escaras são objeto de grande especulação: usar açúcar, papaína,
confrey, e outras formas alternativas são no mínimo discutíveis e não substituem as
medidas clássicas de suporte geral aqui citadas.
Os curativos devem obedecer às regras simples, porém rigorosas, de higiene e
assepsia. O tipo de curativo a ser usado deve ser prescrito pelo médico.
Pacientes acamados merecem cuidados especiais. Leia mais visitando a seção do
Alzheimermed, “Tópicos Relacionados'
INCONTINÊNCIAS
Incontinência é a impossibilidade neuromuscular de controlar a micção
(incontinência urinária), a evacuação (incontinência fecal) ou ambos (conjunta,
mista ou associada), fazendo com que o paciente perca urina e/ou fezes
involuntariamente, causando constrangimento aos pacientes que ainda conservam
algum discernimento.
Ao lado das úlceras por pressão, a incontinência também é uma temível
complicação que afeta tragicamente a qualidade de vida do paciente resultando em
enorme sobrecarga física e emocional ao cuidador.
Ao abordarmos o tema incontinência algumas advertências preliminares devem ser
feitas.
A primeira diz respeito ao alto índice de sucesso que pode ser conseguido quando
adotamos uma posição não conformista. Toda incontinência deve merecer
adequada investigação diagnóstica que determinará as condutas médicas
específicas a serem adotadas.
Outra advertência diz respeito à limitação social e ao confinamento que podem ser
impostos ao paciente se o gerenciamento desta questão crítica não for
cuidadosamente equacionada.
Partos traumáticos e trabalhosos, realizados em casa sem recursos técnicos
adequados, freqüentemente acabam por produzir lesões na região perineal. Essas
lesões são responsáveis por alterações no controle esfincteriano e em
conseqüência, muitas mulheres passam a conviver com perdas mínimas de urina
durante muito tempo.
A intensidade varia. Desde pequenas perdas, durante esforços súbitos que
aumentem a pressão intra-abdominal como tossir até a incontinência completa com
esvaziamento total do conteúdo vesical e/ou fecal.
É óbvio que esses pacientes, quando acometidos pela doença de Alzheimer, mesmo
na fase inicial, apresentarão um agravamento importante da incontinência urinária.
É necessário também que se faça distinção entre a verdadeira incontinência ou se o
paciente está urinando ou evacuando em locais inapropriados por confusão mental
e desorientação ou por outras condições diferentes da incontinência clínica ,
conhecida como incontinência mecânica.
INCONTINÊNCIA MECÂNICA
A incontinência mecânica relaciona-se com os aspectos físicos e ambientais.
O paciente sente necessidade de ir ao banheiro para urinar ou evacuar, porém
obstáculos físicos e ambientais, como estar longe do banheiro, não identificar onde
está o banheiro por iluminação precária ou por desorientação têmporo-espacial,
impedem que alcancem o vaso sanitário a tempo e o acidente ocorre.
O paciente pode estar enfrentando dificuldades em comunicar que quer ir ao
banheiro. Tenta avisar de variadas formas, agitando-se, levantando e sentando
várias vezes, esfregando as pernas, andando rapidamente, batendo com as mãos
nas coxas ou nos braços da poltrona, coçando-se na região genital ou mesmo
abaixando as calças ou levantando o vestido. É necessário que fiquemos alerta
acerca destas possibilidades.
Outro fato que ilustra uma incontinência mecânica é quando, por exemplo, o
indivíduo sente vontade de urinar ou evacuar, porém em virtude de dificuldade em
locomover-se, por dor em um joelho ou outras condições limitantes, acaba por
adiar a ida ao banheiro e o acidente acaba ocorrendo.
Esses exemplos demonstram a importância de se fazer um retrospecto a respeito
desta questão, para que essas possibilidades sejam excluídas e, se confirmadas,
sejam imediatamente solucionadas.
A incontinência pode não estar necessariamente ligada ao processo demencial e
dessa forma não deve ser aceita como complicação normal da doença de Alzheimer
até que outras possibilidades sejam excluídas.
As roupas complicadas para serem abertas pelo próprio paciente podem retardar o
ato da micção ou evacuação. É importante que a roupas sejam de fácil manuseio,
de preferência sem botões, com velcro ou elásticos.
Cadeiras muito baixas que dificultam que o paciente se ponha em pé rapidamente,
também pode estar dificultando o acesso ao banheiro.
Quando o paciente tem dificuldade em encontrar o banheiro, o uso de cores
berrantes e contrastantes nas portas e o uso de placas de identificação, além da
manutenção do ambiente convenientemente iluminado, podem colaborar e até
mesmo evitar a ocorrência da incontinência mecânica.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
O problema da incontinência urinária é relevante e deve ser analisado sob o ponto
de vista não apenas médico, mas também social, econômico e psicológico.
A incontinência urinária é freqüente, de alto custo, muitas vezes negligenciada e
geralmente antecede a incontinência fecal.
Calcula-se que pelo menos 1/3 da população idosa americana tenha algum grau de
dificuldade em controlar a urina. Cerca de 10% semanalmente perde urina
involuntariamente, molhando as roupas. Praticamente a metade dos idosos
institucionalizados é incontinente.
Do ponto de vista psico-social a incontinência leva o indivíduo ao isolamento social,
depressão e regressão, sendo essa uma das principais causas que determina a
institucionalização permanente.
A incontinência urinária favorece várias complicações como assaduras, úlceras por
pressão, infecção do trato urinário etc.
Existe também a possibilidade de ocorrência de celulite nas pernas e pés em função
de os pacientes constantemente estarem com essas regiões umedecidas pela urina.
Pacientes portadores de distúrbios cognitivos e os portadores de diminuição de
sensibilidade periférica estão mais sujeitos a essa complicação.
Estudos demonstram que, apesar da importância desta entidade, nos EUA, apenas
um entre três médicos inicia um planejamento terapêutico para os incontinentes.
Sabe-se que pelo menos 2/3 das incontinências são virtualmente curáveis;
inexplicavelmente, porém, continuam sendo negligenciadas.
As incontinências podem ser divididas da seguinte forma:
INCONTINÊNCIA TRANSITÓRIA
Especialmente importante na doença de Alzheimer é o tipo de incontinência que
afeta 1/3 dos idosos que vivem na comunidade e metade dos indivíduos
institucionalizados.
É causada por algum agente externo e normalmente passível de tratamento e cura.
A cura reside no afastamento do fator causal que pode ser:
1. Delirium
2. Infecção urinária
3. Medicamentos
4. Depressão
5. Hiperglicemia e Hipercalcemia
6. Imobilidade
7. Fecaloma
8-Deficiência Estrogênica
A incontinência pode também estar relacionada com fatores de irritação vesical,
como no caso de cistites, tumor vesical, ou cálculos intravesicais.
É imperioso que ,antes de se estabelecer que a incontinência apresentada é
permanente, que os possíveis fatores desencadeantes sejam clinicamente
afastados.
INCONTINÊNCIA PERMANENTE
Esse tipo de incontinência normalmente está relacionado com o comprometimento
neurológico.
Nas fases mais adiantadas da doença de Alzheimer, por comprometimento do
sistema nervoso central, a bexiga contrai-se subitamente, sem aviso, esvaziandose completamente. Esse fato é conhecido como hiperatividade detrussora ou
supercontração da musculatura vesical.
O exame físico detalhado inclui o toque retal, para possível detecção de impactação
fecal, avaliação da próstata no homem e exame ginecológico completo nas
mulheres.
De posse destes dados, os exames complementares necessários para descartar a
incontinência transitória serão solicitados.
A avaliação urodinâmica compreende a cistometria, eletromiograma,avaliação de
fluxo urinário e avaliação radiológica.
As avaliações sofisticadas devem ser reservadas aos casos em que, após os
procedimentos citados, a causa de incontinência continua desconhecida e as
terapias propostas falharam.
Na fase inicial da doença de Alzheimer se houver incontinência, o simples fato de
conduzir ou estimular o paciente a urinar com maior freqüência, apresenta bons
resultados.
Uma avaliação rigorosa deve incluir um registro detalhado do histórico da
incontinência, horários, freqüência, severidade, duração, medicamentos em uso,
diabetes, dor / ardor ao urinar, coloração e cheiro da urina, histórico de cálculo
renal etc.
Os registros das ocorrências bem feitos, quando analisados, podem demonstrar
onde está a chave da questão, minimizando os episódios a partir de medidas
simples, como a restrição monitorizada de líquidos a partir de um determinado
horário ,em casos de incontinência noturna.
O registro feito pelo cuidador deve conter informações do comportamento da
incontinência e do hábito urinário a cada 2 horas por um período de 48 horas.
A tabela abaixo ilustra um registro simples, prático e com
informações fundamentais.
SECO
HORA
MOLHADO
QUANTIDADE
POUCO
LÍQUIDOS
MEDICAÇÕES
OBSERVAÇÕES
REGULAR
ALIMENTOS
MUITO
8
M
M
DIURÉTICO
-
Avisou q
estava
urinando.
10
S
X
-
-
Foi conduzido
urinou
12
S
X
-
ALMOÇO +
SUCOS
-
14
M
P
-
LANCHE +
LEITE
Não Avisou
16
S
X
-
-
Pediu e foi
conduzido
Urinou
18
M
R
-
JANTAR +
SUCOS
Dormindo
Esses registros auxiliam decisivamente na avaliação da incontinência e devem ser
preenchidos com rigor.
Algumas medicações podem ajudar no controle da incontinência urinária e devem
ser prescritos pelo médico.
As drogas anticolinérgicas devem ser evitadas no paciente com doença de
Alzheimer, pois podem desencadear e/ou agravar os quadros de incontinência.
Além destas providências, quando a incontinência se torna irreversível, esgotadas
as outras possibilidades de êxito, utilizam-se outros recursos que devem ser
adaptados individualmente às necessidades.
Um paciente incontinente vítima de um AVC (derrame) pode se beneficiar mais do
uso de fraldas e calças plásticas, pois poderá, com a mão que conservou o
movimento, auxiliar e colaborar para urinar em horários predeterminados. Já para
pacientes restritos ao leito e demenciados, o uso de lençóis com impermeáveis de
borracha ou com gel absorvente são mais apropriados.
Para pacientes demenciados que andam, o uso de fraldas com gel absorvente é
indicado mas, se houver incontinência fecal associada, outro recurso deve ser
utilizado. As calças plásticas devem ser usadas com muita cautela, por serem
freqüentemente responsáveis por processos infecciosos.
O uso de condom (camisinha de vênus) com cateter, conhecido como uripen é útil
para pacientes do sexo masculino. Apresentam complicações, especialmente as
lesões de pele por alergia etc. Para as mulheres não há, infelizmente até o
momento, um coletor externo realmente eficiente.
Soluções inusitadas têm sido propostas no manejo da incontinência urinária, como
os grampos de pênis, confeccionados de material de consistência semelhante à
espuma de borracha, comprimindo a uretra e evitando a incontinência.
Previsivelmente, por serem incômodos e antinaturais não obtiveram sucesso em
sua utilização.
Todos esses artefatos, especialmente quando o paciente continua em atividade,
devem estar disfarçados, dissimulados, escondidos dentro das roupas na
preservação da dignidade.
O uso de “comadres” para mulheres e “papagaios” para os homens, pode ser útil
especialmente à noite e para os pacientes restritos ao leito. Os vasos sanitários
portáteis podem ser utilizados em viagens, quando não se sabe se se encontrará
um banheiro nos horários predeterminados.
Alguns cuidadores usam a técnica da recompensa, oferecendo doces e guloseimas,
quando o paciente consegue se manter seco por determinados períodos de tempo.
Essa é mais uma estratégia questionável, porém certos cuidadores afirmam obter
resultados positivos.
INCONTINÊNCIA FECAL
A incontinência fecal é mais grave que a urinária e, quando se instala, dificilmente é
reversível.
É necessário que ao primeiro sinal de incontinência fecal alguns pontos sejam
checados: a presença de doença anoretal, o uso abusivo de laxativo, presença de
impactação fecal e fecalomas.
Um exame proctológico completo se impõe.
O uso de uma dieta direcionada para regularizar o funcionamento intestinal,
lentificando-o dentro de rígidos critérios, dietas obstipantes, indução de constipação
controlada por medicamentos e predeterminação dos horários para a evacuação
são os recursos disponíveis que, convenientemente utilizados, reduzem o grau e a
severidade desta trágica complicação.
A antecipação do acidente é um dos melhores instrumentos no gerenciamento da
incontinência fecal. Conduzir o paciente em horários predeterminados, apresenta
bons resultados. Esse procedimento pode demorar até que vire rotina, porém os
resultados compensam o esforço.
Outros Recursos
Sentar o paciente no vaso sanitário e ficar junto a ele conversando calmamente,
ouvir música, abrir a torneira da pia (para o ruído tentar estimular a micção),
verificar que o ambiente esteja calmo e que não existam outras pessoas no recinto
(que poderiam estar inibindo-o), são medidas adicionais, porém, fundamentais no
sucesso do enfrentamento dessa crucial questão que atinge frontalmente a
dignidade do indivíduo.
Se o uso de sonda vesical permanente tiver que ser utilizado, em função de escaras
ou outras condições, a sonda deve ser de diâmetro e balão adequados. Sondas com
balão e calibres pequenos são comumente responsabilizadas pela perda de urina ao
redor da sonda, porém esse é um equívoco, uma vez que normalmente esse fluxo
se deve à contratura vesical e dessa forma a troca por uma sonda balão e
diâmetros maiores só agravará o problema, causando erosão uretal e incontinência
fecal. Detectando o fato, o uso de medicações específicas colabora na resolução do
problema.
A sonda de demora deve estar conectada a um coletor fechado. Não deve ser
lavada com anti-sépticos nem deve ser fechada por alguns períodos.
A técnica de “treinamento da bexiga” clampeando a sonda por alguns períodos é
superada e pode perpetuar as infecções do aparelho urinário.
As sondas vesicais devem ser trocadas, no máximo, a cada três semanas, por
profissional, com rigorosa técnica e assepsia.
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