Jewish-Christian Relations Insights and Issues in the ongoing Jewish-Christian Dialogue Stöhr, Martin | 01.09.2005 Casa de ensino judaico Martin Stöhr Uma observação protestante I. A expansão do saber histórico e das ciências naturais, a dificuldade de entender e de se sair das condições de vida que se tornaram cada vez mais complexas põem, no tempo moderno, as religiões diante cada vez maiores desafios. Delegar a dominação destes somente ao mundo acadêmico ou ao respectivo “clero” é uma possibilidade, a qual, certamente, promove ainda a interdição e mudez das comunidades – para não falar do perigo de clericalismo e cientificismo. Jogam, nas assim chamadas religiões de livro, o aprender, a catequese, a inculturação em mundo novos, a discussão com filosofias, visões do mundo e, não por último, adversários internos ou externos um papel decisivo: os lugares de aprender mencionados e as instâncias de comunicação estão sendo desafiados extrema e novamente. Que, em princípio, todos os fiéis têm de enfrentar assas tarefas, se baseia, no Judaísmo e na Cristandade, em três firmações básicas: Uma vez a semelhança com Deus e, com isso, a dignidade de cada pessoa humana que cada uma e cada um esteja em condição de dar à palavra da revelação uma resposta própria. Da outro lado, a visão realista da provisoriedade ou o caráter fragmentário de cada pronunciamento religioso, respectivamente teológico um manejar de direito igual com exatamente essa palavra da revelação. Terceiro, há, na história da discussão rabínica e das disputações cristãs antigas, caminhos experimentados de discurso abertos, embora freqüentemente demais esquecidos, para a averiguação de verdades hoje vivíveis, na base das tradições transmitidas e da relevância destas para a atualidade e o futuro. Todos os três indícios vivem juntos de que funcionam anti-hierarquicamente e crítico a poder, sendo, portanto, sempre postos em perigo por poder e hierarquia; que são fundados na tradição bíblica, onde “os santos do altíssimo” (Salmo 34,10; Rm 1,7 e outros lugares) estão sendo “democraticamente” como os responsáveis para a realização da palavra de Deus. Essa idéia não significa, de jeito algum, renunciar a funções especiais (sacerdotais, educacionais, proféticas, régias, diaconais, etc.). As portadoras e os portadores de tais serviços, porém, estão como “auxiliares” no serviço do inteiro. O que o salmo 2 declara do rei, indica também as regras éticas de base para o povo de Deus. O que o salmo de Cristo (Ef 2) diz de Cristo, indica também o programa de vida da comunidade. Ef 4,12 descreve as tarefas dos serviços especiais. Devem “arranjar os santos para a obra do serviço para a edificação do corpo de Cristo”. A verdade explicada e defendida ontem para ontem pode ser irrelevante para hoje ou amanhã na sua repetição pura. Já na Bíblia se encontra uma auto-interpretação permanente e, com isso, desenvolvimento contínuo dos seus pronunciamentos elementares de base: O mandamento de santificar o sábado está sendo explicado ulteriormente para o pousio natural, para a liberação de escravos e para a remissão de dívidas. Coisa antiga gera e dá à luz coisa nova, como em Abraão e Sara. Os profetas remetem à aliança de Deus com Israel, vivificando-a e a ampliando através de crítica, consolo ou abertura de novas perspectivas de vida. Jesus, no Sermão da Montanha, 1/8 interpreta a Toráh, como Paulo em Rm 12-13, como igualmente permanecendo válida e novamente válida. Tiago corrige (2,17) Paulo e a polêmica deste, contra o co-cristão Pedro necessária, mas duas gerações mais tarde obviamente tendo chegada a ser obsoleta, contra as “obras” pela sua tese de que a fé sem as obras estaria morta. Reformas e reformadores não só reconstroem, mas também criam realidades novas da fé. II. O pai das academias populares, o teólogo dinamarquês Nikolaj F. S. Grundvig (1783-1872) desenvolveu a sua idéia de aprendizagem durante toda a vida contra um racionalismo com o positivismo deste de saber e contra a romântica com a preponderância desta do sentimento, tendências que ele mesmo tinha aderido antes. Segundo ele, a vida cristã é primeiramente um renascimento da vida dada na criação, então algo comumente humano, relacionada à humanidade das pessoas humanas. Os de mais idosos de 18 anos devem aprender e formar as condições da vida humana e social. Esta deve ser treinada sem parar e sempre de novo. O uma vez aprendido nunca chega a ser completo ou a ser concluído, deve a vida levar a cabo e não deixar a fé chegar a ser museal. O ser pessoa humana, o chegar a ser gente vem antes de ser cristão. Este, portanto, Grundvig não o menospreza. Ao contrário, mas no ponto central do ser cristão não está o ser cristão próprio. As pessoas humanas são o horizonte dele. Quando no teatro de Kassel (Alemanha) em 1919 foi apresentado Nathan der Weise [O sábio Nathan], Franz Rosenzweig (1886-1929) acompanhou a apresentação com uma conferência. Ele trava à pergunta de Lessing dirigida dentro da peça ao templário: “Cristão e judeu são antes cristão e judeu ou pessoa humana?” Rosenzweig comenta: “Cristão e judeu não são cristão ou judeu antes de pessoa humana, mas pessoa humana cristã e pessoa humana judaica são mais que só pessoa humana.” Aqui se pronuncia a autoconsciência – não reivindicação absoluta ou um sentimento de superioridade – do judeu autêntico como do cristão autêntico, de que ambos teriam algo a contribuir a “Tikkun Olam”, isso é à melhora do mundo, a construção do reino de Deus. Rosenzweig resume: “A pessoa humana está no mundo para ser humana.” O chegar a ser pessoa humana da pessoa humana é, em Grundvig como em Rosenzweig – com toda diferença dos dois pensadores e inspiradores de formação moderna de adultos –, fim dum aprender novo, como Rosenzweig o formula nos seus trabalhos preparatórios para a Case Livre de Ensino Judaica em Francoforte (Alemanha). É necessário como exigência do presente e das tradições no interesse de futuro humano. Quando Rosenzweig assenta, tinha terminado o seu trabalho volumoso sobre “Hegel e o Estado”, bem como se despedindo resolutamente do idealismo alemão, a sua obra principal “Stern der Erlösung” [Estrela da Salvação]. Esse livro conclui como o aviso bíblico: “ELE te disse, oh pessoa humana, o que é bom e o que exige o Eterno, teu Deus, de ti: fazer o reto e ser bom de coração e simplesmente (Buber traduz: ‘moderadamente’) andar com o teu Deus” (Miquéias 6,8). Essa palavra está escrita acima do portão que conduz para fora do “santuário divino, no qual nenhuma pessoa humana pode ficar viva. Aonde, porém, as alas do portão se abrem? Não sabes? PARA DENTRO DA VIDA.” Não a permanência no santuário está alegada aos crentes, mas sim a cada vez nova saída para dentro do “profano”, para dentro da vida, a qual jaz antes e fora do santuário. Rosenzweig advoga contra um entendimento de religião como auto-abastecimento religioso, como nicho diante, ao lado ou atrás do mundo, como refúgio das adversidades do cotidiano – conceitos que, embora é que encontrem aderência, mas não têm fundo no entendimento bíblico de fé, amor e esperança. Esses três dons e tarefas de Deus às pessoas humanas expelem do paraíso da religiosidade para dentro dum mundo “além de Éden”. Esse mundo não é ateu. Por isso, ele é segundo a concepção de Deus, não só para ser aceito, mas sim para ser formado. No seu escrito programático para a fundação da Casa Livre Judaica em Frankfurt/Main [Francoforte sobre o Meno] “Formação e não fim nenhum”1 – se aloja tanto a observação do Coélet [pregador] cético-sábio (12,12) de que a confecção de livros não teria fim, como também a tarefa de aprender, 2/8 bem como de ensinar, de esclarecer e de disputar – não sem o médio decisivo: a Bíblia. O texto grego de Sirácida [Eclesiástico], 2 séculos antes de Cristo, o bisneto do autor desse livro apócrifo da sabedoria escreve um prefácio, no qual diz: “Na Lei e nos Profetas, bem como nos outros escritos que os seguiram, nos são dadas muitas coisas magníficas, pelas quais Israel merece o louvor de moral e da sabedoria. Por isso aqueles que lerem devem, não só ensinar-se a si mesmos desses, os sábios devem antes se poder provar úteis aos leigos por palavra e escrito.” Professores e alunos, peritos e leigos carregam igualmente responsabilidade para que a sabedoria de Deus chegue a ser praxe de vida das pessoas humanas. Por isso, se convida à casa do ensino: “Chegai a mim vós que estais ignorantes, e vos detende na minha casa de ensino” (Eclo 51,23). Aqui a casa de ensino está sendo mencionada pela primeira vez. Na literatura sapiencial de Israel está sendo chamada a atenção com grande ênfase que a sabedoria de vida não se encontre ou até se resuma nas sabedorias e capacidades cotidianas fascinantes de modo algum mal feitas da pessoa humana. Seria um seria uma conclusão circular empobrecedora. Jó 27 especifica o poder e saber impressionante de tipo técnico, mecânicos e artistas, para apontar ao começo da sabedoria, esta que conste no “temor”, no levar Deus a sério. O escrito “Formação e nenhum Fim” conclui com as palavras que, na sua liberdade e autoconsciênca soam aborrecíveis a todos os administradores de religião e a todos os desprezadores de religião: “Todas as receitas, a ortodoxa, como a sionista, como a liberal geram, quanto mais forem seguidas conforme a receita, caricaturas das pessoa humana tanto mais ridículas. … Não há receita senão a única que determina a pessoas humana a ser judaica e, com isso, a ser pessoa humana verdadeiramente: a receita do sem-receita. … Os nossos antigos tinham uma palavra bela para isso: confiança.” É a palavra bíblica ÈMUNóH, que significa confiança, esperança e fé. Por Martin Buber está sendo oposta erroneamente, se bem que perante petrificações dogmáticas na Cristandade compreensivelmente, como contrastante à pistis neotestamentária (fé, antes de tudo, como fé em dogmas).2 O antigo colaborador na Casa Livre Judaica em Frankfurt [Francoforte, Alemanha], Erich Fromm, apresentará criticamente no seu livro “Das Christusdogma” [O Dogma de Cristo] esse tendência de petrificação dogmática, opondo-lhe o anuncio de Jesus no Sermão da Montanha. Confiar em Deus, Cuja palavra e voz não podem ser expulsas do mundo, logo permanentemente perceptível no mundo, significa expressá-Lo aí, nas complexidades, contradições, desumanidades e belezas. Fala compreende palavra e ato. “No início era a palavra”, está sendo por Goethe (que sabia hebraico) retamente traduzido, contra um mal-entendido vitaslista, não por “força” ou não com “sentido”, contra um mal-entendimento idealista. A sua tradução “Im Anfang war die Tat” [No início houve a ação] reproduz exatamente a palavra hebraica Dobar. Significa falar e agir em um só. Voltase também contra um desprezo de agir na Cristandade. Trabalho de formação empurra para a realização. Carl Friedrich von Weizsäcker diz: “Informação é informação somente se efetuar mudança.” III Os começos da casa de ensino se deixam remontar até no exílio babilônico de Israel (586-536). O problema realmente existencial depois da destruição do templo em Jerusalém e depois da deportação para uma esfera político-religiosamente estranha era, não só a questão de se Deus também na “miséria”, no exterior, sob determinação alheia existe e age através de condições de vida completamente novas, mas sim de como, sem orientação sacerdotal e/ou profética no Templo (quer dizer, porém, também contra o Templo) a Sua palavra esteja a ser realizada. 3/8 Esclarecer isso, segurar a Sua palavra transpondo-a livre, ao mesmo tempo, para dentro de novas situações deixa nascer as formas preliminares do ensino livre de hierarquia. A fixação dos textos bíblicos se torna agora tão necessária como a sua tradução discursiva para realidades que mudam. Depois das experiências amargas “quando sentávamos nas águas da Babilônia” – e alhures! – “e chorávamos” nasce, sem raiz no que se refere a condições externas, não sem raiz no que se refere à palavra de Deus que fica contemporaneamente e vai junto ao exílio, vida e aprender novos na Babilônia e, depois, em muita diásporas da história judaica. A casa do ensino como a sinagoga, esta que nasce no mesmo tempo, como lugar da comunidade, do serviço religioso e do ensino ganha, em cada lugar de existência judaica, importância central. Essa importância está sendo sublinhada por um relato talmúdico de que seja permitido transformar uma sinagoga em uma casa de ensino, mas nunca uma casa de ensino em uma sinagoga. Depois da primeira e, com maior razão, depois da segunda destruição do Templo, o lugar central do serviço religioso tinha desaparecido igualmente como os sacerdotes e o papel destes. Um “sacerdócio geral de todos os fiéis” jaz agora com as comunidades. Perante uma divisão de trabalho cristã, a qual descarregava o ensino cristão permanente e o aprender que o carrega de todas as gerações, amplamente das comunidades e famílias para as instituições de escolas, de academias do povo e da formação de adultos, está aqui dada a unidade original de ensino social e individual, prático e teórico. Heinrich Heine chama a Bíblia a “pátria portável” dos judeus. Não pode ser destruída. Pode e deve ser tratada sempre e em todos os lugares. Atrás está um entendimento da palavra de Deus, a qual pode formar nova e criativamente tempos e espaços, instituinalizações e história, indivíduos e sociedades. Franz Rosenzweig descreve o fundo mais profundo de todo o trabalho antigo e novo da casa de ensino assim: Trata-se, para ele, não de um trabalho “que trata de ‘coisas judaicas’, pois então os livros do antigotestamentólogo protestante livros judaicos”. Trata-se, para ele, de um pensar, “ao qual lhe advém para aquilo que tem a dizer, e exatamente para o novo que tem a dizer, as antigas palavras judaicas Coisas judaicas são, como coisas em geral, sempre passadas; palavras judaicas, porém, se bem que antigas, fazem parte da juventude eterna da palavra e, quando lhes for aberto o mundo renovam o mundo”.3 Uma fé “protestante” de palavra fala aqui, a qual, todavia, não esquece que o compromisso da fé jaz, não em teses, formulações de credos e dogmas – sejam esses tão importantes como forem para a autocertificação, delimitação ou resumo curricular – mas sim na vida e no agir. As tradições narrativas (HaGòDóH) e as tradições éticas (HaLòKóH) da TORóH, das orientações, as quais se encontram, no Talmude e no Midrash como “revelações orais” ao lado da “revelação escrita”, da Bíblica Hebraica, são todas práticas de vida e orientadas para o agir. A essa orientação para o agir pertence, naturalmente, também a iluminação, quer dizer: reflexão sobre Deus e o mundo, explicação do mundo e da história são indispensáveis, já que se trata na Bíblia, do começo até ao fim, das questões correspondentes, as quais Kant pode embrulhar assim: O que posso saber? O que posso fazer? O que devo fazer? O que me está permito a esperar? O que é a pessoa humana? Essas não são perguntas especificamente religiosas, mas sim perguntas de todas as pessoas humanas. Estimulá-las e às tentar responder é – com a luta “para uma retidão melhor” – tarefa do trabalho e discussão das religiões. A revelação oral no Talmude e no Midrash é, de certo modo, uma casa de ensino de jeito próprio. Metodicamente, pertence a isso que, em muitos volumes tanto do Talmude de Jerusalém como do de Babilônia estão fixados nomes de centenas de pessoas humanas as quais, ao lado de muitos desconhecidas, participam todos com direito igual nesse colóquio, na procura de respostas – muitas vezes até em ramificações sutis – referentes ao que então a tradição diz hoje. São, não teólogos profissionais, mas sim leigos, embora mestres e professores (os rabinos) das tradições bíblicas e pósbíblicas, como dos problemas atuais haja entre eles. Esclarecer, aprender e ensinar dá lugar num processo entre as gerações, entre posições diferentes, até muitas vezes incompatíveis. Uma autoridade de ensino e decisão não há tão pouco como uma concepção da doutrina pura. Ambos os fatos, no entanto, não significam que não tivesse havido autoridades. Até na propaganda moderna, 4/8 Hillel pertence a eles com a sua pergunta: Se não eu, quem então? Se não agora, quando então?”Ou Rábi Akiba, o qual chegou a ser o fornecedor do adágio de que tudo já teria acontecido já antes. Palavra e resposta, dito e contradição, delimitações e posições agudas pertencem a esse “sistema não-sistêmico” de explorar verdades e as fazer praticáveis, bem como abertura e a consciência de que, na tradição judaica estão sendo conservadas verdades que são necessárias para a vida. A isso pertencem as idéias, p. ex., que “pagãos” valem mais que os Sumos Sacerdotes, que aqueles têm participação no Reino de deus, quando levarem a sério a vontade de Deus, mas também a recusa de qualquer adoração de autoridades as quais estejam em contradição para levar a sério a existência dum Deus. A pergunta é, nas partes narrativas como nas éticas da literatura rabínica sempre pelo que as histórias e as palavras da Bíblia nos dizem hoje. Por trás disso está o entendimento de que a repetição da verdade de antes não é per se [por si] a verdade de hoje, mas sim precisa de desdobramento atualizador e inovador. Esse pensar sabe que as situações mudam como as pessoas humanas, que, no entanto, fica válido “o que é dito aos antigos …”. Assim Jesus o pratica no Sermão da Montanha. Uma interpretação nova contínua é necessária. Novas questões se põem a cada geração e in em cada contexto novo, das quais nem Moisés, nem os profetas, nem Agostinho nem Lutero, nem Maimônides nem Mendelssohn, nem Schleiermacher nem Barth sonhavam coisa alguma. O que, no protestantismo, se chama de viva vox evangelii [voz viva do evangelho] e o que é o simples ler e pronunciar, mas sim a vivifcação da palavra e espírito divinos pela pessoa humana, o que apontado, Confessio Helvética está chamado de “Praedicatio verbi divini est verbum divinum” (O anúncio da palavra de Deus é a palavra de Deus), se encontra aqui também sob aspeto duplo: De um lado, o papel altamente grave da pessoa humana no entender, interpretar e viver da palavra divina não é para ser passado por cima. Está intangível na sua intangibilidade. Está dado nas nossas mãos o que o pode fazer manipulável. De outro lado, o peso altamente grave não é ultrapassável, mas não põe, por si, em pura ou ainda mágica possibilidade de ser repetida vida e orientação. Para estas, se precisa, além da cultura de luta, de esforços mais altos intelectuais e práticos. Também as suas partes incompreensíveis e inoportunas (p. ex. prescrições de sacrifícios para o serviço do Templo), juízos de mulheres ou violência no Antigo como Novo Testamento não caiem fora da Bíblia, mas sim exigem, dentro da herança integral, um desenvolvimento ulterior crítico-criativo, até superação. Exemplos bíblicos para isso são a superação da vingança de sangue e da pena de morte. No Talmude Babilônico (Menahot 29b) é contado que Moisés, que pode ainda ver a Terra Santa, mas não entrar nela ele mesmo, vê através de tempos longínquos o que será discutido e decidido nas casas de ensino e sinagogas séculos mais tarde. Nada entende das discussões. Irritado, pergunta por sobre o que a gente aí então discutem? A resposta de Rábi Akiba é que não se trataria da Toráh, a palavra e a vontade de Deus, como estas teriam sido comunicadas a Moisés no Sinai. Moisés está completamente conformado, embora não mais entende ainda que conseqüências estão para serem tiradas da Toráh, de Moisés e dos profetas dos escritos num tempo mudado. A fonte precisa ser clara e o esforço indispensável, assim de orientação difícil, seja quão nova ou controversa como for que a resposta à palavra da revelação possa cair. A discussão de Jesus com os fariseus e escribas não são discussões de um cristão com os judeus, mas sim discussões intrajudaicas. O ponto de referência dos discutintes está tão unívoco como comum, mesmo quando não pode haver conseqüências desse ponto comum de referência em diversas direções. Mt 23,1s. começa uma crítica cortante aos fariseus e escribas como o aviso de que estariam a serem ouvidos, porque (retamente) sentam na cadeira de Moisés. O Talmude critica e argumenta semelhantemente. IV Como modelo imponente e inspirador do tempo moderno está sendo estimada, no debate sobre 5/8 formação e educação, comunicação de saber e orientação de agir, a Casa Livre de Ensino Judaica em Frankfurt am Main [Francoforte sobre o Meno, Alemanha]. Não está pensável sem a longa tradição judaica, mas também não sem a discussão ao redor duma pedagogia de reforma no século 20. Antes de tudo, Martin Buber estava num jogo recíproco muito vivo com começos pedagógicos de reforma. Os seus escritos “Schriften zur Erziehung” [Escritos para a Educação] bem como “Ich und Du” [Eu e T], documentam isso explicitamente. Em 1918, a comunidade judaica na Alemanha, experimenta, pela primeira vez, completa igualdade de direitos governamentais e jurídicos, o que não significa que a igualdade de direitos dessa minoria diminua também o desprezo dessa minoria em todas as camadas e instituições do povo. Em 1933, o anti-semitismo está escolhido ao poder como ideologia núcleo. No mesmo ano de 1918, o rabino de Frankfurt, N. A. Nobel, discípulo do neokantiano Hermann Cohens em Marburg, ortodoxo e conhecedor de Goethe, sionista e pregador fascinante, juntou que se interessavam de várias correntes do Judaísmo de Frankfurt, para com eles construir um trabalho de formação popular judaico. Cunha ele também um entendimento humano do “Super-homem” de Nietzsche. Contra a interpretação socialdarwinística dos nacionalistas, anti-semitas e nacionalsocialistas está, para ele, com esse título preservado um ideal daquilo que o homem deve chegar a ser. Nobel o entende um como convite para o “empowerment” [autorização] duma minoria desprezada para que esta possa passar o futuro soberanamente e com direitos iguais como os tem a maioria. Trata-se, para ele, de um Judaísmo aberto e colaborador em todas as questões do tempo e da sociedade. Nobel chegou a conhecer Franz Rosenzweig. Este concorda com o seu pedido de se mudar de Kassel a Frankfurt, para guiar o novo empreendimento. Rosenzweig, por causa disso, renuncia a uma carreira universitária. Insiste em que, com a nomeação, haja ligação à antiga história judaica da casa de ensino. Que precisa ser “livre” significa, para ele, que todos os interessados tenham acesso livre a todas as suas reuniões, e que a casa de ensino deve ser independente de todas as instituições, também das judaicas. Deve se sustentar a si mesma por contribuições dos membros e emolumentos de cursos. Tradição e modernidade – ambas contêm desafios, os quais, num pensar e trabalhar confrontativos têm de ser relacionadas uma à outra. O psicoterapéuta Erich Fromm ainda com estudante, o pedagogo Ernst Simon, o qual deixa em 1933 a sua cadeira de ensino para formação de adultos na Universidade Hebraica de Jerusalém para, com Martin Buber, exercer, até 1938, formação judaica de adultos na Alemanha na sombra da destruição,4 o médico Richard Koch pertencem aos primeiros colaboradores. Koch leva as finalidades expressivamente ao ponto: “A casa de ensino nos deve ensinar porque e para o que existimos.” Importante, para todos, é o ponto de referência de ser judaico, indiferente como este for vivido ou entendido. Não deve haver uma adaptação sem identidade à sociedade majoritária. Ainda pertencem aos colaboradores não-teológicos, ao lado do único teólogo, o rabino Nobel, o químico Strauss, além desse um psicólogo, um historiador, um artista e um político. Não deve ter sido um time simples, mas, em toda al cultura de contenda, um capaz de colóquio. “Umblick und Einblick” [olhada ao redor e olhada para dentro], “de fora para dentro”, “Deus – mundo – pessoa humana” – essas são algumas articulações, as quais permitem perceber a universalidade e abertura dos primeiros anos. O programa mostra muitos arcos de tensão, p. ex. entre trabalho bíblico e literatura moderna, estudos do Talmude e questões sociais, experiência histórica e formação do futuro. Tanto a vida privada como a pública jaz no horizonte desse trabalho. Rosenzweig está sendo, por sua doença, obrigado a entregar a direção da casa de ensino já em 1923. Com a sua morte em 1929, a Casa Livre de Ensino Judaica está de fato no fim, mesmo se, com Rudolf Hallo e Martin Buber pode ganhar ainda alguns dirigentes acessórios impressionantes. V Remontando as idéias básicas de Franz Rosenzweig, tento resumir os princípios do aprender novo 6/8 como segue: 1. A verdade antiga é para ser recebida, estudada a partir do presente e a ser realizada para dentro do futuro próprio. 2. Cada um/uma é ao mesmo tempo professor/professora, cada um/uma é ao mesmo tempo estudante. Quanto mais “alheio” alguém for da tradição, tanto mais apto será como professor e estudante. 3. Fidelidade ao próprio pertence a aceitação plena da responsabilidade pelo total da humanidade. A referência à história própria e uma identidade própria da a possibilidade para uma abertura universal e exatamente não para um estreitamento particularista. 4. A fidelidade ao próprio não significa, não passar para lado de somente uma única tradição, p. ex. do Judaísmo, mas sim estar com o Judaísmo como um todo – com Spinoza e com Baal Shem Tob e todos os variantes de manifestação contemporânea, judaica. Quão ecumênica a Cristandade precisaria chegar a ser finalmente, se não excomungasse os dissidentes e “hereges”, mas sim sentaria junto com eles para discutir com eles? 5. Nem propaganda nem apologética determinam o espírito do trabalho. 6. Onde se trata do Judaísmo, trata-se também dos povos, os quais (segundo Is 26,2) entram como retos no Reino de Deus. Retidão como critério da pertença ultrapassa as fronteiras nacionais. 7. Liberdade para pesquisa e ensino na casa de ensino pertence à pressuposição básica desse trabalho livre. Ao caráter dialógico de todo o trabalho da casa do ensino, Rosenzweig mantém programaticamente: “O judaico é o meu método, não o meu objeto.”5 O entender da realidade abrangente que acontece no estudar e ensinar não “tem o seu fim em si mesmo. Chegou-me a ser serviço, a ser serviço todavia, na a ser serviço a tendências”.6 O ensino novo propagado no sermão de abertura para a Casa Livre de Ensino Judaica em 1919 parte do entendimento sóbrio de que casa dos pais e comunidade não mais ensinam o que é necessário para a vida como pessoa humana, co-pessoa humana e judeu. Assimilação ou indiferença são as conseqüências, e a emancipação esperada com essas não acontece. Emancipação do Judaísmo (ou do Cristianismo) ainda não é emancipação. Nascem novas dependências. A simultaneidade com as gerações passadas e com as vindouras, porém, exige uma vida e aprender conscientes no hoje. O abandono de preleções a favor de grupos de trabalho está sendo continuado nos anos de 1923 a 1926 resolutamente. A participação de todos o exige. Aqui surge, para mim, a pergunta se essa mudança – ao lado da doença e morte precoce de Rosenzweig – é também um fator para o retrocesso lento observável da casa de ensino? As preleções e oradores carismáticos não são mais atrativos que a labuta de grupos de trabalho? A partir de 1928 se suspende praticamente; em 1930, a ainda uma Conferência ocasionalmente. Em 1933, a casa de ensino está sendo novamente aberta pela conferência de Buber “tarefas de educação judaica”. Ganha importância para longe além de Frankfurt e Heppenheim (lugar da residência de Buber). Nos anos da perseguição – assim o mostram imagens e relatos impressionantes – tem lugar em muitos lugares da Alemanha, muitas vezes ilegalmente, por vezes camuflada de tempo livre, por vezes preparada como encontro na floresta. Paralelas aos seminários ilegais da Igreja Confessora se impõem. Na hora do ameaço, Martin Buber, expulso da Universidade de Frankfurt, uma fundação judaica para a cidade de Frankfurt, se dirige outra vez a todos os grupos da comunidade judaica na Alemanha. No centro está agora totalmente a conservação e realização da vida de minoria judaica num ambiente hostil. “Aqui, quando em algum lugar, não se trata de ensinar e estudar sem viver. Aprender e fazer estão ligados um com o outro na continuidade da tradição judaica.”7 7/8 VI Depois de 1945, Hermann Levin Goldtschmidt na Suíça e com judeus e cristão junto nos Países Baixos, aí intensivamente em várias cidades, voltaram a essa tradição de casa de ensino e a continuaram. Veja uma herança tríplice a ser considerada: 1. Tradição, exatamente a tradição bíblica, a qual, no Judaísmo pós-bíblico e na Cristandade tem duas histórias de continuação diferentes da mesma Bíblia Hebraica, é um recurso. Não merece, por jargão moderno, por evocação em palestras festivas ou pregações alheias do mundo, por apologética ou repetição ser ressuscitada para uma vida aparente. Somente as questões urgentes do presente e futuro a abrem realmente. 2. É que o trabalho confrontativo com a tradição e o presente está ancorado no solo da identidade própria respectiva, mas não está, em primeiro lugar, a serviço servil a essa. É serviço à pessoa humana e à humanidade. Para esta, e não para si mesmas, as religiões existem. A pergunta pelo agir reto, a pergunta por uma vida, não só comigo mesmo, mas também com outros é sentido e fim da revelação de Deus. 3. As religiões bíblicas Judaísmo e Cristandade, destas variado e se originando também o Islame, têm um direito de progênito na crítica de religião e iluminismo. Estes não são de modo nenhum invenções dos seus adversários, mas pertencem constitutivamente a essas religiões de revelação. Elas se devem da diferença permanente entre o ser Deus do Deus Único e da divindade da Sua palavra no lado e na humanidade da pessoa humana, cujo agir e falar ficam sempre por trás da realidade de Deus. Mais agudamente que Deus pelos profetas ou Jesus, não se pode criticar nem Israel nem a Igreja. A pergunta permanente pelo significado daquilo que este revelado, para hoje, pôs em andamento um processo de iluminação, o qual liberta o mundo de poderes mágicos ou não compreendidos. Isso se mostra nos textos bíblicos da história da criação, bem como nos textos e ações críticos a poder e dinheiro da Bíblia.8 Notas: veja no texto alemão! Texto alemão Tradução: Pedro von Werden SJ - Rua Padre Remeter, 108 - Bairro Baú - 78008-150 Cuiabá-MT -BRASIL [email protected] 8/8 Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)