30/03/2016 UNFPA: Saúde reprodutiva e direitos são essenciais para combater vírus zika | ONU Brasil SELECIONE A CATEGORIA BUSCA UNFPA: Saúde reprodutiva e direitos são essenciais para combater vírus zika Publicado em 08/03/2016 Atualizado em 10/03/2016 AUMENTAR LETRA DIMINUIR LETRA Mais Para especialista, o apoio do Sistema ONU no combate ao mosquito e o mandato do Fundo de População das Nações Unidas na área da saúde sexual e reprodutiva e direitos reprodutivos serão fundamentais para apoiar as mulheres. https://nacoesunidas.org/unfpa­saude­reprodutiva­e­direitos­sao­essenciais­para­combater­virus­zika/ 1/7 30/03/2016 UNFPA: Saúde reprodutiva e direitos são essenciais para combater vírus zika | ONU Brasil Daniela Souza Batista com o filho e a filha, diagnosticada com microcefalia. Foto: Midiã Santana/UNFPA Brasil O vírus zika é dissimulado. Você pode ter zika e não saber. Os sintomas são leves e apenas uma em cada cinco pessoas infectadas apresenta indícios da doença, que incluem febre, erupção cutânea, vermelhidão nos olhos, dor de cabeça e nas articulações – sintomas que desaparecem depois de 7 dias. Mas se você é uma mulher grávida, os riscos são extremamente elevados, especialmente para o feto – há um acúmulo crescente de evidências de que o vírus zika pode estar ligado ao aumento acentuado do número de casos de bebês com malformação congênita cerebral, a chamada microcefalia, além de doenças neurológicas que afetam também adultos. Desde a primeira ocorrência confirmada no Brasil, em maio de 2015, o zika se espalhou por todo o país: estima­se que mais de 1,5 milhão de pessoas tenham sido infectadas até agora. O número exato é difícil de ser calculado, considerando as características do vírus. O zika é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti – o mesmo que transmite a dengue e a febre chikungunya – e viaja rápido: um total de 39 países já relatou a circulação autóctone (local) do vírus zika, e há evidências de transmissão em seis outros países. Casos “importados” foram relatados nos Estados Unidos, Europa, Ásia e Pacífico. O vírus está atacando duramente na América Latina e no Caribe: em outubro do ano passado, a Colômbia registrou seu primeiro surto do vírus. Em janeiro, já haviam sido relatados mais de 16 mil casos de zika na Colômbia, quase 4 mil casos em El Salvador e cerca de 100 casos no Panamá. Não existe atualmente nenhuma vacina contra a doença. Os especialistas brasileiros foram os primeiros a associar a epidemia de zika com microcefalia e outras doenças, levando o país a declarar emergência nacional de saúde pública em novembro de 2015. A Organização Pan­Americana de Saúde (OMS/OPAS) seguiu o país em fevereiro de 2016, declarando o zika uma emergência em saúde pública de importância internacional. Há razões concretas para tais medidas. Desde 22 de outubro passado, quando o Ministério da Saúde começou a coordenar as investigações sobre o zika, houve 5.640 casos suspeitos notificados de microcefalia no Brasil, dos quais 583 foram confirmados e 950 foram descartados, segundo o último relatório datado de 23 de fevereiro. Os demais casos estão ainda sob investigação. Sessenta e sete casos confirmados foram clinicamente relacionados ao zika. Antes do vírus, o Brasil tinha uma média de apenas 163 casos microcefalia por ano. Outros países latino­americanos com surtos de zika ainda não relataram um aumento na ocorrência de microcefalia, mas isso pode mudar à medida em que as gravidezes atuais avancem e os partos comecem a ocorrer; já foi registrado o caso de microcefalia associada ao zika na Colômbia. O zika também tem sido associado à síndrome de Guillain­Barré (GBS), uma doença auto­imune https://nacoesunidas.org/unfpa­saude­reprodutiva­e­direitos­sao­essenciais­para­combater­virus­zika/ 2/7 30/03/2016 UNFPA: Saúde reprodutiva e direitos são essenciais para combater vírus zika | ONU Brasil rara que pode afetar os nervos que controlam os movimentos musculares e causar paralisia progressiva. Um total de 1708 casos de GBS foi registrado entre janeiro e novembro de 2015 no Brasil, um número muito maior do que a média normal. Vivendo com microcefalia Daniela Souza Batista, uma babá profissional de 32 anos que vive no bairro de São Marcos em Salvador (Bahia), sabe bem o que esses números significam: sua filha de 3 meses nasceu com a circunferência da cabeça medindo menos de 32 cm e, portanto, foi diagnosticada com microcefalia. A condição, que provavelmente irá causar dificuldades intelectuais e motoras na criança, requer cuidados extras, incluindo a estimulação precoce e constante acompanhamento médico. Daniela estava no terceiro mês de gravidez quando teve sintomas de zika. Naquela época, a microcefalia não era ainda associada ao vírus. Mesmo assim, ela sentiu que a doença poderia prejudicar sua gravidez. Depois de cinco meses, a ansiedade com a chegada do bebê só aumentou. Ela já tinha um filho de nove anos de idade e sonhava com uma menina. Daniela fez três exames pré­natais, mas apenas no último exame de ultrassom, realizado no oitavo mês de gravidez, é que a microcefalia foi notada. Durante esse período, o surto já era conhecido e Daniela percebeu que ela havia se tornado parte de uma estatística global para a qual não estava preparada. “Nós nunca achamos que isso pode acontecer conosco. Parece algo tão distante. Que está na televisão, no noticiário. Mas não. Acontece”, desabafou a baiana. Casada há 13 com o cobrador de ônibus Edmundo, Daniela e o marido não planejaram o nascimento da filha. A babá está atualmente em licença maternidade, mas quando acabar o prazo abandonará o trabalho para acompanhar o tratamento da filha. “O meu filho sempre deixei alguém cuidando, enquanto eu cuidava das filhas de minhas patroas. Mas com ela não poderá ser assim. Eu terei de ir às consultas, à fisioterapia. O meu marido me apoia, mas não poderei trabalhar”, disse Daniela, que conta com a corresponsabilidade paterna do parceiro. Outras mães não tiveram tanta sorte. Há relatos de pais que, incapazes de lidar com a situação, abandonaram suas famílias após o nascimento de bebês com microcefalia. “Precisamos de uma estrutura maior e melhor para trabalhar com as deficiências. Principalmente agora, com o montante de casos de microcefalia no país. Essa situação pegou a todos (as) de surpresa”, disse a Dra. Dolores Fernandes, pediatra e diretora do Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba), maternidade onde Daniela deu a luz e onde sua filha passa pelo acompanhamento de estimulação precoce. Somente em janeiro, o Iperba registrou seis casos de bebês com microcefalia. Em todas elas, as https://nacoesunidas.org/unfpa­saude­reprodutiva­e­direitos­sao­essenciais­para­combater­virus­zika/ 3/7 30/03/2016 UNFPA: Saúde reprodutiva e direitos são essenciais para combater vírus zika | ONU Brasil mães tinham sido infectadas pelo zika. Antes do surto, a maternidade não tinha mais de três casos por ano. Para a Dra. Fernandes, o apoio do Sistema ONU no combate ao mosquito e o mandato do Fundo de Profissionais de saúde prestam atendimento às gestantes no Iperba, em Salvador. Foto: População das Midiã Santana/UNFPA Brasil Nações Unidas (UNFPA) na área da saúde sexual e reprodutiva e direitos reprodutivos serão fundamentais para apoiar as mulheres, desde o acompanhamento das gestantes nesse período de surto ao fornecimento de informações adequadas para aquelas que esperam ou tiveram bebês diagnosticados com alguma malformação decorrente do vírus. “Acho que as pessoas precisam tomar maior consciência do que o Aedes faz com a saúde humana. As pessoas não estão dando a importância devida. Não tenho dados se aumentou o uso de métodos contraceptivos por conta do surto. Mas observei que, mesmo diante do medo e dos risco, as mulheres estão optando por engravidar”, adicionou. Direitos sexuais e reprodutivos O surto do vírus zika e os efeitos negativos sobre a saúde das mulheres e bebês abriu um debate mundial sobre a necessidade de garantir a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e adolescentes. Em particular, a importância do acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva nos países afetados. Em uma declaração recente, o diretor executivo do UNFPA, Babatunde Osotimehin, destacou que “as mulheres e adolescentes devem ser capazes de tomar decisões informadas sobre saúde reprodutiva e métodos de planejamento reprodutivo, para proteger a si mesmas e a seus bebês se decidirem engravidar”. A pedagoga soteropolitana Daniela Reis, de 36 anos, é um exemplo. Ela estava planejando ter um bebê, mas decidiu adiar a gravidez quando teve zika. “Estava me preparando para ser mãe. https://nacoesunidas.org/unfpa­saude­reprodutiva­e­direitos­sao­essenciais­para­combater­virus­zika/ 4/7 30/03/2016 UNFPA: Saúde reprodutiva e direitos são essenciais para combater vírus zika | ONU Brasil Porém, com a doença, eu fiquei muito preocupada. Mesmo sabendo que a microcefalia ocorre durante a gestação, durante o primeiro trimestre, achei melhor esperar mais, não apenas por ter sido infectada, mas também pela redução do surto.” Garantir o acesso à informação de qualidade e aos meios para o planejamento reprodutivo voluntário são ações fundamentais para apoiar a tomada de decisão das mulheres. Apesar de muitas mulheres em idade reprodutiva estarem considerando suas opções e muitas preferirem adiar a gravidez neste momento, algumas não têm informação ou acesso a contraceptivos como desejariam. Embora a maioria da população brasileira já tenha acesso a métodos modernos de planejamento reprodutivo, as necessidades não atendidas de contracepção atingem 6% das mulheres brasileiras com idade entre 15 e 49 anos que são casadas ou vivem em união estável, de acordo com a última Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS­2006). “Tais lacunas normalmente afetam as mulheres e adolescentes em condições mais vulneráveis, particularmente aquelas que vivem em favelas ou assentamentos irregulares nas periferias das grandes cidades, e que tendem a ser afrodescendentes”, explica Jaime Nadal Roig, representante do UNFPA no Brasil. Representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal. Foto: UNFPA “Os brasileiros estão realmente mobilizados para combater o mosquito e evitar o zika. Agora é hora de dar mais um passo e adotar políticas que possam abordar e melhorar sua saúde sexual e reprodutiva. Essas intervenções são fundamentais para controlar o surto e construir a resiliência necessária para finalmente vencermos esta guerra contra o vírus”. O UNFPA e a resposta ao zika O surto de vírus zika afeta o UNFPA no cerne de seu mandato, de garantir que cada gravidez Compartilhar seja desejada e cada parto seja seguro. Em resposta, o Fundo de População está empenhado em garantir que as mulheres e as jovens, incluindo aquelas que estão grávidas, sejam capazes de Tweetar COMPARTILHAR acessar a gama completa de serviços de saúde sexual e reprodutiva disponíveis, de acordo com Compartilhar 2 FALE CONOSCO as leis e políticas nacionais. https://nacoesunidas.org/unfpa­saude­reprodutiva­e­direitos­sao­essenciais­para­combater­virus­zika/ 5/7 30/03/2016 UNFPA: Saúde reprodutiva e direitos são essenciais para combater vírus zika | ONU Brasil No nível global, o UNFPA estabeleceu uma parceria com outras agências da ONU no Marco Estratégico de Resposta Global e Plano de Operações Conjuntas, liderado pela OMS/OPAS. O plano, de US$ 56 milhões, foi anunciado em 16 de fevereiro com o objetivo de orientar a resposta internacional à propagação da infecção pelo zika e as malformações neonatais e condições neurológicas associadas ao vírus. O plano dará apoio aos países afetados, reforçará as capacidades para prevenir novos surtos e controlá­los quando eles ocorrem, e facilitará a investigação que ajudará a entender melhor o vírus e seus efeitos. O UNFPA vai se concentrar em cuidar de mulheres e famílias afetadas, e também na comunicação sobre os riscos envolvidos com o zika. Isso inclui o desenvolvimento de kits de informação dirigidos aos prestadores de serviços e ao público sobre o que é o zika e como preveni­lo, especialmente para mulheres que planejam engravidar ou já estejam grávidas. O UNFPA também está trabalhando com parceiros nacionais para aumentar o acesso a contraceptivos para ajudar as mulheres e adolescentes a fazerem escolhas, além de preservativos para reduzir o potencial risco de transmissão sexual do zika. O UNFPA também está articulando com seus parceiros uma resposta coordenada a partir de uma perspectiva de direitos reprodutivos. No Brasil, o Sistema Nações Unidas uniu forças com o governo e destacou que o país precisa “avançar na detecção de infecções e defeitos congênitos, acelerar a disponibilidade de diagnósticos e desenvolvimento de vacinas e testes, proteger as pessoas em risco, especialmente mulheres em idade fértil e durante a gravidez”. Uma força­tarefa da ONU foi estabelecida para coordenar ações integradas para responder ao surto; como parte de tais esforços, o UNFPA mobilizou recursos para intervenções de sensibilização de comunidades e está trabalhando através de uma rede de organizações parceiras do governo e da sociedade civil para coordenar ações conjuntas, centrando seus esforços nos estados da região Nordeste, que concentra a maioria dos casos de zika. Apesar de seus efeitos aparentemente leves, o zika agora é percebido por todas e todos os brasileiros como uma ameaça real, que tem de ser eliminada. Acompanhe o especial da ONU Brasil sobre o tema: nacoesunidas.org/tema/zika Saiba mais sobre: ESPECIAL: Vírus zika e microcefalia Infância mulheres população saúde Mais notícias de: OPAS/OMS UNFPA Relacionado OMS esclarece dúvidas Decisões bem informadas https://nacoesunidas.org/unfpa­saude­reprodutiva­e­direitos­sao­essenciais­para­combater­virus­zika/ Não há restrições de viagens 6/7 30/03/2016 UNFPA: Saúde reprodutiva e direitos são essenciais para combater vírus zika | ONU Brasil sobre a transmissão do vírus zika por relações sexuais 03/03/2016 sobre gravidez são essenciais contra vírus zika, destaca UNFPA por causa do surto de zika, afirma OMS 02/02/2016 Em " Notícias do Brasil" 22/01/2016 Em " Notícias do Brasil" Em " Notícias do Brasil" Comente comentários https://nacoesunidas.org/unfpa­saude­reprodutiva­e­direitos­sao­essenciais­para­combater­virus­zika/ 7/7