REFLEXÃO SOBRE A DIRERENÇA ONTOLÓGICA ENTRE SER E ENTE, SEGUNDO HEIDEGGER: CRÍTICA À TRADIÇÃO ARISTOTÉLICA. Caio Leone A. M. Filho1 A reflexão filosófica de Heidegger sobre a diferença ontológica se fundamenta na crítica levantada por ele em relação à tradição filosófica. Segundo Heidegger: “[...] na medida em que, constantemente, apenas apresenta o ente enquanto ente, a metafísica não pensa no próprio ser. A filosofia não se recolhe em seu fundamento.” (HEIDEGGER, M. 1980, p. 56). Isto é, a metafísica sempre aspirou conhecer o ser, como um ente, esquecendo-se de investigar o ser como tal. Desse modo é possível atribuir à tradição o “esquecimento do Ser”. O que Heidegger pretende é voltar às origens, para estabelecer uma relação da metafísica com o seu fundamento, que durante muito tempo se desviou, se escondeu. A metafísica em Aristóteles é a ciência do ser enquanto ser. A única ciência que estuda o ser em sua totalidade, é a metafísica. Diferente das ciências particulares, nas quais o objeto de estudo engloba determinada categoria de coisas. Como é o caso das matemáticas, cujo objeto de estudo é o número; a biologia, a vida. Assim a metafísica se preocupa em estudar as causas e os princípios primeiros. Estes estão acima de qualquer ciência particular, abrangendo a totalidade do ser, ou seja, o estudo do ser enquanto ser. “Ora, dado que buscamos as causas e os princípios supremos, é evidente que estes devem ser causas e princípios de uma realidade que é por si”. (ARISTÓTELES. 2002, p.41). A metafísica, porém, se esqueceu do ser por causa da confusão entre o ser e o ente. Não compreendia a real distinção. Muito menos a diferença do Ser em relação aos entes. A pergunta pelo ente escondeu a pergunta mais fundamental - pelo Ser. A pergunta fundamental é a mais originária, visto que engloba tudo, até mesmo o não-ser. Contrariamente à isto, “[...] o ente reenvia ao ser e o ser ao ente; no seu mútuo reenvio, joga-se a identidade e diferença de ambos” (BLANC, M. F. 1998, p. 36). Pensar na verdade do Ser, ao modo heideggeriano, significa dizer o mesmo que: “a tradição está superada”. 1 Graduando em Filosofia na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). 1 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: ARISTÓTELES. Metafísica vol I. Ensaio introdutório, sumário e comentários de Giovanni Reale. Trad. portuguesa de Marcelo Perine. São Paulo. Edições Loyola. 2002. BLANC, M. F. Metafísica do Tempo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998. HEIDEGGER, Martim. Introdução à metafísica. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1999. _____. Que é metafísica? In. Heidegger. Trad. Ernildo Stein. São Paulo: Abril Cultural, 1980. Coleção Os Pensadores. _____. Ser e tempo vol. I. Trad. Márcia Sá Cavalcante Shuback. Petrópolis: Vozes, 2002. _____. Superação da metafísica. In: Ensaios e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2002. 2