escolha e preparação dos medicamentos

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 Cabaça para preparação de mezinhas.
Colecção Etnográfica da Missão Antropológica de Moçambique (1936-1956) Operações farmacêuticas da Medicina tradicional:
escolha e preparação dos medicamentos
Operações farmacêuticas da Medicina tradicional: escolha e preparação dos medicamentos
Diagnosticado o mal, torna-se necessário prescrever a forma do seu tratamento, o que pode
exigir do Ñanga formas de intervenção diferenciada, seja no domínio mágico-religioso seja
no do conhecimento da farmacopeia tradicional. Neste contexto o Ñanga mostra-se também
conhecedor das várias operações necessárias à escolha e preparação dos medicamentos a
utilizar consoante o objectivo ou mal diagnosticado.
A preparação dos medicamentos requer atenções e cuidados especiais e o Ñanga, agindo
de acordo com as indicações do chicuembo sobre as plantas a utilizar e o local onde devem
ser colhidas, revela-se depositário de um conjunto de saberes ancestrais que pressupõe a
identificação e o conhecimento da distribuição geográfica da flora medicinal no espaço onde
exerce a sua actividade.
Por outro lado, colher, preparar e guardar os diferentes materiais vegetais, requer tempos e
espaços próprios, preparativos e procedimentos que relevam de fórmulas e segredos
antigos de um receituário que apenas se revela aos iniciados e a eles fica circunscrito. Por
isso ele sabe também como escolher a parte ou partes da planta a utilizar, de acordo com
as suas propriedades e em função da sua aplicação, e como ministrá-la ao paciente
evitando os efeitos adversos de sobredosagens ou da toxicidade de algumas plantas.
A mesma planta ou parte de planta pode ser preparada de forma diversa, simples ou em
associação com outras, em função da especificidade da sua aplicação. Os materiais
vegetais podem usar-se frescos, pilados, previamente cortados em pedacinhos ou secos.
Quando secos podem guardar-se, inteiros, triturados ou já em pó, depois de pilados, para
mais tarde poderem ser utilizados em pulverizações e aplicações directas ou misturados
com água, gorduras ou óleos na preparação de infusões e xaropes, pastas, pomadas e
unguentos, banhos e suadouros ou em inalações e defumações que abundam na
farmacopeia tradicional.
Recipiente para a preparação de mezinhas e raízes com
propriedades medicinais.
Colecção Etnográfica
da Missão Antropológica de Moçambique
(1936-1956)
Conteúdo de cabaça para preparação de mezinha. Gaza, 1955.
Colecção Etnográfica da Missão Antropológica de Moçambique
(1936-1956) Receituários de Artur Murimo Mafumo, Ñanga da Matola
N’zunzuluka – Dores de barriga.
Retira-se a casca à raiz da árvore n’zunzuluka, põe-se a secar na esteira ao sol e depois pila-se. Dissolve-se uma colher deste pó em água e
deve dar-se a beber de manhã e à tarde, antes das refeições. A raiz depois de reduzida a pó é guardada em cabaça própria a que se dá o nome
de n’hunguavana
Mutsu uá phumbulo – Doenças respiratórias graves. Provocar vómitos.
Retira-se a casca da raiz de phumbulo com uma faca e deitam-se 3 colheres desta casca numa lata vazia, com água. Aquece-se um pouco e o
doente deve beber tudo de uma vez.
Quando o doente tem Nôngua, não respira bem, tem tosse, o corpo não anda bem e anda um bocadinho frio, vai para comer e não tem gosto. O
doente começa a ficar magro. Toma este remédio, que o faz vomitar e quando acabar de vomitar volta o gosto pela comida e pode comer à
vontade.
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