epidemiologia e importância da informação clinico

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EPIDEMIOLOGIA E IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO CLINICO-PATOLÓGICA NOS CASOS
DE DENGUE NO MUNICÍPIO DE JATAÍ, GO.
Hemelly Faria Nascimento¹, Daniel Côrtes Beretta²
¹Acadêmica do curso de Biomedicina, UFG-Regional Jataí - Unidade Jatobá, Rodovia BR 364, Km
192, Cep: 75.801-615, ²Professor Adjunto da UFG-REJ, curso de Biomedicina, UFG-Regional Jataí
- Unidade Jatobá, Rodovia BR 364, Km 192, e-mail: [email protected]
RESUMO: A dengue é uma doença infecciosa e endêmica em regiões tropicais e subtropicais Os
principais sintomas da dengue são comuns aos de outras doenças infecciosas. Isso faz com que o
doente acometido deixe de buscar ajuda médica acreditando ser um mal estar passageiro, e não
doença grave. A informação sobre a sintomatologia é de suma importância no tratamento prévio da
doença, já que a mesma não é identificada por exames laboratoriais até os primeiros cinco dias de
infecção. Objetivou-se realizar o levantamento dos casos confirmados de dengue no município de
Jataí nos últimos três anos e enfatizar a importância do conhecimento dos sintomas clínicos da
doença pela população. Foram analisadas as ocorrências dos casos de dengue confirmados pela
Secretaria de Saúde Pública do Município de Jataí, Goiás. O período de análise foi de 01/01/2013 à
10/07/2015 O total de casos de dengue confirmados no período estudado foi de 9.558, com número
mais elevado de casos em 2015 (4.453). Desde o início desse ano até o mês de julho já foram
registrados dois óbitos por Febre Hemorrágica do Dengue (FHD), forma mais grave da dengue
clássica (DC). Campanhas de informação a respeito dos sintomas e da consequência dessa
enfermidade deveriam circular intensivamente durante todo o ano e são tão importantes quanto
ações de controle do Aedes aegypti.
PALAVRAS CHAVE: Aedes aegypti. Política pública. Saúde pública. Sintomas
INTRODUÇÃO
A dengue é uma doença infecciosa causada por quatro tipos diferentes de vírus (DEN-1,
DEN-2, DEN-3 e DEN-4), é endêmica em regiões tropicais e subtropicais. Sua incidência predomina
durante ou depois períodos chuvosos, quando as condições do meio ambiente favorecem a
proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus. A transmissão horizontal da doença
acontece durante o repasto sanguíneo da fêmea do A. aegypti, que necessita de sangue humano
para maturação dos ovos pós-cópula. A ovipostura é realizada aproximadamente depois de três dias
e em locais com água parada e geralmente limpa (LUPI et al. 2007).
A manifestação clínica da dengue pode ir desde infecções inaparentes até quadros de
hemorragia e choque, evoluindo para o êxito letal. A primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°),
de início abrupto, seguida de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor
retroorbital, náuseas, vômitos, exantema e prurido cutâneo. Os sintomas são muito variáveis, se
manifestam individualmente e de acordo com a idade do paciente. Nos casos de Febre Hemorrágica
da Dengue (FHD) os sintomas iniciais são semelhantes aos da dengue clássica, porém evoluem
rapidamente para manifestações hemorrágicas e/ou derrames cavitários e/ou instabilidade
hemodinâmica e/ou choque, com possível óbito (BRASIL, 2002). Os principais sintomas da dengue
são comuns aos de outras doenças infecciosas. Isso faz com que o doente acometido deixe de
buscar ajuda médica acreditando ser um mal estar passageiro, e não uma doença grave. A
informação sobre a sintomatologia é de suma importância no tratamento prévio da doença, já que a
mesma não é identificada por exames laboratoriais até os primeiros cinco dias de infecção (LENZI;
COURA, 2004).
Por isso objetivou-se realizar o levantamento dos casos confirmados de dengue no município
de Jataí nos últimos três anos e enfatizar a importância do conhecimento dos sintomas clínicos da
doença pela população.
MATERIAL E MÉTODO
Definiu-se como área de estudo o município de Jataí, região pertencente à microrregião do
Sudoeste Goiano, na qual há dezoito municípios com aproximadamente 494.619 habitantes e área
territorial de 56.111,526 km². Jataí é o segundo município mais populoso com cerca de 94.890
habitantes. A cidade está situada sob as coordenadas, Latitude: -17.8759, Longitude: -51.7214 17°
52′ 33″ Sul, 51° 43′ 17″ Oeste, ocupando uma área de 7.174,228 km2 (IBGE, 2015).
Foi realizado o estudo descritivo de dados da Secretaria de Saúde do Município de Jataí,
Goiás, quanto a ocorrência de casos confirmados de dengue no período de 01/01/2013 à 10/07/2015.
Os dados foram obtidos dos boletins epidemiológicos dengue do SUS- Secretaria de Saúde de Jataí.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nos últimos três anos, na cidade de Jataí tem ocorrido aumento considerável no número de
casos de dengue, registrados pela Secretaria Municipal de Saúde. Os dados epidemiológicos sobre
a doença mostraram que houve crescimento de 103,61% nos casos durante o período de 01/01/2013
a 10/07/2015. Os casos confirmados em 2013 foram de 2.187, em 2014 de 2.918 e até julho de 2015
de 4.453 pessoas infectadas. Os números reais de incidência de dengue podem ser maiores do que
os apresentados, pois existem muitas subnotificações dos casos atendidos na rede pública e
particular de assistência à saúde que, mesmo sendo uma doença de notificação compulsória, não
são registrados de forma integral (SECRETARIA DA SAÚDE DE JATAÍ, 2015).
Os sintomas como dores de cabeça, ossos e articulações, febre alta, perda de apetite,
fraqueza, extremo cansaço e tontura, podem ser observados nos casos de dengue clássica (LUPI
et al., 2007). É necessário que a população se atente aos sinais da doença, ficando prevenidos ao
aparecimento dos sintomas e procurando o mais rápido possível centros de atendimento médico.
Desde o início desse ano até o mês de julho já foram registrados dois óbitos por Febre Hemorrágica
do Dengue (FHD), a forma mais grave da dengue clássica (DC). São considerados suspeitos para
FHD, pacientes que além de sintomas da DC apresentem qualquer manifestação hemorrágica
(CORRÊA; FRANÇA, 2007). A suspeita da FHD, em geral se dá, quando sinais como dor abdominal,
queda de pressão arterial, tonturas e sangramentos se manifestam. Quando os referidos sinais
aparecem, grande parte dos pacientes se encontra fora de uma unidade de saúde. Essa distancia,
junto com a demora do reconhecimento dos sinais clínicos pelo indivíduo acometido ou familiares,
demanda tempo (BARRETO; TEIXEIRA, 2008). A FHD é de curta duração e pode levar ao óbito em
12 a 24 horas ou à recuperação rápida após terapia anti-choque apropriada (BRASIL, 2002). Nesses
casos a informação é crucial para favorecer a identificação dos sinais; diminuir o tempo entre o
surgimento dos sintomas e a efetivação do tratamento; e salvar vidas.
A desinformação pode levar as pessoas, além de não se atentarem aos sintomas, a
realizarem automedicação. Muitos doentes se tratam sem orientação médica, simplesmente por “já
saberem o que fazer” (LENZI; COURA, 2004). O uso de fármacos inapropriados como os derivados
do ácido acetilsalicílico (AAS), aumenta o risco de hemorragias em pacientes com dengue, podendo
ocasionar o óbito. O AAS é um analgésico anti-inflamatório, com ação antiplaquetária, age inibindo
a formação do agente agregante de plaquetas, o tromboxano A2. Isso resulta na diminuição da
agregação plaquetária, fator que se soma com a baixa produção medular e destruição das plaquetas
periféricas (PESARO et al., 2007).
Os materiais informativos não devem somente orientar sobre os cuidados com focos
domésticos, mas trazer informações científicas em linguagem popular, possibilitando a compreensão
da etiologia, sintomatologia e medidas de controle sobre a dengue clássica e a hemorrágica. Apesar
da grande ênfase dada ao assunto pela mídia, a avalanche de informações sobre diferentes tipos de
cuidados com criadouros do mosquito e a falta de precisão acerca dos condicionantes e sintomas
da dengue clássica e hemorrágica, dificultaram a orientação da população (LENZI; COURA, 2004).
Por isso campanhas de informação a respeito dos sintomas e da consequência dessa enfermidade
deveriam circular intensivamente durante todo o ano e são tão importantes quanto ações de controle
do Aedes aegypti.
CONCLUSÃO
Os cuidados com a dengue não devem se resumir em apenas matar as larvas e evitar a
formação de criadouros para o mosquito. É necessário conhecer e entender os sintomas para
procurar tratamento o mais rápido possível, e evitar o uso de medicação inadequada que leve a
complicações no tratamento da doença.
REFERENCIAS
BARRETO, M.L.; TEIXEIRA, M.G. Dengue no Brasil: situação epidemiológica e contribuições para
uma agenda de pesquisa. Estudos Avançados, v.22, n.64, p.53-64, 2008.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundacão Nacional de Saúde. Dengue: aspectos epidemiológicos,
diagnóstico e tratamento / Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde. – Brasília: Fundação
Nacional de Saúde, 2002. 20p.
CORRÊA, P.R.L.; FRANÇA, E. Dengue hemorrágica em unidade de referência como indicador de
sub-registro de casos no Município de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, Brasil, 1998*.
Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v.16, n.3, p.175-184, 2007.
IBGE. Censo Demográfico 2015 - Resultados do universo. Acesso em: http://www.ibge.gov.br.
LENZI, M.F.; COURA, L.C. Prevenção da dengue: a informação em foco. Revista da Sociedade
Brasileira de Medicina Tropical, v.37, n.4, p.343-350, 2004.
LUPI, O.; CARNEIRO, C.G.; COELHO, I.C.B. Manifestações mucocutâneas da dengue. Anais
Brasileiro de Dermatologia, Rio de Janeiro, v.82, n.4, p. 291-305, 2007.
PESARO, A.E.; D’AMICO, E.; ARANHA, L.F.C. Dengue: Manifestações Cardíacas e Implicações na
Terapêutica Antitrombótica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v.89, n.2 p.12-15, 2007.
SECRETARIA DE SAÚDE SUS DE JATAÍ. Boletim epidemiológico dengue 04 ano 2015. Acesso
em:
http://www.jatai.go.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=7669%3Anveasdivulga-3o-boletim-epidemiologico-de-dengue-2015&catid=110%3Asaude&Itemid=244.:
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