Apostila_files/Capitulo 5 _VALVAS - HU-UFMA

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Cirurgia de Válvulas
Cirurgia de Válvula Mitral
Cirurgia de Válvula Aórtica
Cirurgia de Válvula Tricúspide
Cirurgia da Válvula Mitral
A doença reumática é a etiologia que mais
freqüentemente causa disfunção da válvula mitral. A febre
reumática leva a uma inflamação de todo o coração
principalmente do endocárdio. Durante a fase aguda da
pancardite o ventrículo esquerdo dilata-se e estira o
aparato valvar mitral produzindo assim uma insuficiência
que desaparece quando o ventrículo recupera a sua
função.
Os componentes funcionais do aparelho mitral
são: parede do átrio esquerdo, o anel, os folhetos, as
cordoalhas tendíneas, os músculos papilares e a parede
de VE. A válvula mitral tem dois folhetos: um anterior,
maior, também chamado de aórtico e um posterior,
menor, também conhecido como mural. Estão fixados ao
anel mitral e aos músculos papilares por cordas tendíneas
primárias e secundárias.O folheto posterior tem três
partes e o aórtico é continuo com as metades adjacentes
dos anéis esquerdo e não coronariano da válvula aórtica.
(Fig. 1)
O anel da válvula mitral é circundado por
diversas estruturas importantes (Fig. 2). A artéria
coronária circunflexa esquerda atravessa em torno do
anel mitral no sulco atrioventricular posterior. O seio
coronariano percorre o segmento mais medial do mesmo
sulco. A artéria do nó AV tem um trajeto paralelo e
próximo do anel aórtico.
Estenose Mitral - EM
Na estenose mitral ocorre restrição à abertura
dos folhetos valvares provocando um gradiente de
pressão diastólico entre o AE e o VE pela redução à área
valvar mitral. Para que exista gradiente pressórico AE-VE
a área valvar mitral deve estar abaixo de 2,5 cm². Quando
a AVM está entre 2,5-4 cm² há estenose mitral mínima
sem repercussão hemodinâmica. É a única lesão valvular
que não causa sobrecarga no VE e sim na vasculatura
pulmonar e coração direito.
A congestão pulmonar é a principal responsável
pelos sintomas da estenose mitral, principalmente
dispnéia aos esforços e ortopnéia. O esforço físico
aumenta o gradiente de pressão transvalvar elevando
subitamente a pressão atrial esquerda e venocapilar
pulmonar piorando a congestão.
A etiologia de mais de 95% das EM é cardiopatia
reumática crônica. Pode se manifestar em qualquer idade
sendo mais comum em adolescentes e adultos jovens.
No exame físico a ausculta revela hiperfonese de
B1 e estalido de abertura quando a válvula tiver pouca ou
nenhuma calcificação. O sopro caracteristico da estenose
mitral é o ruflar diastólico, mais audível com a campânula
e localizado em foco mitral. Quanto maior a duração
maior a gravidade. Diminui com a inspiração e com a
Manobra de Valsalva.
Indicação de cirurgia (EM)
Escore de Block elevado (>11)
Valva calcificada
Dupla lesão mitral
NYHA III ou IV
Pacientes sintomáticos com Hipertensão Pulmonar
grave (PAP sistólica >60 mmHg).
Insuficiência Mitral – IM
A fisiopatologia da doença acontece pela
sobrecarga de volume ao átrio e ventrículo esquerdo que
recebem agora o sangue regurgitado juntamente com o
retorno venoso do pulmão. Ocorre aumento da
complacência do AE e VE aumentando seus diâmetros e
redução da pós-carga ventricular.
A etiologia da IM varia de acordo com a fase da
doença. A IM crônica tem a degeneração mixomatosa
(figura 4) e a doença reumática competindo pelo primeiro
lugar. A doença aguda tem a endocardite infecciosa,
ruptura de cordoalha (figura 3) e febre reumática aguda
como principais causas etiológicas.
A insuficiência mitral cursa na ausculta
comumente com B3 pela sobrecarga de volume crônica.
O sopro da IM é característico: holossistólico no foco
mitral, inicia em B1 prolongando para alem de B2
abafando-a no foco mitral. Irradia para axila e região
infraescapular esquerda. Diferente da Insuficiência
Tricúspide não se altera com a inspiração profunda
(manobra de Rivero-Carvalho).
A cirurgia é indicada de acordo com dois
parâmetros: presença de sintomas e função ventricular
(Fração de ejeção – FE - e Volume sistólico final de VE VEs).
Indicação Classe I de cirurgia
Assintomáticos com FE < 60% e/ou VEs >4,0 cm
Sintomáticos com FE>30% e VEs >5,5cm
Em pacientes assintomáticos com FE > 60% e
VEs < 4,0cm apenas o acompanhamento é recomendado
exceto quando desenvolve uma FA ou Hipertensão
Pulmonar passando para Classe IIa (aconselhável
cirurgia). Pacientes sintomáticos mas com FE< 30% e/ou
VEs > 5,5cm tem péssimo prognostico e a cirurgia só está
indicada se for possível preservar o aparelho subvalvar.
Pacientes acima de 75 anos só serão operados se
sintomáticos.
Comissurotomia
1. Percutânea
Eficaz para pacientes com estenose mitral que
permanecem com os folhetos móveis e espessamento
das cordoalhas tendíneas ou fusão das cordoalhas
mínimas.
2. Cirúrgica
Indicações Comissurotomia Cirúrgica
Estalido de abertura à auculta;
Bom movimento dos folhetos no ventriculograma e
no ecocardiograma;
Ausência de calcificação valvar no Raio – x
simples.
As situações acima favorecem a comissurotomia
em vez da troca valvar. Em pacientes com estenose mitral
severa comprovada pelo cateterismo em classe funcional
II, com gradientes pequenos em repouso, mas que
aumentam com esforço também é recomendado cirurgia.
• Técnica Cirúrgica
A toracotomia pode ser esquerda ou direita,
tendo como preferência da maioria dos serviços e
cirurgiões a mediana por melhor acesso a todas as
cavidades cardíacas e facilidade técnica.
Realiza-se a canulação bicaval e da aorta
ascendente. Procede-se a resfriação do paciente a 2628ºC. O sulco interatrial é exposto, a aorta é clampeada e
a solução cardioplégica fria é infundida na aorta
ascendente. O átrio esquerdo é aberto por uma incisão
posterior ao sulco interatrial.
A
válvula
é
tornada
incompetente
temporariamente introduzindo um cateter dreno através
dela na cavidade ventricular esquerda. O átrio esquerdo
então é parcialmente fechado. O coração é cheio com
sangue e o cateter removido depois da saída de todo o ar.
A seguir completa-se o fechamento da atriotomia.
Fragmentos Gordurosos
Se o átrio esquerdo é aberto com uma incisão no sulco
interatrial, deve-se ter controle para evitar que fragmentos
de tecido adiposo do sulco penetrem na cavidade na
abertura ou fechamento do átrio.
Prolongamento da Incisão
O prolongamento da incisão por trás da veia cava
superior deve ser evitado pois o fechamento pode ser
difícil. O prolongamento inferior para a face superior do
coração proporciona uma exposição adequada.
Um afastador é aplicado e suturas de tração são
colocadas no meio dos folhetos anterior e posterior. A
tração sobre estas suturas melhor expõe a área fundida
na comissura lateral.
Drenagem da Solução Cardioplégica
Pelo menos um dos cadarços da cava devem ser
afrouxados durante a administração da solução de
cardioplegia para permitir sua drenagem para o
oxigenador. Se ambos os cadarços estão apertados, a
cardioplegia pode distender o coração a não ser que seja
removida por um aspirador externo através de uma
atriotomia direita. Se o átrio direito não for aberto as
cavas não necessitam de cadarços.
Embolia Gasosa
O coração deve estar parado a aorta pinçada antes da
abertura do átrio esquerdo para evitar uma possível
embolia gasosa.
Esta então é seccionada evitando lesar as
cordoalhas da comissura inseridas nas bordas dos
folhetos. As cordoalhas então são verificadas. Se
estiverem encurtadas, faz-se uma incisão na ponta do
músculo papilar. A comissura medial é cortada próximo
do anel.
• Resultados
A comissurotomia mitral aberta pode ser feita
com um risco operatório de 1% ou menos. Quase todos
os pacientes estarão em classe funcional I ou II pósoperatória por pelo menos 5 anos. A reestenose
significativa aumenta em 5 anos, e 50% dos pacientes
precisarão reoperar em 8 anos. A cirurgia dura em media
de 5 a 10 anos.
Valvuloplastia / Anuloplastia
O reparo da válvula mitral em pacientes com
regurgitação mitral pode ser feito com a mesma
mortalidade operatória que a troca valvar e está
e
associado a menos risco de tromboembolismo,
endocardite e hemorragia associada à anticoagulação. O
reparo resulta em melhor função ventricular precoce e
tardia.
Os pacientes com insuficiência mitral devem ser
sintomáticos, terem função ventricular em deterioração ou
surgimento de arritmias como fibrilação ventricular para
justificar indicação ao tratamento cirúrgico.
A insuficiência da válvula mitral pode resultar do
alongamento ou ruptura das cordoalhas, alteração do
folheto, dilatação anular ou qualquer uma dessas
combinações. Por esta razão é necessário examinar e
analisar cada ângulo da válvula mitral em detalhes. O
átrio esquerdo é examinado em busca de uma lesão por
jato que justificaria
ia um prolapso do folheto contrário.
contrá
O
anel é examinado procurando dilatações ou deformações.
Os folhetos são examinados procurando prolapsos ou
retrações.
1. Anuloplastia com Anel Protético
Proté
O uso de um anel semi-rígido
semi
reduz
seletivamente o anel mas mantém um orifício bom e o
remodela para
ra seu formato elíptico original.o anel de
Carpentier tem rigidez seletiva e produz um
remodelamento estável. Não ocorre remodelação durante
a contração miocárdica.
O tamanho do anel é determinado pela medida
da área de superfície do folheto anterior, esticando-o
esti
e
medindo com diferentes obturadores.
O anel é fixado na posição por pontos em U de
poliéster 2-0 em torno e através do anel.
Após o anel ser assentados a válvula é testada
injetando salina dentro da cavidade ventricular com uma
seringa de grosso calibre.
ncurtamento Das Cordoalhas Tendíneas
Tendí
2. Encurtamento
Àss vezes as cordoalhas tornam-se
to
alongadas e
permitem o prolapso dos folhetos no átrio esquerdo
durante a sístole ventricular levando a insuficiência mitral.
Antes de iniciar o encurtamento das cordoalhas deve ser
dimensionado o alongamento tracionando os folhetos
para o átrio. Pode
ode ser corrigido
corrig
pela invaginação do
alongamento
ongamento dentro de um músculo papilar
papila previamente
seccionado com sutura de poliéster 5-0.
5
3. Ressecção do Folheto com
om Anuloplastia
A ressecção quadrangular do segmento
prolapsado do folheto seguido pela reaproximação com
fios poliéster 5-0 amarrados
arrados na superfície ventricular
melhora incrivelmente a hemodinâmica de pacientes que
anteriormente tinham uma insuficiência mitral importante.
Redução do Anel Posterior
A ressecção do segmento prolapsado apenas do folheto
pode não ser adequada. Poderá também ser necessária a
redução do anel posterior com duas ou trás suturas
interrompidas
Dimensão da Excisão
Um excisão muito garnde pode levar a grave insuficiência
mitral necessitando de substituição da válvula.
Soltura de Pontos
Tecido Delgado do Folheto.
4. Troca Valvar
• Escolha Da Protese
A escolha da prótese deve ser feita em conjunto
com o paciente discutindo as principais diferenças entre a
válvula biológica e a mecânica.
A válvula
lvula biológica não necessita de
anticoagulação pós-operatória porém
m tem uma duração
menor, principalmente em jovens, necessitando de
reoperação.
A válvula mecânica
nica requer anticoagulação
contínua ad eternum mas tem durabilidade maior. O
paciente deve ser informado dos riscos da anticoagulação
e das reoperações, teratogênese dos anticoagulantes
orais, avaliando sempre a sobrevida do paciente e a
melhor indicação para cada caso.
• Técnica Cirúrgica
Os folhetos comprometidos são tracionados com
um fio de sutura forte ou uma pinça de Allis para
visualizar a fixação no anel. Com um bisturi lamina 15 os
folhetos mitrais são divididos circunferencialmente a 4-5
4
mm do anel. Uma sutura de tração no anel adjacente à
comissura posteromedial permite uma melhor exposição e
proporciona contra-tração
tração para exposição da válvula.
tendíneas e as extremidades
As cordoalhas tendí
fibrosas dos músculos papilares são removidas com
tesouras.
A remoção da válvula mitral e cordoalhas pode
contribuir para a superdistenção do VE e desenvolver um
baixo debito pós-operatório imediato. Assim, sempre
deve-se tentar deixar o folheto posterior com sua ligação
as cordoalhas tendineas e utilizá-lo como material de
apoio para ancorar a prótese. Se coexistem fraqueza
anular e calcificação, o folheto mitral pode ser o tecido
mais seguro para assentar a prótese. Quando a lesão
primaria é muito grande a prótese pode ser assentada
sem remoção de nenhum segmento da válvula original
incorporando os dois folhetos.
Excisão Excessiva dos Folhetos:
A retirada excessiva dos folhetos pode deixar o anel fraco
tornando insegura a substituição da válvula ou mesmo
levando a desincerção do AE do VE.
Excisão do Músculo Papilar:
Apenas as pontas dos músculos papilares devem ser
excisados com suas fixações da cordoalha.
Calcificação da Válvula Mitral
Calcificação do Anel:
Na substituição da válvula mitral deve-se escolher a maior
prótese possível. Medidores são introduzidos
sequencialmente no anel até que se selecione a
dimensão correta. O medidor deve ser folgadamente
ajustado.
Na fixação é comum utilizar pontos simples,
pontos em X, pontos envaginantes em U com almofadas
de Teflon. Se o anel é forte e bem definido serão
adequados pontos simples ou em X de poliéster 2-0. Se o
anel é degenerado pontos em U com almofadas dão a
segurança necessária. Quando todas as suturas foram
passadas através do anel e da orla valvular, a prótese é
suavemente abaixada para sua posição e os fios
amarrados justos.
Locais possíveis de Lesão da Sutura
A art. Coronária circunflexa esquerda cursa logo por fora
do anel mitral posterior. O seio coronariano também
circunda o anel. A art. do nó AV as vezes corre
paralelamente ao anel logo acima da comissura posteromedial. Os folhetos aórticos são contínuos como folheto
anterior da válvula mitral, podem ser incorporados um
ponto.
Manuseio do Tecido das Válvulas
Os tecidos das válvulas devem ser mantidos
úmidos através da irrigação com soro fisiológica. Se não
for feito, o calor das lâmpadas que iluminam o campo
ressecará e lesará o tecido da válvula.
Projeção da Armação Protética
Os “pés” da armação da prótese podem projetar-se
livremente na cavidade ventricular esquerda. Tomar
cuidado para prevenir que estas pontas entrem em
contato com ou incrustem-se na parede do VE causando
arritmia intratável e também pode intervir com a função
normal da prótese.
Obstrução Protética da Via de Saída do Ventrículo
Esquerdo
A prótese deve ser colocada de tal modo que os pontos
de armação nas válvulas biológicas não obstruam o trato
de saída ventricular esquerdo.
Exclusão da Aurícula Esquerda
Pode ser fechada para prevenir estase sanguinea e
tromboembolia. Isto é importante quando o paciente
apresenta fribrilação atrial. O fechamento é feito
amarrando a aurícula por fora ou circundando seu orifício
por dentro do átrio com uma sutura em bolsa.
As próteses biológicas são válvulas com três
folhetos: na válvula Porcina um dos folhetos é maior
sendo alinhado com um anel de sutura com o terço
correspondente maior. Assim 1/3 do anel de sutura deve
ser reservado para o alinhamento com o anel anterior e
os 2/3 restantes para o anel posterior. Nesta posição os
pés da prótese não obstruirão a via de saída do VE.
Quando a substituição valvular foi completada, a
atriotomia é fechada por um fio Prolene 4-0 com duas
agulhas, iniciando-se em cada extremo. A sutura
prossegue em ambas as direções até que se atinja o
dreno colocado em VE através da mitral. A linha de sutura
é reforçada com a outra perna do fio (Figura).
Coloca-se o paciente em posição de
Tredenleburg. O retorno venoso é parcialmente obstruído
e os pulmões são inflados pelo anestesista. Isto enche
completamente o coração deslocando o ar de todas as
câmaras. A raiz aórtica é perfurada antes do
despinçamento para permitir o escape de todas as bolhas
residuais de ar. O coração é desfibrilado se o ritmo
espontâneo ainda não voltou.
O coração deve estar cheio e o sangue deve
estar se ejetando através do local do dreno quando os
fios são apertados. Os nós deve ser apertados num poço
de sangue para prevenir reentrada de ar no átrio
esquerdo.
Cirurgia Da Válvula Tricúspide
O aparelho da válvula tricúspide é semelhante
ao mitral: anel, três folhetos ou cúspides valvares –
anterior, posterior e septal, cordoalha tendinea, músculos
papilares.
2. Troca Da Válvula
Estenose Tricúspide – Et
A área da válvula tricúspide semelhante a mitral
está entre 4-6 cm². A válvula será considerada estenótica
quando houver restrição à abertura dos folhetos valvares,
redução da área valvar tricúspide para < 2,5cm²,
formando um gradiente de pressão diastólico entre AD e
VD.
Não há necessidade de graduar a ET pois as
manifestações clinicas já começam a surgir com gradiente
pequeno de 5mmHg.
A etiologia quase sempre é cardiopatia
reumática crônica. O aumento da pressão venosa central
leva a síndrome da congestão sistêmica; turgência jugular
patológica, ascite, hepatomegalia congestiva, anasarca
cardiogênica.
O exame físico mostra um ruflar diastólico que
aumenta de intensidade na inspiração mais audível na
borda esternal esquerda baixa.
A cirurgia em geral só é indicada em casos
graves associado de comprometimento da mitral com
indicação cirúrgica.
• Técnica Cirúrgica
Como qualquer procedimento que necessite a
exposição do átrio direito a canulação bicaval deve ser
feita. A atriotomia longitudinal é feita paralela ao sulco
atrioventricular
1. Comissurotomia Tricúspide
É realizada por um bisturi 11 ao longo das
comissuras até 1-2 mm do anel. Devido a natureza
tricúspide da válvula a comissurotomia se limita a uma ou
duas comissuras para evitar insuficiência.
A comissura anterior raramente é incisada pois
tem grande propensão de produzir insuficiência.
Quase sempre é possível corrigir a válvula
tricúspide, por isso sua troca raramente é necessária.
Quando a distorção do aparato valvar impede a
reconstrução satisfatória é necessário trocar a válvula.
A ressecção da válvula inicia-se através da
incisão das margens dos folhetos anterior e posterior
dividindo seus músculos papilares. De modo preferível
todos os folhetos ou o folheto septal são deixados intactos
para ancorar a prótese.
As próteses mecânicas na posição tricúspide
tendem a trombosar alem do formato tubular e triangular
do VD se adaptar mal aos dois tipos de prótese mecânica.
A valvula biológica é a de escolha nessa posição.
Os fios com almofadas de Teflon 3-0 são
passados através do anel, a não ser na região do folheto
septal. Nesta área, os pontos são passados apenas
através do tecido do folheto e sua estrutura de suporte
para se evitar a produção de um bloqueio cardíaco. Os
fios são passados através do anel de sutura da prótese. A
prótese é deslizada para baixo em seu leito e os fios são
amarrados e cortados. Deve-se tomar cuidado para não
lesar o endocárdio de VD através da pressão da prótese
no ventrículo comprimido. A seleção do tamanho da
prótese não se baseia só no diâmetro do anel
atrioventricular, mas na dimensão da cavidade ventricular.
Lesão do Nó atrioventricular
Durante a fixação da prótese, os pontos devem ser bem
afastados do tecido de condução para prevenir o bloqueio
cardíaco. Se ocorrer deve-se colocar um eletrodo
epicárdico permanente.
Insuficiência Tricuspide - IT
Normalmente é causada por hipertrofia
ventricular direita, dilatação do VD e dilatação do anel
secundaria a doença mitral e/ou aórtica também pode ter
como etiologia a doença reumática ou prolapso da valva
tricúspide.
A fisiopatologia da doença é a mesma da IM
cursando com uma sobrecarga de volume ao AD e VD.
Na ausência de hipertensão pulmonar a IT costuma ser
bem tolerada.
Os sinais e sintomas são típicos da congestão
sistêmica aliados ao baixo debito; fadiga, cansaço aos
esforços. Sinal de Rivero-Carvalho positivo com sopro
holossitolico em foco tricúspide.
A IT moderada secundaria a anuloplastia De
Vega está indicada. Na IT grave secundaria um Anel de
Carpentier pode ser utilizado na plastia tricúspide.
1. Anuloplastia por Anel de Carpentier
Busca-se o remodelamento do anel corrigindo a
dilatação e a deformação. A implantação do anel devolve
a conformação antiga do anel valvar perdida na
remodelação do VD pela sobrecarga de volume e
pressão.
O uso do anel permite a plicatura do ângulo onde
a dilatação é mais proeminente – nas comissuras. O anel
é flexível com grande abertura ao nível da comissura
Antero-septal e do folheto septal, evitando dano ao feixe
de His.
O tamanho do anel é escolhido pela medida da
base do folheto septal ou pelo ajuste do anel ao folheto
posterior. Suturas em U são colocadas no anel. O anel é
assentado e amarrado. A competência da válvula é
verificada injetando solução salina dentro do ventrículo
com uma seringa grande.
2. Anulopastia de De Vega
Uma sutura de prolipropileno 2-0 é passada por
um pedaço de Teflon e a linha de sutura é iniciada perto
da comissura entre os folhetos anterior e septal. Pedaços
do anulo ou próximos a ele são pegos à medida que a
linha de sutura progride lateralmente em volta do folheto
anterior. Perto da comissura entre os folhetos septal e
posterior a sutura é passada por outro pedaço de teflon
sendo levada de volta sua origem.
Um medidor de válvulas apropriado ao tamanho
do paciente é colocado no anel para calibrar.
Cirurgia da Válvula Aórtica
A válvula aórtica é constituída por um anel
fibroso e de três folhetos em aspecto de meia-lua. O
anulo valvar, na verdade constitui a origem da raiz aórtica
faz parte do esqueleto fibroso cardíaco, situando-se no
mesmo plano de anel mitral.
Estenose Aórtica
A área valvar aórtica normal situa-se entre 2,53,5cm². Na EA há restrição a abertura dos folhetos
valvares reduzindo sua área valvar normas criando um
gradiente de pressão entre VE e Aorta.
A gravidade é medida pela Área Valvar Aórtica
(AVAo), tendo correspondência com o gradiente médio de
pressão VE-Ao na sístole:
Leve: AVAo de 1,5cm², gradiente médio <
25mmHg ou velocidade < 3m/s
Moderada: AVAo entre 1-1,5cm², gradiente
médio de 25 a 40 mmHg ou velocidade de 3-4 m/s
Grave: AVAo < 1cm², gradiente médio >40mmHg
ou velocidade > 4m/s
A fisiopatologia da EA é crônica e insidiosa. Os
mecanismos de compensação utilizados pelo coração
para evitar um aumento absurdo da pós-carga e uma
redução abrupta do debito cardíaco permitem que o
paciente estabilize de certa forma nos primeiros anos de
doença. A hipertrofia ventricular concêntrica permite que
o miocárdio aumente sua contratilidade melhorando o
inotropismo mantendo o debito sistólico e ao modificar a
geometria do ventriculo evita um aumento da pós-carga
diminuindo a relação E= P x R/h ( E = estresse de parede;
R= raio da cavidade; h = espessura de parede)
Após anos de sobrecarga pressórica crônica, o
miocárdio inicia um processo de degeneração, apoptose e
fibrose interticial que diminui a reserva coronariana pela
compressão da microvasculatura do coração. Apartir de
um certo momento da doença, existe uma transição
insidiosa da fese compensada e assintomática para a
descompensada quando podem ocorrer isquemia
miocárdica, debito cardíaco fixo e insuficiência cardíaca
congestiva.
As principais etiologias da EA valvar são a valva
bicúspide congênita, degeneração calcificada, cardiopatia
reumática crônica (Figuras).
A valva bicúspide congênita é a causa mais
comum em crianças, adolescentes e adultos abaixo dos
65 anos. A degenerativa calcifica é a causa mais comum
em idosos sendo a hipercolesterolemia e o diabetes
mellitus fatores de risco para EA.
A tríade clássica de sintomas da EA constitui-se
em angina, sincope e dispnéia. A angina está presente
em 35% dos casos com EA moderada a grave, sendo
causada pela isquemia miocárdica e desencadeada pelo
esforço físico. A sincope está relacionada a síndrome do
debito fixo que ocasiona baixa perfusão cerebral durante
esforço físico. A dispnéia marca o aparecimento da ICC.
Ocorre pela congestão pulmonar exacerbada pelo
exercício.
Ao exame físico podemos observar o pulso
parvus ( amplitude fraca) e tardus ( ascenção lenta e
sustentada ). A ausculta normalmente tem B4 e o sopro é
caracteristicamente mesossistólico e o foco de maior
intensidade é o aórtico irradiando para carótidas, fúrcula
esternal e foco mitral.
1. Valvotomia
Indicações
Lactentes com ICC com gradiente >50mmHg com debito
cardíaco normal ou área valvar < 0,5 cm²/m².
Crianças com EA crítica com gradiente >50mmHg com
debito cardíaco normal ou área valvar < 0,5 cm²/m².
• Técnica Cirúrgica
Uma aortotomia transversa é feita e a válvula é
exposta com afastadores de folhetos. Segurando os
folhetos com a pinça, as comissuras bem desenvolvidas
são seccionadas até o anulo. A profundidade da
sustentação e o grau de desenvolvimento da cúspide
coronariana direita são avaliados.
2. Troca Valvar
Indicação de Troca Valvar pelas Diretrizes
Acc/Aha 2006
Sintomáticos com EA grave
EA grave submetidos à cirurgia de revascularização
miocárdica
EA grave com cirurgia da aorta ou outras válvulas
EA grave e FE < 50%
As próteses podem ser biológicas ou mecânicas.
As bioproteses são a escolha para pacientes com idade >
65 anos. Em mulheres em idade fértil não existe indicação
absoluta. A prótese biológica provavelmente necessitara
de retroca precoce enquanto que a anticoagulação
necessária com a prótese mecânica é potencialmente
teratogênica.
Insuficiência Aórtica - IA
Definida como regurgitação de sangue para o
ventrículo esquerdo durante a diástole ventricular, devido
a uma incompetência do mecanismo de fechamento
valvar aórtico é classificada de acordo com a gravidade
que é medida pela chamada Fração Regurgitante (FR) –
o percentual do debito sistólico total que reflui para o
ventrículo esquerdo.
IA mínima: FR< 20%
IA leve: FR= 20-40%
IA moderada: FR= 40-60%
IA grave: FR>60%
• Fisiopatologia
Ocorre sobrecarga crônica de volume no
ventriculo esquerdo que alem do sangue que vem do átrio
recebe um volume extra que reflui pela válvula
incompetente. Três mecanismos compensatórios, a
redução da complacência ventricular esquerda, o
aumento da pré-carga e a hipertrofia de VE excêntrica
permitem que pacientes com IA grave vivam anos e anos
sem sintomas ou disfunção ventricular esquerda. Em
resposta a sobrecarga volumétrica a parede do ventrículo
esquerdo dilata sem elevar a pressão de enchimento. Um
maior volume de enchimento leva a um maior debito
sistólico para compensar o volume regurgitante. O
aumento do diâmetro cavitário é acompanhado pelo
aumento da espessura da parede ventricular.
A fase descompensada é marcada pro sintomas
de ICC e isquemia miocárdica. Os sintomas acontecem
principalmente no esforço físico levando a congestão
pulmonar com dispnéia e ortopnéia. Síndrome de Baixo
Débito também é comum.
A IA crônica pode ser causada por doenças que
lesam diretamente a valva aórtica ou que provoquem
dilatação da raiz da aorta ascendente (AA). Chamamos
de ectasia da aorta uma dilatação entre 2,5-3,5cm e de
aneurisma uma dilatação >3,5cm de diâmetro.
Aterosclerose da AA, necrose cística da media e
arterites de médio e grandes artérias são as principais
causas que acometem a raiz da aorta ascendente.
Cardiopatia reumática crônica, endocardite infecciosa,
degeneração mixomatosa e espondilite anquilosante são
as principais causas que acometem a valva aórtica. IA
aguda pode ser causada por endocardite infecciosa,
dissecção aórtica, trauma cardíaco e outras inúmeras
causas.
Os sintomas geralmente aparecem quando
ocorre disfunção ventricular importante decorrente do
baixo debito cardíaco efetivo ( fadiga, tonturas) e da
congestão pulmonar (dispnéia progressiva aos esforços,
ortopneia). O paciente pode se queixar de desconforto ao
sentir os batimentos cardíacos ou de palpitações muito
fortes mais a noite – angina noturna bradicardiadependente.
O exame físico é rico: PA divergente, pulso em
martelo d’agua, B2 hipofonetica ou ausente, B3 presente,
ictus de VE globoso hiperdinâmico desviado para
esquerda e inferiormente. O sopro da IA é protodiastólico
e aspirativo ou holodiastolico com a duração do sopro
proporcional a gravidade da IA. Na IA por acometimento
valvar o foco de maior intensidade é o foco aórtico
acessório. Na IA por dilatação da aorta ascendente o
sopro é mais audível no foco aórtico.
da origem da artéria coronária direita. Quando a aorta
ascendente for pinçada, a parede aórtica é incisada.
Pequenos afastadores são introduzidos na luz da aorta e
as paredes aórticas são afastadas para cada lado.
Com uma tesoura as cúspides da válvula são
excisadas deixando um margem de 1-2 mm. Os
segmentos calcificados do anel são esmagados com
pinças hipofisarias e os fragmentos de cálcio são
excisados.
• Indicação Cirúrgica
Na IA aguda todos os pacientes deve ser
submetidos a cirurgia.
Já em IA crônica:
Indicação Classe I – ACC/AHA 2006
Sintomáticos com IA severa, independente da fração de
ejeção;
Assintomáticos com IA severa e FE ≤ 50%.
Pacientes que serão submetidos a outro procedimento
cirúrgico cardíaco.
• Técnica Cirúrgica
A aorta é pinçada e a dose ideal da solução
cardioplegica sanguinea é administrada na raiz aórtica no
local da aortotomia futura para efetuar a parada diastólica
do coração. Uma vez incisada a aorta e exposta a válvula,
as
futuras
cardioplegias
são
individualmente
administradas sob visão direta através de uma cânula
especial no óstio coronariano direito e esquerdo.
Competência da válvula aórtica
A administração satisfatória da solução cardioplégica na
raiz da aorta só pode ser realizada se a válvula aórtica é
competente.
Uma incisão transversal baixa é, talvez a mais
comumente usada. Suturas finas de Prolene são inseridas
na adventícia da parede aórtica em cada lado da linha de
incisão proposta, a qual deve ser de 10 – 15 mm acima
Limites da excisão
Excisão da válvula muito próxima do anel pode levar a
disrupção do anel e deixar pouco tecido para suportar as
suturas.
Deslocamento das partículas de cálcio
Deve-se tomar cuidados para não permitir que partículas
de cálcio caiam na cavidade do ventrículo esquerdo uma
vez que elas podem levar a embolia sistêmica. Um
tampão pode ser colocado no ventrículo esquerdo após
excisão da válvula antes de tentar retirar o cálcio do anel.
Oclusão do Óstio coronário
Para prevenir a embolia coronariana durante a remoção
de cálcio, o óstio coronariano pode ser temporariamente
obstruído com uma mecha de algodão, uma cânula de
infusão, ou a ponta do aspirador.
Desinserção do Folheto Mitral Anterior
O folheto mitral aórtico pode se destacar de seu anel
durante excisão dos folhetos da válvula aórtica. É
provável que o folheto mitral aórtico se desinsira com a
remoção da cúspide não coronariana. Isto leva a um
defeito na raiz aórtica.
- Determinação da dimensão da prótese aórtica
São inseridos três pontos simples, um em cada
comissura. Medidores de diferentes dimensões são
introduzidos no anel, iniciando com o menor deles. Devese tomar cuidado com a escolha da prótese: uma
adaptação frouxa indica que o paciente não recebeu a
maior prótese possível e apresentara gradiente
paravalvar; um ajuste apertado irá interferir com o
assentamento satisfatório da prótese.
- Assentamento da Prótese
Quando todos os fios de suturas foram
cuidadosamente colocados no anel de sutura, a prótese é
gentilmente abaixada e delicadamente adaptada ao anel.
A direção dos nós de sutura deve ser aempre paralela a
direção do anel de sutura. Qualquer desvio deste principio
pode traumatizar o tecido do folheto ou a prótese valvular
através de contato com o material de sutura ou as pontas
dos dedos do cirurgião.
Pontas Longas Dos Fios De Sutura
Os fios após amarrados devem ser cortados curtos em
direção a periferia. Uma ponta longa irá roçar o tecido do
folheto levando a irritação crônica, lesão e perfuração do
tecido.
A prótese é suturada na posição através de
pontos interrompidos.realiza-se uma pegada profunda do
anel. As extremidades da sutura são mantidas esticadas.
Quando todos os fios foram passados, eles são passados
através do anel de sutura da prótese de modo ordenado.
Segurança dos pontos
Os pontos devem ser individualmente testados para
assegurar que eles incluem uma pega adequada e segura
do anel.
Pontos com almofada de teflon
Quando o anel está calcificado ou muito friável para
suportar os pontos com segurança, os fios de sutura com
almofadas de teflon (Ethibond 2-0) são mais seguros. E
tecnicamente mais fácil inserir as suturas de forma
invertida, com as almofadas repousando sobre o anel da
aorta.
Bloqueio Cardíaco
Os pontos profundamente colocados na vizinhança dos
anéis não coronariano e coronariano direito podem lesar
os tecidos de condução e dar origem a varias formas de
bloqueio cardíaco.
Lesão de Coronária Esquerda
Pontos profundos colocados na vizinhança do anel da
coronária esquerda podem perfurar o tronco da artéria
coronária esquerda.
Ressecamento da Prótese Tissular
A prótese deve ser mantida úmida através de lavagem
intermitente com o soro fisiológico.
Funcionamento Não Obstruído Da Prótese
Antes da sutura da aortotomia é necessário que o
fechamento, abertura normal e não obstruídas da prótese
sejam visualmente verificados.
- Fechamento da Aortotomia
O fechamento da aortotomia é geralmente
realizado com os fios Prolene 4-0 em sutura continua,
iniciando-se em cada extremidade da incisão. Os fios
então são amarrados.
Sangramento Das Extremidades Da Aortotomia
O sangramento da aortotomia pode ser prevenido através
da sutura iniciando-se antes do ângulo da aortotomia para
depois prosseguir adiante ao longo da incisão.
Embolia Gasosa
A embolia gasosa nas artérias coronarianas pode ser
previnida por alguns mecanismos: o fluxo da bomba
inicialmente é reduzido e ambas as artérias coronarianas
são digitalmente ocluídas pelo assistente; a aorta é
parcialmente desclampeada permitindo que o sangue
misturado com o ar aprisionado na raiz aórtica flua pela
abertura da aortotomia. Somente quando o ar for
evacuado a sutura pode ser amarrada e a pinça
removida.
Parede Aórtica Friável
Uma parede aórtica friável pode necessitar de reforço nas
suturas com almofadas de teflon.
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