ÉTICA E ECONOMIA Introdução Caro, aluno! Esta coletânea foi adaptada exclusivamente aos alunos que estão cursando a disciplina de Formação Sociocultural e Ética em caráter de dependência e/ou adaptação. Portanto, reúne as principais matérias divulgadas na coletânea 2011, com o foco em Ética e Economia, somadas às principais notícias do ano de 2012 até então divulgadas. Com isso, pretende-se aproximá-lo e levá-lo a refletir sobre assuntos cotidianos de cunho social, econômico e ético. Textos Propomos para início de leitura a interrogativa “O que é economia?”. Optamos por fazê-lo por meio de um texto que poderá elucidar aspectos básicos sobre esta temática, na medida em que trata de forma clara algumas das concepções básicas da economia, como, por exemplo, o fato de entendermos que a economia é, sim, uma “companheira” do dia-a-dia. Em seguida, apresentamos um texto para a sua reflexão acerca da relação existente entre ética e economia. O QUE É ECONOMIA? Economia é a ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Ela estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação entre as necessidades dos homens e os recursos disponíveis para satisfazê-las. Assim sendo, esta ciência está intimamente ligada à política das nações e à vida das pessoas, sendo que uma das suas principais funções é explicar como funcionam os sistemas econômicos e as relações dos agentes econômicos, propondo soluções para os problemas existentes. A ciência econômica está sempre analisando os principais problemas econômicos: o que produzir, quando produzir, em que quantidade produzir e para quem produzir. Cada vez mais, esta ciência é aplicada a campos que envolvem pessoas em decisões sociais, como os campos religioso, industrial, educação, política, saúde, instituições sociais, guerra, etc. Macroeconomia e microeconomia são as principais divisões da ciência econômica. A microeconomia é o ramo que estuda o comportamento dos agentes econômicos (unidades individuais) em relação ao mercado consumidor, empresas, donos dos recursos de produção. Chamada também por teoria dos preços, um exemplo de seu trabalho é o estudo das alterações do comportamento de empresas e pessoas em casos de oscilações de preços. A macroeconomia estuda o desempenho global, ou seja, a economia como um todo. Produção de bens e serviços, taxas de inflação, taxas de desemprego, poupança, consumo, investimentos e governo. É a economia das cidades, nações, dos grandes sistemas econômicos. É ela que estuda e propõe soluções, por exemplo, para situações de desemprego em massa, ou grandes crises de um dado mercado. Além dos resultados da atuação desta ciência em questões diretamente a ela ligadas, como dinheiro ou produção ou mercado financeiro, a economia influencia diretamente e indiretamente outras áreas da sociedade, seja a política, que está a ela intimamente ligado, ou seja a qualidade de vida das pessoas. (http://www.fea.usp.br/conteudo.php?i=202) A TIVIDADE ECONÔMICA E ÉTICA De todas as atividades que o ser humano realiza é fundamental aquela cujo objetivo é satisfazer as necessidades materiais para que possa se desenvolver como ser humano. Colocado dentro de um grupo social, o homem pode desenvolver uma atividade econômica já não somente individual em relação às suas necessidades mas uma atividade produtora de bens e serviços para a satisfação de necessidades de toda a comunidade. E tal atividade implica numa conduta, em decisões sobre formas e maneiras de atuar, em opções entre diversas alternativas. Esta atividade tem um fim claramente determinado, que Pio XII clarificou assim: “Garantir ininterruptamente as condições externas que permitam a cada cidadão desenvolver plenamente sua vida individual” e “garantir a permanente satisfação de bens e serviços materiais, orientados, por sua vez, ao desenvolvimento das condições morais, culturais e religiosas”. A conduta econômica de quem produz bens e serviços ou investe capital financeiro para que outros produzam é uma conduta de um ser humano e deve ter três características essenciais: uma ética, outra humana e outra social. PRIMEIRA: Deve ser ética porque toda a conduta econômica é, em última análise, o resultado de um ato de decisão pessoal, de uma escolha entre o que é bom, mau, melhor ou pior para si e para os outros. Até naquilo que parece estritamente técnico e nada relacionado com a moral, como, por exemplo, a fixação de um determinado preço, é um vasto campo da ética. Assim, fixado um custo de produção, ainda resta uma área de decisão pessoal sobre a quantidade do produto almejado, do rendimento esperado. Esta decisão é injusta se o produtor aproveita a escassez do produto ou a necessidade do consumidor e fixa um preço alto que exige do consumidor ou usuário enorme sacrifício para pagá-lo ou o impede de adquirir o bem necessário ou o serviço requerido. Esse resultado prejudicial, que pode chegar a por em risco a própria vida das pessoas, é uma conseqüência anti-ética de um sujeito econômico de obter um exagerado percentual de lucro. É contrária à ética toda a decisão econômica de produzir produtos de má qualidade ou de fazer publicidade mentirosa ou de estabelecer sistemas usurários de crédito, pois se lesa a honradez, a honestidade e a verdade. E, ainda mais, no plano da ética cristã, tais decisões são claramente pecaminosas, abjetas e dolosas violações da lei essencial do amor ao próximo. SEGUNDA: Deve ser humana porque é uma pessoa humana que a leva a termo e são pessoas humanas que necessitam que se realize. Portanto, deve ser subordinada às necessidades e possibilidades concretas do homem. Não pode desconhecer nem a dignidade humana nem a igualdade essencial das pessoas. Não pode trair nem a solidariedade nem a fraternidade. Nela, não pode ser buscada a vantagem própria às custas dos sacrifícios dos demais. É humana a conduta do produtor, industrialista, comerciante, quando tem em conta as necessidades socias do trabalhador e do consumidor. Quando o estimula, o alenta, o identifica, o orienta e corresponde às suas expectativas éticas. Quando o trata com justiça, com eqüidade e sem burla. TERCEIRA: Deve ser social porque a atividade econômica se realiza no grupo social em que incide, sobre cujo desenvolvimento e bem-estar influi decisivamente e ao qual deve servir por um imperativo de justiça social. As vantagens que um indivíduo ou empresa obtêm de suas operações é conseqüência de que, na sociedade em que atuam, têm encontrado trabalhadores, consumidores e fornecedores, sem os quais ele não existiria... Ignorar ou minimizar os prejuízos infligidos ao grupo pelo abuso de preços ou baixa qualidade dos produtos, pela ineficácia dos serviços ou pelo descumprimento de contratos é condenável eticamente como falta de solidariedade, censurável egoísmo, má fé e indevido aproveitamento de posição econômica, técnica ou financeira privilegiadas. A atividade econômica é apenas uma parte da atividade social total desenvolvida por todos os cidadãos e coordenada pelo Estado (...) para alcançar o bem-estar das pessoas. Ela cria condições materiais que juntamente com as culturais, morais e espirituais integram o Bem Comum. Para tanto, tal atividade está subordinada no seu exercício a esse Bem Comum para o qual todos contribuem e no qual todos devem participar. É POSSÍVEL SER ÉTICO NA ATIVIDADE ECONÔMICA? Que a conduta econômica deve ser ética é evidente e inquestionável. Todos desejamos e necessitamos que seja assim. Mas... quando ante a realidade sócio-econômica em que o êxito se alcança geralmente atuando de forma anti-ética, anti-social e anti-humana, ao se indagar se é possível aplicar os valores éticos nesta realidade, a resposta é geralmente negativa. Até se aceita que seria desejável, mas que não é, de forma alguma, factível. Acostumamo-nos a pensar que vantagens e proveitos só se obtém por conta da exploração dos outros, do engano, do disfarce, da especulação, do suborno, da especulação e da chantagem. Quando se diz, vulgarmente, de uma pessoa que é pobre, porém honrada, o que no fundo se está dizendo é que por ser honrada não pode ser rica. Um humorista católico inglês dizia que a riqueza de muitos dos seus amigos e conhecidos não era o resultado de sua capacidade, talento ou habilidade para os negócios senão que da quantidade de pecados mortais que haviam cometido para obter suas riquezas. […] Não se discute que o produtor ou o investidor busque vantagens ou rendimentos compensadores e que isto motive sua ação. Mas tal objetivo pode ser alcançado sem ferir a justiça, agindo honrada e honestamente, sem explorar o trabalho humano nem aproveitarse das necessidades alheias, sem causar prejuízo à sociedade em proveito próprio. Parafraseando Leão XIII, é factível, sim, edificar legitimamente uma situação econômica folgada... sem fazê-lo em cima da pobreza e miséria dos demais. Quando o empresário paga salários adequados às necessidades de quem lhe presta serviços, quando produz artigos com qualidade que garanta sua duração, quando não aproveita situações de escassez para sonegar e especular com os preços, está agindo eticamente e pode obter vantagens razoáveis, legítimas e justas. Muitos fracassos de pequenos produtores têm sido atribuídos a terem querido agir eticamente. Mas na maioria dos casos, como as experiências têm demonstrado, ao analisar a situação concreta, viu-se que o fracasso se deveu a um planejamento equivocado, técnicas ou equipamentos obsoletos, falta de estudos de mercado, erros no cálculo dos preços, aquisição de insumos etc. São os erros econômicos e técnicos e não as boas intenções operacionais os geradores de perdas e desastres. […] Se a pessoa busca o lucro, se o seu objetivo prioritário é o de acumular riqueza e adquirir poder econômico, os critérios éticos lhe serão um obstáculo e os abandonará. Por outro lado, se sua conduta for ética, entenderá e agirá com o conceito de que a riqueza tem caráter unicamente instrumental, que é sempre meio, nunca fim. Seu esforço de trabalhador ou produtor produzirá o necessário para uma vida digna. Poderá até viver uma pobreza que é suficiência e não miséria, sem violar direitos alheios, respeitando a dignidade e a igualdade entre os homens, sendo justo, honrado e honesto. Uma ética profundamente arraigada e sinceramente vivida não é empecilho nem inconveniência para o bom êxito na atividade econômica. Disto a experiência nos oferece fartas e abundantes provas. (Adaptado. http://eumat.vilabol.uol.com.br/eticaeconomia.htm) Mantivemos a seguir o artigo de Martin Wolf, o qual explica de que modo a economia mundial tomou nova forma, enfatiza que a divisão entre os países continua e aponta algumas diferenças entre países ricos e emergentes pós-crise. O autor esclarece, também, que uma das causas da divisão é a de que os países em desenvolvimento têm demonstrado condições de gerar crescimento sustentável. Por fim, Wolf afirma que pode haver, no futuro, implicações benéficas oriundas dessas diferenças. Em seguida, fique por dentro sobre a perspectiva para a economia global em 2012. A PÓS A CRISE GLOBAL, O MUNDO CONTINUA DIVIDIDO, MAS COM UM NOVO FORMATO Por Martin Wolf A consequência imediata da crise financeira foi um colapso econômico, que veio acompanhado por ações heroicas e foi seguido por uma recuperação bem recebida. Agora, estamos começando a ver a nova forma que a economia mundial tomou. Trata-se de um mundo dividido. A divisão se deve em parte ao fato de que a doença bolhas nos preços dos ativos, endividamento excessivo e irresponsabilidade do setor financeiro - afetou diretamente alguns países de alta renda, entre os quais o maior, os Estados Unidos. Outra causa de divisão está no fato de que alguns dos remédios que os países de alta renda estão usando causam efeitos adversos no restante do mundo. A causa fundamental de divisão, porém, é que os países emergentes estão se provando capazes de gerar crescimento sustentável. Diferenças A divergência entre o desempenho dos países de alta renda e o da maioria dos emergentes é notável. Nos primeiros, o desemprego é elevado, a produção está bem abaixo da tendência, a política monetária continua agressiva e os deficit fiscais são altos. Mas em muitos países emergentes a capacidade ociosa já foi reaproveitada e a inflação se tornou preocupação maior que a recessão. Entre os motivos para o dinamismo dos países emergentes está o efeito secundário de políticas adotadas pelos de alta renda em crise, especialmente Estados Unidos. Com apetite renovado por risco da parte dos investidores, os fluxos de capital na direção dos países emergentes se recuperaram de maneira vigorosa, ainda que se mantenham bem abaixo dos níveis de 2007. Os influxos crescentes de capital nos países emergentes fazem completo sentido. No ano passado, argumenta o Banco Mundial, as economias dos países emergentes cresceram 7%, ante apenas 2% em 2009. Mesmo excluídas China e Índia, cujas economias cresceram respectivamente 10% e 9,5%, as economias dos países emergentes e em desenvolvimento se expandiram em 5,2% em 2010. A exceção significativa a essa história feliz foi a Europa Central e Oriental, com 4,7% de crescimento em 2010, após uma contração de 6,6% em 2009. Enquanto isso, as economias dos países de alta renda continuam fracas. O Banco Mundial estima que seu crescimento médio foi de 2,8% em 2010, depois de uma contração de 3,4% no ano anterior. A economia dos Estados Unidos cresceu 2,8%, depois de encolher 2,6% em 2009, e a da zona do euro cresceu 2,7%, depois da queda de 3,5% no ano anterior. Na economia mundial como um todo, vemos preços fortes para as commodities (mercadorias) e pressões inflacionárias. Nos países de alta renda, alguns observadores contrastam a fraqueza econômica nacional aos preços mais altos para os importados, e temem o retorno da estagflação dos anos 70. Outros se preocupam com a possibilidade de que o fluxo de capital para os emergentes venha a resultar em nova e inevitável sucessão de crises financeiras no futuro. O que é certo é que o desempenho econômico parece destinado a se manter díspar por longo tempo. E, apesar de todos os desafios que a divergência atual cria, ela tem implicações benéficas. A atual disparidade indica ao menos a possibilidade de uma convergência mais profunda de rendas. O mundo dividido que temos hoje pode no futuro significar um mundo menos desunido. (WOLF, Martin. Após a crise global, o mundo continua dividido, mas com um novo formato. Folha de S. Paulo, São Paulo, 27 jan. 2011. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ fsp/mercado/me2701201117.htm> ) E CONOMIA EM 2012 PODE CRESCER POUCO Relatório revê expectativas para o cenário global: a perspectiva para o cenário global em 2012 é de menos crescimento e afrouxamento monetário. Fechar O banco BNP Paribas revisou para baixo as previsões de crescimento para a economia mundial no ano que vem, reduzindo a expectativa inicial de 3,4% para 3,2%. Os dados estão no relatório global trimestral, intitulado Global Outlook – Uphill Struggle (ou Perspectiva Global – Subindo a ladeira, como foi traduzido), apresentado no último dia 28 de novembro. “A perspectiva para o cenário global em 2012 é de menos crescimento e mais afrouxamento monetário”, afirma Marcelo Carvalho, economista-chefe da instituição para a América Latina. Ele diz que as previsões são influenciadas pela crise na Europa, que tinha um crescimento projetado para o ano que vem de 0,7%, e agora está em 0,2%. O economista Robson Valdez, mestre em relações internacionais, explica que o crescimento econômico mundial está atrelado ao poder de compra dos países desenvolvidos. “Se essas economias entram em processo de recessão, de desaceleração, fatalmente isso afeta a capacidade de todos os outros países fazerem negócios”, diz. Carvalho aponta que, diante deste cenário de menor crescimento, existe um quadro binário: aquele que os economistas apostam ser o mais provável, no qual a crise assume uma direção mais favorável, e outro, no qual a situação será dramática, com severa recessão. “O destaque é que há dois cenários possíveis e, na nossa avaliação, o mais benigno é o que tem maior chance de se concretizar”, afirma. Possíveis soluções Carvalho diz que quatro fatos precisam ocorrer para que o mundo atue num cenário econômico mais favorável no próximo ano: progresso fiscal e estrutural dos países da zona do euro; maior cooperação fiscal entre os países do bloco, consolidando a união monetária e a coordenação fiscal; maior intervenção do mercado de dívida soberana, com mais compra de títulos por parte do Banco Central Europeu (BCE); e, por fim, o afrouxamento monetário quantitativo do BCE, com corte da taxa de juros. Ele ressalta que, apesar de acreditar que o juro básico da economia europeia deve ser reduzido ainda em dezembro, a situação, até o fim do ano, entretanto, pode ser completamente diferente do que apontam as projeções agora. “A dinâmica do quadro global tem se acelerado nos últimos dias e temos que olhar os indicadores quase diariamente. Em pouco tempo, o quadro pode ter se alterado significativamente, ou seja, os próximos dias serão importantes para vermos qual dos cenários se consolidará”, comenta Carvalho. Valdez fala que os quatro fatores apontados são boas iniciativas para alavancar novamente a economia europeia, mas salienta que todas as medidas apresentam dificuldades para serem executadas. “Angela Merkel, chanceler da Alemanha, já se manifestou publicamente contra uma mudança na atuação do BCE, por exemplo”, cita o economista. Ele comenta que países mais fragilizados como Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal seriam mais submissos a essa articulação, e que ficaria por conta de Alemanha e França convencerem esses países a aceitarem maior ingerência do BCE no que diz respeito à execução desses ajustes ficais. “Isso é bastante conflitante”, afirma. (http://operacoescambiais.terra.com.br/noticias/operacoes-empresariais-2/economia-em2012-pode-crescer-pouco-316) Como parte de nossa discussão sobre economia, consideramos fundamental refletirmos criticamente sobre o capitalismo e suas implicações. Faremos isso sob a ótica de um estudioso que pontua aspectos históricos importantes e fundamentais para que entendamos um pouco mais sobre quem somos e o que nos tornamos neste modelo econômico. C apitalismo: civilização e poder Chegamos finalmente, neste 21º século da era cristã, a uma etapa histórica em que todos os povos da Terra, em maior ou menor grau, participam da mesma civilização: a capitalista. No entanto, poucos, no mundo todo, dão-se conta desse fenômeno único em toda a História. Qual a razão dessa inconsciência coletiva? Há duas razões principais, a meu ver. A primeira delas é que o curso dessa evolução histórica só veio a se completar recentemente. Até a segunda metade do século XX, o capitalismo ainda não havia alcançado todos os confins do orbe terrestre. Algumas regiões permaneciam, até então, isoladas do resto do mundo, envoltas no espesso manto de velhas tradições. A segunda razão, pela qual uma boa parte da humanidade ainda não tomou consciência desse fato histórico sem precedentes, é que, fora do círculo intelectual marxista, o capitalismo sempre foi apresentado, pura e simplesmente, como um sistema econômico; e boa parte dos economistas o analisava, e continua a analisá-lo, na esteira dos fisiocratas franceses que influenciaram Adam Smith, como o único sistema natural da vida econômica. Creio chegado o momento de se compreender o fenômeno, ou seja, de se tomar o capitalismo em toda a sua riqueza de sentidos (cum prehendere); vale dizer, antes de mais nada, como uma autêntica civilização, usando esse conceito em sentido eticamente neutro. Para tanto, preferi chamar a atenção do leitor para a época de surgimento dessa forma de vida geral dos povos. Mas, além disso, pareceu-me também importante, dentre os vários traços definidores dessa civilização, ressaltar aquele que representou, indubitavelmente, o de maior relevância no processo de transformação global da vida em nosso planeta: o poder capitalista. Civilizações: a herança indo-europeia Deve-se entender por civilização a reunião de vários povos, que falam línguas da mesma família, partilham da mesma mentalidade coletiva, submetem-se às mesmas instituições de organização social e dispõem do mesmo saber tecnológico. Desse conjunto de elementos formadores de uma civilização, convém destacar a mentalidade coletiva e as instituições de organização social. As civilizações, afirmou Fernand Braudel,1 são, antes de tudo, mentalidades coletivas. A noção de mentalidade foi elaborada pelos historiadores franceses ligados à revista Annales d’Histoire Economique et Sociale, fundada em 1929.2 A ideia central dessa escola de pensamento historiográfico é a de que, contrariamente à tese marxista, as ideias e os valores predominantes em uma sociedade não são mero produto de suas condições econômicas, mas mantêm uma certa autonomia em relação a essas e, muitas vezes, as transformam. A rigor, não existe uma diferença fundamental entre o conceito de consciência coletiva ou comum de Emile Durkheim e a noção de mentalidade, desenvolvida pelos citados historiadores franceses. Em sua tese de doutorado, defendida na Faculdade de Letras de Bordeaux em 1893, e intitulada De la division du travail social, Durkheim sustentou que “o conjunto das crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma sociedade forma um sistema determinado, que tem vida própria”, e que pode ser chamado consciência coletiva ou comum.3 Sem dúvida, ela não tem como substrato um órgão único, sendo por definição difusa em toda a extensão da sociedade. Mas apresenta caracteres específicos que a tornam uma realidade perfeitamente distinta, notadamente das consciências individuais: tanto mais distinta, quanto mais fortemente o indivíduo se opõe às crenças, opiniões e valores dominantes na sociedade, e sente-se, com isso, constantemente acossado em seu isolamento. Além disso, a duração da consciência coletiva é sempre maior do que a das vidas individuais. Os indivíduos passam, mas a consciência coletiva permanece viva e atuante, de geração em geração. O importante é frisar que esse conjunto de ideias, sentimentos, crenças e valores predominantes forma um sistema, que atua na mente de cada um de nós como uma espécie de reator automático, no julgamento de fatos ou pessoas. Nesse sentido, é uma realidade mental muitas vezes subconsciente e, quando reconhecida pelo sujeito, é não raro por ele ocultada, ou então expressa de modo enganoso. Na verdade, as mentalidades individuais variam enormemente entre si, em razão do patrimônio genético e da influência do meio social onde vivem os indivíduos. A influência da mentalidade coletiva nas mentes individuais é também muito variada, escalonando-se em múltiplos graus, desde a rejeição absoluta até a adesão completa. (…) Como sustentou Marx, há incontestavelmente no mundo moderno, plasmado pelo sistema capitalista hegemônico, mentalidades de classe; assim como havia, na sociedade medieval, mentalidades próprias de cada ordem ou estamento. Há também, necessariamente, mentalidades etárias, de gênero, de casta, de etnia; mentalidades urbanas e campestres; mentalidades regionais e nacionais; e assim por diante. A estirpe civilizatória indo-europeia Até propriamente a metade do século XX, distinguia-se uma linhagem linguística indoeuropeia, abarcando os idiomas de quase toda a Europa, do planalto iraniano e da Ásia do Sul. Poucos estudiosos, porém, sustentavam a existência de uma estirpe de civilizações indo-europeias. Em seu clássico A Study of History, por exemplo, Arnold Toynbee nada diz a esse respeito. Foi somente a partir de meados do século passado que alguns eminentes estudiosos europeus, dentre os quais convém destacar Georges Dumézil,5 fixaram sua atenção sobre uma longa linhagem cultural, envolvendo não apenas línguas, mas mitologias, rituais, formas de organização da sociedade, expressas ou não em obras literárias; linhagem essa que remonta ao terceiro milênio antes de Cristo, época em que uma horda de cavaleiros migrantes, oriundos provavelmente do sul da Rússia atual, invadiu a maior parte do continente europeu e avançou até os confins da Índia. O conjunto desse enorme acervo cultural articula-se em torno de uma estruturação da sociedade em três grupos distintos: sacerdotes, aristocratas-guerreiros e agricultores. Cada um desses grupos encarrega-se de uma função determinada: os sacerdotes oram, conciliando as boas graças dos deuses; os guerreiros combatem, defendendo a sociedade contra o inimigo externo; os agricultores produzem bens, assegurando a subsistência física de todos. Trata-se de uma organização social hierarquizada, na qual os dois primeiros grupos são os únicos a dispor de poder: os sacerdotes sobre as almas e os militares sobre os corpos, enquanto o terceiro grupo permanece sempre sujeito aos demais. Para ficarmos em um só exemplo histórico, em Roma, com a instauração da república e a distinção (mas não separação) entre o direito religioso (fas) e o direito leigo (ius), aos magistrados (no sentido antigo de altos funcionários públicos) foi reconhecida a potestas, isto é, o poder de coação sobre outrem. O grau máximo da potestas era o imperium, reservado aos comandantes militares. Já aos sacerdotes – e, segundo a tradição religiosa mantida durante a república, também ao senado – reconheceu-se a auctoritas, isto é, o prestígio moral, que dignificava o seu titular como merecedor de respeito e veneração. A transição medieval para o mundo moderno A Alta Idade Média (séculos V a XI) foi, incontestavelmente, o período em que a tripartição social de origem indo-europeia atingiu o seu auge. Um documento do início do século XI, Carmen ad Rodbertum regem,7 atribuído a Adálbero, bispo franco de Laon, explica com clareza as funções de cada um desses três grupos em que se repartia a sociedade: os clérigos, os aristocratas-militares e os camponeses. Tratase de uma série de conselhos dirigidos a Roberto, o Piedoso, rei dos francos, e escritos retoricamente em forma de poema (carmen). Eis a passagem mais importante: A ordem eclesiástica compõe apenas um só corpo, mas a sociedade inteira está dividida em três ordens. A par do já citado corpo, a lei reconhece outras duas condições (sociais): o nobre e o servo não se regem pela mesma lei. Os nobres são os guerreiros, os protetores das igrejas. Defendem todo o povo, assim os grandes como os pequenos, além de se protegerem a si próprios. A outra classe é a dos servos. Esta raça de desgraçados nada possui sem sofrimento. A todos, fornecem eles provisões e vestuário, sem os quais os homens livres pouco valem. Assim, pois, a cidade de Deus, tida como una, é na verdade tríplice. Uns rezam, outros lutam e outros trabalham. As três ordens vivem juntas e não sofreriam uma separação. Os serviços de cada uma dessas ordens tornam possíveis as atividades das duas outras. E cada qual, por sua vez, presta apoio às demais. Enquanto esta lei esteve em vigor, o mundo teve paz. Mas, agora, as leis se debilitam e toda paz desaparece. Mudam os costumes dos homens e muda também a divisão da sociedade. A mudança radical de mentalidade correspondeu ao surgimento, como modelo global de vida, da busca do lucro máximo pelo exercício profissional de uma atividade econômica. Foi aquilo que Max Weber denominou, em obra de grande repercussão, o “espírito do capitalismo”.9 Em nenhuma civilização do passado, jamais se considerou o acúmulo de bens materiais como finalidade última da vida. Especificamente de acordo com a tradição indo-europeia, a riqueza não se adquiria pelo trabalho, mas era um atributo vinculado normalmente ao estatuto da nobreza. (…) A nova ética capitalista opôs-se radicalmente a essa concepção. Como recomendou o florentino Paolo di Messer Pace da Certaldo, vários séculos antes de Benjamin Franklin (Advice to a Young Tradesman), citado e largamente comentado por Max Weber em sua mencionada obra, “se tens dinheiro, não fiques inativo; não o guardes estéril contigo, pois vale mais agir, mesmo se não se tira lucro da ação, do que permanecer passivo sem lucro tampouco”.10 Escusa lembrar que a condição de senhor feudal fundava-se, necessariamente, na posse legítima da terra, e essa era, em consequência, um bem inalienável. Foi somente com a decadência do feudalismo que os burgueses abonados puderam dar-se ares aristocráticos, comprando terras.(…) É interessante observar que, mesmo após a Revolução Francesa, que destruiu o sistema jurídico feudal, a separação absoluta entre o comércio e a atividade imobiliária permaneceu em vigor na legislação napoleônica. No Código de Comércio francês de 1807, que serviu de modelo a todas as legislações comerciais do Ocidente até o século XX (…) O comerciante é, portanto, aquele que lida com mercadorias. Na língua pátria, o verbo mercar (do latim mercor, -ari; de onde mercatura, isto é, a profissão do comerciante, dito mercator) significa fazer comércio, comprar para revender, mercadejar. O componente semântico indissociável de mercadoria e de mercador é justamente a realização de lucros como objetivo da operação de compra para a revenda. Ora, o “espírito” material do capitalismo – para usarmos novamente a expressão consagrada de Max Weber – consiste, como Karl Marx bem advertiu, em tudo transformar em mercadoria: bens, ofícios públicos, concessões administrativas e até pessoas, como os trabalhadores assalariados ou os consumidores. Deparamos, aí, com uma radical desumanização da vida. O capital, como valor supremo, é transformado em pessoa ficta, dita entre nós pessoa jurídica, e em outras legislações pessoa moral. Os homens, ao contrário, quando despidos da posse ou propriedade de bens materiais, são aviltados à condição de mercadorias vivas, quando não excluídos da sociedade capitalista como pesos mortos. Ou seja, a inversão completa do princípio ético kantiano: as pessoas passam a ter um preço e perdem, desse modo, sua dignidade intrínseca. Desumanizar a vida significa excluir da biosfera o seu centro de valor universal: a pessoa humana. Cada um de nós é um ser único, insubstituível e irreprodutível. A descoberta do DNA veio demonstrá-lo. Ora, o sistema de relacionamento capitalista é essencialmente impessoal. Vivemos, cada vez mais, em um mundo de organizações artificiais sem nome, nas quais desaparece inteiramente a figura humana. Não é, pois, por simples coincidência histórica se uma das principais criações do engenho mercantil capitalista é a sociedade anônima. (…) O nascimento do capitalismo na Idade Média europeia representou, por conseguinte, sem nenhum exagero, a mais profunda cesura verificada em todo o processo histórico. Nas civilizações do mundo antigo, como tive ocasião de assinalar, sempre se votou o maior desprezo pelos ofícios mecânicos e a atividade mercantil.12 É que nenhum dos que se dedicavam a tais ofícios ou ao comércio pertencia, de direito e de fato, a um dos três estamentos tradicionais da multimilenar cultura indo-europeia. Os homens de negócio não nasciam guerreiros nem agricultores, e a sua atividade profissional era considerada absolutamente incompatível com o status religioso. (…) Se considerarmos agora a mentalidade característica da sociedade medieval, verificaremos uma mudança sensível, da Alta (séculos VIII a XI) à Baixa Idade Média (séculos XII a XV). No primeiro período, predominou um sentimento de permanente insegurança diante dos múltiplos perigos da vida terrena, insegurança essa estendida, como não poderia deixar de ser, à perspectiva de uma sobrevivência além-túmulo.16 Daí o prevalecimento de uma visão sobrenatural da vida humana, em que à tradição do culto cristão mesclavam-se, intimamente, crenças e práticas de magia. Sem dúvida, os costumes imemoriais continuavam a servir de ponto de amarração, a fim de evitar o naufrágio individual e coletivo. Mas essas vetustas tradições passaram aos poucos, na Baixa Idade Média, a ser questionadas, tanto pela razão crítica no campo especulativo, quanto pela razão inventiva no terreno tecnológico. (…) No campo das artes físicas e mecânicas, entre os séculos XII e XV, graças em grande parte à contribuição dos árabes na renovação das ciências matemáticas, a Europa conheceu notável florescência inventiva, bastando citar, a esse respeito, a bússola (mencionada pela primeira vez em 1195), os navios a vela sem remadores, as lentes oculares, os portulanos ou primeiras cartas marítimas, o emprego do carvão na indústria, os altos fornos metalúrgicos, o uso do vidro na aparelhagem científica, o relógio mecânico, o moinho eólio, a caravela, os caracteres móveis de imprensa. Importa assinalar que essa explosão de invenções correspondeu a uma notável mudança na mentalidade dos povos europeus: os homens passaram a olhar os feitos e ensinamentos do passado, não como modelos a serem imitados, mas sim como pontos de partida para a transformação futura do mundo. Com apoio na tradição, a Europa voltou-se decididamente para o porvir. Gilberto de Tournai, no século XII, pôde afirmar, peremptoriamente: “Jamais encontraremos a verdade, se nos contentarmos com o que já foi descoberto. Aqueles que escreveram antes de nós não são senhores, mas guias. A verdade está aberta a todos, ela não foi ainda possuída integralmente”. (…) Foi nesse ambiente de extraordinária mudança de mentalidade coletiva que vieram à luz os primeiros sinais da grande passagem histórica do Mundo Antigo ao Mundo Moderno, com o nascimento do capitalismo. Nasce o capitalismo A nova mentalidade burguesa Os burgueses manifestaram desde logo uma mentalidade ou visão de mundo original, em tudo e por tudo diversa daquela que animava a sociedade antiga. Essa nova mentalidade, fundada em uma taboa de valores diametralmente oposta à vigente no passado, foi registrada nos múltiplos manuais para uso dos comerciantes, largamente difundidos no meio urbano medievo. (…) O poder capitalista A expansão do sistema capitalista, da Europa Ocidental ao mundo todo, representou um dos movimentos mais característicos daquilo que se denominou a aceleração da História. Essa façanha, sem precedentes no longo processo de desenvolvimento da espécie humana na face da Terra, foi, sem dúvida, o resultado do exercício de uma nova modalidade de poder: o econômico. A dominação dos ricos sobre os pobres é tão velha quanto a própria humanidade. O capitalismo soube, porém, organizá-la de modo a lhe conferir extraordinária eficácia transformadora do meio social. Nesse sentido, como bem salientou Marx, ele exerceu na história um papel eminentemente revolucionário. (…) Arremate: a necessária construção do pós-capitalismo A grande crise financeira mundial que eclodiu em 2008 veio demonstrar que a civilização capitalista apresenta claros sintomas de esgotamento. Desde 1980, a parte correspondente aos rendimentos de capital na formação do produto mundial não cessa de aumentar, enquanto a dos rendimentos do trabalho, assalariado ou autônomo, continua a decrescer. O aumento do desemprego em âmbito mundial, provocado pela mencionada crise, ainda não manifestou sinais de reabsorção. Quase que instantaneamente vimos reproduzida, no interior de cada país, a fratura aberta no plano internacional entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos. O novo sistema de transnacionalidade empresarial, aliás, muito tem contribuído para tanto, ao promover grandes deslocamentos de empresas, dos antigos países desenvolvidos para os novos países ditos “emergentes”. Além disso, ele faz que uma empresa dominante, com sede em determinado país, estabeleça relações de senhorio e servidão com outras em várias partes do mundo, obrigando as empresas servas a operar em sistema de dumping social e negação dos mais elementares direitos trabalhistas. Ao mesmo tempo, nessa fase de hegemonia incontrolada do capitalismo financeiro, verificase, no mundo todo, uma inquietante redução dos investimentos produtivos, em relação ao total das riquezas produzidas. Todos esses fatos compõem o quadro típico de uma verdadeira crise, no original sentido hipocrático do termo: o momento exato em que o olhar experiente do médico observa uma mudança súbita no estado do paciente, para o bem ou para o mal; o instante em que se declaram, nitidamente, os sintomas da moléstia, permitindo o diagnóstico e o prognóstico. A exposição que ora se conclui não tem outro intuito senão o de suscitar, por parte dos mais doutos e experientes, no meio acadêmico e fora dele, o trabalho coletivo de construção de um modelo de civilização pós-capitalista. Para tanto, é preciso suscitar uma nova mentalidade coletiva e criar novas instituições sociais, uma e outras intimamente associadas; advertindo-se que, enquanto a mudança de mentalidades é, sobretudo, um trabalho de educação coletiva, a mudança de instituições sociais pressupõe a montagem de uma nova estrutura de poderes. (…) (http://www.ecodebate.com.br/2012/02/09/capitalismo-civilizacao-e-poder-artigo-de-fabiokonder-comparato/) O texto a seguir nos possibilita uma visão panorâmica acerca do nível econômico das famílias maringaenses. Pesquisas realizadas pela UEM e FGV apontam resultados diferentes. Na leitura, preste atenção nos dados referenciais responsáveis por essas diferenças, analise os contrastes entre as classes, bem como os benefícios que as classes A e B propiciam para a economia local. M ARINGÁ É A SEGUNDA CIDADE DO PARANÁ COM MAIS FAMÍLIAS NAS CLASSES A e B Índice de famílias nesse estrato é de 24,58%. Quantidades de maringaenses com maior poder aquisitivo só é menor que em Curitiba, que possui 32,99% de famílias nessas classes Enviar Parte inferior do formulário X fechar Maringá é a segunda cidade paranaense com mais famílias pertencentes às classes A e B, com 24,58% dos cerca de 360 mil habitantes, segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV). A cidade perde apenas para Curitiba (32,99%) na quantidade de famílias com maior poder aquisitivo. No ranking nacional das cidades com mais famílias pertencentes às classes A e B, Maringá ocupa o 34º lugar. A maior parte das famílias de Maringá é de classe C, 62,6% no total. O número de famílias enquadradas na pirâmide social como das classes E e D é baixo em relação ao número de habitantes. 9,45% das famílias são de classe D. Já na classe E são 3,37%. Ranking das classes A e B no Paraná 1º - Curitiba – 32.99% da população 2º - Maringá – 24.58% da população 3º - Londrina – 21.65% da população Pesquisa da UEM aponta que mais de 60% dos maringaenses são das classes A e B Em 2010, um estudo do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), apontou que duas em cada três famílias que residem em Maringá pertencem às classes A e B, cujo rendimento familiar está acima de R$ 2,5 mil. Isso equivale a mais de 60% da população nas classes A e B. Segundo Dias, há diferenças na metodologia da UEM para a FGV. “A nossa classificação é diferente. Utilizamos a classificação internacional. Analisamos o padrão de vida das pessoas que moram na cidade e não apenas a renda, que também é muito importante para saber o poder aquisitivo e a classe social da pessoa. Consideramos a pessoa conforme os bens que ela possui, como imóveis, carros, serviços a que tem acesso etc”, disse. Os critérios da FGV para definir as classes se referem à capacidade de geração de renda da família, mas utilizando o conceito de renda per capita. O economista da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Joilson Dias, disse nesta terça-feira (31) que ter mais famílias nas classes A e B do que outras cidades paranaenses é muito importante para a economia local. “Com o aumento da população com maior poder aquisitivo, mudamos todo o conceito de consumo da cidade. A forma e a vontade de consumir das classes A e B é muito maior. Esse número da FGV é mais do que esperado porque o padrão de vida do maringaense é cada vez maior. Para a economia local isso é muito bom e importante”, afirma o economista. A renda de cada classe A metodologia adotada no estudo da FGV considera as seguintes faixas de renda para determinar a classe social. Salários acima de R$ 6.745 são considerados classe A; entre R$ 5.174 e R$ 6.745 classe B; entre R$ 1,2 mil e R$ 5.174 classe C; entre R$ 751 e R$ 1,2 mil classe D; e abaixo de R$ 751 classe E. Socióloga diz que Maringá sempre excluiu as classes E e D A coordenadora do Observatório das Metrópoles, órgão que estuda problemas urbanos, a socióloga Ana Lúcia Rodrigues, alerta para o fato de que, a cidade nunca atraiu pessoas de baixa renda. Na opinião da coordenadora, Maringá excluiu a população pobre para a região metropolitana, principalmente por causa do preço médio da terra. “Nós sempre excluímos as pessoas pobres daqui. O preço da terra é alto em Maringá e quem não pode morar aqui vai para Sarandi, Paiçandu dentre outras. Não estamos ficando ricos. Muito pelo contrário, aqui população pobre nunca morou. As ações da cidade só atraem população que tem dinheiro como construtores, pessoas com alta escolaridade etc”, disse. Ana Lúcia disse ainda que a exclusão da população pobre é ruim porque os municípios vizinhos têm muitos problemas sociais em razão disso. “Esses municípios metropolitanos são pequenos e não conseguem resolver os problemas de pobreza. Dentre vários problemas sociais sérios posso citar o aumento na violência, a falta de oportunidades e as precárias condições básicas de saúde”, aponta. (http://www.gazetamaringa.com.br/online/conteudo.phtml?id=1218676) O PIB reflete o crescimento da economia do país. Uma queda no PIB, por exemplo, pode apontar contração de setores, como a indústria e os serviços públicos, além de altas taxas de desemprego e aumento da inflação. Além de medir a riqueza e mostrar a evolução dos agregados econômicos, o PIB é também um indicador de grande importância para a elaboração de políticas públicas e como fonte de informações para pesquisadores e acadêmicos. Abaixo, confira os números que mostram a concentração da economia em algumas regiões do país. S EIS CAPITAIS CONCENTRAM 25% DO PIB DO PAÍS, DIZ IBGE Por Pedro Soares Os seis municípios com as maiores participações no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, todos capitais, representam cerca de 25% da produção de bens e serviços do país, segundo dados do PIB dos Municípios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com dados de 2008, divulgados nesta sexta-feira. Na lista, estão: São Paulo (SP), 11,8%; Rio de Janeiro (RJ), 5,1%; Brasília (DF), 3,9%; Curitiba (PR), 1,4%; Belo Horizonte (MG),1,4% e Manaus (AM), 1,3%. Esse grupo abrigava uma fatia menor da população (13,5%), o que revela a concentração do PIB do país. Em 2004, as cinco cidades com mais altos PIBs abocanham 25% da produção de bens e serviços. Apenas a capital do Amazonas, cuja economia cresce na esteira da indústria da zona franca, passou a integrar a lista dos maiores PIBs. Na outra ponta, os 1.313 municípios com os menores PIBs (3,4% da população) respondiam por apenas 1% do PIB nacional. Entre as capitais, Palmas (TO) tinha o menor PIB de 2008. Florianópolis (SC), por sua vez, era a única que não ocupava a primeira posição em seu Estado - ficou atrás de Joinville e de Itajaí. Juntas, as 27 capitais geraram mais de um terço (33,9%) do PIB brasileiro. Outro dado revela a concentração da economia brasileira: as capitais do Norte foram responsáveis por 2,4% do PIB de 2008; enquanto as do Sudeste corresponderam por 19% da geração de riqueza do país. PIB per capita Sede da segunda maior refinaria da Petrobras, a pequena São Francisco do Conde (BA) tinha o maior PIB per capita do país: R$ 288.371. A média nacional era de R$ 15.989. Outras duas cidades ligadas à indústria do petróleo - Triunfo (RS) e Quissamã (RJ) integravam a lista das cinco maiores rendas per capitas brasileiras. Entre as capitais, Vitória (ES) possuía o mais alto PIB per capita: R$ 71.407. Em seguida, vinham Brasília (R$ 45.978), São Paulo (R$ 32.494), Porto Alegre (R$ 25.712) e Rio de Janeiro (R$ 25.122). Apesar de perder participação em anos anteriores, São Paulo se mantinha, em 2008, como principal polo industrial do país - com peso de 8,7%, abaixo dos 9,9% de 2004. Campos dos Goytacazes (norte fluminense), graças à exploração de petróleo na bacia de Campos, ficou com o segundo lugar no ranking do PIB industrial (3,4% de participação), posição alcançada desde 2005. Já na agropecuária, Sorriso (MT), produtor de soja, tem o maior PIB da atividade, valor adicionado bruto da agropecuária. Já nos serviços, apenas duas capitais (São Paulo e Rio de Janeiro) correspondiam a 25% da produção do setor. (SOARES, Pedro. Seis capitais concentram 25% do PIB do país, diz IBGE. Folha.com. 10 dez. 2010. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/843555-seis-capitaisconcentram-25-do-pib-do-pais-diz-ibge.shtml) Segundo o artigo a seguir, mesmo com a utilização de artifícios contábeis por parte do governo para engordar as receitas, o setor público não conseguiu cumprir a meta de redução de gastos e, conforme o artigo, o principal responsável por isso foi o alto investimento nas eleições 2010. Para amenizar o problema, o governo utilizou como último recurso a redução dessa meta. S ETOR PÚBLICO NÃO CUMPRE META FISCAL E MERCADO PREVÊ JURO MAIOR Por Eduardo Cucolo Pelo segundo ano seguido, União, Estados e municípios não cumpriram a meta de redução do gasto público. Para economistas, a falta de compromisso desses governos na área fiscal exigirá do Banco Central um aumento maior dos juros e mais aperto no crédito para segurar a inflação em 2011. Dessa vez, em vez da crise econômica, que reduziu a arrecadação de tributos em 2009, o principal responsável pelo resultado abaixo da meta foi o aumento de gastos nas eleições de 2010. O governo federal, por exemplo, recorreu a uma série de manobras contábeis para engordar as receitas. Estados, municípios e suas estatais economizaram apenas dois terços do esperado. A economia total do setor público para pagar os juros da dívida (superavit primário) ficou em R$ 101,7 bilhões no ano passado (2,78% do PIB). A meta era de 3,1% do PIB, ou R$ 113,4 bilhões. Como não chegou ao resultado esperado, o governo utilizou um último recurso, como em 2009, que permite reduzir a meta e considerar que, do ponto de vista formal, ela foi alcançada. Para fazer isso, o governo considera que a economia que não foi feita foi direcionada para investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que cresceram no ano eleitoral. Ao todo, mais de 40% do superavit foi obtido por meio de operações contábeis que não representaram efetivamente aumento de receita ou corte de gastos e que, por isso, não ajudam a reduzir a inflação e a dívida. Ajuda da Petrobras Em outubro, o governo fez uma operação com a Petrobras que permitiu engordar o superavit em R$ 32 bilhões. Em novembro, retirou a Eletrobras das contas públicas. No mês seguinte, incorporou mais R$ 4 bilhões às suas contas com base em depósitos judiciais na Caixa Econômica Federal e, com isso, realizou naquele mês o maior superavit para meses de dezembro em nove anos (R$ 10,8 bilhões). Apesar de ter economizado menos, a dívida do setor público caiu na comparação com o PIB de 42,8% para 40,4%. A economia brasileira cresceu mais que a dívida, que aumentou cerca de 8%. Previdência O deficit do INSS caiu 4,5% no ano passado, segundo o Ministério da Previdência, devido à arrecadação recorde. Ficou em R$ 44,35 bilhões. Para este ano, o governo prevê novo aumento na arrecadação e um deficit de R$ 41,6 bilhões. O valor pago em benefícios cresceu 7,8% no ano passado, maior crescimento registrado desde 2006. (CUCOLO, Eduardo. Setor público não cumpre meta fiscal e mercado prevê juro maior. Folha de S. Paulo, São Paulo, 01 fev. 2011. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ fsp/mercado/me0102201108.htm) O artigo a seguir traz informações sobre os assuntos debatidos em Davos, no Fórum Econômico Mundial: o aumento da desigualdade social após a crise e a "demonização" de corporações. Entre os participantes desse debate, houve consenso sobre o superaquecimento de mercados emergentes e incerteza de recuperação no mundo desenvolvido. Os dados apresentados mostram a reconcentração da riqueza nos EUA. As perdas salariais refletem como um espelho essa reconcentração. Um assessor sindical da OCDE mostrou como nos últimos dez anos os salários perderam dez pontos percentuais de sua participação na renda nacional. D AVOS COLOCA O CAPITALISMO NO DIVÃ Por Clóvis Rossi De repente, no meio de um morno debate sobre "a nova realidade econômica", o moderador, Michael Elliott, editor da revista "Time", puxou para a mesa um artigo de Robert Samuelson, com o provocativo título de "O capitalismo sob sítio". Uma bela provocação, se se levar em conta que Elliott não estava no Senegal, no Fórum Econômico Social, mas em Davos, o coração anual do capitalismo, que todo janeiro põe os líderes das grandes corporações a debater os horizontes globais. A provocação colou. James Turley, executivo-chefe da Ernst & Young, dos EUA, queixou-se de que as corporações haviam sido excessivamente "demonizadas" no ano anterior. Devolveu a provocação: "Quanto mais se demoniza, menos empregos se criam". "Sir" Martin Sorrell, executivo-chefe da britânica WPP, o maior grupo do mundo em serviços de comunicação, com receitas de US$ 15 bilhões, ecoou: "Não temos organização internacional de negócios como o G20", em alusão ao grupo. A Zhu Min, que foi vicepresidente do BC chinês até 2010, quando passou a ser conselheiro especial do FMI, coube a tarefa de introduzir o tema que mais incomoda o capitalismo: "A desigualdade é o mais sério tema individual a enfrentar", disse.Pôs números na sua tese: até a crise de 1929, 1% dos norte-americanos ficavam com 48% da riqueza, porcentagem que caiu para 28% em 1968, mas voltou aos 48% na crise do período 2008/09. Coube a um sindicalista apresentar um número ainda mais impressionante: "Nos últimos dez anos, os salários perderam para os lucros dez pontos percentuais de sua participação na renda nacional", disparou John Evans, secretário-geral do Comitê Assessor para os Sindicatos da OCDE, o clubão dos países mais ricos do mundo. Para fechar o círculo do suposto cerco ao capitalismo, Davos incluiu uma sessão sobre "a nova realidade do capitalismo de Estado", expressão que antigamente se aplicava à URSS e agora se usa basicamente para a China. O "Consenso de Pequim", como também é chamado, prevê uma ditadura de partido único, forte intervenção na economia, mas com mecanismos de mercado. Ao colocar o capitalismo no divã, não quer dizer que Davos está minimizando a recuperação da crise. É muito mais um reflexo da profundidade do abalo havido a partir de 2008/09. Zhu Min pôs número na profundidade do buraco: a recuperação da economia mundial devolveu a produção global ao nível de 2008, o que significa que foram dois anos de crescimento zero. Duas velocidades Reflete também o fato de que a recuperação se dá em duas velocidades, constatação feita ontem. O melhor resumo é de Il Sakong, representante do presidente da Coreia para a cúpula do G20, realizada em novembro na capital coreana: "Os mercados emergentes estão superaquecidos, e, no mundo desenvolvido, a recuperação é incerta". Incerta, mas recuperação de todo modo, o que levou Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova York, a dizer que via o copo meio cheio, meio vazio. Seria um lugar-comum se Roubini não fosse conhecido como "Senhor Apocalipse", sempre disposto a previsões catastrofistas. A parte cheia do copo é conhecida, mas vale a pena resumir a parte que Roubini vê vazia: o crescimento na Europa e nos EUA é anêmico, até porque ainda falta corrigir o excesso de endividamento. Por mais que haja tais sombras, o capitalismo acabou saindo airoso do dia em Davos. O chinês Zhu Min diz que seus compatriotas, se consultados sobre o modelo que gostariam de ter, responderiam que querem uma casa grande, um carro grande e uma boa aposentadoria. "O modelo americano", resumiu Zhu Min, para um suspiro de alívio da plateia. (ROSSI, Clóvis. Davos coloca o capitalismo no divã. Folha de S. Paulo, São Paulo, 27 jan. 2011. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2701201115.htm) Neste momento, sugerimos uma visita à Grécia, cujo cenário econômico abala gravemente a sociedade local. As informações comprovam que o quadro de recessão persiste. Em seguida, apresentamos um texto que explica os porquês dessa crise, no intuito de esclarecer dúvidas e estimular sua análise a respeito. G RÉCIA ENFRENTA NOVO DIA DE GREVES E PROTESTOS CONTRA CORTES Manifestação é resposta para os cortes aprovados pelo Parlamento. Sindicatos e associações de advogados e médicos fazem mobilização. 29/02/2012, Dao G1, com informações da EFE Os sindicatos majoritários gregos convocaram para esta quarta-feira (29) novo dia de protestos e mobilizações em resposta aos cortes de salários e aposentadorias aprovados na terça-feira pelo Parlamento. Sindicatos de trabalhadores protestam contra as medidas de austeridade em frente ao Parlamento, em Atenas (Foto: Reuters) "Os empregados de nosso país continuarão suas mobilizações na Grécia e na Europa para pôr fim à demolição da sociedade", destaca em comunicado o principal sindicato do setor privado, GSEE. Além dos sindicatos, aderiram ao protesto a Câmara Técnica, a Associação dos Advogados de Atenas e a Associação de Médicos de Atenas, essas entidades são contrárias a liberalização de suas profissões. Os médicos protestam contra a redução de despesas em saúde e, especificamente, no pagamento das horas extras e na redução da despesa farmacêutica, por isso convocaram greve de 24 nesta quarta-feira. A redução da despesa farmacêutica em 1 bilhão de euros em 2012 faz parte dos cortes exigidos pela União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) como condições para conceder novo empréstimo de 130 bilhões de euros e perdoar 107 bilhões de euros em bônus helenos nas mãos da iniciativa privada. Segundo o jornal 'Kathimerini', a despesa farmacêutica grega em 2009 foi o dobro da feita pela Bélgica, país com população comparável a do país mediterrâneo. Somada a redução da despesa farmacêutica, o Parlamento aprovará nesta quarta-feira a fusão das oito Caixas Econômicas que administram as aposentadorias complementares públicas em uma única instituição, medida que permitirá a redução de pessoal em 30% até 2014. As Caixas Econômicas públicas administram as contribuições individuais dos trabalhadores para complementar o pagamento estatal da aposentadoria. Em Bruxelas, o primeiro-ministro heleno, Lucas Papademos, deve reunir-se com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, para abordar a situação econômica grega que enfrenta o quarto ano de recessão. (http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/02/grecia-enfrenta-novo-dia-de-greves-eprotestos-contra-cortes.html) E NTENDA A CRISE DA DÍVIDA DA GRÉCIA Os políticos gregos aprovaram uma nova série de medidas de austeridade necessárias para obter um pacote de resgate para a economia do país. As medidas eram exigidas pela "troika" - o grupo de negociadores internacionais formados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e União Europeia. Na madrugada de terça-feira foi anunciado que o acordo permitirá que o governo grego tenha acesso a 130 bilhões de euros em empréstimos e permitir uma redução de 100 bilhões de euros na dívida que o país tem com bancos privados. No dia 20 de março, a Grécia precisa pagar uma parcela de 14,5 bilhões de euros. Entenda, abaixo, como a Grécia chegou nessa situação e quais as medidas em curso para tentar recuperar o país. Quem está pagando o resgate da Grécia? Em tese, os governos europeus não estão pagando nada, já que o pacote de 130 bilhões de euros vem na forma de um empréstimo. O dinheiro será emprestado a uma baixa taxa de juros, mas ainda acima do custo de tomada de empréstimos de países como Alemanha e França. Ao contrário dos governos europeus, os credores privados - como bancos europeus - vão perder bastante dinheiro. Pelo acordo, eles vão ter que aceitar uma redução entre 50% e 70% do dinheiro que emprestaram para a Grécia no passado. O problema é que a economia grega está em estado tão frágil que mesmo esta redução nas dívidas não será suficiente para diminuir o tamanho da dívida grega para que ela possa ser paga no longo prazo. Por isso, os líderes europeus já estão discutindo novas soluções, como pedir aos bancos privados que aceitem um prejuízo maior ainda, ou sugerindo que bancos centrais (inclusive o Banco Central Europeu) perdoem parte da dívida grega que possuem em títulos. Outra opção é reduzir a taxa de juros cobrada no pacote de resgate ou reinvestir o lucro dos empréstimos para aumentar os recursos à disposição. O que são as medidas de austeridade exigidas da Grécia? Líderes europeus têm se mantido céticos quanto à habilidade da Grécia em implementar cortes de gastos orçamentários. Então, na mais recente rodada de negociações, exigiram que o Parlamento grego aprovasse medidas que pudessem ser tomadas de forma rápida. A Grécia foi pressionada a aceitar cortes de gastos mais profundos, relativos a 1,5% do seu PIB, além de cortes previdenciários e de empregos, altamente impopulares entre os cidadãos gregos. A "troika" também quer que a Grécia torne sua economia mais competitiva, eliminando os custos burocráticos e flexibilizando leis trabalhistas. Também pressionou Atenas a reduzir o salário mínimo, diminuir o número de funcionários públicos, efetuar cortes no valor das aposentadorias e a recapitalizar os bancos gregos. Mas a Grécia já não tinha implementado medidas de austeridade? Sim, a Grécia já tinha acordado medidas de contenção de despesas e aumentos de impostos que elevarão a arrecadação em 3,38 bilhões de euros em 2013. No setor público, já haviam sido feitos cortes de salários e de bônus. Cerca de 30 mil funcionários públicos devem ser suspensos, e as pensões que ultrapassarem o teto de 1000 euros sofrerão cortes de 20%. O governo grego também havia previsto obter 50 bilhões de euros até 2020 com a privatização de ativos estatais - como portos, aeroportos e minas -, mas revisou esse número para baixo por conta da piora recente do cenário econômico. As medidas vão funcionar? Essa é a questão de 130 bilhões de euros. O objetivo dos cortes orçamentários é reduzir o deficit grego de 160% de seu PIB para 120% até 2020. Apesar das medidas de austeridade aplicadas até o momento, o governo grego continua gastando mais do que sua receita em impostos. Para alguns economistas e para os sindicatos gregos, o plano em curso atualmente está fadado ao fracasso. Eles argumentam que, ao empobrecer a população, as medidas de austeridade vão simplesmente encolher ainda mais a economia do país, reduzir a arrecadação de impostos e aumentar o deficit. Já líderes da UE dizem que a Grécia não tem escolha - que os gastos estatais precisam cair mesmo que isso signifique danos de curto prazo à economia. Também argumentam que as medidas, como cortes de salários, farão com que aumente a competitividade grega e atrairão novos negócios ao país. O que acontece se o plano fracassar? Nesse caso, a Grécia não terá como pagar seus credores. Bancos e detentores dos títulos gregos perderiam - mas uma grande parcela do dinheiro já foi, de qualquer forma, eliminado da dívida. O maior risco pode estar nos mercados, já que os investidores podem perder confiança na habilidade da zona do euro em lidar com países endividados. A Grécia, em si, não conseguiria mais obter dinheiro emprestado em lugar algum, ficando impossibilitada de pagar o que deve a seus próprios bancos. Isso poderia gerar pânico entre correntistas e possíveis quebras de bancos. O país também poderia ser forçado a deixar a zona do euro. Por que a Grécia está tão mal? A Grécia tem gastado mais do que arrecada desde antes de entrar na zona do euro. Após a adoção da moeda comum, os gastos públicos cresceram ainda mais, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram. E ao mesmo tempo em que o dinheiro saía facilmente dos cofres estatais, pouco recursos entravam, já que a evasão fiscal é amplamente praticada na Grécia. Assim, o país encontrava-se muito mal preparado para lidar com a crise financeira global que estourou em 2008. Atenas recebeu 110 bilhões de euros em pacotes de resgate financeiro, em maio de 2010, para enfrentar a crise. Depois, em julho de 2011, estabeleceu-se que o país receberia mais 109 bilhões. Mas as quantias foram consideradas insuficientes. Em outubro de 2011, a zona do euro conseguiu convencer os bancos a "cortar" 50% de seus títulos gregos, além de acordar previamente um pacote de mais 130 bilhões de euros. Os bancos deixariam de receber a metade do valor emprestado originalmente à Grécia ao adquirirem títulos gregos. Desde então, a situação grega se deteriorou ainda mais, e o acordo agora em debate envolve uma redução ainda maior na dívida grega por parte dos bancos. Por que a crise não foi resolvida com os pacotes de resgate prévios? Apesar de o caso da Grécia ser o mais grave, ele é um indicativo de problemas que têm afetado outros países da zona do euro na última década, como altos deficits e crises imobiliárias. Com a crise, ficou muito mais difícil pagar esses deficits. E os altos níveis salariais desses países os deixa sem competitividade perante outros países. E, por estarem na zona do euro, não têm a opção de desvalorizar sua moeda para deixar suas exportações mais competitivas. Esses países estão, agora, tendo que levar adiante cortes de gastos dolorosos e aumento de impostos para colocar suas contas em dia. Mas alguns analistas creem que medidas desse tipo acabam por empurrar os países a uma recessão e, em consequência, a uma diminuição da receita obtida com impostos. Enquanto isso, a UE tenta estabelecer medidas para o caso de mais algum país mostrar-se insolvente. Em outubro, o bloco entrou em acordo quanto ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, com 1 trilhão de euros para enfrentar futuras crises de dívida soberanas. O dinheiro, porém, ainda não foi levantado. (http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2012/02/21/entenda-a-crise-da-divida-dagrecia.jhtm) Nos liames da economia, encontramos notícias promissoras a respeito do crescimento de matrículas em cursos profissionalizantes por parte de jovens, sobretudo, da classe C. Esse crescimento sinaliza a grande demanda das indústrias por profissionais qualificados. No texto a seguir, conheça, por um lado, algumas das perspectivas para esse setor até 2014; por outro, algumas das problemáticas que ainda persistem na educação profissionalizante. N OVA CLASSE MÉDIA SERÁ MÃO DE OBRA MAIS QUALIFICADA PARA INDÚSTRIA, APONTAM SENAI E FGV Gilberto Costa, Repórter da Agência Brasil Brasília – A chamada nova classe média (com renda familiar entre R$ 1,2 mil e R$ 5,3 mil) fornecerá força de trabalho mais qualificada para o desenvolvimento industrial nos próximos anos. A expectativa é alimentada por uma análise sobre a demanda por educação profissional divulgada hoje (8), em Brasília, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV). De acordo com a avaliação, baseada nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - pesquisas mensais de emprego (PME), de 2002 a 2010, e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/2007) -, são os jovens da classe média que alimentam a expansão de quase 77% no número de pessoas que declararam “frequentar” ou “ter frequentado” cursos de educação profissional (qualificação de 200 até 400 horas, ensino médio técnico ou curso superior de tecnólogo) entre 2004 e 2010. Em seis anos, o percentual de quem declarou formação em educação profissional passou de 14,03% para 24,81%, segundo aponta a análise. O maior contingente é de jovens, especialmente os adolescentes de 15 anos, que representam 10% do total de pessoas que frequentam ou frequentaram educação profissional. Entre as pessoas de 15 a 29 anos que declararam frequentar a educação profissional, o maior percentual é na classe C (8%), que também aponta a maior demanda por cursos profissionalizantes na área industrial. Para o economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV, a procura dos jovens da classe C pela educação profissional indica que a ascensão do estrato na última década terá sustentabilidade. “Não é sonho de uma noite verão”, afirma. Para ele, não é possível dizer que a mobilidade é movida meramente por aumento do acesso ao crédito e maior consumo desse segmento da população. “Há claro paralelo entre a ascensão da nova classe média (ou classe C) e a profusão de carteiras de trabalho e cursos profissionalizantes”, defende. Na opinião de Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia do Senai, o ingresso desses jovens deverá dar “lastro” ao crescimento do setor industrial nos próximos anos. A expectativa do executivo é que os onze principais setores industriais brasileiros totalizem US$ 648 bilhões de investimento entre 2011 e 2015. O Senai promete até 2014 ampliar sua rede de escolas técnicas e cursos profissionalizantes de 2,4 milhões de matrículas para 4 milhões. Para isso, contará com empréstimo de R$ 1,5 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Apesar da boa perspectiva, a análise dos dados aponta que mais de três quartos da população nunca frequentou educação profissionalizante, quase 70% por falta de interesse. Além disso, a pesquisa verifica que 8% dos que iniciaram algum curso profissionalizante não concluíram. A maioria porque deixou de ter interesse pelo curso no qual estavam inscritos. Entre os que concluem, mais de 37% não conseguem trabalhar na área. Os cursos profissionalizantes no Brasil são oferecidos pela rede pública, pela rede privada, pelo Senai e por organizações não governamentais. Na avaliação de Marcelo Neri, a baixa procura por cursos profissionalizantes tem a ver com a falta de informação e a má qualidade das escolas brasileiras. “A baixa qualidade da educação básica no Brasil influencia a demanda pela educação profissional”, diz o economista que assinala que a educação profissional resulta em um ganho médio de 15%. Rafael Lucchesi lembra que cerca de 9 milhões de alunos estão matriculados no ensino médio no Brasil, mas apenas 1 milhão faz o ensino médico técnico (complementar) e apenas 6 milhões ingressam no nível superior. “Poucos países tem uma distribuição tão ruim para a matriz do trabalho”, ressalta. (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-02-08/nova-classe-media-sera-mao-de-obramais-qualificada-para-industria-apontam-senai-e-fgv) Se por um lado temos as boas perspectivas com relação ao mercado de trabalho, sobretudo nas indústrias brasileiras, por outro, deparamo-nos com uma estimativa nada otimista com relação ao público jovem no mercado de trabalho. Por quê? Quais os agravantes? Em quais áreas o jovem deve investir? O texto, a seguir, aponta de maneira objetiva alguns dos problemas e aponta para algumas possíveis soluções. J OVENS SÃO QUASE 24% DOS TRABALHADORES POBRES DO MUNDO, MOSTRA RELATÓRIO DA ONU Carolina Pimentel, Repórter da Agência Brasil Brasília – Os jovens são quase 24% dos trabalhadores pobres no mundo, somando 152 milhões de pessoas. É o que mostra relatório sobre a situação mundial dos jovens no mundo do trabalho feito pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas e divulgado hoje (6). No caso dos trabalhadores não considerados pobres, ou seja, os que vivem com mais de US$ 1,25 por dia, os jovens representam 18,6% do total. Com menor crescimento da economia global, a juventude tem enfrentado dificuldade para conseguir uma vaga de trabalho. Mesmo entre os que têm emprego, muitos relataram enfrentar longa jornada de trabalho, instabilidade, poucas oportunidades para avançar na carreira, não ter benefícios de saúde e trabalham na informalidade. Por isso, não conquistam a independência financeira e nem conseguem complementar a renda familiar. Outros disseram que sequer conseguem emprego de meio período para custear os gastos com os estudos. O documento também apontou o problema do desemprego da população jovem no Oriente Médio e na África. Em 2010, o percentual de jovens sem trabalho nessas duas regiões era 25,5% no Oriente Médio e 23,8% no Norte da África. O relatório diz ainda que os jovens apostam na tecnologia da informação e desenvolvimento sustentável (empregos verdes) como áreas que oferecem uma melhor condição de trabalho nos próximos anos. Eles também pedem um sistema educacional de melhor qualidade e com facilidade de acesso e sugerem aos governos que implantem programas de estágios em grandes companhias privadas para a qualificação e inserção no mercado de trabalho. As Nações Unidas ouviram jovens e representantes de organizações da sociedade civil por meio das mídias sociais para elaborar o relatório. Foram 1,1 mil opiniões, sugestões e recomendações recebidas durante quatro semanas, em outubro do ano passado. (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-02-06/jovens-sao-quase-24-dos-trabalhadorespobres-do-mundo-mostra-relatorio-da-onu) Sem dúvida não poderíamos deixar de trazer uma reflexão sobre o Paraná. Reflita sobre o “impacto positivo”, segundo o autor, apresentado pelo nosso estado comparativamente a outro estado. Em que medida este crescimento ocorre? De que forma? Leia e avalie. P ARANÁ FOI DESTAQUE DA INDÚSTRIA EM 2011, ENQUANTO ESTADOS DO NORDESTE TIVERAM PIOR RESULTADO Vitor Abdala, Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro – O estado do Paraná foi o destaque da indústria nacional em 2011, ao apresentar crescimento de 7% no ano, uma taxa 23 vezes maior do que a média do país, que registrou expansão de 0,3%. O dado foi divulgado hoje (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A indústria paranaense acaba tendo um impacto positivo para o país, sendo impulsionada por segmentos como o de veículos automotores, mais especificamente a produção de caminhões, e o de máquinas e equipamentos”, ressaltou o pesquisador do IBGE, André Macedo. Já os estados nordestinos estão entre os que tiveram piores resultados no ano de 2011. A Região Nordeste como um todo apresentou uma queda de 4,7% na produção industrial. Os estados da Bahia e do Ceará tiveram reduções de 4,4% e 11,7%, respectivamente. Já Pernambuco registra estagnação desde 2010. “Foram locais com queda em 2011 muito em função do comportamento negativo em setores como têxtil, vestuário e calçados, que foram atividades que pressionaram negativamente o resultado da indústria como um todo”, disse Macedo, destacando que essas são atividades influenciadas pelo aumento de importações no país. (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-02-07/parana-foi-destaque-da-industria-em2011-enquanto-estados-do-nordeste-tiveram-pior-resultado) Seja na vida profissional ou pessoal, vivenciamos no século XXI o rápido avanço tecnológico. A informática e as telecomunicações estão inseridas cada vez com maior frequência nas tarefas do dia-a-dia, atingindo grande importância. Automaticamente nos servimos de suportes tecnológicos, por vezes, até sem perceber. O texto abaixo apresenta mais novidades tecnológicas e sugere reflexões sobre o poder de influência da máquina sobre o homem. C OMPUTADORES APRENDEM O QUE NOS FAZ SORRIR - E GASTAR Por Steve Lohr Computadores com visão estão se tornando comuns. Câmeras baratas e de alta resolução se proliferam em produtos como smartphones e laptops. E novos algoritmos de computação para localizar, comparar e avaliar a enxurrada de dados visuais têm progredido rapidamente. A tecnologia pode ser usada em hospitais, shopping centers, escolas, plataformas de metrô, escritórios e estádios. As máquinas nunca piscam. Tudo isso pode ser muito útil - ou alarmante. "As máquinas definitivamente serão capazes de nos observar e nos entender melhor", disse Hartmut Neven, cientista da computação do Google e especialista em visão. "Aonde isso leva é incerto", completou. O Google está na linha de frente do desenvolvimento tecnológico, e é também motivo de apreensão por causa disso. Seu serviço Street View, em que usuários da internet podem olhar um determinado local, recebeu queixas por violação de privacidade. O Google irá borrar as fotos das casas de quem assim solicitar. Com o aplicativo Goggles, do Google, as pessoas podem tirar uma foto com um smartphone e vasculhar a internet em busca de imagens semelhantes. Executivos da empresa excluíram uma ferramenta de reconhecimento facial, temendo que isso servisse na busca por informações pessoais. Cientistas preveem que as pessoas ficarão cada vez mais cercadas por máquinas que podem não só ver, mas também raciocinar a respeito daquilo que estão vendo. Segundo Frances Scott, que é especialista em tecnologias de vigilância, isso poderá permitir que autoridades localizem um terrorista ou uma criança perdida. Milhões de pessoas têm usado produtos que mostram o progresso alcançado pela visão informatizada. Os principais serviços on-line de compartilhamento de fotos já contam com reconhecimento facial. O Kinect, que pode ser agregado ao console Xbox 360, da Microsoft, usa uma câmera digital e sensores para reconhecer as pessoas e seus gestos; ele também entende comandos de voz. Com o Kinect, "a tecnologia entende você de forma mais fundamental, de modo que você não precisa entendê-la", disse Alex Kipman, engenheiro envolvido no desenvolvimento da ferramenta. 'Lave as mãos, por favor' Há três meses, o Centro Médico Bassett, de Cooperstown, em Nova York, iniciou experiências com a visão informatizada. Pequenas câmeras no teto monitoram os movimentos dos pacientes e das pessoas que entram e saem da sala. As primeiras aplicações do sistema, criado pela General Electric, são lembretes e alertas. Médicos e enfermeiros precisam lavar as mãos antes e depois de tocar em pacientes, para evitar infecções hospitalares. Quando alguém se esquece, uma voz declara: "Perdoe a interrupção; por favor, lave as mãos". O sistema é capaz de reconhecer movimentos que indicam quando um paciente corre o risco de cair do leito, e alerta uma enfermeira. Outras ferramentas podem ser acrescentadas, como um software que analisa expressões faciais em busca de sinais de dor ou outro desconforto grave, segundo Kunter Akbay, cientista da GE. Espelho, espelho meu O pós-graduando Daniel McDuff parou diante de um espelho translúcido no Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Após 20 segundos, um número 65, seu batimento cardíaco por minuto, apareceu no espelho. Por trás dele, uma webcam enviava imagens de McDuff a um computador cujo software monitorava o fluxo sanguíneo em seu rosto. O programa separa as imagens de vídeo em três canais - para as cores básicas vermelho, verde e azul. Mudanças nas cores e movimentos feitos por minúsculas contrações e expansões dos vasos sanguíneos no rosto não são perceptíveis ao olho humano. "O sinal do seu ritmo cardíaco está na sua cara", disse Ming-zher Poh, também pósgraduando do MIT. Outros sinais vitais, como ritmo da respiração e pressão arterial, devem deixar pistas semelhantes. Esse projeto, descrito numa publicação feita em maio por Poh, McDuff e Rosalind Picard, professora do laboratório, está só começando, segundo Poh. Mensurações diárias feitas com esse método poderão revelar, por exemplo, que uma pessoa está ficando sob maior risco de um ataque cardíaco. "No futuro, isso estará nos espelhos", disse. Os rostos podem fornecer todo tipo de informação aos computadores. No MIT, Picard e a pesquisadora Rana el Kaliouby aplicam um software de análise da expressão facial para ajudar autistas a reconhecerem melhor os sinais emocionais. As duas cientistas fundaram a Affectiva, empresa com sede em Waltham, Massachusetts, que está produzindo softwares de análise facial para fabricantes de produtos comerciais, varejistas, profissionais de marketing e estúdios cinematográficos. John Ross, executivo-chefe da Shopper Sciences, uma empresa de pesquisa de mercado, disse que a tecnologia da Affectiva promete dar aos profissionais de marketing uma leitura imparcial sobre a sequência de emoções que levam a uma compra. "Pode-se ver e analisar como as pessoas estão reagindo em tempo real, não o que elas estão dizendo mais tarde [num grupo de pesquisas], quando com frequência estão tentando ser educadas." O software, segundo Ross, poderia ser usado em quiosques comerciais ou com webcams. A Shopper Sciences, acrescentou ele, está testando o programa da Affectiva com um grande varejista e com um site de relacionamentos amorosos. Observando o observador Maria Sonin, 33, funcionária de um escritório em Waltham, Massachusetts, assistiu o trailer de um filme enquanto o software da Affectiva acompanhava os movimentos de 12 pontos do seu rosto. Aos olhos de um humano, ela estava se divertindo. O software concordou, disse Kaliouby, mas usou uma análise mais detalhada, como ao registrar que seus sorrisos eram simétricos (o que sinaliza diversão, e não constrangimento). Christopher Hamilton, um diretor-técnico de efeitos visuais, disse que a tecnologia de análise das expressões faciais "possibilita medir a reação da audiência com um detalhamento cena a cena, o que a atual abordagem de pesquisa e questionário não permite". Um diretor pode descobrir, por exemplo, que a plateia, mesmo gostando de um filme como um todo, desaprova duas ou três cenas. Ou que determinado personagem não inspira a reação emocional pretendida. Mas a visão computadorizada também traz desafios. No trabalho ou na escola, a tecnologia abre as portas para um supervisor informatizado que está sempre observando. Um efeito sutil decorreria de a pessoa saber que está sendo observada, o que poderia ser benéfico: um criminoso iria pensar duas vezes antes de agir, por exemplo. Mas isso não levaria também a uma sociedade menos espontânea, menos criativa e menos inovadora? Como disse Hany Farid, cientista da computação no Dartmouth College, de New Hampshire: "Em toda tecnologia há um lado negro". (LOHR, Steve. Computadores aprendem o que nos faz sorrir – e gastar. Folha de S. Paulo, São Paulo, 17 jan. 2011. Disponível em: Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ newyorktimes/ny1701201103.htm) Sobre tecnologia e sociedade Fonte: http://sociobox.wordpress.com/ Fonte: http://divulgarciencia.com/categoria/mudanca-social/page/2/