A Lógica dos Números em Investimentos

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Estratégia de Investimento
16/04/12
A Lógica dos Números em Investimentos
Um investimento com retorno de 12% ao ano é sem dúvida melhor do que outro que tenha gerado 10% no
mesmo período, principalmente se esta situação for ex-post, isto quer dizer em “economês” que o fato já
ocorreu. O risco dos investimentos neste caso, já é passado. No entanto, numa situação ex-ante, ou seja,
que está por vir, esta lógica não é necessariamente verdadeira.
Tomamos por exemplo o titulo de divida denominada em dólar de dois países diferentes: um emergente,
o Brasil, e outro desenvolvido, Portugal. O titulo de 10 anos deste último gera aos seus compradores um
retorno em torno de 12% ao ano, enquanto que o Brasil paga um pouco mais de 3,5%. Quem te viu, quem te
vê! Aqueles que acompanham o desenvolvimento das economias mundiais sabem que o tal país emergente,
um termo melhorado do antigo sub-desenvolvido, possui uma situação econômica: crescimento econômico
e relação divida/PIB melhor que nossos ex-colonizadores.
O retorno do investimento está intrinsecamente ligado ao risco apresentado. Portanto, o titulo de Portugal
paga mais porque possui um risco maior e fica claro que não necessariamente é melhor comprar o titulo de
Portugal. Se assim o fosse, que tal comprar o titulo da Grécia, cujos retornos estão acima de 20% ao ano?
Com certeza o risco de não receber os juros nem o principal lá na frente é enorme.
Para uma empresa de administração de recursos, um dos pontos mais importantes é a definição da política
de investimentos, muitas vezes também chamada de mandato de investimento. É na elaboração da política
de investimentos dos fundos, sejam eles abertos ou exclusivos, que se define os limites de alocação, que
ativos podem ou não serem comprados e principalmente qual a relação entre o risco e retorno daquele
produto. Para um fundo com objetivo de render 12% ao ano precisamos definir qual o risco que ele deve
incorrer.
O regulamento dos fundos, que são disponíveis aos investidores, muitas vezes refletem parte da política
de investimentos, mas não necessariamente abrangem todos os aspectos. Por exemplo, muitas vezes é
definido a metodologia de risco mas não os limites.
Elaborar o mandato dos fundos não quer dizer simplesmente colocar um monte de limites ou restrições no
que pode ou não ser feito nele. Muitas vezes uma restrição exagerada pode ser tão prejudicial quanto a falta
de regulamentação, pois desta maneira, o gestor pode não conseguir entregar o retorno esperado, ou deixar
de aproveitar operações que poderiam ser benéficas ao fundo.
Por exemplo, para um cliente institucional, as operações de day-trade são restritas por motivos de legislação,
mas esta limitação pode não fazer sentido para clientes private. Os ETFs, que são ativos que replicam
determinados índices de referencia, como Ibovespa, IBrX, Índice Small Caps, etc., podem ser extremamente
eficientes na gestão dos portfólios, mas muitas vezes são restringidos sem nenhum motivo que faça sentido.
A definição da política de investimento está mais para arte do que para ciência exata, e a melhor é aquela
que busca o equilíbrio adequado que permita o gestor entregar o retorno desejado.
Redator: Leopoldo Barreto
Sul América Investimentos
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