insetos pragas do milho e seus inimigos naturais

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PANORAMA FITOSSANITÁRIO-CULTURA DO MILHO
INSETOS PRAGAS DO
MILHO E SEUS
INIMIGOS NATURAIS
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naturais
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Identificação
o Pragas Subterrâneas
o Pragas de Superfície
o Pragas do Colmo
o Pragas da parte aérea Mastigadores
o Pragas da parte aérea Sugadores
o Pragas da espiga
Inimigos naturais
o Parasitódes de ovos
o Parasitódes de ovo-larva
o Parasitódes de lagartas
o Parasitódes de pulgões
o Outros parasitóides
o Predadores - Joaninhas
o Predadores - Crisopídeos
(Neuroptera)
o Tesourinhas (Dermaptera)
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o Percevejos Predadores
o Besouro-de-superfície-do-solo
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os insetos-praga no milho
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PRAGAS
PRAGAS-SUBTERRANEAS
Larva-alfinete, Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (Coleoptera:
Chrysomelidae)
Diabrotica speciosa - postura na base da planta. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho
e Sorgo
As fases imaturas dessa praga são encontradas no solo. Os ovos dessa praga são
colocados na base da planta, próximo às raízes. Desses ovos nasce as larvas, que
são cilíndricas. Quando completamente desenvolvidas atinge 12 mm de comprimento
e um milímetro de diâmetro. São esbranquiçadas com a cabeça e o ápice de abdome
de coloração preta. Alimentam-se da região da raiz e podem atingir o ponto de
crescimento, matando as plantas recém-germinadas. Com o desenvolvimento da
planta e também das larvas, é comum o ataque na raiz adventícia, prejudicando o
desenvolvimento normal da planta, que se apresenta recurvada, sintoma conhecido
como “pescoço de ganso”. Entre as culturas graníferas, é em milho que a larvaalfinete tem maior importância pelos danos que causa e pela ampla distribuição
geográfica. Pode-se encontrar mais de uma dezena de larvas junto ao sistema
radicular, destruindo as raízes, deixando a planta debilitada, com sintomas de
deficiência nutricional e mais suscetível a estiagens e a acamamento. Normalmente,
os danos são mais intensos entre quatro e seis semanas após a emergência das
plântulas de milho.
O adulto é de coloração verde-amarela, por isso denominado “vaquinha verde-amarela
ou patriota”, mede cerca de seis milímetros de comprimento, que se alimentam das
folhas de diferentes culturas. No milho, seus danos às vezes são confundidos com os
ocasionados pela lagarta-do-cartucho, quando raspam as folhas.
Larva-angorá ou peludinha Astylus variegatus (Germar, 1824)
(Coleoptera, Dasytidae)
Astylus variegatus - larva. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
Os adultos dessa espécie de praga são besouros medindo cerca de 8 centímetros,
com élitros de coloração amarela, com cinco manchas negras. Enquanto as larvas
são de vida subterrânea e alimentam-se principalmente de sementes de milho, os
adultos são encontrados normalmente em flores de plantas silvestres e cultivadas,
tais como algodoeiro, milho e sorgo, alimentando-se de pólen, podendo acarretar
danos mecânicos aos órgãos florais.
As larvas, densamente cobertas por pelos marrons, recebendo por isso, o nome
comum de “larva-angorá” atacam as sementes antes da germinação, acarretando
grande redução na população de plantas. A larva quando totalmente desenvolvida,
mede cerca de 14 milímetros. O período de incubação varia em função da
temperatura, sendo, em média de nove a treze dias. O período larval é longo, podendo
demorar até quase um ano. O período pupal dura de nove a 16 dias, com média de
onze dias. A espécie Astylus variegatus ocorre em vários países da América do Sul,
como Brasil, Paraguai e Argentina.
Bicho bolo ou coró, Phyllophaga spp., Cyclocephala spp. e
Diloboderus abderus Sturm, 1826 (Coleoptera, Scarabaeidae).
Adulto de bicho bolo. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
Os adultos dessas espécies podem ser facilmente separados pelo tamanho e pela cor.
Diloboderus abderus de 25 mm, apresenta coloração pardo-escura, com os machos
providos de "chifre". As espécies do gêneroPhyllophaga associadas ao milho medem
cerca de 20 milímetros e são de coloração marrom-avermelhada brilhante. Os
besouros deCyclocephala são menores, medindo cerca de 15 milímetros, e são de
coloração marrom-amarelada. Os besouros de todas as espécies, normalmente em
grande número são facilmente percebidos à noite, próximos a fontes de luz. As fêmeas
fazem postura no solo. Depois de uma semana eclodem as larvas que se alimentam
do sistema radicular das plantas. As larvas, conhecidas como bicho-bolo ou corós) são
muito semelhantes quanto ao aspecto geral, com o corpo de coloração brancoamarelada, em forma de C e com cabeça marrom. A ponta do abdômen é brilhante e
transparente. Dentro de um mesmo estádio de desenvolvimento, as larvas de cada
espécie podem ser separadas pelo tamanho e pela disposição dos pêlos e espinhos
na região ventral do último segmento abdominal.
Estes insetos causam danos às culturas de verão e inverno principalmente nas áreas
de plantio direto. As plantas de milho podem ser severamente danificadas ou até
morrer pela alimentação das larvas nas raízes. Os danos geralmente são localizados,
isto é, são verificados em reboleiras.
Cupins, Heterotermes sp., Cornitermes sp. e Procornitermes sp.
Fase adulta do cupim. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
os cupins ou térmitas pertencem à Ordem Isoptera e são considerados insetos sociais,
pois são formadores de colônias, devido a cooperação mútua, onde seus indivíduos
são divididos em castas como a dos reprodutores formado basicamente pela rainha,
rei e reprodutores alados (siriris ou aleluias), a casta dos operários e a casta dos
soldados.
Os cupins mais importantes para a cultura do milho são os de hábitos subterrâneos
(Termitidae). Destroem as sementes antes de germinação e também as raízes de
plantas novas fazendo o descortiçamento total da raiz axial, deixando intacta a parte
lenhosa. Falhas na emergência, mudança de coloração, murchamento de folhas e
morte da plântula podem indicar sintomas do ataque da praga.
São muitas as espécies de cupins, embora o formato geral desses insetos se
assemelha muito. Além das espécies que vivem distribuídas exclusivamente abaixo da
superfície do solo, existem também aquelas espécies denominadas vulgarmente como
cupim de montículo, que reduzem muita a área cultivada além de dificultar as
operações agrícolas. Os cupins não são pragas exclusivas de milho. Podem atacar e
causar danos significativos a praticamente a todos os cultivos de expressão
econômica no Brasil, especialmente em solos de cerrado.
Larva-arame, Agriotes, Conoderus e Melanotus (Coleoptera,
Elateridae).
Vagalume. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
A família Elateridae é bem conhecida por conter os insetos denominados“vaga-lume”
na fase adulta. Dependendo da espécie, medem entre seis a 19 mm de comprimento,
possui coloração marrom ou mesmo mais escura e tem forma alongada, afunilando
nas extremidades. Os adultos não são considerados pragas, ao contrário das larvas.
As fêmeas depositam seus ovos no solo e após a eclosão, as larvas alimentam-se das
sementes e raízes de milho e de outras gramíneas. A larva inicialmente
esbranquiçada, quando completamente desenvolvida adquire coloração marromamarelada e o corpo torna-se bastante esclerotinizado. O período larval varia de dois a
cinco anos. Findo esse período, a larva forma uma célula no solo e transforma-se
numa pupa tenra e de coloração branca, permanecendo nesse estádio por um período
curto de tempo, findo os quais emerge o adulto. Em função do ataque da praga, o
estabelecimento da população ideal e o vigor das plantas são reduzidos, causando
perdas significativas na produção. Os danos provocados pela larva-arame são
geralmente mais severos em plantio de milho após pastagem, pois, como não ocorre o
preparo anual do solo, cria-se condição propícia ao aumento da população dessa
praga.
Percevejo-castanho, Scaptocoris castanea (Perty, 1830)
(Hemiptera: Cydnidae)
Adultos e ninfas do percevejo castanho. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
Inseto adulto medindo entre 7 a 9 mm de comprimento e entre 4 a 5 mm de maior
largura, apresenta as pernas anteriores apropriadas para escavação. Tanto a forma jovem
quanto a adulta vive no solo. Os percevejos-castanhos são facilmente reconhecíveis,
pelo cheiro desagradável que exalam. Nas épocas mais secas, aprofundam-se no solo à
procura de regiões mais úmidas, retornando à superfície durante as chuvas. São insetos
que atacam além do milho, vários outros cultivos de importância econômica como as
culturas de soja, algodão e pastagens. As plantas atacadas têm as suas raízes sugadas por
ninfas e adultos, tornando-se raquíticas; Com o passar do tempo a planta atacada tem
desenvolvimento reduzido até ser eliminada. Os sintomas podem ser confundidos com
deficiência nutricional, mas são facilmente diferenciados quando as plantas são
arrancadas do solo, pois nesse momento pode ser sentido o odor típico oriundo das
glândulas odoríferas dos percevejos. O gênero Scaptocoris provavelmente esteja
distribuído em grande parte do território brasileiro.
PRAGAS DE SUPERFÍCIE
Lagarta-elasmo, Elasmopalpus lignosellus (Zeller, 1848)
(Lepidoptera, Pyralidae).
Elasmopalpus lignosellus - fêmea. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
Adulto de 20 mm de envergadura, com as asas anteriores escuras nas fêmeas, e
claras na parte central, circundada por margens escuras nos machos. As fêmeas
depositam em média de 100 a 120 ovos durante o período de vida. O ovo inicialmente
é claro, passando a uma coloração avermelhada próximo à eclosão da lagarta. A
lagarta nasce após um período de incubação de três dias após a oviposição e,
inicialmente, alimenta-se das folhas, descendo em seguida para o solo, penetrando no
colmo da planta logo abaixo do nível do solo, alimentando-se no seu interior. A lagarta
é esverdeada com anéis e listras de coloração vermelho-escura e mede 16 mm.
Geralmente fica associada à planta hospedeira, construindo um casulo, na parte
externa, com restos vegetais, terra e teia, dentro do qual se abriga. Findo o período de
larva (18 dias), a lagarta transforma-se em crisálida, no solo, próximo da haste da
planta e, após oito dias, emerge o adulto. Os maiores prejuízos são causados nos
primeiros 20 dias após a germinação. Quando o ataque ocorre em plantas recémemergidas, às vezes não se tem tempo de perceber o ataque da praga, devido ao
secamento de toda a planta e sua remoção por ação do vento. No entanto, em plantas
mais desenvolvidas, é comum ser verificado o sintoma de dano conhecido
como“coração morto”, ou seja, folhas centrais mortas, facilmente destacáveis e folhas
externas ainda verdes. FOTOS: Ivan Cruz
Lagarta rosca, Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1766) (Lepidoptera,
Noctuidae).
Adulto de Agrotis ipsilon. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
Mariposa cosmopolita, marrom-escura, com áreas claras no primeiro par de asas,
coloração clara com os bordos escuros, no segundo par, medindo cerca de 40 mm de
envergadura. Coloca os ovos na parte aérea da planta. As lagartas quando
completamente desenvolvidas medem cerca de 40 mm, são robustas, cilíndricas, lisas
e de cor cinza-escura. Quando tocadas enrolam-se tomando o aspecto de uma
“rosca”. A duração do ciclo larval varia entre 20 e 25 dias. O estágio de pupa, no solo,
varia entre 11 e 15 dias. A lagarta-rosca ataca as plântulas de um número alto de
hospedeiros, como hortaliças, feijão, batata-doce, cana-de-açúcar e milho, entre
outras. O inseto é de hábito solitário, sendo que a larva se alimenta da planta no nível
do solo provocando o seccionamento da mesma, que pode ser total, quando as
plantas estão com a altura de até 20 cm, pois ainda são muito tenras, ou parcial, após
esse período.
PRAGAS DO COLMO
Pragas do Colmo - Broca da cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis
(Fabricius, 1794) (Lepidoptera, Pyralidae).
Postura da broca da cana. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
A mariposa de coloração amarela-palha, com 20 mm de envergadura, coloca seus
ovos nas folhas e no colmo do milho e, num intervalo de quatro a nove dias, dá-se a
eclosão das lagartas. A lagarta apresenta a cabeça marrom e o corpo esbranquiçado,
com inúmeros pontos escuros. O período larval médio é de 44 dias. Quando atinge o
completo desenvolvimento a lagarta constrói uma câmara, alargando a própria galeria
até o colmo, onde corta uma seção circular, que fica presa com fios de seda e
serragem e transforma-se em pupa, permanecendo nesse estádio por um período
variável de nove a 14, dias até emergir o adulto. As lagartas de D. saccharalis
ocasionam no milho, danos semelhantes aos vistos em cana-de-açúcar, como
coração morto, quebra de colmos, decréscimo do desenvolvimento da planta, no
número de colmo e tamanho das espigas. Os danos provocados pela lagarta de D.
saccharalis podem ser também indiretos, quando os orifícios favorecem a penetração
de microrganismos fitopatogênicos no interior do colmo. Após o completo
desenvolvimento a larva transforma-se em pupa dentro do colmo da planta.
PRAGAS DA PARTE AÉREA
– Mastigadores
Lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (Smith,
1797)(Lepidoptera: Noctuidae)
S. frugiperda no cartucho da planta de milho (macho acima). Foto:Ivan Cruz
A mariposa durante o dia pode ser encontrada sob a folhagem, próxima ao solo ou
entre as folhas fechadas do cartucho do milho havendo diferença nítida entre o macho
e a fêmea . Os ovos são colocados em massas e após três a quatro dias, eclodem as
lagartas que iniciam a alimentação, raspando os tecidos verdes de um lado da folha,
deixando a epiderme membranosa do outro lado intacta. Lagartas maiores em geral
dirigem-se para o interior do cartucho começam a fazer buracos na folha e, quando
estão entre o quarto e o sexto instares (oito a 14 dias), podem destruir completamente
pequenas plantas ou causar severos danos em plantas maiores.
Pode também se alimentar do colmo ou se dirigir para a região da espiga, atacando o
pedúnculo e impedindo a formação dos grãos. Podem também penetrar as espigas na
sua porção basal ou distal, danificando diretamente os grãos. Os locais de ataques
bem como o tipo de dano provocado pela lagarta-do-cartucho em milho têm variado
muito nos últimos anos.
Lagarta-militar ou curuquerê-dos-capinzais, Mocis latipes
(Guennée, 1852) (Lepidoptera: Noctuidae)
Adulto e ovos de Mocis latipes. Foto:Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
A mariposa dessa espécie é de coloração pardo-acinzentada medindo 40 mm de
envergadura. A fêmea coloca os ovos nas folhas de milho ou em capinzais próximos e
o período de incubação é em torno de quatro dias. A lagarta alimenta-se inicialmente
da epiderme da folha, danificando a cultura do milho da periferia para o centro. Findo o
período larval, em torno de 20 dias, tece o casulo na própria folha que atacou,
transformando-se em seguida em pupa e permanecendo nesse período cerca de dez
dias.
Esse inseto pode ser facilmente identificado na cultura do milho pela presença de
lagartas de coloração verde-escura, com estrias longitudinais castanho-escura,
limitadas por estrias amarelas, do tipo "mede-palmo". O inseto geralmente se alimenta
da folha, destruindo-a completamente, com exceção da nervura central. É interessante
observar que esse inseto não se alimenta dentro do cartucho da planta, como o faz a
S. frugiperda.
Grilo, Grillus assimilis (Fabr., 1775) (Orthoptera: Grylidae)
Adulto de grilo. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
A biologia desse inseto é pouco conhecida. No entanto, dependendo das
condições climáticas e do manejo da cultura, pode causar sérios danos ao
milho, especialmente em regiões com temperaturas mais elevadas e períodos
secos. Possui hábito noturno, podendo cortar plântulas de milho e transportálas para dentro de galerias. Tem sido verificada sua presença também nas
espigas, especialmente em milho mal-empalhado. Em campos de produção de
sementes onde se faz o despendoamento da linhagem fêmea, deixando os
restos culturais sobre a superfície do solo, cria-se condições favoráveis à
multiplicação desse inseto. O adulto mede entre 23 e 28 mm.
PRAGAS DA PARTE AÉREA –
SUGADORES
Pulgão-do-milho Rhopalosiphum maidis Fitch, 1856
(Homoptera: Aphididae)
Ninfas, adultos e colônia do pulgão R. maidis em milho. Foto: Ivan Cruz
O pulgão do milho é representado por insetos com ou sem asas, vivendo em colônias,
onde não existem machos. A fêmea alada é a fase migratória da praga. O adulto é
verde-azulado, medindo a forma áptera cerca de 1,5mm de comprimento. A forma
alada é menor e apresenta as asas hialinas transparentes. Sua reprodução se
processa por partenogênese telítoca, ou seja, a fêmea não depende do macho para
sua reprodução e, além disso, ao invés depositar ovos na planta hospedeira, dá
origem a ninfas (imaturos). Em baixas populações o inseto fica confinado em colônias
geralmente dentro do cartucho da planta À medida que a população aumenta ataca
praticamente todas as partes da planta. É comum o pendão ficar todo infestado pela
praga. É um inseto sugador de seiva, que se alimenta pela introdução de seu aparelho
bucal nas folhas novas. São também transmissores de forma não persistente de
doenças tais como a virose do mosaico comum, causada por “potyvirus”.
Cigarrinha-do-milho Dalbulus maidis (Delong & Wolcott,
1923)(homoptera: Pentatomidae)
Adulto da cigarrinha do milho e ovo próximo à eclosão. Foto: Ivan Cruz
O inseto adulto mede cerca de cinco milímetros e a fêmea coloca seus ovos alongados,
incrustados na nervura principal, geralmente no interior do cartucho do milho. Tanto a
ninfa como o adulto são sugadores de seiva. Essa espécie no Brasil, embora com
populações crescentes a cada ano, ainda é de importância relativamente pequena pelos
danos diretos ocasionados através da sucção de seiva. No entanto, são transmissores
eficazes de doenças. Entre as principais doenças transmitidas pela cigarrinha, estão os
enfezamentos ue são doenças sistêmicas associadas à presença, no floema das plantas,
de microorganismos procariontes, pertencentes à classe Molicutes (espiroplasma e
fitoplasma). Os enfezamentos reduzem significativamente a quantidade absorvida de
nutrientes pelas plantas de milho, com conseqüente redução na produção, sendo esse
efeito influenciado pela susceptibilidade da cultivar, época de infecção das plantas e
temperatura ambiente.
Percevejo-verde Nezara viridula Linnaeu, 1758 e Percevejobarriga-verde, Dichelops spp. (Hemiptera: Pentatomidae)
Adulto e postura do percevejo verde, N. viridula em milho. Foto: Ivan Cruz
Os percevejos (Hemiptera: Heteroptera) são insetos sugadores, isto é, alimentam-se
introduzindo o aparelho bucal (estiletes) na fonte nutricional. Eles introduzem uma
saliva que irá se solidificar, formando a chamada bainha alimentar ou flange. Após,
injetam uma saliva aquosa, contendo enzimas digestivas, que pré-digerem o alimento,
ocorrendo então a ingestão. Durante ou após a alimentação pode ocorrer a infecção
por microorganismos, causando manchas típicas nas sementes ao redor da inserção
dos estiletes.
A espécie Nezara viridula é totalmente verde medindo cerca de 20 mm de
comprimento. Seus ovos são colocados em grupos. As ninfas inicialmente ficam
próximas à postura. Os adultos geralmente migram da soja para as plântulas de milho,
podendo causar redução do número de plantas por unidade de área. Plantas de milho
entre 25 e 30 cm quando atacada mostram graus distintos de danos, variando desde
um leve murchamento das folhas centrais até a morte. Quando o ataque ocorre em
plantas mais desenvolvidas e a planta não morre, é comum o aparecimento de
perfilhos improdutivos Quando a planta é atacada na fase de formação de grãos as
espigas se deformam e não há o desenvolvimento dos grãos ou os mesmos ficam
ressecados. Quando o grão é atacado no estagio leitoso ou pastoso, ele é
completamente destruído ou apresenta-se manchado na maturidade.
Dentro de gênero Dichelops, há duas espécies de percevejos, conhecidos por barrigaverde. D. furcatus (Fabr, 1775) eD. melacanthus (Dallas, 1851). Elas são muito
semelhantes na forma geral. No entanto, D. furcatus é maior, com espinhos nos
ombros (pronoto) que são da mesma cor do pronoto. D. melacanthus é menor e a
extremidade dos espinhos é mais escura do que o restante do pronoto (o
nomemelacanthus, significa os cantos melanizados ou escurecidos). É essa espécie
que tem causado maiores danos na cultura do milho logo após a emergência da
plântula. Os insetos que estão no solo, devido ao hábito de permanecerem na
palhada, atacam as plântulas de milho na região do coleto, causando pequenas
perfurações. De maneira geral os sintomas de danos se assemelham ao que foi
mencionado para o percevejo-verde. A medida que o milho cresce e as folhas
se desenvolvem, a lesão aumenta, formando áreas necrosadas no sentido
transversal da folha, podendo esta dobrar na região danificada. Também podese observar as perfurações causadas pela introdução do aparelho bucal
sugador (estiletes) do inseto. Como resultado do dano, as plantas de milho
ficam com o desenvolvimento comprometido, apresentando um aspecto
popularmente chamado de "encharutamento" ou "enrosetamento", com
amarelecimento das folhas.
Cigarrinha-das-pastagens, Deois flavopicta (Stall, 1954)
(Homoptera: Cercopidae)
Presença de adultos de D. flavopicta em milho e pastagem. Foto: Ivan Cruz
Essa praga, importante pelos prejuízos causados às pastagens, principalmente de
braquiária, pode atacar e causar também, prejuízos ao milho, embora nesta cultura,
somente os adultos causem danos. Tanto nas pastagens quanto no milho, a cigarrinha
prejudica as plantas por sugá-las e injetar uma toxina que bloqueia e impede a
circulação da seiva. Plantas de até dez dias de idade são altamente sensíveis, e uma
infestação de três a quatro cigarrinhas/planta provoca severos danos, com os
sintomas de ataque e morte da planta sendo verificados dois e quatro dias após a
infestação, respectivamente. Plantas acima de 17 dias de idade toleram bem até os
níveis mais altos da infestação.
De maneira geral, a capacidade de recuperação das plantas sobreviventes é grande,
isto é, todas as folhas que surgem depois de suspensa a infestação são normais. A
utilização do sistema integrado lavoura e pecuária, onde milho e capim, notadamente
braquiária estão juntos no espaço e no tempo, pode ser esperado uma aumento na
incidência da cigarrinha nessas áreas de integração.
Tripes, Frankliniella williansi Hood, 1915 (Thysanoptera:
tripdae)
Adulto de tripes e sintoma de danos em milho. Foto: Ivan Cruz
A ocorrência de tripes na cultura do milho é relativamente comum
especialmente nas espigas, porém, sem danos econômicos aparentes. No
entanto, nos últimos anos a sua incidência logo após a emergência da plântula
de milho, tem causado danos significativos por provocar a morte da planta,
dependendo a intensidade da infestação e das condições ambientais.
Muito ainda precisa ser pesquisado em relação a esse inseto, no entanto, por
afetar diretamente o número de plantas na colheita, é um inseto que deve ser
considerado nas estratégias de manejo. Normalmente a distribuição regular de
chuvas nos dias seguidos ao plantio e emergência do milho tem desfavorecido
o inseto. Porém, períodos secos muitas vezes obrigam o uso de medidas de
controle.
Ácaros, Tetranychus urticae (Koch, 1836) e Catarhinus
tricholaenae Keifer, 1959
Sintoma de dano causado por ácaros em milho. Foto: Ivan Cruz - Embrapa
Milho e Sorgo
Os ácaros mais importantes para a cultura de milho são os da família Eriophyidae e
Tetranychidae. Essas pragas, embora não sejam abundantes na cultura de milho,
estão presentes de forma endêmica e suas populações podem evoluir rapidamente em
função de desequilíbrio biológico. Tem aumentado a ocorrência de
espécieTetranychus urticaeem diversas regiões produtoras de milho. É de coloração
esverdeada, medindo as fêmeas cerca de 0,5 mm de comprimento e frequentemente
apresentando dois pares de manchas escuras no dorso. Formam grandes colônias
recobertas com teias, na face inferior das folhas.
Na família Eriophyidae destaca-se a espécie Catarhinus tricholaenae, ácaro
translúcido, muito pequeno, observado apenas em microscópio estereoscópio.
Normalmente encontra-se na face inferior da folha, próximo a nervura central. As
fêmeas medem de 180 a 205 micrometros e os machos, de 171 a 195. Ambas as
espécies causam descoloração e amarelecimento das folhas do milho.
Percevejo Leptoglossus zonatus Dallas, 1852 (Hemiptera:
Coreidae)
Adultos e postura de Leptoglossus zonatus em milho. Foto: Ivan Cruz Embrapa Milho e Sorgo
Esse inseto, medindo cerca de 25 mm, ataca além do milho, vários outros
cultivos, como sorgo, feijão, soja, tomate e citros. O seu dano se verifica
através da sucção do grão, o que ocasiona uma redução na produtividade da
planta inseto. O inseto pode também estar associado a algumas doenças da
espiga comoFusarium, Penicilliume Cephalosporium.
A fêmea do inseto geralmente é maior que o macho. Os ovos são colocados
enfileirados, aderidos ao substrato vegetal. Inicialmente são de coloração
esverdeada, tornando-se próximo a eclosão, completamente marrons. O
ninfas
período de incubação é em média, 9,6 dias. As formas imaturas (
)
mantêm-se agrupadas ate o final do segundo estádio, após o qual se
dispersam. Decorridos cerca de 30 dias após a eclosão, surgem os primeiros
adultos. Em milho os adultos podem ser vistos alimentando-se nas espigas,
onde seus estiletes atravessam a palha.
PRAGAS DA ESPIGA
Lagarta-da-espiga, Helicoverpa zea (Boddie, 1850)
(Lepidoptera, Noctuidae)
Adulto e ovo de Helicoverpa zea (lagarta-da-espiga). Foto:Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
O adulto de H. zea é uma mariposa com cerca de 40 mm de envergadura, com as
asas anteriores de coloração amarelo-parda, com uma faixa transversal mais escura,
apresentando também manchas escuras dispersas sobre as asas. As asas posteriores
são mais claras, com uma faixa nas bordas externas. A fêmea fecundada põe o ovo de
preferência nos estilos-estigma. Os ovos, esféricos e com saliências laterais (1 mm de
diâmetro) são depositados individualmente (até 15 por espiga). Durante o verão, num
período de três a quatro dias dá-se a eclosão das lagartas que se alimentam do estiloestigma e dos grãos em formação .
A lagarta completamente desenvolvida mede 35 mm e possui coloração entre verdeclaro, rosa, marrom ou quase preta, com partes mais claras. O período larval varia
entre 13 e 25 dias dependendo da temperatura. Findo o período larval, as lagartas
saem da espiga e vão para o solo, onde se transforma na fase de pupa. O período
pupal requer de 10 a 15 dias.
Mosca-da-espiga, Euxesta spp. (Diptera, Otitidae)
Casulo, adulto e larva de Euxesta spp. Foto:Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
O adulto, de cinco milímetros de comprimento, é de coloração escura e asas incolores com
manchas escuras. A oviposição é feita sobre os estilos-estigma e a eclosão das larvas se verifica
dois a três dias após a postura. Apesar de ser considerada uma praga secundária, atualmente
tem-se verificado um aumento na incidência da larva nas espigas, especialmente de milho doce
ou tipo de milho com grãos mais macios.
As larvas, uma vez alcançando os grãos ainda leitosos, penetram no seu interior onde
completam o desenvolvimento larvário. Muitas vezes as larvas penetram pelo embrião da
semente, alimentando-se totalmente do grão, deixando apenas a membrana externa. Duas
espécies ocorrem no milho, E. eluta Loew, 1868 e E. mazorca Steyskal, 1974. Essas espécies
podem ser separadas pela intensidade das listras na asa que é completa emE. eluta.
INIMIGOS NATURAIS
Parasitóides de ovos
Vespinha, Trichogramma spp. (Hymenoptera:
Trichogrammatidae)
T. galloi parasitando ovos de D. saccharalis e ovos parasitados. Foto:Ivan Cruz
Várias são as espécies de Trichogrammajá descritas em associação com diferentes pragas.
Especificamente na cultura do milho as espécies T. pretiosumRiley, 1879 (controle de ovos de
espécies de Lepidoptera comoSpodoptera frugiperda – lagarta-do-cartucho,Helicoverpa zea –
lagarta-da-espiga e Diatraea saccharalis– broca da cana-de-açúcar), T. atopovirilia Oatman &
Platner, 1983 (controle de S. frugiperda) e T. galloi (Zucchi, 1988) (controle de Diatraea
saccharalis) têm sido as mais comuns. As espécies de Trichogrammasão constituídas por
insetos muito pequenos, com dimensões inferiores a um milímetro.
A fêmea faz a sua oviposição dentro do ovo de seu hospedeiro. Dentro de algumas horas nasce a
sua larva que se alimenta do conteúdo do ovo do hospedeiro. Todo o ciclo do parasitóide se
passa no interior do ovo da praga. Desse, sai a vespa adulta que de imediato inicia o processo de
busca de uma nova postura para continuar a propagação da espécie.
Vespinha, Telenomus remus Nixon, 1937 (Hymenoptera:
Scelionidae)
Telenomus remus em ovos de Spodoptera frugiperda. Foto: Ivan Cruz
O adulto mede entre 0,5 e 0,6mm em comprimento e apresenta o corpo preto e brilhante. A
duração do ciclo do parasitóide em média, considerando a temperatura de verão, pode ser assim
resumida: período de incubação ao redor de 10 horas; período larval em torno de cinco dias e
período de pupa de cinco dias. Ou seja, o período total de desenvolvimento da colocação do ovo
até a emergência do adulto é em torno de 10 dias. Após o completo desenvolvimento da fase
imatura de T. remus o adulto perfura um pequeno orifício no córion do ovo do hospedeiro por
onde emerge Em geral, os machos emergem 24 horas antes das fêmeas. Após a emergência os
machos permanecem sobre a massa de ovos na qual emergiram ou procuram outras massas
parasitadas. Esse parasitóide apresenta alta especificidade para S. frugiperda e suas fêmeas
parasitam mais de 250 ovos durante seu período de vida.
Parasitóides de ovo-larva
Vespa, Chelonus insularis Cresson 1865 (Hymenoptera:
Braconidae)
Fêmea C. insularis parasitando ovos de S. frugiperda e lagartas da mesma idade
(menor parasitada).Foto:Ivan Cruz
Essa espécie de parasitóide embora com preferência por S. frugiperda, tem sido mencionada
também como parasitóide de S. exigua, H.zea e Elasmopalpus lignosellus, todos, insetos-pragas
do milho. O inseto é uma vespa medindo cerca de 20 mm de envergadura. A fêmea coloca os
seus ovos no interior dos ovos de S. frugiperda. Ao contrário das espécies deTrichogramma e
deTelenomus, o ovo de S. frugiperda quando parasitado passa aparentemente pelo processo de
incubação, dando origem à lagarta da praga, obviamente carregando no seu interior a espécie do
parasitóide. A lagarta parasitada gradativamente diminui a ingestão do alimento, até ser morta
pela larva do parasitóide. O período larval do parasitóide varia de 17 a 23 dias, apresentando
média geral de 20,4 dias, ou seja, período próximo àquele de uma lagarta sadia. No entanto, a
relação de consumo foliar entre lagarta sadia e lagarta parasitada é de 15:1. A menor
alimentação da lagarta parasitada significa, na prática, menor dano à planta. Próximo ao
desenvolvimento completo da larva do parasitóide, a lagarta de S. frugiperdaabandona a planta
e dirige-se para o solo, onde tece uma câmara como se preparando para transformar-se em pupa.
No entanto, essa câmara na realidade é utilizada pelo parasitóide. Para sair do corpo da lagarta
hospedeira, a larva do parasitóide perfura o seu abdômen. Imediatamente tece um casulo e em
poucas horas transforma-se na fase de pupa e daí em adulto.
Parasitóides de lagartas
Vespa, Campoletis flavicincta (Ashmead, 1890), (Hymenoptera:
Ichneumonidae)
C. flavicincta e lagarta de S. frugiperda sendo a menor parasitada. Foto:Ivan Cruz
O inseto é uma vespa de 15 mm de envergadura. A fêmea coloca seus ovos no interior de
lagartas de primeiro e segundo instares de S. frugiperdae a larva completa todo o seu ciclo
alimentando-se do conteúdo interno do hospedeiro. A lagarta parasitada muda seu
comportamento e, ao se aproximar a época de saída da larva do parasitóide, deixa o cartucho,
indo em direção às folhas mais altas, permanecendo nesse local até a morte. Mais próximo da
fase de pupa, a larva do parasitóide sai do corpo da lagarta através do abdômen desta, matando-
a, para construir seu casulo no ambiente externo. Como característica da espécie, o que restou
da lagarta de S. frugiperda fica agregado ao casulo do parasitóide, tornando facilmente
identificável a ocorrência desse inimigo natural.
O ciclo total do parasitóide é, em média, de 22,9 dias, sendo de 14,5 dias o período de ovo a
pupa e de 7,3 dias o período pupal. A relação de consumo entre uma lagarta sadia e uma
parasitada é 14,4:1, ou seja, enquanto uma lagarta sadia, durante todo o seu período de vida,
consome, em média, 209,3 cm² de área foliar, a lagarta parasitada consome apenas 14,5 cm², ou
seja, 6,9% do consumo normal. Portanto, por parasitar especificamente lagartas pequenas e em
grande quantidade, além de ser eficiente por provocar a morte do inseto hospedeiro, o
parasitóide reduz drasticamente o consumo foliar das lagartas, evidentemente reduzindo os
danos no campo.
Vespa, Exasticolus fuscicornis (Cameron, 1887) (Hymenoptera:
Braconidae)
Esse parasitóide à semelhança do C. flavicincta também parasita larvas de
primeiros instares da lagarta-do-cartucho, S. frugiperda. É um parasitóide
recentemente associado com a praga. Apresenta um grande potencial de
uso em programas de controle biológico porque complementa bem o
trabalho dos parasitóides de ovos. A larva parasitada por essa vespa reduz o
consumo alimentar. Quando a larva do parasitóide está completamente
desenvolvida, a lagarta-do-cartucho abandona a planta e dirige-se ao solo, à
semelhança da lagarta parasitada por C. insularis. Nesse local desenvolve a
pupa da vespa até o aparecimento do novo adulto, apto a iniciar uma nova
geração.
Adulto e larva do parasitóide de lagartas. Foto: Ivan Cruz Embrapa Milho e Sorgo
Lagartas e casulo do parasitóide. Foto: Ivan Cruz - Embrapa
Milho e Sorgo
Vespa, Eiphosoma spp (Hymenoptera: Ichneumonidae)
As espécies do gênero Eiphosoma são de tamanho moderado a grande, principalmente,
de cor amarela, com máculas negras, raramente inteiramente negras. É um gênero com
cerca de 30 espécies descritas, na maioria ocorrendo na América do Sul, especialmente,
em altitudes inferiores a 1.500 m. Várias ocorrem em agroecossistemas e alguns são
importantes como inimigos naturais de lepidópteros pragas. As espécies tropicais
constituem nove grupos. A duração média do ciclo de vida (da oviposição até a
emergência do adulto) da espécie E. vitticolleCresson, em condições de laboratório
(24,5oC, UR de 76%) é em torno de 28 dias. A fêmea deposita seus ovos diretamente
dentro do corpo do hospedeiro, onde flutuam livremente até parar no extremo posterior
do corpo. Depois da emergência a larva de E. vitticolle se desenvolve lentamente até os
primeiros nove dias. Inicialmente se alimenta de nutrientes da hemolinfa por absorção
cuticular. A ausência inicial de danos aos órgãos vitais do hospedeiro explica a ausência
de efeitos adversos visíveis na larva parasitada. Faltando entre um e dois dias para que a
larva do parasitóide abandone seu hospedeiro, este se dirige ao solo, entre no estado de
prepupa e prepara sua célula pupal. A larva de E. vitticolle termina por consumir
completamente todos os órgãos do hospedeiro, deixando apenas o integumento, que é
rompido pela larva do parasitóide, imediatamente antes de sair. Uma vez fora, começa
imediatamente a tecer seu próprio casulo.
Adulto fêmea do gênero Eiphosoma. Foto: Ivan Cruz
Vespa, Cotesia flavipes (Cameron) (Hymenoptera: Braconidae)
Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
Os adultos são pequenas vespas de 3 a 4 mm de comprimento e vivem por, aproximadamente,
34 horas a 25°C, se alimentados. É uma espécie de endoparasitóide gregário, ou seja, as
fêmeas depositam ovos múltiplos na cavidade de corpo do hospedeiro. Em média, uma fêmea
coloca aproximadamente 40 ovos em cada larva da praga. Cerca de três dias após nasce dentro
do corpo da praga a larva do parasitóide que imediatamente começa a alimentar, passando
por três instares larvais dentro do corpo da larva hospedeira. O período de ovo a larva do
parasitóide dura aproximadamente 14 dias a 25°C. Depois de sair do hospedeiro, as larvas de
último instar tecem um casulo e transformam em pupa dentro da planta hospedeira da praga.
O período de pupa leva aproximadamente seis dias a 25°C, findo os quais emergem os adultos.
É juntamente com o T. galloi um dos os principais parasitóides da broca da cana-de-açúcar, D.
saccharalis.
Parasitóides de pulgões
Vespa, Aphidius spp. (Hymenoptera: Braconidae)
Adulto de A. colemani e pulgão parasitado. Foto: Ivan Cruz
O gênero Aphidiusé um grupo grande que contém numerosas espécies todas parasitóides de
pulgões. Os adultos são pequenas vespas, cujas fêmeas colocam seus ovos individualmente em
ninfas (fase jovem) dos pulgões. As larvas da vespa consomem os pulgões por dentro. Como o
desenvolvimento das larvas da vespa, os pulgões são mortos, e se transformam em “múmias”.
Depois de transformar em pupa, emerge a vespa adulta através de um orifício feito na múmia.
Além de causar a morte dos pulgões diretamente, o parasitóide também provoca uma
perturbação mecânica nas colônias de pulgões pelo comportamento minucioso das vespas no ato
de busca da presa, provocando a queda de vários pulgões da planta hospedeira, que não
sobrevivem. Uma fêmea de A. colemaniViereck, 1912 pode colocar mais de 300 ovos durante
um período de vida entre quatro e cinco dias. Possui alto potencial reprodutivo, curto período de
desenvolvimento e habilidade para parasitar várias espécies de pulgões.
OUTROS PARASITÓIDES
Várias espécies da Ordem Diptera notadamente da família Tachinidae são também associadas as
principais pragas de milho. Uma delas, muito comum é Archytas marmoratus (Townsend,
1915), um parasitóide solitário de larva-pupa de várias espécies de Noctuidae (Lepidoptera),
incluindo as pragas de milho H. zea e S. frugiperda. O parasitóide tem um ciclo de vida
complexo que o permite parasitar uma ampla gama de instares do hospedeiro. A fêmea não
coloca os ovos diretamente nos hospedeiros e sim coloca vários deles nas proximidades. Os
ovos logo dão origem a larvas. O parasitismo ocorre quando um hospedeiro entra em contato
com essas larvas que penetram no corpo do hospedeiro entre a cutícula e a epiderme, onde
ficam alojados. O primeiro instar de A. marmoratuscomeça a se alimentar do hospedeiro, mas
não muda de instar até que o seu hospedeiro se transforme em pupa. O primeiro instar precisa,
portanto, reentrar no corpo do hospedeiro a cada muda de pele deste. Após a mudança da fase
de larva para a fase de pupa do hospedeiro, a larva de primeiro instar do parasitóide penetra na
hemocele e induz a formação de um túnel respiratório. O desenvolvimento de A.
marmoratusdentro da pupa do hospedeiro é rápido. A sua larva vai para o segundo instar um a
dois dias após a pupação do hospedeiro; o segundo e o terceiro estádio larval dura entre dois e
quatro dias cada um, com a formação de um pupário dentro do que restou da pupa do
hospedeiro. Devido ao fato da fêmea de A. marmoratus ovipositar vários ovos ao mesmo tempo
e também pela possibilidade de mais de fêmea ovipositar no mesmo local, existe a
possibilidade de superparasitismo. Apesar disto, somente uma larva de A.
marmoratuscompleta o desenvolvimento em um hospedeiro. Espécies do
gêneroWinthemia e do gêneroLespesia são também comuns em associação com as pragas de
milho pertencentes à ordem Lepidoptera.
PREDADORES
Joaninhas
Joaninha, Coleomegilla maculata (DeGeer) (Coleoptera:
Coccinelidae)
Adultos e ovos da joaninha Coleomegilla maculata. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
Os adultos de seis mm de comprimento são de coloração geral vermelha com seis
manchas pretas em cada asa. As fêmeas põem agrupamentos de 10 a 20 ovos de cor
amarela, sobre as plantas. Tanto os adultos quanto a larva alimentam-se de pulgões,
ácaros, ovos e larvas de vários insetos como a lagarta do cartucho do milho, S.
frugiperda. A larva se transforma em pupa na própria planta onde se encontrava a larva.
Pólen e esporos de fungos também são componentes importantes da dieta dessa espécie.
Joaninha, Hippodamia convergens (Guerin-Meneville, 1842)
(Coleoptera: Coccinelidae)
Hippodamia convergens recém-emergida e adultos (macho à esquerda). Foto:Ivan Cruz
Os adultos, medindo aproximadamente seis mm de comprimento, possuem élitros de
coloração laranja e tipicamente com seis manchas pretas pequenas em cada um. Porém,
o número de manchas pode variar, e até mesmo inexistir em alguns. A seção do corpo
atrás da cabeça é preta com margens brancas e com duas linhas brancas convergindo, a
razão para seu nome. Adultos e larvas alimentam principalmente de pulgões. As fêmeas
põem agrupamentos de 10-20 ovos de cor amarela, sobre as plantas. A larva cresce
passando por quatro fases. O ciclo de vida é semelhante a C. maculata. A
Hippodamiaconvergens é muito comum em hortaliças, notadamente em couve.
Joaninha, Eriopis connexa (Germar, 1824) (Coleoptera:
Coccinelidae)
Adultos e postura da joaninha Eriopis connexa. Foto:Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
Logo após a emergência, os adultos são de coloração clara. Com o passar do tempo,
essa coloração vai escurecendo tornando-se negra com manchas brancas e alaranjadas.
Normalmente as fêmeas são mais robustas do que os machos. A fêmea realiza a postura
em camada única, com uma média de 26 ovos por postura. Os ovos são de formato
elíptico e de coloração amarelo-claro permanecendo assim, até próximo da eclosão,
quando então se tornam acinzentados. O período de incubação é de três dias. A larva é
de corpo alongado, com as respectivas regiões e a segmentação abdominal distintas com
pernas e antenas bem desenvolvidas a fase larval tem duração de 14 dias. A pupa
inicialmente é clara, mas escurece com o passar do tempo. O ciclo total de ovo a adulto
tem duração de 21 dias.
Joaninha, Olla v-nigrum (Mulsant, 1866) (Coleoptera:
Coccinelidae)
Adultos da joaninha Olla v-nigrum (fêmeas acima). Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
Os adultos apresentam diferença no padrão de coloração, que não é dimorfismo sexual.
Inicialmente são de coloração clara. Com o passar do tempo, vão escurecendo sendo que o
adulto de coloração negra adquire uma coloração negra brilhante, enquanto as manchas de seus
élitros adquirem coloração alaranjada. Já o adulto de coloração amarela-palha apresenta um leve
aumento de sua tonalidade e as manchas localizadas ao longo de seus élitros adquirem coloração
negra. As “joaninhas” Olla v-nigrum são eficientes predadoras tanto na fase larval quanto
adulta. A média de ovos por postura é em torno de 21. A fêmea realiza a postura em camada
única. Os ovos são de formato elíptico e de coloração amarelo-claro permanecendo assim, até
próximo da eclosão, quando então se tornam acinzentados. O período de incubação é de três
dias. A larva é de corpo alongado, com as respectivas regiões e a segmentação abdominal
distintas com pernas e antenas bem desenvolvidas. A fase larval tem duração de 13 dias. A pupa
no início, apresenta coloração clara que escurece lentamente. A fase de pupa tem duração de
quatro dias. O ciclo total de ovo a adulto tem duração de 20 dias.
Joaninha, Cycloneda sanguinea (Linnaeus, 1763) (Coleoptera:
Coccinelidae)
Adultos de Cycloneda sanguinea e postura. Foto:Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
Essa espécie de joaninha é muito conhecida por ser um inseto de coloração vermelha, sem
manchas nos élitros dos adultos. No entanto, apresenta duas manchas negras sobre a área clara
da cabeça, dando um aspecto de dois olhos grandes. A fêmea coloca seus ovos na planta
hospedeira, em grupo, contendo cada um cerca de 20 ovos. Os ovos são de coloração amarelada.
O inseto passa por quatro estádios ninfais. Findo o período de larva que dura cerca de oito dias,
a larva se transforma em pupa e logo a seguir, em um novo adulto. O ciclo de larva a adulto é
em torno de 15 dias. Tanto a larva quanto o adulto são predadores de vários insetos pragas,
notadamente pulgões.
PREDADORES
Tesourinhas (Dermaptera)
Tesourinha, Doru luteipes (Scudder, 1876) (Dermaptera:
Forficulidae)
Fêmea do Doru luteipes junto à sua postura e junto às ninfas recém-nascidas. Foto: Ivan Cruz
No Brasil, os estudos com D. luteipes têm indicado essa espécie como um dos inimigos
naturais mais importantes na supressão de pragas na cultura do milho. Essa planta
apresenta como condição fundamental para a sobrevivência do inseto a alta umidade
que é mantida dentro do seu cartucho, seja pela precipitação ou mesmo pelo orvalho.
Portanto, antes do pendoamento, é neste local que os ovos são depositados. Na ausência
do cartucho, os ovos são observados nas primeiras camadas de palha da espiga, que
também é um local de alta umidade. O inseto é de metamorfose incompleta, ou seja,
passa pelos estágios de ovo, de ninfa e de adulto. Apresenta um ciclo de vida longo,
com o adulto apresentando longevidade próxima a um ano. Ninfas e adultos são
predadores de ovos e lagartas pequenas de S. frugiperda e H. zeae também de pulgões.
Tesourinha, Euborelia annulipes (Lucas, 1847) (Dermaptera:
Labiduridae)
Casal de Euborelia annulipes e sua postura. Foto: Ivan Cruz
Os adultos são desprovidos de asas, e o macho é menor do que a fêmea, e com o fórceps
do lado direito, fortemente curvado para o lado de dentro. Os ovos recém-depositados
são ovais, de coloração creme amarelada, medindo 0,95mm de comprimento e 0,75mm
O período de incubação dessa espécie no verão é em torno de sete dias. O tempo de
desenvolvimento de ovo até a emergência dos é em torno de 60 dias. As ninfas recémeclodidas apresentam coloração branca, olhos pretos e parte posterior do abdômen
marrom. Após alguns minutos da eclosão, as ninfas tornam-se cinzentas, escurecendo
gradativamente, a partir das antenas, pernas e fórceps. Ao se transformarem em adultos
a coloração inicial é branca, passando a seguir para a coloração escura.
PREDADORES
Sirfídeos
Adultos de Sirfídeos. Foto: Ivan Cruz Embrapa Milho e Sorgo
Os adultos de muitas espécies de Syrphidae se assemelham a abelha e vespas. As
espécies de interesse do controle biológico de insetos pragas são aquelas cujas larvas se
alimentam principalmente de pulgões. Os adultos das espécies que se alimentam de
pulgões são freqüentemente vistas em flores e, em função da morfologia das suas peças
bucais, tem sido sugerido que sejam predominantemente nectarivoras e polenófagas.
O fato dos adultos necessitarem de “honeydew” ou néctar e pólen para assegurar a
reprodução, e as larvas normalmente utilizarem pulgões para completar o
desenvolvimento, indicam que alimentos complementares possam ser requeridos para
conclusão do ciclo de vida. Porém, há exceções às regras: na falta de pulgões as larvas
de várias espécies podem subsistir em pólen, como por exemplo, Melanostomae
Allograpta obliqua(Schneider, 1969) e Toxomerus(Mesograpta) sp. Em função da
capacidade de vôo e habilidade de pairar e inspecionar as folhas em busca de pulgões,
os sirfídeos são especialmente eficientes e considerados, às vezes, melhores em
localizar as agregações de pulgões do que as joaninhas ou os crisopídeos.
PERCEVEJOS PREDADORES
Percevejo assassino (Reduviidae)
Percevejos reduviideos. Foto: Ivan Cruz Embrapa Milho e Sorgo
A maioria desses percevejos é de tamanho médio a grande (1,3 e 1,9cm) de comprimento. A
cabeça é alongada e estreita com um pescoço "distinto" atrás dos olhos que são freqüentemente
avermelhados. As peças bucais longas e curvadas formam um bico que em repouso, é mantido
em baixo do corpo, com a ponta propriamente encaixada em uma cavidade. O meio do abdômen
é alargado, de modo que as asas não cobrem completamente a largura do corpo. Os ovos são
colocados em grupos, um bem próximo do outro, em posição vertical, sobre as folhas das
plantas. A maioria dos percevejos assassinos são predadores generalistas, ou seja, predam
diferentes presas. Eles geralmente ficam à espreita e atacam até mesmo pequenos insetos
voadores.
Percevejo Orius e Percevejo Geocoris
Percevejos predadores: Geocoris punctipes e Orius insidiosus. Foto:Ivan Cruz -Embrapa
Milho e Sorgo
Percevejo Orius
Entre os vários gêneros que compõe a família Anthocoridae (Hemiptera: Heteroptera),
Oriuscontém um número estimado de 70 espécies de ampla distribuição mundial em
diversas culturas, sendo constituído por predadores de pequenos artrópodes como tripes,
ácaros, mosca-branca, pulgões e ovos de lepidópteros. Esses percevejos possuem certas
características que os tornam promissores agentes de controle biológico, destacando-se
a alta eficiência de busca, habilidade para aumentar a população e agregar-se
rapidamente quando há presas em abundância, além de sobreviver em baixa densidade
de presas. No Brasil, O. insidiosus é a espécie mais abundante e de maior potencial para
utilização em programas de controle biológico.
Percevejo Geocoris
São insetos pequenos (aproximadamente 4 mm) ocorrendo em muitas partes do mundo.
Geralmente são considerados benéficos porque atacam vários tipos de pragas incluindo
insetos e ácaros, em cultivos ornamentais e agrícolas. Em milho, a espécie G. punctipes
é muito comum na espiga, predando ovos e lagartas de Helicoverpa zea.
Percevejo Nabídeo e Percevejo Podisus
Percevejo nabídeo e Podisus. Foto: Ivan Cruz - Embrapa Milho e Sorgo
Percevejo nabídeo
Os nabideos são geralmente bronzeados, que se assemelham a um indivíduo pequeno e liso de
um percevejo assassino ou até mesmo a um inseto praga. Esta é uma família pequena de
predadores generalista, muito comum na agricultura alimentando de muitos tipos de insetos. São
predadores de pulgões, ovos de mariposas e lagartas pequenas, inclusive de lagartas do milho.
Percevejo Podisus
Esse predador pica sua presa e injeta uma toxina que a paralisa em tempo relativamente curto. A
presa é morta à medida que seus fluidos internos são sugados pelo predador. Tanto as ninfas
quanto os adultos possuem o hábito de predação.
BESOURO DE SUPERFÍCIE DO SOLO
Preparando ataque a lagarta-do-cartucho e ovos do predador. Foto:Ivan Cruz
Os besouros da família Carabidae, ou besouros de superfície do solo, pertencem a uma das
famílias maiores e mais conhecidas de besouros (Coleoptera), com mais de 20.000 espécies
diferentes distribuídas no mundo. A maioria das espécies é de hábito noturno e com coloração
geral preta ou marrom, embora algumas espécies exibam uma coloração iridescente e azul
metálica, bronze, esverdeada ou com reflexões avermelhadas. A família também inclui os
besouros diurnos, denominados “Besouros tigre”, família Cicindelidae. Os besouros
Carabeídeos e suas larvas são essencialmente carnívoros. O gênero Calosomaé um besouro de
coloração esverdeada, grande (25 a 30 mm), iridescente, que se alimenta principalmente de
lagartas e pupas de pragas de milho e de outros cultivos. O desenvolvimento das larvas e a
sobrevivência dos adultos, às vezes duram mais de um ano. Após o acasalamento os ovos são
colocados na superfície do solo, ou um pouco abaixo. A forma imatura passa por três fases
larvais (instares) antes de transformar em pupa no solo e emergir como adulto.
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